PRODUÇÃO E QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOLIAR COM NITRATO DE POTÁSSIO



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Transcrição:

PRODUÇÃO E QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOLIAR COM NITRATO DE POTÁSSIO João Paulo Teixeira Whitaker 1, Ciro Antonio Rosolem 2. (1) DSMM/CATI/SAA-SP, Praça Washington Luiz nº 4-50, 17010.210, Bauru, SP, e-mail: jwhi@ig.com.br, (2) Departamento de Produção Vegetal- Agricultura, UNESP, Caixa Postal 237, 18603.970, Botucatu, SP, e-mail: rosolem@fca.unesp.br. RESUMO Estudou-se durante dois anos, o uso foliar de KNO 3 sobre a produção e qualidade da fibra do algodoeiro. No primeiro ano pulverizou-se 8 kg ha -1 de KNO 3 durante duas (total 16 kg ha -1 ) ou quatro (total 32 kg ha -1 ) semanas, em 5 datas a partir do florescimento. No segundo ano dividiu-se o experimento em duas subparcelas pela aplicação, ou não, de 31 kg ha -1 de K 2 O em cobertura, e ambas receberam 4 aplicações semanais foliares de 8 kg ha -1 de KNO 3 (total 32 kg ha -1 ), em 4 datas a partir do florescimento. Foi mostrado que o uso de KNO 3 via foliar não alterou significativamente os parâmetros de produtividade, peso de um capulho, peso de mil sementes, número total de capulhos, número total de nós; nem as principais características da qualidade da fibra como finura, resistência, comprimento, maturidade e micronaire, nos dois anos de estudo. O teor de K na folha foi significativamente alterado pelo uso foliar de KNO 3 no segundo ano, mas o teor de K na maçã não. A adubação com K em cobertura provocou redução significativa no rendimento da fibra, no índice de fiabilidade e no brilho, e aumento do grau de amarelamento da fibra do algodão. INTRODUÇÃO A deficiência de potássio no algodoeiro tem ocorrido mesmo em solos com alto teor de K, e está relacionada ao uso de variedades altamente produtivas, de rápida maturação, com menor capacidade de armazenar K antes do florescimento; ao decréscimo da atividade radicular durante a frutificação; à mudanças nas práticas culturais (aumento no uso do N e reguladores de crescimento); à baixa quantidade de K aliada à fixação de K no solo; ao estresse hídrico (CHANG & OOSTERHUIS, 1995). O K é importante para o desenvolvimento e a qualidade da fibra (CASSMAN et al, 1990), e é o nutriente mais abundante na sua composição (KAFKAFI, 1992). A deficiência de K resulta em menor deposição de celulose na parede secundária das fibras, causando decréscimo na maturidade, micronaire, alongamento, comprimento, perímetro e uniformidade (BENNETT et al, 1965); decréscimo na produção de fibras, peso das sementes e maçãs (PETTIGREW et al, 1992); produção de fibras mortas, imaturas, que não colorem durante tingimento (THOMPSON, 1999). Cerca de 65% do K exigido é absorvido (até 5,6 kg ha -1 dia -1 ) entre o início da floração e a maturidade (THOMPSON, 1999). A maçã é o dreno dominante para o K dentro da planta (KAFKAFI, 1992; ROSOLEM e MIKKELSEN, 1991). O K tem sido aplicado via foliar com a finalidade de corrigir, ou prevenir, deficiências com maior rapidez e eficiência evitando perdas na produção (OOSTERHUIS et al, 1990) e na qualidade da fibra (CASSMAN et al, 1990). A diminuição do ph da calda de pulverização de KNO 3 para 4,0 pode aumentar a eficiência da adubação foliar (CHANG E OOSTERHUIS, 1995; HOWARD et al, 1998). O objetivo deste trabalho foi verificar a influência da adubação foliar com nitrato de potássio na produção e qualidade da fibra do algodoeiro, variedade Deltaopal.

MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos dois anos de estudos (1999/2000 e 2000/2001). No primeiro ano foram instalados dois experimentos, um em Pederneiras-SP outro em Boracéia-SP. No segundo ano foi instalado um único experimento em Boracéia-SP. Todas parcelas constaram de cinco linhas (5m) de algodão com 0,90m de espaçamento e média de 7 plantas m -1, dispostas em blocos casualizados, em 4 repetições. A calda de pulverização foi preparada com 133,3 l ha -1 de água e o ph diminuído para 5,0 pela adição de ácido nítrico (1 molar). No Primeiro ano o algodão semeado em 09/11/99 foi adubado com 310 kg ha -1 da fórmula 04-30-16 com mais duas coberturas: uma com 145 kg ha -1 de uréia e outra com 124 kg ha -1 da fórmula 25-00-25. A análise do solo indicou o teor de 2,2 mmol c dm -3 de K em Pederneiras e 1,6 mmol c dm -3 em Boracéia. Os tratamentos empregaram 2 doses de KNO 3 (16 e 32 kg ha -1 ) divididas em 2 ou 4 pulverizações (8 kg ha -1 por semana), começando na 1ª semana após florescimento (SAF), em 17/01/00, aos 59 dias após emergência (d.a.e.): T-1 (testemunha); T-2 (1ª e 2ª SAF); T-3 (3ª e 4ª SAF); T-4 (5ª e 6ª SAF); T-5 (7ª e 8ª SAF); T-6 (1ª, 2ª, 3ª e 4ª SAF); T-7 (2ª, 3ª, 4ª e 5ª SAF); T-8 (3ª, 4ª, 5ª e 6ª SAF); T-9 (4ª, 5ª, 6ª e 7ª SAF); T-10 (5ª, 6ª, 7ª e 8ª SAF). O teor de K foi avaliado ao término de cada tratamento (folhas e maçãs), e nas folhas de todos tratamentos aos 88 d.a.e.. A 1ª colheita (158 d.a.e) e a colheita final (172 d.a.e.) foram feitas em 3 linhas de 4 m, separando-se 40 capulhos por parcela para análise da qualidade da fibra. Uma semana após o término de cada tratamento e também por ocasião da primeira colheita, foram realizados os mapeamentos das estruturas das plantas. Devido a uma colheita acidental do experimento instalado em Boracéia-SP, não foi possível avaliar sua produção e qualidade da fibra. No segundo ano de estudo, o algodão semeado dia 9/01/01 foi adubado com 248 kg ha -1 da fórmula 03-15-15, em solo contendo 1,5 mmol c dm -3 de K. Este experimento foi dividido em duas subparcelas, conforme adubação em cobertura: uma subparcela recebeu 186 kg ha -1 da fórmula 20-00-20, a outra só recebeu N (82,6 kg ha -1 de uréia). As duas subparcelas receberam 32 kg ha -1 de KNO 3 via foliar, divididos em 4 pulverizações (8 kg ha -1 KNO 3 por semana), começando na 1ª SAF, em 17/03/01, 58 d.a.e, nos tratamentos: T-1 (testemunha); T-2 (1ª, 2ª, 3ª e 4ª SAF); T-3 (2ª, 3ª, 4ª e 5ª SAF); T-4 (3ª, 4ª, 5ª e 6ª SAF); T-5 (4ª, 5ª, 6ª e 7ª SAF). Aos 94 e 108 d.a.e. foram avaliados os teores de K nas maçãs e nas folhas e aos 128 d.a.e. foi feita uma única colheita. RESULTADOS E DISCUSSÃO No primeiro ano de estudo (1999-2000), o experimento realizado em Pederneiras-SP mostrou no mapeamento da planta ao final dos tratamentos que o número de nós por planta de T-2 (18,5), T-3 (20,1) e T-6 (20,7) foram maiores que a testemunha (17,4), porém, na colheita, o nº total de nós foi equivalente para todos tratamentos, só variando significativamente o nº de ramos reprodutivos entre a testemunha (16,2), T-3 (18,8) e T-7 (18,9). A produtividade (média de 4385,7 kg ha -1 ), o nº de sítios frutíferos, de frutos ou retenção de frutos não foram alterados. Dentre as características da fibra (1ª colheita), somente a uniformidade foi significativamente alterada pelo KNO 3, o maior valor para T-10 (48,0%) e menor para T-9 (45,7%). Na colheita final, só a cor da fibra (+b) foi alterada pelo uso de 16 kg ha -1 de KNO 3, o maior valor em T-3 (8,68) e menor T-2 (8,13). Aos 88 d.a.e, o teor de K nas folhas não estava alterado por qualquer tratamento, sendo considerado adequado (entre 17 e 19 g kg -1 de K) conforme Malavolta et al (1989). Após o término dos tratamentos, os teores de K nas folhas (16 a 18 g kg -1 ) e nas maçãs (16 a 20 g kg -1 ) também não diferiram significativamente da testemunha, exceto para T-10, o teor de K nas maçãs (18,7 g kg -1 ) foi significativamente maior que a testemunha (15,7 g kg -1 ). Devido ao teor de potássio no solo (2,2 mmol c dm -3 ) estar num nível considerado médio e aliado a uma adubação total de 81 kg ha -1 de K 2 O, o algodão parece não ter sofrido deficiência de potássio neste local de experimento. Ainda no Primeiro ano de estudo, mas em Boracéia, o mapeamento da planta ao término dos tratamentos com indicou que em T-3 o nº de nós na planta (18,4) foi menor que a testemunha (19,3). Já, na dose de 32 kg ha -1 de KNO 3, T-8 mostrou menor nº de nós por planta (18,8)

que a testemunha (19,7). O nº de nós acima do ramo mais baixo que portava fruto em T-3(11,5) foi menor que a testemunha (12,8), já, na dose de 32 kg ha -1 de KNO 3, T-6(11,9) mostrou-se menor que a testemunha (12,8) e T-10(13,0) mostrou-se maior que a testemunha (12,1). O teor de K nas folhas, aos 88 d.a.e., não apontou diferença significativa entre tratamentos, estando na faixa entre 14,1 e 17,5 g kg -1. Uma semana após término dos tratamentos, os teores de K nas folhas de T-2 (17,8 g kg -1 ) foi significativamente inferior à testemunha (18,8 g kg -1 ), assim como nas folhas de T-6 (15,2 g kg -1 ) e a testemunha (17,1 g kg -1 ), mas nas folhas em T-10 (11,6 g kg -1 ) o teor de K foi superior a testemunha (9,2 g kg -1 ). Nas maçãs, o teor de K não mostrou efeito significativo de nenhum tratamento foliar no contraste com a testemunha. Para todos os tratamentos e datas de avaliação, a média da concentração de K na folha foi considerada normal conforme Malavolta et al (1989). No segundo ano de estudo (só Boracéia), a produtividade do algodão (média de 1190 kg ha -1 ) não foi alterada por qualquer tratamento de adubação potássica (foliar ou cobertura). O rendimento de fibra do algodoeiro que não recebeu K em cobertura (43,42%) foi significativamente superior à parcela com cobertura (42,37%), concordando com Bennett et al (1965) e Pettigrew e Meredith (1992). As únicas características da fibra que sofreram alteração significativa em função dos tratamentos foram o alongamento, o índice de fiabilidade (CSP), o brilho e a cor (+b). O alongamento só foi alterado pelos tratamentos foliares na parcela que recebeu K em cobertura; o índice de fiabilidade e o brilho foram diminuídos pela adubação com K em cobertura, mas não foram alterados pela adubação foliar; a cor (amarelamento) foi aumentada somente pela adubação de cobertura, mas não pela adubação foliar. O teor de K na folha e na maçã, aos 94 d.a.e, pode ser vista na Tabela 1. O teor de K na maçã permaneceu constante perante os tratamentos de adubação potássica (cobertura ou foliar), sem diferenças significativas. Porém, nas folhas, o teor de K foi alterado pelos tratamentos foliares com KNO 3, mas não houve influência da adubação de K em cobertura. Aos 108 d.a.e. o teor de K na maçã apresentou-se equivalente para todos os tratamentos (Tabela 2). Porém, nas folhas, o teor de K variou conforme o tratamento foliar, mas não sofreu alteração pela adubação em cobertura. O maior teor de K foi encontrado nas folhas que receberam o tratamento T-5, tanto na parcela sem cobertura quanto na parcela com cobertura de K. A maior concentração de K na folha, conseguido às expensas da adubação foliar, não foi traduzido no aumento do teor de K no fruto, nem na melhoria de qualquer parâmetro de produtividade ou alteração dos parâmetros mais importantes da qualidade da fibra, significando que houve um consumo de luxo de K. Fica claro, em todos os anos de estudo, que o declínio de potássio na folha é um processo normal durante a senescência da planta, que não se reverte com uso suplementar de K em cobertura ou via foliar. CONCLUSÕES O uso da adubação foliar com KNO 3, em pulverizações com até 32 kg ha -1, durante o período de florescimento do algodoeiro não causou efeito significativo sobre os parâmetros de produtividade em ambos os anos deste estudo. As principais características da qualidade da fibra do algodão (finura, resistência, comprimento, micronaire, maturidade) não foram alteradas pelo uso da adubação foliar com KNO 3 neste estudo. O teor de K na folha foi significativamente alterado pelo uso do KNO 3 via foliar, mas não houve alteração no teor de K nas maçãs, no segundo ano deste experimento. A adubação de K em cobertura causou diminuição significativa no rendimento da fibra, no índice de fiabilidade e no brilho (Rd) da fibra de algodão; e um aumento do grau de amarelamento (+b). Tabela 1. Teor de potássio na folha e maçã do algodoeiro, aos 94 d.a.e., Boracéia-SP (2000-2001). K na folha K na maçã Tratamento (g kg -1 ) (g kg -1 ) sem K cobertura com K cobertura sem K cobertura com K cobertura

Testemunha 10,23 b* 10,88 b 12,08 a 13,08 a 2 11,50 b 12,05 ab 12,25 a 13,25 a 3 14,18 a 13,85 a 15,43 a 13,58 a 4 15,93 a 13,55 a 15,25 a 11,95 a 5 14,95 a 12,23 ab 13,85 a 13,93 a média 13,36 A 12,51 A 13,77 A 13,16 A CV (%) 9,24 6,56 12,40 7,97 *Médias seguidas de mesma letra maiúscula (na linha) ou minúscula (na coluna), não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (Probabilidade < 0,05). Tabela 2. Teor de potássio na folha e maçã do algodoeiro, aos 108 d.a.e. Boracéia-SP (2000-2001). K na folha K na maçã Tratamento (g kg -1 ) (g kg -1 ) sem K cobertura com K cobertura sem K cobertura com K cobertura Testemunha 5,63 b* 7,78 b 12,03 a 12,60 a 2 7,63 b 6,55 b 12,00 a 10,90 a 3 8,15 b 7,13 b 12,58 a 12,68 a 4 9,53 ab 9,70 ab 13,18 a 13,23 a 5 13,53 a 12,48 a 13,55 a 12,68 a média 8,89 A 8,73 A 12,67 A 12,42 A CV (%) 20,69 20,99 12,67 13,22 *Médias seguidas de mesma letra maiúscula (na linha) ou minúscula (na coluna), não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey (Probabilidade < 0,05). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENNETT, O. L.; ROUSE, R..; ASHLEY, D. A.; DOSS, B. D. Yield, fiber quality and potassium content of irrigated cotton plants as affected by rates of potassium. Agronomy J., Madison, v.57, p.296-9, 1965. CASSMAN, K. G.; KERBY, T. A.; ROBERTS, B. A.; BRYANT, D. C.; HIGASHI, S. L. Potassium nutrition effects on lint yield and fiber quality of Acala cotton. Crop Science, Madison, v. 30, p. 672-677, 1990. CHANG, M. A.; OOSTERHUIS, D. M. Cotton response to foliar application of potassium compounds at different ph levels. Better Crops with Plant Food, Norcross, v. 79, n. 2, p. 20-22, 1995. HOWARD, D. D.; GWATHMEY, C. O.; SAMS, C. E. Foliar feeding of cotton: evaluating potassium sources, potassium solution buffering, and boron. Agronomy J., Madison, v.90, n.6, p. 740-746, 1998. KAFKAFI, U. Foliar feeding of potassium nitrate in cotton. Better Crops with Plant Food, Norcross, v. 76, p. 16-17, spring 1992. MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: POTAFÓS, 1989. 201 p. OOSTERHUIS, D. M.; WULLSCHLEGER, S. D.; MAPLES, R. L.; MILEY, W. N. Foliar-feeding of potassium nitrate in cotton. Better Crops with Plant Food, Norcross, v. 74, n. 3, p. 8-9, summer 1990. PETTIGREW, W. T.; MEREDITH; W. R. Potassium fertilization influences cotton dry matter and yield.

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