Qualidade microbiológica de queijos coloniais comercializados em Francisco Beltrão, Paraná

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Transcrição:

Qualidade microbiológica de queijos coloniais comercializados em Francisco Beltrão, Paraná luana Antonello 1 Ana Kupkovski 2 Claudia Castro Bravo 3 Resumo: Avaliou-se a qualidade microbiológica de quatro marcas de queijo colonial comercializadas em supermercados do município de Francisco Beltrão, Paraná (PR), coletadas nos períodos de primavera, verão, outono e inverno. As análises microbiológicas realizadas foram: determinação do número mais provável de coliformes termotolerantes, pesquisa de Salmonella sp. e Staphylococcus coagulase positiva. Os resultados demonstraram que 17,85% das amostras estavam contaminadas por Salmonella sp. e que 82,14% das amostras apresentaram contagem superior a 5x10 3 UFC g- 1 para Staphylococcus sp., destas confirmadas 50% da espécie Staphylococcus coagulase positiva. A análise para coliformes termotolerantes demonstrou contaminação superior a 5x10 3 UFC g -1 em 67,85% das amostras. A maioria dos queijos coloniais analisados está em desacordo com os padrões estabelecidos pela legislação brasileira, indicando qualidade higiênico-sanitária precária e constituindo um risco potencial para a saúde do consumidor. Palavras-chave: Queijo colonial. Microbiológica. Bactérias patogênicas. Legislação. Abstract: Evaluate the microbiological quality of four different brands of colonial cheese sold in supermarkets in the city of Francisco Beltrão, Paraná (PR), collected during the spring, summer, autumn and winter. The microbiological analyses were: determining the most probable number of thermotolerant coliform, Salmonella sp. and Staphylococcus coagulase positive. The results show that 17,85% the samples were contaminated by Salmonella sp., 82,14% of the samples had counts greater than 5x10 3 UFC g -1 of Staphylococcus sp. these being confirmed 50% of coagulase positive Staphylococcus specie. The results for thermotolerant coliform contamination showed a greater than 5x10 3 UFC g- 1 in 67,85% of the samples. The most of colonial cheeses analyzed are at odds with the standards established by Brazilian legislation (Resolution RDC 12, MS/2001), indicating hygienic poor sanitary quality, constituting a potential risk to consumer health. Keywords: Colonial Cheese. Microbiological. Pathogenic bacteria. Legislation. 1 Graduada em Tecnologia em Alimentos. 2 Graduada em Tecnologia em Alimentos, estudante de Pós-graduação Lato Sensu em Segurança Alimentar, Políticas Públicas e Tecnologia agroindustrial, responsável pelo controle de qualidade na empresa Trigomar Alimentos. 3 Doutora em Ciências dos Alimentos, Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 09 (01) 2012 Revista Thema

1. Introdução Segundo Feitosa et al. (2003), frequentemente o queijo é considerado um alimento com presença de patógenos de origem alimentar, em especial os queijos frescos, que, na maioria das vezes, são elaborados com leite cru e não passam por processo de maturação. Este produto tem sido consumido por pessoas de todas as faixas etárias e níveis sociais (ROOS et al., 2005) e sua contaminação microbiana assume destacada relevância tanto para a indústria, pelas perdas econômicas, como para a saúde pública, pelo risco de causar doenças transmitidas por alimentos (FEITOSA et al., 2003). De acordo com Roos et al. (2005), a qualidade dos queijos coloniais está associada à qualidade da matéria-prima (sanidade do rebanho e higiene durante a obtenção do leite), ao beneficiamento (tratamento térmico, higiene de equipamentos, manipulação e armazenamento) e, ainda, à distribuição do produto e à sua conservação. Várias pesquisas (BORELLI, 2002; CARMO et al., 2003; ARAÚJO et al., 2001; PERRY, 2004; ROOS et al., 2005; MARTINS e SILVA, 2006; VERAS et al., 2003) sobre a qualidade microbiológica em queijos relataram ocorrência de micro-organismos patogênicos em números que excedem, às vezes, os limites estabelecidos pela legislação. Dentre as bactérias patogênicas detectadas, destacam-se, Staphylococcus aureus, Salmonella e Escherichia coli. O objetivo do trabalho foi verificar a qualidade microbiológica de queijos coloniais comercializados no município de Francisco Beltrão, Paraná, quanto à presença de Salmonella sp., Staphylococcus coagulase positiva e coliformes termotolerantes. 2. Metodologia Para a realização do experimento, quatro marcas de queijo colonial comercializadas em supermercados do município de Francisco Beltrão/PR foram escolhidas aleatoriamente, codificadas em A, B, C e D e transportadas em caixas isotérmicas diretamente para o laboratório de Microbiologia de Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Francisco Beltrão, onde realizaram-se as análises microbiológicas de Salmonella sp., contagem de coliformes totais e termotolerantes e Staphylococcus coagulase positiva, segundo a metodologia definida pela Instrução Normativa nº 62/2003 (BRASIL, 2003) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No total, 28 amostras foram analisadas durante o período de outubro de 2009 a setembro de 2010, subdivididas em sete coletas nos períodos de primavera, verão, outono e inverno. Para a determinação de coliformes totais e termotolerantes utilizou-se a técnica de tubos múltiplos pelo número mais provável a 35 C por 48 horas e 45 C por 24 horas, respectivamente (BRASIL, 2003). A pesquisa de Staphylococcus sp. foi realizada em meio de cultura ágar Baird Parker, utilizando a técnica de contagem em placas incubadas a 37ºC/24-48h. Após incubação, foram contadas as unidades formadoras de colônias consideradas típicas (negras com halo translúcido) e atípicas. Para confirmação de Staphylococcus coagulase positiva foram tomadas pelo menos cinco colônias típicas e submetidas à confirmação pelo teste de coagulase em tubo (BRASIL, 2003). 2 Revista Thema 2012 09 (01)

Para pesquisa de Salmonella sp., alíquotas de 25 g das amostras foram adicionadas a 225 ml de caldo água peptonada 1%, com incubação a 35 C. Após 24 horas de incubação, alíquotas de 1 ml foram transferidas para 10 ml do caldo de enriquecimento selenito-cistina, e incubados por 24 horas a 35 C. Após o período de incubação, foram feitas estrias, com o auxílio de alça níquelcromo no meio seletivo ágar Salmonella-Shigella (SS), cujas placas foram incubadas a 35 C/24-48h. Colônias suspeitas foram selecionadas de cada placa em número de até cinco e semeadas em tubos de ágar tríplice-açúcar-ferro (TSI) e incubadas a 35 C por 24 horas (BRASIL, 2003). 3. Resultados e Discussão A partir das análises realizadas, verificou-se que 17,85% das amostras apresentaram contaminação por Salmonella sp. Por ser potencialmente capaz de provocar infecção alimentar (FEITOSA et al., 2003), a presença dessa bactéria classifica os queijos coloniais analisados como produtos impróprios para consumo. A legislação brasileira, através do regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Resolução RDC n 12 de 02 de janeiro de 2001, determina que deve haver ausência de Salmonella sp. em alimentos (BRASIL, 2001). Trabalhos realizados por Brant et al. (2007) e Pereira et al. (1999) verificaram ausência de Salmonella sp. em amostras de queijo minas frescal e queijo Minas, respectivamente. Koelln et al., (2009) também verificaram ausência deste micro-organismo em queijo tipo mussarela e queijos coloniais comercializados no oeste do Paraná. Em relação à contaminação por Staphylococus aureus, 82,14% das amostras apresentaram números superiores a 5x103 UFC g-1. Entretanto, confirmou-se em 50% das amostras a presença de Staphylococus coagulase positiva. Em pesquisa realizada por Pereira (2006), houve confirmação de Staphylococus coagulase positiva em duas amostras de queijo coalho comercializadas em supermercados na cidade de São Luís, Maranhão (MA), sugerindo falhas no processo de embalagem, transporte e armazenamento desse produto na indústria. A alta contaminação por Staphylococcus aureus pode propiciar a produção de enterotoxina (FORSYTHE, 2000), tornando este alimento um risco potencial à saúde do consumidor (FEITOSA et al., 2003). As análises microbiológicas revelaram que, das 28 amostras de queijos analisadas, 67,85% apresentaram contagens superiores às estabelecidas pela legislação para coliformes termotolerantes. O percentual de amostras de queijos contaminados com coliformes termotolerantes nesta pesquisa está próximo dos valores encontrados por Almeida e Franco (2003), Barros et al., (2004) e Campos et al., (2006). Os coliformes são utilizados nos alimentos como indicadores de contaminação de origem fecal, pois E. coli, representante deste grupo, possui como habitat o trato intestinal de homens e de outros animais endotérmicos (HOFFMANN et al., 2000). A presença de E. coli em desacordo com os padrões vigentes pela legislação brasileira pode indicar manipulação sem higiene (HOFFMANN e SILVA, 2003; BORGES et al., 2003), armazenamento inadequado em temperaturas acima de 8o C, recontaminação pós-processamento e contaminantes provenientes da matéria-prima sem pasteurização (HOFFMANN e SILVA, 2003). 09 (01) 2012 Revista Thema

Os resultados evidenciam um potencial risco à saúde dos consumidores deste produto, além de apontarem possíveis perdas econômicas originadas na rejeição do produto, causada pelas alterações sensoriais provocadas pela ação microbiana. 4.Conclusão A pesquisa determinou que a qualidade microbiológica dos queijos coloniais de Francisco Beltrão/PR torna-os impróprios para o consumo, devido às contagens acima dos limites estabelecidos pela legislação brasileira para os micro-organismos patogênicos pesquisados e, desta forma, os queijos estudados apresentam potencial risco à saúde pública devido à presença de Salmonella sp., Staphylococcus coagulase positiva e coliformes termotolerantes. Além disso, evidencia-se a necessidade de um controle de boas práticas de fabricação ao longo da linha de produção dos queijos coloniais pesquisados, a fim de garantir um produto com qualidade higiênico-sanitária satisfatória. 5. Agradecimentos Os autores agradecem à Fundação Araucária pela concessão de bolsa de Iniciação Científica e à Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Francisco Beltrão, pelo apoio financeiro. Revista Thema 2012 09 (01)

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