MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS DE FEBRE DO CHIKUNGUNYA. 9 de janeiro de 2015

Documentos relacionados
MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS DE FEBRE DO CHIKUNGUNYA. 01 de janeiro de 2016

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS DE FEBRE DO CHIKUNGUNYA. Janeiro de 2019

Espectro clínico. Figura 1 Espectro clínico chikungunya. Infecção. Casos Assintomáticos. Formas. Típicas. Fase Aguda. Fase Subaguda.

Informe Técnico Chikungunya

Manejo dos casos suspeitos de Febre pelo vírus ZIKA / Microcefalia

Informativo Epidemiológico Dengue, Chikungunya e Zika Vírus

Manejo de casos suspeitos de Febre Maculosa. Outubro de 2018

Vigilância das Arboviroses

NOTA INFORMATIVA FEBRE PELO VÍRUS ZIKA NO ESTADO DE SÃO PAULO, MAIO 2015

Febre Chikungunya. Fonte:

Chikungunya: o próximo desafio

NOTA INFORMATIVA Nº 92, DE 2017/SVS/MS

Febre pelo vírus ZIKA / Microcefalia

ENFERMAGEM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. ZIKA VIRUS Aula 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

Vigilância das Arboviroses

Investigação epidemiológica de doenças transmitidas pela fêmea do Aedes aegypti: dengue, chikungunya e zika. Deborah Bunn Inácio

Vigilância das Arboviroses

VIGILÂNCIA DA EPIDEMIOLÓGICA DA DENGUE, CHIKUNGUNIA E ZIKA

ARBOVIROSES - FLUXOGRAMA DA LOGÍSTICA LABORATORIAL E DE NOTIFICAÇÃO - CAP 3.1 ZIKA DENGUE

DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA

Vigilância sindrômica 2: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2018

Vigilância Epidemiológica da Febre do Chikungunya

Vigilância das Arboviroses

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2018

A - Investigação de casos graves e óbitos por arbovírus Prontuário

Vigilância sindrômica - 1

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas Síndromes respiratórias

FEBRE CHIKUNGUNYA EM IDOSOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ofício Circular S/SUBPAV/SAP n.º 019/2015 Rio de Janeiro, 03 de novembro de 2015.

INFORME TÉCNICO 001/2016

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta:

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas Síndromes respiratórias

ENFERMAGEM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. CHIKUNGUNYA Aula 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

Manejo Clínico no Adulto: DENGUE

Zika Vírus Cobertura pelo ROL- ANS. Cobertura E Codificação

Vigilância sindrômica 2: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2019

HELTON FERNANDES DOS SANTOS LABVIR ICBS - UFRGS

Profª Drª. Joelma Gonçalves Martin Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Botucatu- Unesp

Guia Prático MANEJO CLÍNICO DE PACIENTE COM SUSPEITA DE DENGUE. Estado de São Paulo Divisão de Dengue e Chikungunya

NOTIFIQUE! BOLETIM. HU e EBSERH. Fevereiro do CURSO DE MEDICINA. Leia PULMÃO DE AÇO página final

Vigilância sindrômica Síndromes febris ictero-hemorrágicas

DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO DAS INFECÇÕES POR DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA VÍRUS

Febre do Chikungunya. Sinonímia: Chikungunya, CHIK, CHIKV, infecção pelo vírus Chikungunya.

Síndrome de Insuficiência Respiratória Aguda Grave (SARS)

Inquérito epidemiológico *

A R B O V Í R U S R O C I O / M A Y A R O

Informativo Epidemiológico Dengue, Chikungunya e Zika Vírus Janeiro de 2016

9º ano em AÇÃO. Assunção contra o mosquito!

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DA DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA

CAPACITAÇÃO AGENTE COMUNITÁRIOS

Paraná registra primeira morte por hantavirose em

Inquérito epidemiológico *

INFORMATIVO CIEVS 041/2016

INFORMATIVO CIEVS 046/2016

XX Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 20 à 24 de Outubro de 2014

Zika/Dengue TRIO ECO Teste

Vigilância sindrômica Síndromes febris ictero-hemorrágicas

Vigilância sindrômica - II

PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA DENGUE SMS/RP SMS/RP

Mapa da dengue no Brasil

INFORMATIVO CIEVS 034/2016

Informativo Epidemiológico de Dengue, Chikungunya e Zika

Vacinação contra Febre Amarela em Santa Catarina. Arieli Schiessl Fialho

A crescente ameaça global dos vírus da Zika, Dengue e Chikungunya

INFORMATIVO CIEVS 021/2016

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO Nº 05 VÍRUS ZIKA SEMANA 15 MATO GROSSO DO SUL / 2016

Doença Meningocócica e Doença Invasiva por Haemophilusinfluenzae: Diagnóstico e Prevenção. Março de 2019

MAYARO. O que é Febre do Mayaro?

INFORMATIVO CIEVS 003/2018

INFORMATIVO CIEVS 025/2016

Um vírus RNA. Arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos: DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4.

INFORMATIVO CIEVS 005/2018

INFORMATIVO CIEVS 023/2016

INFORMATIVO CIEVS 006/2017

Universidade de São Paulo Instituto de Ciências Biomédicas Laboratório e Evolução Molecular e Bioinformática. Marielton dos Passos Cunha

INFORMATIVO CIEVS 016/2017

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS PEDIÁTRICOS DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA.

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

5º Simposio de Ensino de Graduação CARACTERIZANDO DENGUE EM CRIANÇAS NO MUNICÍPIO DE PIRACICABA

INFORMATIVO CIEVS 015/2017

NOTA TÉCNICA Nº01/2015 SUVIGE/CPS/SESAP/RN. Assunto: Nota Técnica sobre Doença não esclarecida com exantema

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS DE DENGUE NO HIAE E UNIDADES AVANÇADAS. Janeiro de 2019

INFORMATIVO CIEVS 017/2016

INFORMATIVO CIEVS 008/2017

INFORMATIVO CIEVS 015/2016

Preparação e Resposta à Introdução do Vírus Chikungunya no Brasil

Vigilância da doença causada pelo zika vírus nos Estados Unidos

INFORMATIVO CIEVS 014/2016

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVO DE NOTIFICAÇÃO - SINAN DICIONÁRIO DE DADOS AMBIENTE WINDOWS

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE INFLUENZA NO HIAE E UNIDADES

Febre maculosa febre carrapato

Módulo: Nível Superior Dezembro/2014 GVDATA

Perfil epidemiológico da chikungunya no estado da Bahia, Brasil nos anos de 2014 a 2017

Transcrição:

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS DE FEBRE DO CHIKUNGUNYA 9 de janeiro de 2015

Conteúdo A infecção Definição de caso Manifestações clínicas Diagnostico diferencial Diagnóstico Manejo dos casos suspeitos

A infecção É uma doença emergente Dez. 2013: inicio da transmissão nas Américas, no Caribe (Saint Martin) Mortalidade em torno de 1% Set. 2014: 1º caso confirmado no Brasil Agente etiológico Vetores Outros reservatórios, além do homem Período de transmissão Período de incubação Vírus Chikungunya (CHIKV) vírus RNA pertencente ao gênero Alphavírus, família Togaviridae Aedes aegypti e Aedes albopictus Primatas, roedores, pássaros e pequenos mamíferos 2 dias antes e até 10 dias após o início dos sintomas 1 a 12 dias (média de 3 a 7 dias)

Definição de caso Paciente com febre de início súbito maior de 38,5 C e artralgia ou artrite intensa com início agudo, não explicado por outras condições clínicas, sendo residente ou com história de viagem a áreas endêmicas ou epidêmicas, até duas semanas antes do início dos sintomas Áreas endêmicas ou epidêmicas: América Central, África, Ásia, Europa e Ilhas do Pacífico e Índico Brasil: Oiapoque (AP), Feira de Santana (BA), Riachão do Jacuípe (BA), Matozinho (MG), Campo Grande (MS)

Manifestações clínicas 1 Forma aguda (3 a 10 dias) Febre (> 38,5º C) Artralgia simétrica (localização mais frequente: falanges, tornozelos, punhos, podendo atingir joelhos, ombros e coluna) Cefaléia, dorsalgia, mialgia, náuseas, vômitos, rash máculo-papular pruriginoso (entre o 2º e 5º dia de febre, acometendo tronco e extremidades, podendo acometer região plantar, palmar e face), conjuntivite. Em crianças, lesões cutâneas vésico-bolhosas são mais frequentes. Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/zoo/informes/ifout14_chikungunya.pdf

Manifestações clínicas 2 Em gestantes Sem evidência de efeitos teratogênicos Não alteram o curso gestacional, com raros relatos de abortamento. Não é transmitido pelo leite materno Risco de transmissão no momento do parto: 85% sendo que 90% destes RNs apresentam formas graves Formas graves em recém-nascidos Síndrome álgica, febre, exantemas, hemorragias, miocardiopatia hipertrófica, disfunção ventricular, pericardite, aneurisma de coronárias, enterocolite necrotizante, edema de extremidades, diarréia, descamação e hiperpigmentação da pele, meningoencefalite

Manifestações clínicas 3 Forma subaguda (10 a 90 dias) Recaídas: poliartrite distal, tenossinovite hipertrófica subaguda nos punhos e tornozelos, síndrome de Raynaud,, adinamia, sintomas depressivos, exantema maculo-papular pruriginoso em tronco, membros e região palmo-plantar Forma crônica (variação entre 90 dias e 3-5 anos) Fatores de risco: idade > 65 anos, doenças articulares pré-existentes, e doença aguda grave Quadro clínico: artralgia inflamatória nas mesmas articulações durante o estágio agudo (poliarticular e simétrica), adinamia e depressão

Manifestações clínicas 4 Formas atípicas Neurológicas meningoencefalite, encefalopatia, convulsões, síndrome de Guillain-Barré, síndrome cerebelar, paresias, plegias (exemplo, paralisia facial), neuropatia periférica Oculares: neurite óptica, iridociclite, episclerite, retinite, uveíte Cardiovasculares: miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca, arritmias Dermatológicas: hiperpigmentação fotossensível, úlcera aftosa intertriginosa, dermatose vesico-bolhosa Renais: nefrite e insuficiência renal aguda Outras manifestações: discrasias hemorrágicas, pneumonia, insuficiência respiratória, hepatite, pancreatite, hipoadrenalismo

Diagnóstico diferencial Dengue Malária Leptospirose Artrite séptica Artrite pós-infecciosa (inclusive febre reumática) Artrite reumatoide juvenil Infecções por outros Alphavirus (vírus Mayaro, vírus Ross River, vírus Floresta de Barmah, vírus O nyong nyong e vírus Sindbis)

Chickungunya vs Dengue Características clinicas e laboratoriais * Infecção pelo vírus de Chikungunya Infecção pelo vírus da Dengue Febre (>39º C) +++ ++ Mialgias + ++ Artralgias +++ +/- Cefaléia ++ ++ ** Erupção cutânea ++ + Discrasias sanguíneas +/- ++ Choque - + Leucopenia ++ +++ Neutropenia + +++ Hematocrito elevado - ++ Plaquetopenia + +++ * Frequência média dos sintomas nos estudos, nos quais duas doenças foram diretamente comparadas entre os pacientes que procuraram assistência médica +++ 70-100% ++ 40-69% + 10-39% +/- <10% = 0% ** Geralmente retroorbitária

Lembre-se: esta é uma doença de notificação compulsória MESMO NA SUSPEITA! 1º) Preencher a ficha de notificação na suspeita ou caso confirmado (disponível na intranet): http://web.telaviva/home/doencasepidemicas/doc/fichas-doencasnotificacao/febre-do-chikungunya.pdf 2º) Comunicar o SCIH: por e-mail: scih@einstein.br ou grupo 90; em horário comercial: ramais 72616, 72646, 72647 e 72680 fora do horário comercial, acionar diretamente o SCIH por meio do celular 972833587

Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial pode ser realizado a partir do sangue ou soro do paciente e nos casos neurológicos, no liquor NA SUSPEITA SEMPRE SOLICITAR TESTE RÁPIDO PARA DENGUE (NS1 e IgG/IgM pela técnica imunocromatográfica ) OU SOROLOGIA PARA DENGUE a depender da data do inicio dos sintomas As amostras devem ser colhidas na primeira consulta e encaminhadas para o Laboratório HIAE, juntamente com Ficha de Investigação Epidemiológica O Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein realiza o PCR PARA VÍRUS CHIKUNGUNYA (veja a tabela a seguir) Porém, é também necessário enviar uma amostra de sangue do paciente para o Instituto Adolfo Lutz

Diagnóstico laboratorial Exame Observações TAT (disponibili/ do resultado em) Execução Preço PCR REAL TIME CHIKUNGUNYA (RNA)* Este teste pode ser realizado a partir do 1º dia da doença e permanece positivo nos primeiros oito dias da doença Sensibilidade analítica: 800 cópias/ml Especificidade: 100% 4 dias Todos os dias, exceto aos domingos R$ 999,85 SOROLOGIA PARA CHIKUNGUNYA Deve ser realizada a partir do 4º dia do início dos sintomas. Técnica: ELISA Este teste é considerado positivo se: IgM positivo ou aumento de 4x dos títulos de IgG na repetição do exame em 2 a 3 semanas. 18 dias Todos os dias R$ 552,21 * OU: Chikungunya por PCR ; Chikungunya virus RNA, qualitativo PCR real time ; PCR qualitativo para Chikungunya soro

Manejo Clínico

Referências Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Chikungunya virus. Disponível em: http://www.cdc.gov/chikungunya/ Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo (CVE-SP). Chikungunya. Disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/zoo/informes/ifout14_chikungunya. pdf Ministério da Saúde. Chikungunya. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/agosto/05/fluxogramachikungunya-2014b.pdf Lindsey NP, Prince HE, Kosoy O, et al. Chikungunya Virus Infections Among Travelers-United States, 2010-2013. Am J Trop Med Hyg. 2014: 14-0442 (epub ahead of print). Staples JE, Fischer M. Chikungunya virus in the Americas-what a vectorborne pathogen can do. N Engl J Med. 2014;371(10):887-9. World Health Organization (WHO). Chikungunya. Disponível em: http://www.who.int/ith/diseases/chikungunya/en/