Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo. Acompanhamento Processual Unificado. Não vale como certidão



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Transcrição:

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo Acompanhamento Processual Unificado Não vale como certidão Processo: 0019173 17.2015.8.08.0024 Petição Inicial: 201500835324 Situação: Tramitando Vara: VITÓRIA 1ª VARA CÍVEL Data da Distribuição: 22/06/2015 13:12 Motivo da Distribuição: Distribuição por sorteio Ação: Ação Civil Pública Natureza: Cível Data de Ajuizamento: 22/06/2015 Valor da Causa: R$ 5000000 Assunto principal: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO Ministério Público Assuntos secundários DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO Medida Cautelar Liminar Partes do Processo Requerente MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO Requerido TELEFONICA BRASIL SA Decisão Juiz : LUCIANNE KEIJOK SPITZ COSTA Dispositivo : Por tais razões, DEFIRO o pleito liminar formulado nesta Ação Civil Pública, como antecipação dos efeitos da tutela pretendida e DETERMINO que a requerida, até ulterior deliberação deste juízo: 1)cumpra efetivamente o contrato firmado com os consumidores, mantendo a prestação do serviço de conexão de dados com velocidade reduzida aos seus usuários, após o término dos créditos/franquia inicialmente contratados, oferecendo inclusive às velocidades pós franquia, previstas contratualmente e, 2)encaminhe em mídia a listagem completa com os dados cadastrais de todos os consumidores com contrato de prestação de serviços de conexão de dados, em vigor por qualquer período, a partir do mês de novembro de 2014. Comino pena de multa diária equivalente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para o caso de descumprimento do preceito, a contar da intimação deste, conforme artigo 12, 2, da lei 7347/85. Citem se, com as advertências legais pertinentes. Publiquem se Edital, como estabelece o artigo 94 do Código de Defesa do Consumidor. Diligenciem se. Decisão : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO VITÓRIA 1ª VARA CÍVEL DECISÃO/AR AÇÃO : Ação Civil Pública Processo nº: 0019173 17.2015.8.08.0024 Requerente: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO Requerido: TELEFONICA BRASIL SA VISTOS EM INSPEÇÃO/2015

O MINISTÉRIO PÚBLICO, no uso de suas atribuições, ajuizou a presente Ação Civil Pública de Procedimento Ordinário com pedido de liminar em face de TELEFÔNICA BRASIL S.A. VIVO S.A., todos devidamente qualificados nos autos. Alega o Ministério Público que, após reclamações noticiadas na mídia e encaminhadas ao Centro de Apoio Operacional da Defesa do Direitos do Consumidor do Ministério Público, no tocante à prática abusiva de bloqueio do serviço de conexão de dados (internet móvel), após a utilização integral da franquia, em substituição à habitual prática de redução da taxa de transmissão (velocidade) prevista contratualmente, pelas operadoras de telefonia móvel, foi instaurado procedimento de investigação, que apurou ter a VIVO S.A., desde o final do ano de 2014, cortado o acesso à rede (internet móvel) dos consumidores de planos pré pago e controle, sob tal rubrica, com pretensão de implementação também para os clientes pós pago. Aduz que expediu Notificação Recomendatória à ré, recomendando o cumprimento efetivo do contrato firmado com os consumidores, mantendo a prestação de serviço de conexão de dados com velocidade reduzida aos seus usuários, após o término dos créditos/franquia inicialmente contratados. Porém, em resposta à Notificação Recomendatória, a ré alegou que os contratos fazem expressa alusão ao referido bloqueio e que, a redução da velocidade representa condição promocional, considerando que os contratos tem como pressuposto a contratação de franquia específica. Ao final da resposta, afirmou a ré, que optou por encerrar a promoção nos moldes da Resolução 632/2014 da ANATEL. Argumenta ainda o Ministério Público que, a navegação ilimitada sempre fez parte da publicidade da empresa, certo que o bloqueio e velocidade reduzida não constam nos instrumentos contratuais como condição promocional e que, após diversas denúncias de interrupção do serviço de conexão de dados, depois de atingida a franquia estipulada, fora lhe aplicada sanção administrativa, sem efeitos práticos. Requer assim, seja deferida a antecipação de tutela para, dentre outros pedidos, a ré cumpra o contrato firmado com os consumidores mantendo a prestação do serviço de conexão de dados com velocidade reduzida aos seus usuários, após término dos créditos/franquia inicialmente contratados, obedecendo, às velocidades pós franquia previstos contratualmente, sob pena de multa pecuniária diária. Por fim, pleiteia a posterior citação dos requeridos e, ao final, requer a procedência da ação. É o breve Relatório. Fundamento e DECIDO. Analisando os autos, constato que a mudança na cobrança da internet após o fim da franquia, foi adotada pela requerida em meados do mês de novembro do ano de 2014. Anteriormente, quando o cliente atingia o limite da franquia, a velocidade era reduzida, mas não suspensa. Assim, pela atitude da ré, se o consumidor quiser continuar com acesso à internet deverá recontratar um pacote de dados ou contratar um pacote adicional avulso. O documento da lavra da ré, constante às fls. 67/73, intitula tal ato como promoção, o que afirma ter sido devidamente esclarecido ao consumidor. Alega ainda na resposta à Notificação Recomendatória, em síntese, que a regra geral era o bloqueio de acesso após o consumo da franquia. Pois bem. Ao apreciar os encartes contratuais constantes dos autos, tenho que a afirmada regra geral, não restou clara nos contratos e propagandas perpetradas pela ré. Mas ao contrário, há provas suficientes, neste momento processual, de que o oferecido

pela ré como regra e não como promoção, ao cliente consumidor, é a redução de velocidade, sem pagamento por excedentes de utilização, caso o plano contratado atinja 100% da franquia, como exemplificam nitidamente os contratos de Adesão e Contratação de Serviços juntados aos autos às fls. 120/125. Para corroborar, de simples leitura dos contratos em questão, constata se que em várias oportunidades há referências expressas acerca de plano ilimitado, sob o título de VIVO SEMPRE INTERNET. Assim, por razões contratuais flagrantes e propagandas explícitas, é que se extrai dos documentos de fls. 75/89, que a regra geral de conhecimento dos consumidores, é de internet ilimitada com redução de velocidade caso ultrapassada a franquia. Ora, ainda que assim não fosse, não se pode exigir que o consumidor, por sua hipossuficiência, compreenda eventuais detalhes operacionais embutidos nos contratos de adesão, que maculam questões promocionais. Porém, não obstante a comprovação dos termos contratuais de fls. 120/125, o fato é que a regra para o consumidor fica estabelecida pela propaganda efetivada, a qual, fora sempre nos termos de internet ilimitada, com permanente conexão. Portanto, a pretensão da ré concessionária de serviço público, ao meu sentir, não se reveste de legalidade e constitui prejuízo flagrante aos consumidores, o que os colocaria em situação de extrema desvantagem, a teor do artigo 51, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor. Ademais, o uso de internet no celular já representa serviço importante à população e, em alguns casos, indispensável, e não se afasta dos serviços essenciais, como previsto no inciso VII (Telecomunicações), do artigo 10 da Lei nº. 7.783/89, sobretudo pela premência em que deve ser fornecido, o que torna mais inviável a interrupção em face de mudança contratual posterior e ou interpretação desfavorável ao consumidor quanto à sua prestação. Assim a atitude da ré, a princípio, representa alteração unilateral de cláusula contratual e, o artigo 47 do CDC, dispõe que as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de maneira mais favorável aos consumidores. E mais, as divergências entre a oferta de serviço ilimitado de dados e as limitações contratuais, sugerem fortemente propaganda enganosa, o que pode ferir de morte o artigo 37 do CDC. Aparenta afrontar também, a transparência e clareza que deve existir nas relações consumeristas, ante a falta de informação adequada e clara acerca do uso e fruição do serviço fornecido, a teor do artigo 6º da Lei no 8.078/90. Assim, não basta atender ao Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, que determina que qualquer alteração em planos de serviços e ofertas deve ser comunicada ao usuário, pela prestadora, com antecedência mínima de 30 dias; é necessário comprovar a legalidade de tal pretensão, antes de levá la à efeito. Portanto, razão assiste ao Parquet em seu requerimento. No mais, ressalto que, com o escopo de garantir a efetividade, celeridade e a própria instrumentalidade do processo, para que a decisão a ser concedida possa alcançar os efeitos a que se

propõe, é possível na Ação Civil Pública, três diferentes espécies de provimentos emergenciais: medidas cautelares previstas em seu artigo 4º, liminares na ação principal estabelecidas no artigo 12 e antecipação dos efeitos da tutela de mérito, com base nas disposições do artigo 273 do CPC. Desta forma, há possibilidade de concessão de cautelares em Ação Civil Pública (art. 4º, LACP) com fito assecuratório e de provimentos liminares (art. 12, LACP), initio litis, com nítida feição antecipatória, funcionando como uma antecipação especial da tutela, atendidos requisitos específicos. No entanto, nenhuma das hipóteses afasta o cabimento da antecipação de tutela genérica, contemplada no art. 273 do CPC, aplicável subsidiariamente nas ACP s, ex vi do disposto no art.19 da LACP. Portanto, a concessão da medida pretendida é efetuada com alicerce nas provas até então apresentadas. O conceito de prova não exauriente é correlato ao de cognição sumária ou superficial. Nestas hipóteses o Juiz tem uma forte impressão e não certeza absoluta como ocorre na cognição exauriente de que assiste razão ao autor. Trata se de juízo de probabilidade e, portanto, passível de revogação. Da análise dos autos, convenço me da verossimilhança das alegações expendidas e vislumbro a presença dos requisitos para a concessão da medida pretendida, certa que a aparência do bom direito reflete se nas provas acostadas e nas assertivas autorais e, o risco da demora, constitui o risco da ineficácia do provimento final pretendido. Também não há o perigo de irreversibilidade dos fatos, posto que provisório e revogável o provimento e, ainda, eventualmente passível de indenização por suas consequências. Por fim, destaca se que, o procedimento pretendido pode causar se não realizado, danos seríssimos, talvez irrecuperáveis aos consumidores, mas em nenhuma hipótese causará a ruína da ré que, inclusive, se vitoriosa ao final, terá título judicial para compor todos os eventuais danos que supostamente vier a experimentar. É como entendo. Por tais razões, DEFIRO o pleito liminar formulado nesta Ação Civil Pública, como antecipação dos efeitos da tutela pretendida e DETERMINO que a requerida, até ulterior deliberação deste juízo: 1)cumpra efetivamente o contrato firmado com os consumidores, mantendo a prestação do serviço de conexão de dados com velocidade reduzida aos seus usuários, após o término dos créditos/franquia inicialmente contratados, oferecendo inclusive às velocidades pós franquia, previstas contratualmente e, 2)encaminhe em mídia a listagem completa com os dados cadastrais de todos os consumidores com contrato de prestação de serviços de conexão de dados, em vigor por qualquer período, a partir do mês de novembro de 2014. Comino pena de multa diária equivalente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para o caso de descumprimento do preceito, a contar da intimação deste, conforme artigo 12, 2, da lei 7347/85. Citem se, com as advertências legais pertinentes. Publiquem se Edital, como estabelece o artigo 94 do Código de Defesa do Consumidor.

Diligenciem se. Vitória, 26/06/2015. LUCIANNE KEIJOK SPITZ COSTA JUIZ DE DIREITO