TÍTULO: INVESTIGAÇÃO DO IMPACTO NA SAÚDE HUMANA GERADO PELO CONSUMO DE PREBIÓTICOS E PROBIÓTICOS

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TÍTULO: INVESTIGAÇÃO DO IMPACTO NA SAÚDE HUMANA GERADO PELO CONSUMO DE PREBIÓTICOS E PROBIÓTICOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: NUTRIÇÃO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS AUTOR(ES): FABIO SAAD ORIENTADOR(ES): LEANDRO BARBATO

Investigação do impacto na saúde humana gerado pelo consumo de prebióticos e probióticos 1 RESUMO O uso de prebióticos e probióticos aumenta a cada dia, inclusive por recomendação de médicos e nutricionistas, pois seus benefícios tem sido largamente pesquisados. Muitos trabalhos apontam sua eficácia em reestabelecer o equilíbrio da microbiota intestinal e, assim, promover a melhora em várias patologias como diarréia, câncer colorretal, síndrome do intestino irritado, entre outras e para o funcionamento geral do organismo. Além disso, pesquisadores estão correlacionando bactérias do intestino à obesidade. 2 INTRODUÇÃO Uma dieta equilibrada é um dos pilares para manutenção da saúde e redução dos riscos para doenças. Atualmente há maior conscientização das pessoas e grande apelo por alimentos saudáveis. Assim, a indústria de alimentos funcionais cresce no mundo inteiro, lançando no mercado novos iogurtes probióticos com alegações de melhora no funcionamento intestinal, além de cápsulas e pós solúveis, vendidos em farmácias, mercados e casas de produtos naturais. Muito se comenta a respeito dos benefícios dos probióticos e prebióticos como prevenção e tratamento de doenças e profissionais da área da saúde (médicos e nutricionistas) já os prescrevem para seus pacientes. Vários estudos foram feitos e ao que parece, probióticos e prebióticos tem dado bons resultados na melhora da sintomatologia de pacientes com distúrbios gastrintestinais, notadamente aqueles relacionados com o funcionamento do intestino, isso devido a capacidade de equilibrar a microbiota intestinal humana (SAAD, S.M.I., 2006).

Segundo Ferreira C.L.L. e Teshima E. (p.22-25), pesquisadores tem se dedicado ao estudo dos mecanismos de ação e benefícios das bactérias probióticas. Na área veterinária e zootécnica os estudos encontram-se mais avançados e, praticamente, no mundo todo são usados em prevenção, manejo e terapia de animais, visando balancear a microbiota destes, impedindo a diarréia pós desmame e favorecendo a conversão alimentar, alternativamente ao uso de doses subclínicas de antibióticos. O Brasil é hoje o terceiro maior produtor de frango do mundo e o líder em exportação, portanto, a melhoria na qualidade de animais que servem como fonte alimentar, tem sido notavelmente aumentada e com grandes investimentos, fato que podemos compreender facilmente quando partimos da informação de que cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) nacional é baseado neste grande setor, o agronegócio (MAPA, 2014). Os probióticos apresentam em sua composição microrganismos vivos que promovem o equilíbrio da microbiota intestinal das pessoas que os consomem. Esses microrganismos geralmente são representados por Lactobacillus, Bifidobacterium, Enterococcus e Streptococcus. Estes atuam no organismo inibindo a colonização do intestino por bactérias patogênicas através da produção de substâncias bactericidas, competição por nutrientes e adesão à mucosa intestinal. (ALMEIDA LB et al., 2009, p.63). Por definição, os prebióticos são ingredientes alimentares não digeríveis, que trazem benefícios ao hospedeiro, estimulando o crescimento ou atividade de espécies de microrganismos benéficos (bactérias e fungos) do organismo. Produtos que contenham probióticos associados a prebióticos são chamados de simbióticos. (FERREIRA C.L.L. e TESHIMA E., p.22-25) 2.1 MICROBIOTA COMENSAL Após a conclusão do Projeto Genoma Humano, muitos cientistas ficaram decepcionados com o anúncio de que o genoma humano continha por volta de 20.000 genes codificadores de proteínas, em vez dos 100.000 inicialmente estimados. Foi iniciado, então, o Human Microbiome Project (HMP) para preencher uma lacuna entre o nosso entendimento atual, criando uma nova visão 1

de nós mesmos como "super-organismos" que consistem de um hospedeiro humano e milhares de simbiontes microbianos. Todas as superfícies do corpo humano, incluindo a pele, a superfície da mucosa genital e e gastrintestinal são ocupados por microorganismos específicos do habitat cujas células superam os do hospedeiro humano por dez vezes. O cólon contém entre 10 11 e 10 12 células microbianas por ml e esta extremamente elevada densidade populacional está associado com um número de genes totais, que é duas ordens de grandeza maior do que a contida no genoma humano. A co-evolução com estes grandes ecossistemas microbianos traz funções importantes para o hospedeiro humano através de assimilação de nutrientes da dieta, resistência à colonização de patógenos, estimulação da proliferação do epitélio intestinal e regulação do armazenamento de gordura. Além disso, inúmeras doenças, incluindo a diabetes do tipo 1 (DM1), doença inflamatória do intestino (DII), e cânceres gástricos e do cólon, demonstraram estar ligadas a disbiose da microbiota intestinal (Do Y. et al, 2011). A microbiota intestinal começa a ser formada logo após o nascimento, através da colonização do trato gastrintestinal, pele e sistema respiratório superior, cujos microrganismos vem da mãe (parto normal e aleitamento), e do meio ambiente. Alguns fatores interferem nesse processo como, por exemplo, o período de amamentação e contato com familiares e demais pessoas. A microbiota, quando equilibrada oferece proteção contra os microrganismos invasores, favorecendo a imunidade e dificultando a colonização das bactérias patogênicas, através da competição por nutrientes, auxilia o processo digestivo e produção dos ácidos graxos de cadeia curta e proteína, além de importantes funções metabólicas. (ALMEIDA L. B. et al, 2009, p.60). 2.2 PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS O termo probiótico vem do grego, cujo significado é pró-vida. Atualmente, vem sendo usado para descrever preparações ou produtos que contém microrganismos viáveis em determinada quantidade, que alteram a microbiota do hospedeiro por colonização e, conseqüentemente, trazem benefícios à saúde (COPPOLA MM e TURNES CG, 2004, p.1297) 2

2.3 DISBIOSE INTESTINAL Segundo Almeida L.B. et al (2009, p.61), a disbiose intestinal é o processo de alteração da microbiota, levando ao predomínio das bactérias patogênicas em relação às benéficas. Em situações de desequilíbrio, bactérias patogênicas podem predominar sobre as bactérias benéficas, o que pode levar a graves conseqüências como, por exemplo, problemas de digestão e absorção de nutrientes e a combinação de proteínas com toxinas, gerando compostos altamente tóxicos ao organismo. Dentre as causas que, em geral, levam à disbiose intestinal, os mesmos autores destacam o uso indiscriminado de antibióticos e de antiinflamatórios, uso contínuo de laxantes de forma abusiva, alto consumo de alimentos processados versus o consumo de alimentos crus, toxinas ambientais, doenças graves como câncer e AIDS, disfunções hepatopancreáticas, o estresse e a diverticulose (doença estrutural da parede intestinal, que pode levar à inflamação). Outros fatores ainda devem ser levados em consideração como a idade, ph (potencial hidrogeniônico) e trânsito intestinal, ocorrência de material fermentável, estado imunológico do indivíduo, além da deficiência de ácido gástrico para correta digestão, principalmente em pessoas mais idosas. A disbiose é uma das prováveis causas da permeabilidade intestinal, que é o rompimento da mucosa gastrintestinal, permitindo que bactérias, alimentos mal digeridos e toxinas passem para o sangue ou sistema linfático, gerando resposta inflamatória sistêmica e pode levar a doenças como artrite reumatóide, urticária, acne, entre outras. Um dos sinais de desequilíbrio da flora intestinal é a síndrome do cólon irritável, que impede as funções normais do cólon, causando má resposta a vários tipos de alimentos e constantes diarréias. A disbiose também pode estar ligada ao aparecimento de câncer, depressão, hipovitaminose e perda de peso por desnutrição. O tratamento da disbiose pode ser feito por meio da dietoterapia com alimentos probióticos e prebióticos, medicamentos e hidrocolonterapia. (ALMEIDA LB et al., 2009, p.61-63) 3

3 OBJETIVO Este trabalho teve como objetivo principal pesquisar e estudar os benefícios que os probióticos e prebióticos trazem para o organismo, a eficácia da suplementação e seus supostos efeitos na prevenção e cura da disbiose intestinal, que pode promover vários tipos de doenças. 3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estabelecer a relação desenvolvida entre os microrganismos provenientes de fontes alimentares e os seus hospedeiros Enumerar os principais benefícios obtidos a partir de dietas ricas em prebióticos e probióticos. Confrontar os dados obtidos em estudos recentes pertinentes ao tema. Investigar na bibliografia adotada possíveis malefícios gerados a partir desse dieta. Levantar tópicos atuais que descrevem a relação da microbiota intestinal com a obesidade humana. 4 METODOLOGIA Este trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, realizada na biblioteca do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, em livros próprios, bases de dados eletrônicos: Google Acadêmico, Scielo e PUBMED no período de março a outubro de 2014. 5 DESENVOLVIMENTO 5.1 ESPÉCIES e GÊNEROS Os probióticos mais comuns são do gênero Lactobacillus e Bifidobacterium. Os Lactobacillus geralmente são classificados como gram-positivos, não formam esporos, não possuem flagelos e tem forma bacilar ou cocobacilar e são 4

aerotolerantes ou anaeróbios. Neste gênero estão catalogadas 56 espécies até o momento, sendo as mais usadas: L. acidophilus, L. rhamnosus e L. casei. As Bifidobactérias são gram-positivas, não formam esporos, não possuem flagelos, catalase negativos e anaeróbios. Atualmente, o gênero conta com 30 espécies. Alguns exemplos são Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium infantis, Bifidobacterium longum e Bifidobacterium lactis. Além destas, ainda existem as leveduras que são usadas como probióticos, como a Saccharomyces boulardii, que não é patogênica e termotolerante, além de insensível à ação dos antibacterianos e sucos digestivos. Deve ser usada de forma contínua, pois não se implanta no tubo digestivo. (STEFE C.A, ALVES M.A.R, RIBEIRO R.L. 2008, p.16-33) Os principais alimentos que contém probióticos são: iogurtes fermentados com bactérias ativas, kefir (grãos que, junto com o leite de cabra, ovelha ou de vaca, produzem uma bebida fermentada por bactérias e leveduras, com aspecto semelhante ao iogurte, mas com maior valor nutricional), alguns tipos de queijos, manteigas e bebidas lácteas com probióticos. Para maior segurança, os rótulos devem conter as palavras vivo ou culturas ativas. 5.2 TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA DIARRÉIA O uso de probióticos em episódios de diarréia aguda faz o organismo produzir substâncias antibacterianas e ácidos graxos que acidificam o lúmen intestinal, melhorando o funcionamento da mucosa, diminuindo a permeabilidade e inibindo as bactérias. Ocorre ação competitiva e melhora da resposta imune com regulação de citocinas. No caso da diarréia provocada por antibioticoterapia, a prevenção pode ser feita com ingestão de Bifidobacterium longum associada a Saccharomyces boulardii, e no caso de síndrome do intestino irritável (SII), o tempo de diarréia pode ser encurtado com administração de Lactobacillus acidophilus e Bifidobactérias. (STEFE C.A, ALVES M.A.R, RIBEIRO R.L. 2008, p.16-33) Steinwurz F. (2011;16(4):188-9) resume que os probióticos tem sido usados para tratamento de diarréia infecciosa, pois estudos demonstram que podem reduzir a duração e intensidade do quadro, ajudando a restaurar a microflora intestinal, apesar de ainda não estar claro o mecanismo de ação. Provavelmente se deve à redução 5

do crescimento das bactérias patogênicas e aumento da proteção das paredes intestinais ou ainda por questões imunológicas. Afirma que são necessários mais estudos para recomendação dos probióticos em cada caso de diarréia. De acordo com Ferreira C.L.L. e Teshima E. (p.22-25), as diarréias nosocomiais tem aumentado muito nos últimos tempos e isso tem despertado grande preocupação, pois a grande causa é o uso excessivo de antibióticos de amplo espectro, que, além de eliminarem o agente etiológico para o qual a droga foi utilizada, também elimina grande parte dos microrganismos benéficos, causando um desequilíbrio na flora intestinal. Assim, certos microrganismos resistentes aos antibióticos podem ter um aumento expressivo e causar diarréias graves, como é o caso do Clostridium difficille, Enterococcus Eschericchia Coli. Usualmente, a diarréia aguda é tratada com administração de soro, maior ingestão de água e, em casos específicos, antibióticos e outros remédios para controlar os sintomas. Os probióticos tem eficácia variável e podem ser observados melhores resultados em pacientes com rotavírus positivo, reduzindo o risco de diarréia persistente por mais de três dias. Um dos mais estudados é o Lactobacilus GG. Porém ainda não existem evidências científicas que certifiquem que o uso de probióticos reduz as perdas fecais, que pode levar à desidratação, sendo muito importante o impacto clínico desta medida. (SILVA, G.A.P., 2002, p.8). 5.3 AÇÃO DOS PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS NO CÂNCER COLORRETAL O câncer de cólon é uma das causas mais importantes de mortalidade por câncer. A ação dos probióticos na redução do aparecimento deste tipo de câncer se deve, provavelmente, à neutralização dos efeitos genotóxicos (efeitos tóxicos sobre o material genético) e mutagênicos (efeitos de mutação sobre as células). Porém, os resultados ainda são preliminares para a sua recomendação, sendo necessários mais estudos para identificar as cepas adequadas e seu mecanismo de ação. Estudos com ratos mostraram que a administração de prebióticos como a oligofrutose e inulina foi eficaz para redução da carcinogênese, entretanto não há evidências em humanos de que os prebióticos possam reduzir a iniciação do câncer de cólon. 6

Algumas hipóteses levantadas sobre a atuação dos probióticos: o estímulo da resposta imune do hospedeiro, a ligação e a degradação de compostos carcinogênicos, produção de compostos antitumorígenos ou antimutagênicos, alteração no metabolismo da microbiota intestinal e das condições físico-químicas do cólon, a possível ligação das bifidobactérias ao carcinógeno final, resultando em sua eliminação pelas fezes, entre outras. (SAAD, S.M.I., 2006). Pinhatari F.C. et al (2014, p.39-41) consideram os probióticos excelentes aliados na dietoterapia de pacientes com câncer colorretal por sua ação de regulação do ph intestinal e da microbiota, alívio de sintomas e melhora na imunidade destes pacientes debilitados. Além disso, contribuem para a prevenção deste tipo de câncer na população em geral. 5.4 PROBIÓTICOS E OBESIDADE A obesidade é uma desordem que decorre de fatores dietéticos e ambientais, além da genética. Seu tratamento é um grande desafio na área médica atualmente, além de ser fator de risco para o desenvolvimento de muitas doenças graves. Estudos mostram que existem diferenças na microbiota de magros e obesos, e isso pode estar relacionado com a fisiopatologia da obesidade. Ao que parece, a modificação na microbiota intestinal, poderia alterar também o grau de obesidade e o IMC de pacientes. (SPEZIA G et al., 2009, p.260-267) Fei N. e Zhao L. (2013, p.880-884) demonstraram que uma bactéria produtora de endotoxina (Enterobacter), isolada do intestino de um indivíduo portador de obesidade mórbida induziu obesidade e resistência insulínica a camundongos sem germes. Este trabalho sugere que o crescimento excessivo de uma bactéria produtora de endotoxina não é conseqüência de problemas metabólicos, mas sim um fator que contribui para seu surgimento. A cepa da bactéria estudada em questão (cepa B29) não pode ser considerada a única contribuinte para a obesidade humana, o que requer mais estudos sobre outras possibilidades de bactérias que induzam obesidade em populações no mundo todo, entender melhor os mecanismos de atuação e interação com outros membros da microbiota intestinal e dieta. Isso possibilitará criar estratégias para combater o crescimento das doenças metabólicas. 7

5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O consumo de probióticos, prebióticos e simbióticos parece trazer uma série de benefícios para a saúde, incluindo a prevenção e tratamento de diversas patologias graves. Entretanto, ainda há a necessidade de estudos futuros mais detalhados, para verificar com maior precisão os efeitos sobre o organismo, bem como a determinação dos tipos de cepas mais eficazes em cada circunstância, das dosagens adequadas e seus possíveis efeitos adversos. 6 FONTES CONSULTADAS ALMEIDA L.B. et al., Disbiose Intestinal, Revista Bras Nutr Clin,v. 24, n.1, p. 58-65, 2009. COPPOLA, M.M. e TURNES, C.G. Probióticos e Resposta Imune, Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p.1297-1303, jul-ago, 2004. Do Y. et al., Comparative Analysis of Korean Human Gut Microbiota by Barcoded Pyrosequencing, DOI: 10.1371/journal.pone.0022109, 2011. FEI N. e ZHAO L. An opportunistic pathogen isolated from the gut of an obese human causes obesity in germfree mice, The ISME Journal 7, 880 884, 2013. FERREIRA, C.L.L. e TESHIMA E. Prebióticos Estratégia dietética para manutenção da microbiota colônica desejável, Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, p. 22-25, http://novastecnologias.com.br/revista/bio16/16_preb.pdf SAAD, S. M. I.,. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Rev. Bras. Cienc. Farm., São Paulo, v. 42, n. 1, Mar. 2006. SILVA, G.A.P., Diarréia Aguda: fatores de risco e manejo Revista de Pediatria do Ceará, p. 5-9, 2002. 8

SPEZIA G. et al..microbiota Intestinal e sua Relação com a Obesidade, Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.15, p.260-267, Maio/Jun. 2009. 9