OPERAÇÕES INTRACOMUNITÁRIAS E TRANSMISSÕES EM CADEIA MÁRIO SILVA COSTA LISOA, 23 DE JUNHO DE 2016
COLOCAÇÃO DO PROLEMA Operações em cadeia em contexto cross-border: Qual deverá ser o tratamento, em sede de IVA, de operações em que os mesmos bens são objecto de duas ou mais transmissões consecutivas, ocorrendo a entrega dos referidos bens pelo primeiro fornecedor, estabelecido num EM, directamente ao cliente final, estabelecido num EM que não o de origem desses mesmos bens? A Factura Factura Factura C D Localização das operações? Isenções? Formalidades? 2
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO Criação do mercado interno Espaço sem fronteiras internas: livre circulação das mercadorias, de pessoas, de serviços e de capitais Eliminação das fronteiras fiscais entre os EM 1.1.1993 Supressão da tributações na importação e os desagravamentos na exportação nas trocas entre os Estados-membros (tributação na origem) Ficam reservadas a trocas entre países não-em Contudo, transitoriamente, trocas entre EM c/ tributação no destino Alteração da Sexta Directiva do IVA pela Directiva 91/680 Importação / Exportação: limitação do âmbito de aplicação Novo facto tributário: Aquisição Intracomunitária de ens 3
TRIUTAÇÃO DAS TROCAS ENTRE ESTADOS-MEMROS Conceito de Aquisição Intracomunitária de ens ( AI ): «[ ] Obtenção do poder de dispor, como proprietário, de um bem móvel corpóreo expedido ou transportado com destino ao adquirente, pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, para um Estado-Membro diferente do Estado de partida da expedição ou do transporte do bem» Não existe conceito legal de Transmissão Intracomunitária de ens ( TI ) Conjugação do conceito de transmissão/entrega de bens e AI Transmissão de bens em que estes são expedidos a partir de EM com destino a outro EM Isenção (completa) das TI Corolário do regime transitório tributação no destino Isenção no EM de saída / tributação no EM de chegada 4
TRIUTAÇÃO DAS TROCAS ENTRE ESTADOS-MEMROS E no caso das transmissões de bens em cadeia? Sexta Directiva e actual Directiva IVA totalmente omissas: - Tratamento das operações (e.g. lugar das operações) - Prova das operações (maxime, condições de aplicação da isenção na TI) O mesmo sucede na maioria dos EM (inclusive Portugal) - Alguns EM têm orientações administrativas específicas A que transacção deve ser alocado o transporte/expedição? Em particular, nas operações takeway 5
TRANSMISSÕES DE ENS EM CADEIA Situação 1. A Factura Factura C CPT / CIP Movimento intracomunitário: A 6
TRANSMISSÕES DE ENS EM CADEIA (CONT.) Situação 2 Factura Factura A C Ex works Movimento intracomunitário: C 7
TRANSMISSÕES DE ENS EM CADEIA (CONT.) Situação 3 A Factura Factura C Ex works FCA Movimento intracomunitário:? 8
TJUE 6.04.2006, C-245/04, EMAG NL / IT AT A Factura S/ IVA Factura C/ IVA EMA G Ex works Clientes EMAG 9
TJUE 6.04.2006, C-245/04, EMAG Factos adquiriu bens a SPs IT e NL ( A ) vendeu os bens à EMAG (SP AT) Os bens foram directamente transportados de A para a EMAG por transitário contratado por facturou IVA AT à EMAG e as autoridades austríacas recusam a dedução do IVA à EMAG: operação isenta Decisão Quando duas entregas sucessivas que têm por objecto os mesmos bens, efectuadas a título oneroso entre sujeitos passivos agindo nessa qualidade, dão origem a uma única expedição intracomunitária ou a um único transporte intracomunitário desses bens, essa expedição ou esse transporte só podem ser imputados a uma das duas entregas, que será a única isenta O TJUE não clarifica qual operação deve ser alocada ao movimento intracomunitário 10
TJUE 16.12.2010, C-430/09, EURO TYRE NL E Aluguer c/ condutor Euro Tyre Factura S/ IVA Factura C/ IVA C Armazém Ex works 11
TJUE 16.12.2010, C-430/09, EURO TYRE Factos (SP E) adquiriu bens à Euro Tyre (NL) e informou-a que iria transportá-los para a E vendeu os bens à C (SP E), sendo os bens transportados directamente da NL para E A Euro Tyre vendeu os bens na condição ex works e organizou o transporte Euro Tyre facturou s/ IVA mas as autoridades NL recusam a aplicação da isenção Decisão Face ao silêncio absoluto da Directiva IVA nesta matéria, a resposta a esta questão deveria assentar numa apreciação global de todas as circunstâncias particulares subjacentes às operações em presença para determinar a que operação respeita o movimento intracomunitário Se (i) declara que vai transportar os bens para fora de NL (ii) usa NIF E, então A Se transfere os bens para C antes de os bens saírem de NL (EM origem), então C 12
TJUE 27.09.2012, C-587/10, VSTR USA FI DE C Factura S/ IVA VSTR 13
TJUE 27.09.2012, C-587/10, VSTR Factos VSTR (SP DE) vendeu bens a (USA) e informou-a que iria transportá-los para a FI vendeu os bens à C (SP FI), sendo os bens transportados directamente da DE para FI organizou o transporte e facultou o NIF da C à VSTR VSTR facturou à s/ IVA c/ NIF da C Autoridades DE recusam a aplicação da isenção porque não indicou o seu NIF à VSTR Decisão A não indicação de NIF não pode justificar, por si, só, a recusa da isenção 14
O CASO PORTUGUÊS Não regulado na legislação interna de IVA (RITI) Inexistem guidelines administrativas nesta matéria Convocação dos elementos (legais e administrativos) previstos para operações bilateriais, em particular quanto à prova Ofício-Circulado n.º 30.009, de 10 de Dezembro de 1999, da DSIVA A prova da saída dos bens do território nacional pode ser efectuada recorrendo aos meios gerais de prova, nomeadamente através das seguintes possibilidades alternativas: Os documentos comprovativos do transporte, os quais, consoante o mesmo seja rodoviário, aéreo ou marítimo, poderão ser, respectivamente, a declaração de expedição (CMR), a carta de porte (airwaybil I-AW) ou o conhecimento de embarque (bill of landing-/l); Os contratos de transporte celebrados; As facturas das empresas transportadoras; As guias de remessa; ou A declaração, no Estado-membro de destino dos bens, por parte do respectivo adquirente, de aí ter efectuado a correspondente aquisição intracomunitária». 15
O CASO PORTUGUÊS APLICAÇÃO PRÁTICA Fichas doutrinárias: Informação vinculativa de 4 de Agosto de 2010, produzida no processo n.º 876; e Informação vinculativa de 29 de Setembro de 2011, produzida no âmbito do processo n.º 2475 16
OSERVAÇÕES FINAIS Necessidade de regulação do tema: regulamento de execução Evitar que o organize o transporte (incoterms CPT/CIP) Optimização de processos KYC Tutela da boa-fé Processo C-21/16 Euro Tyre 17
Obrigado pela Vossa atenção! 18
Este documento es meramente expositivo y debe ser interpretado conjuntamente con las explicaciones y, en su caso, con el informe elaborado por Cuatrecasas, Gonçalves Pereira sobre esta cuestión This document is merely a presentation and must be interpreted together with any explanations and opinions drafted by Cuatrecasas, Gonçalves Pereira on this subject Este documento é uma mera exposição, devendo ser interpretado em conjunto com as explicações e quando seja o caso, com o relatório/parecer elaborada pela Cuatrecasas, Gonçalves Pereira sobre esta questão