OBESIDADE E RELAÇÕES AFETIVAS: UMA PROBLEMÁTICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO.

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Transcrição:

OBESIDADE E RELAÇÕES AFETIVAS: UMA PROBLEMÁTICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO. Ana Cláudia Moraes da Silva, Claudinéia Maria de Oliveira, José Rogério de Paula Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium UNISALESIANO. anac_psico@yahoo.com.br, claudinhaoliver@hotmail.com RESUMO O tema abordado é a obesidade e suas relações afetivas no mundo contemporâneo. A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, caracterizada pelo excesso de gordura depositada no organismo. Este assunto é um dos mais debatidos da atualidade, suas causas e manifestações estão presentes em vários momentos da história humana. A obesidade pode ser um dos fatores desencadeantes de sofrimento emocional. Pretende-se apontar se na obesidade existem componentes afetivo-emocionais que causam alterações no comportamento alimentar do indivíduo obeso. Serão utilizados mecanismos de busca de textos científicos disponíveis via on-line ou em bibliotecas do Unisalesiano. Farão parte dessa revisão textos encontrados em livros, periódicos, dissertações ou teses e em sites especializados. Palavras-chave: Obesidade. Fatores psíquicos. Fatores afetivo-emocionais. Psicologia. INTRODUÇÃO A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, caracterizada pelo excesso de gordura depositada no organismo. Ela é identificada quando há um desequilíbrio energético, isto é, quando ingerimos mais energia do que gastamos por um período longo de tempo. A Organização Mundial de Saúde (1998), classifica os indivíduos segundo seu estado nutricional em níveis de obesidade através do Índice de Massa Corporal (IMC). Para calcular esse índice, divide-se o peso, medido em quilos, pelo quadrado da altura, em metros. Este índice é considerado o indicador mais preciso do grau de gordura para todas as alturas. Segundo a classificação do Instituto Nacional de Saúde Americano, é recomendado que o IMC seja usado para classificar a obesidade e estimar o risco relativo de doença comparado com as pessoas de peso normal através de estudos de densitometria corporal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a faixa recomendável de IMC é de 18,5 até 24,9, o sobrepeso vai de 25 até 29,9, a obesidade I é de 30 até 34,9, obesidade II é de 35 até 39,9, e obesidade III é de 40 ou mais que é caracterizada como obesidade mórbida. A obesidade mata por ano, cerca de 300 mil pessoas nos Estados Unidos, e quase 100 mil no Brasil, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Hoje, 97 milhões de norte americanos, mais de um terço da população adulta, estão acima do peso ou são obesos. Estima-se que 10 milhões dessas pessoas sejam considerados Obesos Mórbidos (NAHAS, 1999). Segundo Dâmaso (2003), o Brasil e o mundo vivem uma verdadeira epidemia de obesidade. Cerca de 70 milhões de brasileiros ou 40% da população está com excesso de peso. Além disso, 13% das mulheres e 8% dos homens sofrem de obesidade em nosso país. Sendo que, 50% dos brasileiros estão acima de seu peso corporal ideal. A etiologia da obesidade é controvertida, visto que existe componente

comportamental, do estilo de vida e de aspectos fisiológicos no desenvolvimento e na manutenção desta condição. Existem fatores endógenos, como aqueles de natureza genéticas, endócrinas, psicogênicas, medicamentosas, neurológicas e metabólicas. A grande maioria dos pacientes obesos não possui desordens endócrinas, e isso sugere que a glândula tireóide, nem sempre apresenta função anormal no indivíduo obeso (DÂMASO, 2003). Nos fatores psicogênicos, o diagnóstico é estabelecido através de anamnese, em que o paciente apresenta modificações do comportamento alimentar, podendo ser relatadas anormalidades do tipo síndrome da ingestão noturna ou síndrome da compulsão alimentar (DÂMASO, 2003). Para Dâmaso (2003), o uso indevido de medicamentos e a baixa quantidade de informações são aspectos que favorecem o surgimento da obesidade por origem medicamentosa. Nesses casos, pode-se realizar diagnóstico prévio por anamnese e interrogatório complementar. Diversos medicamentos usados no controle de outras doenças podem determinar excessos de apetite e subseqüente obesidade por excessiva ingestão alimentar. Segundo Dâmaso (2003), nos fatores neurológicos, podemos incluir tumores hipotalâmicos e patologias tumorais hipofisárias que comprometem os centros hipotalâmicos da fome e da saciedade, ocasionando subseqüente obesidade. E nos fatores metabólicos a redução da taxa metabólica é provavelmente uma das mais freqüentes causas da obesidade. A taxa metabólica basal (TMB) é uma medida padronizada do gasto energético em repouso em que tal valor reflete a quantidade mínima de energia necessária para a manutenção das funções fisiológicas, essenciais ao bom funcionamento do organismo. Há também fatores exógenos como alimentação, estresse e inatividade física. Na alimentação, o controle alimentar é essencial para prevenção do sobrepeso e da obesidade, bem como para o tratamento, ou seja, adequar a ingestão às necessidades do organismo, pois o ser humano parece não ajustar inteiramente seu padrão alimentar a suas reais necessidades metabólicas. No estresse, de um modo geral, a obesidade está intimamente ligada a algum fator de estresse. Levando-se em consideração o aspecto multifatorial que acomete a gênese dessa doença, não é de se estranhar os vários contextos e causas pelos quais esse estresse advém; entretanto, no caso do paciente obeso a conseqüência, na maioria das vezes, será o aumento do peso corporal. (DÂMASO, 2003) Na inatividade física seria quando o indivíduo não pratica exercícios físicos, ou pratica menos do que seu corpo necessita para gastar a energia consumida, ou seja, quanto mais ativo fisicamente for o indivíduo, menor será a chance de desenvolver obesidade. As pessoas engordam por diferentes motivos, ou porque se alimentam de forma desequilibrada e consomem mais calorias do que necessitam e do que gastam (por levarem uma vida sedentária), ou porque o corpo metaboliza os alimentos de forma desequilibrada. (BARBOSA, 2004) Há casos de obesos que comem pouco, mas têm grande capacidade de armazenar energia em forma de gordura, bem como magros que comem muito, mas seu organismo gasta o que foi consumido com enorme rapidez. O mau funcionamento de determinadas substâncias em nosso organismo também altera seu equilíbrio natural, causando obesidade. Com as mudanças que vem ocorrendo nas últimas décadas com a sociedade capitalista, o ato de comer acaba não sendo só uma satisfação biológica, mas um comportamento regido por inúmeros fatores, 2

3 incluindo apetite, disponibilidade de alimentos, hábitos familiares e culturais, pressões sociais e tentativas voluntárias de controlá-lo. Por todos esses motivos, vem deixando de ser algo prazeroso em detrimento ao culto da magreza. Fazer dieta para emagrecer sem levar em conta a saúde é amplamente promovido pelas tendências da moda, propaganda, algumas atividades físicas e certas profissões. (BARBOSA, 2004). Segundo Ferreira e Meier (2004), na maioria das vezes, a obesidade não tem uma causa determinada, sendo classificada como obesidade de etiologia não conhecida, por isso, que cada caso carrega em si sua particularidade. As pessoas que se alimentam de forma compulsiva encontram dificuldade em reconhecer suas emoções e sentimentos, não conseguem fazer contato com eles ou expressá-los. Apenas os percebem como um mal-estar generalizado ou uma sensação difusa de desprazer. A obesidade, sendo uma doença multifatorial, faz-se necessário aprofundar a reflexão numa perspectiva psicológica, ou seja, dentro de uma visão que considere o ser humano como um organismo total. Os fatores psicológicos são fortes motivadores do comportamento que manifestamos, inclusive os alimentares. A obesidade causa inúmeras feridas emocionais, mas não são apenas os obesos que sofrem com os efeitos da gordura, pessoas que estão acima do peso normal, e outras que estão com peso normal, mas têm a auto-imagem deficiente também enfrentam sofrimento em relação a seu peso. De acordo com Ferreira e Meier (2004), o comer compulsivo, o incorporar o alimento, também é uma forma de buscar coisas que nos faltam, como amor e aprovação. Estamos sempre à procura de alguma coisa, por isso haverá sempre um vazio impossível de ser alimentado com comida. A luta dos seres humanos é sempre em ter e ser mais, circunstâncias que levam ao medo, à frustração e podem promover sentimentos como o fracasso, insegurança, fadiga e angústia. Segundo Ferreira & Meier (2004), o descontrole alimentar revela excesso de controle. Na maioria das vezes em outras áreas da vida, amorosa, profissional, traduz excessiva rigidez consigo mesmo e com os outros, alto grau de exigência pessoal, perfeccionismo exacerbado e dificuldade de adiar a satisfação do prazer. Contudo a ABESO-Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade vem trabalhando com um conjunto de profissionais da área da saúde que compõem seu corpo de associados, pois está explícito que as dietas estão promovendo patologias alimentares. Isto significa que podem estar transformando pessoas saudáveis em pessoas doentes. Viver em constante estado de privação por causa de dietas restritivas leva a um estado crônico de fome e à compulsão alimentar. (FERREIRA & MEIER, 2004) Não se pode conceituar a imagem corporal sem fazer uma conexão com as atitudes e sentimentos que estão relacionados com a auto-estima. A autoestima significa amor próprio, satisfação pessoal e estar bem consigo mesmo. Se existe uma insatisfação, esta vai se refletir na auto-imagem. O indivíduo desde seu nascimento precisa sentir-se amado, respeitado e valorizado. Muitas vezes, a falta desses aspectos começa dentro da própria família, e não apenas no ambiente social em que ela está inserida. (ESTURARO, 2003 p. 83) Se o indivíduo crescer e se estruturar nos aspectos físicos, psíquicos e sociais saudáveis, ele lidará melhor com as adversidades, e terá mais recursos internos para isso. Se isso não acontece o indivíduo fica muito suscetível ao padrão ideal de beleza.

4 DESENVOLVIMENTO Objetivos Objetivo geral Investigar como a obesidade está relacionada a fatores psíquicos e afetivos, considerando que a obesidade no mundo atual é vista como um modelo a não ser cultuado. Portanto, este pode ser um dos fatores desencadeantes de sofrimento emocional. Objetivos Específicos Apontar se na obesidade existem componentes afetivo-emocionais que causam alterações no comportamento alimentar do indivíduo. Analisar a incidência da obesidade, suas conseqüências e causas numa perspectiva histórica e contemporânea visando descrever o perfil de obesidade relacionado com fatores psíquicos e afetivos. Método A pesquisa a ser realizada consiste na coleta de dados e informações sobre o assunto da obesidade dentro do campo da psicologia, o método a ser empregado consistirá na busca de literatura científica sobre o assunto, visando à produção de um texto de revisão bibliográfica. Materiais e equipamentos: livros, revistas, dissertações ou teses. Procedimentos Será realizado um estudo baseado nas informações coletadas, visando à produção de um texto de revisão bibliográfica. Serão utilizados mecanismos de busca de textos científicos disponíveis via on-line ou em bibliotecas do Unisalesiano. Farão parte dessa revisão textos encontrados em livros, periódicos, dissertações ou teses e em sites especializados. Resultados Enquanto resultados, espera-se encontrar informações que possam constatar alterações no comportamento alimentar do indivíduo obeso. De acordo com Esturaro (2003), percebemos o nosso corpo fazendo uma relação direta com nossas representações internas de nossas vivências psíquicas, influenciando a relação estabelecida com o próprio corpo (ações, movimentos, postura etc.) e seu contato com o ambiente. A imagem corporal não é formada apenas pelo registro objetivo advindo das vias sensoriais e cinestésicas, ela sofre influência dos significados afetivo e cognitivo aqduiridos na vida do sujeito. Para que essa construção se dê, há fatores intimamente relacionados, como o mundo, o corpo (estrutura física) e a personalidade (psiquismo). Essas alterações da imagem corporal podem ser vistas em quadros psiquiátricos e podem acompanhar distúrbios neurológicos, entre outros,

5 a esquizofrenia, a depressão, a ansiedade, a dismorfobia, os transtornos alimentares e os quadros confusionais. CONCLUSÃO O trabalho encontra-se em andamento, contudo, podemos perceber que os caminhos apontam que os aspectos psíquicos (endógenos) e fatores ambientais (exógenos) exercem uma influência significativa no comportamento alimentar do indivíduo obeso. Entre as várias teorias psicológicas que se apresentam, faremos uma discussão sobre duas teorias, comportamental-cognitiva e a psicanálise. Sobre o tratamento psicológico da obesidade baseado na modificação do comportamento alimentar do indivíduo obeso baseado na teoria comportamental e cognitivista e discutiremos também o tratamento psicológico da obesidade baseado na teoria psicanalítica. REFERÊNCIAS BARBOSA, V.L.P. Prevenção da Obesidade na Infância e na Adolescência. Exercício, Nutrição e Psicologia. Barueri,SP: Ed. Manole, 2004. DÂMASO, A. Obesidade. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Medsi, 2003. FERREIRA, M.M. Psicologia do Emagrecimento. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Revinter, 2004. NAHAS, M.V. Obesidade, Controle de Peso e Atividade Física. Londrina, PR: Midiográfica,1999. ESTURARO, A. Imagem Corporal e Auto-Estima. In:BUCARETCHI, H.A. (Org) Anorexia e Bulimia Nervosa: Uma Visão Multidisciplinar. São Paulo, SP: Ed. Casa do Psicólogo, 2003.