Supremo Tribunal Federal

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1 Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 6 28/10/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO RIO GRANDE DO NORTE RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. ROBERTO BARROSO :UNIÃO :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO :JOSIAS PINTO FERNANDES :RAMIREZ AUGUSTO PESSOA FERNANDES EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CURSO DE RECICLAGEM DE VIGILANTE. PARTICIPANTE INDICIADO CRIMINALMENTE. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VIOLAÇÃO. 1. A jurisprudência dessa Corte é firme no sentido de que viola o princípio da presunção de inocência a negativa de homologar diploma de curso de formação de vigilante com fundamento em inquéritos ou ações penais sem o trânsito em julgado. Precedentes. 2. Agravo interno a que se nega provimento. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do, em Sessão Virtual, na conformidade da ata de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator. Brasília, 21 a 27 de outubro de MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - PRESIDENTE E RELATOR documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

2 Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 6 28/10/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO RIO GRANDE DO NORTE RELATOR AGTE.(S) PROC.(A/S)(ES) AGDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. ROBERTO BARROSO :UNIÃO :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO :JOSIAS PINTO FERNANDES :RAMIREZ AUGUSTO PESSOA FERNANDES R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. Trata-se de agravo interno interposto em , cujo objeto é decisão monocrática que conheceu do agravo para negar provimento ao recurso extraordinário, por entender que a decisão do Tribunal de origem está alinhada à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 2. A parte agravante afirma que, ao negar registro e validação ao curso de reciclagem de vigilante realizado pelo ora recorrente, a Administração Pública não está a violar o princípio da presunção de inocência, mas tão somente aplicando a legislação (Portaria nº 387/2006 e Leis nºs 7.102/83, /2003 Estatuto do Desarmamento) que condiciona o exercício da profissão. Subsidiariamente, requer a devolução do processo à origem, em razão do reconhecimento de repercussão geral no RE , que trata de questão análoga a que ora se analisa. 3. É o relatório. documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

3 Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 6 28/10/2016 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO RIO GRANDE DO NORTE V O T O O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. O agravo não deve ser provido, uma vez que a parte agravante não traz argumentos suficientes para desconstituir a decisão recorrida. Tal como constatado pela decisão agravada, o acórdão do Tribunal de origem está alinhado à jurisprudência desta Corte. 2. Na hipótese, o Tribunal concluiu ser ilegal o ato de negativa de validação e registro de curso de reciclagem e vigilante do impetrante, uma vez que a existência de inquérito policial para averiguar a prática de delito de falsidade ideológica não configuraria a inexistência de antecedentes criminais exigida pela Lei nº 7.012/83. Veja-se os fundamentos do voto condutor do julgado: No mérito, destaco que a Portaria n.º 387/2006-DG/DPF, ao estabelecer a inexistência de registros de indiciamento em inquérito policial como requisito para o exercício da profissão de vigilante, extrapolou o que estabelecera a Lei n.º 7.102/83, para a qual o candidato não poderia ter antecedentes criminais registrados (art. 16, VI). A inexistência de antecedentes criminais não se confunde com a ausência de indiciamento em inquéritos policiais. Antecedentes dizem respeito à condenações criminais transitadas em julgado, que não é o mesmo que indiciamento, fase administrativa e prévia ao eventual processo criminal. As restrições ao livre exercício de atividade profissional, como sabido, somente são oponíveis por lei em sentido estrito, não cabendo à Administração Pública impor limites nela não estabelecidos.(sic) documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

4 Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 6 ARE AGR / RN No caso, o impetrante foi indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de eventual cometimento do crime de falsidade ideológica previsto no art. 299, do CP, não havendo como se admitir que tal fato constitua obstáculo ao registro do curso de reciclagem realizado, sob pena de violação do devido processo legal. (sem grifos no original) 3. Quanto à alegada violação ao art. 5º, XIII, da Constituição, percebe-se que o Tribunal Regional Federal da 5º Região entendeu que a Portaria na qual se baseou a Administração para negar a validação ao curso teria excedido o previsto pela Lei nº 7.102/1983, que disciplina a matéria. Dessa feita, tal controvérsia restringe-se ao campo da legalidade, não havendo que se falar de matéria constitucional. 4. Da mesma forma, a violação ao Estatuto do Desarmamento demandaria a análise de legislação infraconstitucional, o que não se admite em sede de recurso extraordinário. Cabe ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça não conheceu do recurso especial interposto pela União quanto a essa questão por ausência de prequestionamento, tendo tal decisão transitado em julgado. 5. Quanto ao segundo fundamento do acordão impugnado, que reconheceu a impossibilidade de negativa do certificado por violação ao devido processo legal, cabe ressaltar que o firmou o entendimento de que viola o princípio constitucional da não culpabilidade (art. 5º, LVII) a não homologação do curso de vigilante de participante que responde a inquérito policial. A propósito, vejam-se os seguintes precedentes: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DE DIPLOMA DE CURSO DE VIGILANTE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I Viola o princípio da presunção de inocência a negativa em homologar diploma de curso de formação de vigilante, com fundamento em inquéritos ou ações penais sem o trânsito em 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

5 Voto - MIN. ROBERTO BARROSO Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 6 ARE AGR / RN julgado. II Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski) 6. Qaunto ao pedido subsidiário de devolução pela sistemática da repercussão geral com base no RE , o agravo regimental também não merece provimento, por se tratar de hipóteses distintas. 7. O caso paradigma se refere a candidato de concurso público que responde a ação penal, sendo que o presente caso é relativo à homologação de registro de curso de atualização de vigilante, prérequisito para o exercício de tal profissão. Veja-se, a propósito, trecho do voto da Relatora Ministra Rosa Weber, no recente julgamento do RE AgR-ED/CE: Conquanto já realçada a matéria suficiente à manutenção do julgado mediante jurisprudência específica, apenas com escopo de exaurir a controvérsia, acrescento, à demasia, didaticamente salientada no acórdão recorrido a ausência de identidade material entre o precedente paradigmático (RE RG/DF) e o debate travado neste feito, porque aquele cuida de restrição à participação em concurso público de candidato que responde a processo criminal e este versa sobre negativa de homologação de diploma de curso de vigilante com fundamento em inquérito policial ou ação penal sem o trânsito em julgado. (Primeira Turma, DJE ) 8. Diante do exposto, nego provimento do agravo regimental. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número

6 Extrato de Ata - 28/10/2016 Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 6 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO PROCED. : RIO GRANDE DO NORTE RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO AGTE.(S) : UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO AGDO.(A/S) : JOSIAS PINTO FERNANDES ADV.(A/S) : RAMIREZ AUGUSTO PESSOA FERNANDES (4234/RN) Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator. 1ª Turma, Sessão Virtual de 21 a Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente), Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n /2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico sob o número