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Transcrição:

Autos n 0020587-81.2012.8.24.0033 Ação: Procedimento Ordinário/PROC Requerente: Elio Candido Siemann Requerido: Sul América Seguro Saúde S.A e outro Vistos etc. 1. Cuida-se de ação indenizatória para pagamento de seguro movida contra a Sul América Seguro Saúde e Maximídia Ltda Administradora e Corretora de Seguros. O autor narrou que em virtude de sua invalidez permanente decorrente de um acidente cerebral, comunicou as rés através de uma notificação extrajudicial, para que estas pagassem o prêmio do seguro. 2. Citadas, as rés apresentaram contestação arguindo em preliminar, inépcia da inicial e falta de interesse processual, além de atacar o mérito alegando prescrição do direito do autor em receber o valor segurado. Ainda no mérito, discorreu sobre o contrato do seguro, a não configuração do sinistro coberto e o valor do seguro. 4. Requereu a improcedência do pedido. Juntou documentos. 5. O autor apresentou impugnação à contestação. 6. No despacho (folhas 161), o MM. Juiz de Direito requereu que o autor juntasse novamente os documentos relativos à concessão de sua aposentadoria por estarem inelegíveis. 7. O juízo a quo decretou a revelia da ré Maximídia Ltda, afastou a preliminar de inépcia da ação e falta de interesse processual, bem como a prejudicial de mérito da prescrição (folhas 169/174). 8. Foi designada audiência preliminar. 9. Considerada revel, (folhas 169/171), a ré Maximídia Ltda impetrou embargos de declaração. No julgamento, os embargos foram rejeitados por não preencherem os requisitos do artigo 535 do Código de Processo Civil.

10. A ré interpôs agravo de instrumento para o tribunal. Acolhido, foi transformado em Agravo Retido e julgado procedente, afastando a revelia. 11. Não houve conciliação na audiência. Como produção de provas, as Rés requereram perícia para averiguar a origem da invalidez do autor. O autor não se opôs a perícia. 12. Realizada a perícia, as partes se manifestaram acerca do resultado do laudo. É o relatório. Decido. Cuida-se de pedido de pagamento de indenização securitária,sob a alegação de que o autor sofreu um acidente vascular cerebral que o tornou inválido. De acordo com o laudo pericial (folhas 356/364) e as informações fornecidas pelo autor e por seu representante legal, a sua aposentadoria por invalidez foi concedida pela superveniência de uma psicopatia crônica. O documento de folhas 164/165 demonstra que a aposentadoria foi concedida no ano de 1977, situação que foi reafirmada através do laudo pericial de folhas 356/364. Assim, a aposentadoria por invalidez ocorreu previamente ao contrato realizado entre as partes, em 26 de junho de 2003. Na exordial, o autor levanta a tese de que no momento da realização do contrato, as seguradoras rés não se importaram em averiguar se o contratante possuía alguma enfermidade. Tem razão nesse sentido, tendo em vista que o seguro foi realizado por telefone, conforme petição da própria ré. No entanto, a ré Sul América Seguro Saúde Ltda, juntou a apólice do seguro do autor (folhas 72), onde está prevista cobertura do seguro apenas para morte ou invalidez decorrente de acidente. Sobre o tema, já julgou o Tribunal de Justiça de Santa Catarina: AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO DE VIDA EM GRUPO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INVALIDEZ PERMANENTE PROVOCADA POR DOENÇA. APÓLICE QUE PREVÊ COBERTURA APENAS PARA MORTE E INVALIDEZ POR ACIDENTE. EXCLUSÃO EXPRESSA DE COBERTURA PARA INVALIDEZ DECORRENTE DE DOENÇAS NAS CONDIÇÕES GERAIS DO CONTRATO. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA INDEVIDA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. O seguro, nos termos do

art. 757 do Código Civil, alcança apenas os riscos particularizados na apólice, vedado, nesse âmbito, interpretações extensivas e analógicas. Derivando de doença o mal que acomete o segurado, e prevendo o contrato cobertura apenas para morte e acidentes pessoais, não se enquadrando a gênese da patologia noticiada dentre aquelas associadas ao labor profissional, inviável se mostra condenar o segurador ao pagamento de evento não predeterminado. (TJSC, Apelação Cível n. 2013.024282-8, de Balneário Piçarras, rel. Des. Jorge Luis Costa Beber, j. 17-07-2014). No mesmo sentido: SEGURO DE VIDA EM GRUPO. APOSENTADORIA CONCEDIDA PELO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS). DEMANDANTE INVALIDA DEVIDO A CERVICODORSALGIA E ESPORÃO DE CALCÂNEO À DIREITA. CONTRATO QUE PREVÊ COBERTURA PARA INVALIDEZ TOTAL OU PARCIAL POR ACIDENTE E MORTE. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA AFASTADA. SENTENÇA MANTIDA. Decorrendo o sinistro de doença, e a apólice não contemplando invalidez por doença, mas tão somente por morte ou invalidez permanente total ou parcial por acidente, descabe condenar a seguradora ao pagamento da indenização postulada. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 2012.084717-5, de São José, rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, j. 11-07-2013). Pelo exposto, e ainda conforme o artigo 757 do Código Civil, o qual estabelece que o segurador deve garantir os interesses expostos na apólice, o autor não pode querer valer-se de um direito que não está especificado no seu contrato. Além disso, é ilícito o recebimento de um prêmio por um fato preexistente à data da contratação do seguro. A aposentadoria foi concedida em 1977, devido à doença que o tornou incapaz, condição preexistente à contratação do seguro. Apesar do laudo pericial haver constatado que o autor sofreu um acidente vascular cerebral em 2003, do tipo isquêmico, decorrente de falta de circulação (folhas 362), a invalidez já existia desde 1977, data de sua aposentadoria. É o entendimento jurisprudencial:

APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM. RECURSO DO SEGURADO. PRETENDIDA INDENIZAÇÃO POR INVALIDEZ ACIDENTAL. IMPOSSIBILIDADE. COBERTURA RESTRITA À HIPÓTESE DE SINISTRO COM INTERFERÊNCIA VIOLENTA DE AGENTE EXTERNO. INFORTÚNIO DO SEGURADO DECORRENTE DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. FATO QUE NÃO SE ENQUADRA NA DEFINIÇÃO DE ACIDENTE PESSOAL. DOENÇA DO APARELHO CIRCULATÓRIO. CID - 10. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICAÇÃO INTERPRETATIVA QUE NÃO PODE EXTRAPOLAR OS LIMITES PREVIAMENTE CONTRATADOS. RECURSO NÃO PROVIDO. O Acidente Vascular Cerebral é patologia que se insere entre as doenças do aparelho circulatório (CID - 10) e, em que pese ser evento casual, fortuito e imprevisto, acontece sem contribuição violenta de agente externo, pelo que não se enquadra na definição de acidente pessoal e impede que o segurado seja indenizado por invalidez ou morte acidental. Embora a interpretação dos contratos submetidos ao Código Consumerista deva beneficiar o consumidor, essa prerrogativa não pode ser utilizada com o propósito de ampliar direitos dos segurados cujos riscos não foram previstos no pacto, especialmente porque "o contrato de seguro interpreta-se restritivamente" (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil - Contratos em espécie. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 379). (TJSC, Apelação Cível n. 2010.069984-6, de Lages, rel. Des. Jairo Fernandes Gonçalves, j. 03-10-2013). Ademais, ainda que se considerasse que a invalidez decorreu do AVC, o motivo da invalidez seria causa clínica, doença e não causa acidental, conforme previsto contratualmente. Dessa maneira, a pretensão deduzida na petição inicial não tem como prosperar. Isso posto, julgo improcedente o pedido realizado por Elio Candido, qualificado nos autos, contra Sul América Seguros Saúde S.A, qualificada nos autos, e Maximidia Adm e Corr de Seguros Ltda, qualificada nos autos. Condeno o autor ao

pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios no valor de 15% sobre o valor da causa, com fundamento no artigo 20, 3º do Código de Processo Civil. Contudo, suspendo a exigibilidade em virtude do benefício da gratuidade da justiça deferido ao autor. Publique-se. Registre-se Intime(m)-se Transitado em julgado, arquivem-se. Itajaí (SC), 05 de novembro de 2014. Marcia Krischke Matzenbacher Juíza de Direito