Achados de tomografia computadorizada de alta resolução em pneumonia pelo vírus parainfluenza pós-transplante de medula óssea: relato de caso

Documentos relacionados
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO NAS COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA: ENSAIO ICONOGRÁFICO*

Artigo Original. Achados de TCAR nas pneumonias bacterianas após transplante de medula óssea* Resumo. Abstract

Sinal do halo invertido

APRESENTAÇÃO TOMOGRÁFICA TÍPICA DE GERMES INCOMUNS NO PULMÃO MARCELO CARDOSO BARROS

Imagem da Semana: Radiografia e TC. Imagem 01. Radiografia simples do tórax em incidência póstero-anterior.

Imagem em Fibrose Cística

Estudo das lesões fundamentais observadas à TCAR através de casos clínicos

Sinal do Halo e Sinal do Halo Invertido: Como Podem Ajudar na Condução Diagnóstica?

Infecção pulmonar pelo Rhodococcus equi na síndrome da imunodeficiência adquirida. Aspectos na tomografia computadorizada

Dr. Domenico Capone Prof. Associado de Pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas do Estado do Rio de Janeiro-UERJ Médico Radiologista do Serviço

COMPROMETIMENTO PULMONAR NAS LEUCEMIAS: AVALIAÇÃO POR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO*

TOUR RADIOLÓGICO: NÓDULOS PULMONARES

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NA AVALIAÇÃO DA ASPERGILOSE PULMONAR ANGIOINVASIVA EM PACIENTES COM LEUCEMIA AGUDA*

Pneumonia intersticial. Ana Paula Sartori

Padrão acinar Gustavo de Souza Portes Meirelles 1. 1 Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina UNIFESP. 1 Terminologia

Síndrome de Insuficiência Respiratória Aguda Grave (SARS)

Vigilância de síndrome respiratória aguda

TÓRAX: infecções pulmonares 2. R3 Carolina Reiser Dr. Rubens Gabriel Feijó Andrade

Pneumonias de hipersensibilidade (Alveolite alérgica extrinseca)

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO

Caso RM. Letícia Frigo Canazaro Dr Ênio Tadashi Setogutti

Achados na tomografia computadorizada em pacientes com infecção pulmonar pelo vírus influenza A (H1N1) *

PNEUMOCONIOSE POR EXPOSIÇÕES À SÍLICA, AFECÇÃO DE ORIGEM OCUPACIONAL ADQUIRIDO ATRAVÉS DE TRABALHO EM MINERAÇÃO - RELATO DE CASO.

Imagem do Hospital do Rim e Hipertensão Órgão Suplementar

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ COORDENADORIA DE CONCURSOS CCV

Infecções Recorrentes na Criança com Imunodeficiências Primárias Pérsio Roxo Júnior

Sinal do halo: achados de TCAR em 85 pacientes

Edital Nº 04/2018. Monitoria Subsidiada - DCM

Cistos e cavidades pulmonares

4 o Simpósio de asma, DPOC e tabagismo

IMUNIZAÇÃO NOS PACIENTES PÓS TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS (TCTH)

09/07/ Tromboembolismo Pulmonar Agudo. - Tromboembolismo Pulmonar Crônico. - Hipertensão Arterial Pulmonar

Complicações pulmonares após transplante de células tronco hematopoéticas

Pneumonias Intersticiais O que o radiologista precisa saber

ÁREA/SUB-ÁREA DO TERMO (BR): Medicina saúde pública pneumopatias

Nódulos e massas pulmonares

Radiografia e Tomografia Computadorizada

Transplante de Células Tronco Hematopoéticas

IMPLICAÇÕESCLÍNICAS DO DIAGNÓSTICOTARDIO DA FIBROSECÍSTICA NOADULTO. Dra. Mariane Canan Centro de Fibrose Cística em Adultos Complexo HC/UFPR

Influenza A Novo subtipo viral H1N1, MSP

BRONQUIOLITE CONSTRITIVA: ASPECTOS TOMOGRÁFICOS E CORRELAÇÃO ANATOMOPATOLÓGICA*

PESQUIZA DE CÁNCER DE PULMÓN POR TOMOGRAFIA DE BAJA DENSIDAD

Programa Oficial. 04/08/ Sábado. Curso Intensivo de Doenças Intersticiais. Hospital da Clínicas da UFG

Informe Influenza: julho COVISA - Campinas

Plano de aula. Aspectos Técnicos. Novos conceitos em Pneumonias Intersticiais 16/04/2015

Curso de Atualização - Micoses

É um nódulo pulmonar?

Pulmonary tuberculosis: findings on high resolution computerized tomography of active disease on patients with bacteriological confirmation

Organização Mundial da Saúde 13th General Programme of Work (Plano estratégico)

Pneumonias - Seminário. Caso 1

Aspergilose pulmonar e suas diferentes apresentações

ENFERMAGEM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. TUBERCULOSE Aula 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

Infecção em doença estrutural pulmonar: o agente etiológico é sempre Pseudomonas?

INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRAs) NA INFÂNCIA. Enfermagem na Atenção Básica Profa. Maria De La Ó Ramallo Veríssimo

MODELO DE INTERPRETAÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS DOENÇAS INTERSTICIAIS CRÔNICAS*

Definir critérios de diagnóstico, prognóstico e tratamento das pneumonias do adulto adquiridas em comunidade.

Total Body Irradiation (TBI): indicações e protocolos

PEDIDO DE CREDENCIAMENTO DO SEGUNDO ANO NA ÁREA DE ATUAÇÃO HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA PEDIÁTRICA

Imagem da Semana: Fotografia

Achados iniciais na radiografia de tórax em uma população pediátrica com diagnóstico de infecção viral por H1N1

Centros de Transplantes do Brasil: Complexo Hospitalar de Niterói - RJ O que Fazemos de Melhor? Plano Terapêutico

36º Imagem da Semana: Radiografia de tórax

Padrão intersticial. Gustavo de Souza Portes Meirelles 1. 1 Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina UNIFESP.

Diagnóstico por imagem das infecções do sistema musculoesquelético

Artigo Original. Microlitíase alveolar pulmonar: achados na tomografia computadorizada de alta resolução do tórax em 10 pacientes* Resumo.

Módulo Tórax Micoses invasivas pulmonares Porto Alegre, 22/junho/2018

IMUNO-ONCOLOGIA: CASO CLÍNICO EM CÂNCER DE PULMÃO

Gripe A (H1N1) Preparação para a Segunda Onda

Material e Métodos Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 14 anos, internada para investigação de doença reumatológica

Artigo Original. Pneumonia por vírus influenza A (H1N1): aspectos na TCAR* Resumo. Abstract

GRIPE PERGUNTAS E RESPOSTAS

A Epidemiologia da Candidíase

Seguem os números da gripe no Estado do Mato Grosso do Sul, considerando os três tipos de vírus de maior circulação (Influenza A, H1N1, Influenza A

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA PNEUMONIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS E NA CIDADE DE VIÇOSA-MG

SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS RELATÓRIO PARA A

Agentes de viroses multissistêmicas

Campus Universitário s/n Caixa Postal 354 CEP Universidade Federal de Pelotas.

HERPES ZOSTER DISSEMINADO EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE. Dra. Rosanna Carrarêtto Dr. Fabrício Prado Monteiro

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Síndromes clínicas ou condições que requerem precauções empíricas, associadas às Precauções Padrão.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de Monografia

03/07/2012. Bronquiectasias: Papel do Radiologista. Aspectos Gerais. Papel Métodos Imagem

PLANILHA GERAL - OITAVO PERIODO - FUNDAMENTOS DA CLINICA IV - 2º 2017

INTERPRETANDO A RADIOGRAFIA DE TÓRAX NA EMERGÊNCIA

16/04/2013. IDENTIFICAÇÃO: Masculino,negro,59 anos,pedreiro,natural de Itu-SP. QP: Dispneia aos esforços e tosse seca há 4 anos. HPMA: (mahler 6).

Pneumonia Comunitária no Adulto Atualização Terapêutica

Perspectivas Médicas ISSN: Faculdade de Medicina de Jundiaí Brasil

Informe Epidemiológico Influenza

O INVERNO ESTÁ CHEGANDO Temos que dobrar os cuidados

OUTRAS INFECÇÕES FÚNGICAS DO PULMÃO EM IMUNODEPRIMIDOS

TERAPIA IMUNOPROFILÁTICA COM PALIVIZUMABE

Pneumonia (Pneumonia Humana) (compilado por Luul Y. Beraki)

Relato de Caso. Gabriela Azevedo Foinquinos

Informe Epidemiológico Influenza Semanal

Caso Número 4/2018: Uma sessão interativa de casos em radiologia torácica Parte 2

16/04/2013. Caso Clínico. História. História. Feminina, 32 anos, faxineira. Natural de Foz do Iguaçu

Sistema respiratório. Funções. Anatomia do sistema respiratório. Brônquios, bronquíolos e alvéolos. Promover troca de gases circulantes: Vocalização

Transcrição:

REV PORT PNEUMOL X (6): 485-489 CASO CLÍNICO/CLINICAL CASE Achados de tomografia computadorizada de alta resolução em pneumonia pelo vírus parainfluenza pós-transplante de medula óssea: relato de caso High resolution computed tomography findings in parainfluenza virus pneumonia after bone marrow transplantation: Case report EMERSON L. GASPARETTO 1, TATIANA CRISTINA PERON 2, GABRIELA DE MELO ROCHA 2, CÉSAR INOUE 2, DANTE L. ESCUISSATO 3, EDSON MARCHIORI 4 RESUMO Paciente feminina, de 19 anos, transplantada de medula óssea devido a leucemia mielóide crónica, apresentando tosse seca e coriza no 67.º dia após o procedimento. A radiografia de tórax não evidenciou alterações. A tomografia computadorizada de alta resolução do tórax revelou consolidação ABSTRACT Nineteen year-old female patient, who underwent bone marrow transplantation because of chronic myelogenous leukemia, presented with dry cough and coriza sixty-seven days after the procedure. The chest radiograph was normal. The high resolution computed tomography showed a subsegmental air-space 1 Médico Residente do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 2 Académico de Medicina da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 3 Professor Assistente da disciplina de Radiologia Médica da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 4 Professor Titular de Radiologia da Universidade Federal Fluminense e Coordenador Adjunto do Curso de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Trabalho realizado na disciplina de Radiologia Médica, Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. Recebido para publicação/received for publication: 04.09.01 Aceite para publicação/accepted for publication: 04.11.26 Novembro/Dezembro 2004 Vol. X N.º 6 485

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA/CASO CLÍNICO subsegmentar na periferia do lobo inferior esquerdo e áreas de redução da atenuação nos terços superior e médio dos pulmões. O lavado broncoalveolar demonstrou pesquisa positiva por imunoflorescência direta para anticorpos anti-vírus parainfluenza. Foi instituído tratamento com ribavirina aerolizada durante 10 dias, havendo melhoria clínico-radiológica do quadro infeccioso. REV PORT PNEUMOL 2004; X (6): 485-489 Palavras-chave: Vírus parainfluenza, tomografia computadorizada de alta resolução, transplante de medula óssea. consolidation at the periphery of the left inferior lobe and areas of low attenuation at the superior and middle lung zones. The bronchoalveolar lavage demonstrated positive direct fluorescence antibody testing against parainfluenza virus. Treatment with aerolizated ribavirin was instituted during 10 days and the patient showed clinical-radiological improvement. REV PORT PNEUMOL 2004; X (6): 485-489 Key-words: Parainfluenza virus, high resolution computed tomography, bone marrow transplantation. INTRODUÇÃO O transplante de medula óssea (TMO) é o tratamento de escolha de várias doenças hematológicas, principalmente leucemias, anemia aplásica e estados de imunodeficiência, como a síndroma da imunodeficiência severa combinada. As principais complicações do TMO são a doença do enxerto contra-hospedeiro aguda ou crónica, rejeição e complicações pulmonares. As complicações respiratórias acometem de 40 a 60% dos pacientes submetidos ao TMO e estão associadas à morbidade e mortalidade significativas 1-3. O vírus parainfluenza é causa comum de infecção respiratória em crianças de até seis anos de idade. As manifestações clínicas variam desde um quadro gripal leve até infecções graves das vias aéreas inferiores. Após os seis anos, apesar de ocorrerem reinfecções, estas tendem a diminuir em frequência e gravidade. A ocorrência dessa infecção em pacientes imunodeprimidos, principalmente os submetidos a TMO, é incomum, sendo que nos poucos casos relatados não são discutidos os aspectos de imagem evidenciados 4-6. Os autores relatam um caso de pneumonia pelo vírus parainfluenza pós-tmo com ênfase aos achados de tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR). RELATO DE CASO Paciente do sexo feminino, 19 anos de idade, apresentando tosse seca e coriza iniciadas no 67.º dia de internamento pós-tmo alogénico devido leucemia mielóide crónica. A auscultação pulmonar, assim como o restante exame físico, eram normais. A radiografia de tórax não demonstrou alterações. A tomografia computadorizada de alta resolução do tórax revelou consolidação subsegmentar na periferia do lobo inferior esquerdo e 486 Vol. X N.º 6 Novembro/Dezembro 2004

áreas de redução da atenuação nos terços superior e médio dos pulmões (Fig.a 1). O lavado broncoalveolar, realizado de rotina em pacientes pós-tmo com complicações pulmonares, demonstrou pesquisa positiva por imunoflorescência directa para anticorpos antivírus parainfluenza, não havendo identificação de outros microrganismos. Foi realizado tratamento com ribavirina aerolizada durante 10 dias, havendo evidência clínico-radiológica de melhoria do quadro infeccioso pulmonar. DISCUSSÃO As complicações respiratórias que ocorrem pós--tmo estão relacionadas com o estado imunológico dos pacientes e são divididas em três fases: 1) fase neutropénica, caracterizada por um período de neutropenia grave após o procedimento. Neste período, as complicações respiratórias mais comuns são as infecções fúngicas e bacterianas, além de complicações não infecciosas, como hemorragia alveolar difusa, edema agudo de pulmão e reacção às drogas; 2) fase precoce, ocorre até o centésimo dia pós- TMO, período em que se observa recuperação gradual do sistema imunológico. A pneumonia pelo citomegalovírus é a complicação respiratória mais comum nesta fase; 3) fase tardia, após 100 dias do transplante; nesta fase, o sistema imune encontra-se quase que totalmente recuperado. Bronquiolite obliterante, pneumonia criptogénica em organização e doença do enxerto contra hospedeiro crónica são as principais complicações respiratórias observadas nesta fase 1-3. Wendt et al. 4 estudaram 27 casos de infecção respiratória pelo vírus parainfluenza pós-tmo, as quais ocorreram, em média, 23 dias após o transplante. Whimbey et al. 6, num estudo de 8 casos de pneumonia pelo vírus influenza pós-tmo, observaram prevalência desta infecção no período precoce pós-transplante. No presente caso a pneumonia pelo vírus parainfluenza ocorreu no 67.º dia pós- -TMO. As pneumonias virais são frequentes no período pós-tmo 7-10 ; entretanto, a ocorrência da infecção pulmonar pelo parainfluenza pós-transplante é incomum, com prevalência variando entre 2,2% e 9%. Entretanto, apesar da prevalência baixa, o virus parainfluenza pode causar pneumonias graves, com mortalidade de até 50% 4-6. O vírus parainfluenza costuma infectar crianças abaixo dos seis anos de idade, sendo que a transmissão ocorre por contacto com secreções de pacientes infectados. Em adultos, pneumonias graves são raras; entretanto, em pacientes imunocomprometidos o vírus parainfluenza pode causar infecções pulmonares com elevada morbidade e mortalidade. A transmissão nosocomial parece ser a principal causa de infecção nos pacientes transplantados de medula óssea. O quadro clínico é similar ao observado nos outros quadros infecciosos causados pelos vírus respiratórios comunitários. O tratamento preconizado inclui o uso de ribavirina aerolizada, como realizado neste caso 4-8. Não há descrição na literatura médica dos padrões de TCAR em pacientes com pneumonia pelo vírus parainfluenza pós-tmo. No presente caso, a TCAR demonstrou consolidação subsegmentar na periferia do lobo inferior esquerdo e áreas de redução da atenuação nos terços superior e médio dos pulmões. Estes achados podem ser observados em outras complicações respiratórias pós-tmo. Em pacientes com pneumonia bacteriana, a TC pode demonstrar áreas de atenuação em vidro fosco nas fases precoces da infecção, as quais tendem a evoluir para focos de consolidação do espaço aéreo. Consolidações associadas a pequenos nódulos e áreas de atenuação em vidro fosco também podem ser observadas em pacientes com pneumonia por cândida. Caracterizadas pela presença de pequenos nódulos centrolobulares associados a áreas de atenuação em vidro fosco e consolidações, as pneumonias causadas por outros agentes virais, Novembro/Dezembro 2004 Vol. X N.º 6 487

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA/CASO CLÍNICO Figura 1A e B Tomografia computadorizada de alta resolução demonstra, em A, consolidação focal subsegmentar no lobo inferior esquerdo e, em B (cortes obtidos em expiração), áreas de aprisionamento aéreo nos lobos superiores. 488 Vol. X N.º 6 Novembro/Dezembro 2004

como o citomegalovírus, o vírus sincicial respiratório e o herpes vírus, têm achados tomográficos semelhantes aos observados neste caso de pneumonia pelo vírus parainfluenza 1,3,9,10. Concluindo, apesar de incomum, a pneumonia pelo vírus parainfluenza deve ser considerada no diagnóstico diferencial das complicações pulmonares que ocorrem na fase precoce pós-tmo. Os achados em tomografias de alta resolução são inespecíficos e podem incluir consolidações e áreas de redução da atenuação do parênquima pulmonar. Endereço para correspondência: Emerson L. Gasparetto Serviço de Radiologia Médica HC - UFPR Rua General Carneiro 181 CEP: 80060-900 Curitiba, PR e-mail: gasparetto@hotmail.com BIBLIOGRAFIA 1. WAH TM, MOSS HA, ROBERTSON RJ, BARNARD DL. Pulmonary complications following bone marrow transplantation. Br J Radiol 2003;76:373-9. 2. LEUNG AN, GOSSELIN MV, NAPPER CH, et al. Pulmonary infections after bone marrow transplantation: clinical and radiographic findings. Radiology 1999;210:699-710. 3. WINER-MURAN HT, GURNEY JW, BOZMAN PM, KRANCE RA. Pulmonary complications after bone marrow transplantation. Radiol Clin North Am 1996;34:97- -117. 4. WENDT CH, WEISDORF DJ, JORDAN MC, BALFOUR HH JR, HERTZ MI. Parainfluenza virus respiratory infection after bone marrow transplantation. N Engl J Med 1992;326:921-926. 5. LEWIS VA, CHAMPLIN R, ENGLUND J, et al. Respiratory disease due to parainfluenza virus in adult bone marrow transplant recipients. Clin Infect Dis 1996;23:1033-7. 6. WHIMBEY E, VARTIVARIAN SE, CHAMPLIN RE, ELTING LS, LUNA M, BODEY GP. Parainfluenza virus infection in adult bone marrow transplant recipients. Eur J Clin Microbiol Infect Dis 1993;12:699-701. 7. LJUNGMAN P. Respiratory virus infection in bone marrow transplant recipients: The European perspective. Am J Med 1997;17:44-47. 8. WHIMBEY E, CHAMPLIN RE, COUCH RB, et al. Community respiratory virus infections among hospitalized adult bone marrow transplant recipients. Clin Infect Dis 1996;22:778-782. 9. GASPARETTO EL, ESCUISSATO DL, MARCHIORI E, ONO S, FRARE E SILVA RL, MÜLLER NL. High-Resolution CT Findings of Respiratory Syncytial Virus Pneumonia After Bone Marrow Transplantation. AJR 2004;182:1133-1137. 10.GASPARETTO EL, ONO SE, ESCUISSATO DL, et al. Cytomegalovirus pneumonia after bone marrow transplantation: high-resolution CT findings. Br J Radiol (in press). Novembro/Dezembro 2004 Vol. X N.º 6 489