Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 9 30/09/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 913.147 SÃO PAULO RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. ROBERTO BARROSO :MUNICÍPIO DE CAMPINAS :PROCURADOR - GERAL DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS :UNIÃO :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPTU. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. RFFSA. PRETENSÃO QUE DEMANDARIA REEXAME DE FATOS E PROVAS (SÚMULA 279/STF). MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. 1. Não reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal por não se verificar os requisitos necessários quanto aos serviços prestados pela extinta RFFSA à época dos fatos geradores. 2. Para chegar a conclusão diversa daquela estabelecida pelo Tribunal de origem, necessário seria o reexame do acervo probatório constante dos autos, providência vedada nesta fase processual (Súmula 279/STF). 3. Nos termos do art. 85, 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada anteriormente, observados os limites legais do art. 85, 2º e 3º, do CPC/2015. 4. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, 4º, do CPC/2015. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do, em Sessão Virtual, na conformidade da ata de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo interno com aplicação de multa, majorado o valor documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841773.
Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 9 da verba honorária fixada anteriormente, nos termos do voto do Relator. Brasília, 23 a 29 de setembro de 2016. MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - PRESIDENTE E RELATOR 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841773.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 9 30/09/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 913.147 SÃO PAULO RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. ROBERTO BARROSO :MUNICÍPIO DE CAMPINAS :PROCURADOR - GERAL DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS :UNIÃO :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. Trata-se de agravo regimental cujo objeto é decisão monocrática que negou seguimento a recurso extraordinário, pelos seguintes fundamentos: Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. REDE FERROVIÁRIA FEDERAL- RFFSA. IPTU. IMUNIDADE. ARTIGO 150, IV, "A", DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. I. Desnecessidade de a Fazenda Pública instaurar processo administrativo para efetuar o lançamento de ofício do IPTU, pois em seu cadastro estão armazenados todos os dados necessários à apuração do débito e constituição do crédito tributário, como dispõem os artigos 202, V, do Código Tributário Nacional e o artigo 2º, 5º, VI, da L. 6830/80. II. Origem e a natureza do crédito indicadas na Certidão de Dívida Ativa, restando afastada alegada nulidade do título. documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841774.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 9 III. A antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), sucedida pela União, era pessoa jurídica prestadora de serviço público obrigatório e exclusivo do Estado. Assim, equiparava-se à Fazenda Pública, gozando dos mesmos privilégios, inclusive em relação à imunidade tributária recíproca, nos termos do artigo 12 do Decreto-Lei n. 509/69 e do artigo 150, inciso VI, alínea "a" da Constituição Federal, respectivamente. IV. Apelação e remessa oficial parcialmente providas. O recurso busca fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal. A parte alega violação ao art. 150, VI, a, da Carta. Sustenta, em síntese, que deve ser afastado o reconhecimento da imunidade recíproca com relação ao IPTU, porquanto enquanto sociedade de economia mista a sua personalidade jurídica era de direito privado, havendo participação de particulares no seu capital. A RFFSA não fazia parte da administração pública direta. Aduz, por fim, que o processo de liquidação da RFFSA não havia se encerrado à época do lançamento e da inscrição dos débitos em dívida ativa o imóvel tributado, razão pela qual não pode ser afastada a cobrança da exação tributária. A pretensão recursal não merece prosperar. A despeito de haver precedentes no sentido de que determinadas empresas públicas ou sociedades de economia mista que prestem serviços públicos sejam beneficiárias da imunidade tributária recíproca, esta não é a regra. Os julgados nesse sentido tratam de situações excepcionais, fundadas na análise das especificidade de cada caso, o que não permite concluir que todas as empresas públicas ou sociedade de economia mista que prestem serviços públicos, em regra, estejam sujeitas ao art. 150, VI, a, da Constituição. Prova disso é são as questões ainda sob apreciação do em recursos extraordinários com repercussão geral reconhecida, quais sejam, RE 594.015 e RE 600.867. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841774.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 9 Dissentir das conclusões adotadas pelo Tribunal de origem quanto a RFFSA fazer ou não parte da administração pública direta, a natureza da RFFSA, se era ou não sociedade por ações, ao processo de liquidação da RFFSA, se havia se encerrado à época do lançamento e da inscrição dos débitos em dívida ativa o imóvel tributado, enfim, ao preenchimento dos demais requisitos para concessão da imunidade, demandaria tão somente o reexame do acervo probatório constante dos autos, providência vedada nesta fase processual. No caso dos autos, para estender a norma que prevê a imunidade tributária recíproca, há que se analisar se a antiga RFFSA era, ou não, responsável pela prestação de serviço público de natureza exclusiva, essencial ou em regime de monopólio, o que demandaria o reexame do material probatório constante dos autos e da legislação infraconstitucional pertinente à questão, bem como o reexame dos fatos e provas, providências vedadas nesta fase processual (Súmulas 279 e 280/STF). No mesmo sentido: RE 911.498, Rel. Min. Dias Toffoli; ARE 908.054, Rel.ª Min.ª Rosa Weber. Diante do exposto, com base no art. 21, 1º, do RI/STF, nego seguimento ao recurso extraordinário. 2. A parte agravante sustenta que se aplica ao caso o entendimento do RE 599.176, julgado por esta Corte, no sentido de que descabe imunidade a RFFSA, porquanto sujeita as regras de direito privado por se tratar de sociedade de economia mista que explora atividade econômica. 3. É o relatório. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841774.
Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 9 30/09/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 913.147 SÃO PAULO V O T O O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. Deixo de abrir prazo para contrarrazões, na medida em que está sendo mantida a decisão que aproveita à parte agravada. Passo à análise do recurso. 2. O agravo regimental não merece provimento, tendo em vista que a parte recorrente se limita a repetir argumentos já devidamente rechaçados. 3. Inaplicável ao caso o entendimento da questão de ordem constitucional analisada no RE 599.176, porquanto naquele processo foi analisada a responsabilidade tributária por sucessão, de modo que não foi analisada a questão posta nestes autos, qual seja, a imunidade tributária originária da extinta RFFSA, em decorrência da natureza dos serviços públicos pela mesma prestados. Tanto assim o é que o Tribunal de origem, no caso, afirmou que o processo de liquidação da RFFSA havia se encerrado à época do lançamento e da inscrição dos débitos em dívida ativa o imóvel tributado, razão pela qual não poderia ser afastada a cobrança da exação tributária. 4. Há diversos precedentes no sentido de que determinadas empresas públicas ou sociedades de economia mista que prestem serviços públicos sejam beneficiárias da imunidade tributária recíproca. Todavia, os julgados nesse sentido tratam de situações fundadas na análise das especificidade de cada caso. 5. Existem questões ainda sob apreciação do Supremo Tribunal Federal em recursos extraordinários com repercussão geral reconhecida, a exemplo do RE 594.015 (imunidade tributária recíproca à sociedade de economia mista ocupante de bem público) e o RE 600.867 (imunidade tributária recíproca para sociedade de economia mista com participação acionária negociada em bolsa de valores). Cada situação documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841775.
Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 9 particular demanda exame individualizado. No mesmo sentido, confirase: Agravo regimental no recurso extraordinário. Imunidade recíproca. Artigo 150, VI, a, da CF. RFFSA. Sociedade de Economia Mista prestadora de serviço público. Requisitos da imunidade. Matéria infraconstitucional. Fatos e provas. 1. O já adotou o entendimento de que as sociedades de economia mista que prestam serviços públicos são, em princípio, alcançadas pela imunidade tributária disciplinada no art. 150, inciso VI, alínea a, da Carta Magna. 2. O acórdão recorrido acolheu o argumento da União sucessora da extinta Rede Ferroviária Federal S/A - de fazer jus à imunidade relativa aos impostos, por se tratar de pessoa jurídica prestadora de serviço público. 3. Para dissentir do julgado recorrido e avançar na análise dos requisitos da imunidade recíproca de que trata o art. 150, VI, a, contextualizado com o art. 173, 2º, da Constituição, necessário seria a reanálise da causa à luz da legislação infraconstitucional de regência e do contexto fático e probatório (Súmula 279/STF), providências vedadas em sede de recurso extraordinário. 4. Agravo regimental não provido. (RE 911.498 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli) 6. No caso, o Tribunal de origem entendeu que a recorrida prestava serviço público obrigatório e exclusivo do Estado, pelo que cumpre os requisitos necessários à concessão da imunidade. Dissentir dessas conclusões demandaria o reexame do material probatório constante dos autos e da legislação infraconstitucional pertinente à questão, providências vedadas nesta fase processual (Súmulas 279 e 280/STF). 7. Nota-se, assim, que a parte recorrente insiste no acolhimento de recurso manifestamente inadmissível. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841775.
Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 9 8. Diante do exposto, nego provimento ao agravo interno. Ante seu caráter manifestamente protelatório, aplico à parte agravante multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 1.021, 4º, do CPC/2015, em caso de unanimidade da decisão. Fica a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito da respectiva quantia, ressalvados os casos previstos no art. 1.021, 5º, do CPC/2015. Nos termos do art. 85, 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada anteriormente, observados os limites legais do art. 85, 2º e 3º, do CPC/2015. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11841775.
Extrato de Ata - 30/09/2016 Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 9 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 913.147 PROCED. : SÃO PAULO RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE CAMPINAS PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR - GERAL DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS AGDO.(A/S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno com aplicação de multa, majorado o valor da verba honorária fixada anteriormente, nos termos do voto do Relator. 1ª Turma, Sessão Virtual de 23 a 29.9.2016. Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente), Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticardocumento.asp sob o número 11854768