1 Decreto, promulgado em 18/10/ 2004, estabelece diretrizes para a Política de Atendimento a Crianças,



Documentos relacionados
Lara, Patrícia Tanganelli - UNESP/Marília Eixo Temático: Formação de professores na perspectiva inclusiva

11º GV - Vereador Floriano Pesaro

ANÁLISE DAS AÇÕES DOS CENTROS DE FORMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO À INCLUSÃO (CEFAI) NA CONSTITUIÇÃO DE REDES DE APOIO

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS SUBSECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA SUPERINTENDÊNCIA DE MODALIDADES E TEMÁTICAS

LEI COMPLEMENTAR Nº 633

CARGO: PROFESSOR Síntese de Deveres: Exemplo de Atribuições: Condições de Trabalho: Requisitos para preenchimento do cargo: b.1) -

Regulamento de Estágio Curricular

REGULAMENTO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DO CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA

R E S O L U Ç Ã O. Fica alterado o Regulamento de Estágio Supervisionado do Curso de Psicologia, do. São Paulo, 26 de abril de 2012.

Resolução nº 30/CONSUP/IFRO, de 03 de outubro de 2011.

EDUCAÇÃO ESPECIAL. Metas

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 12. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO. Matriz 23

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Regulamento de Estágio

EDUCAÇÃO ESPECIAL. Estratégias

CME BOA VISTA ESTADO DE RORAIMA PREFEITURA MUNIPAL DE BOA VISTA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

TERMO DE REFERÊNCIA. Consultoria Produto Brasília DF

Resolução SE 21, de Institui o Programa Novas Tecnologias Novas Possibilidades

Anexo II CARGOS DE DCA

Estado do Rio Grande do Sul Conselho Municipal de Educação - CME Venâncio Aires

Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial

RESOLUÇÃO CONSEPE Nº 88/2009

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO. Secretaria de Educação Especial/ MEC

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Programa de Bolsas do Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior -FUMDES

A SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO do Município de Duque de Caxias, no uso de suas atribuições legais e considerando:

TERMO DE REFERÊNCIA 03/2010

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

II Encontro MPSP/MEC/UNDIME-SP. Material das Palestras

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CAMPUS GUARULHOS

SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR SINAES CREDENCIAMENTO DE PÓLO DE APOIO PRESENCIAL PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

PEDAGOGIA HOSPITALAR: as politícas públicas que norteiam à implementação das classes hospitalares.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ELEMENTOS PARA O NOVO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

REGULAMENTO DA POLÍTICA DE GESTÃO DE PESSOAS NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA

DOCUMENTO ORIENTADOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE FLORIANÓPOLIS

ESTADO DE ALAGOAS GABINETE DO GOVERNADOR

A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PONTA GROSSA/PR: ANÁLISE DO ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DAS AULAS

Regulamento de Estágio. Curso de Engenharia de Produção

DIMENSÃO 1 A MISSÃO E O PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

Apoio ao Desenvolvimento da Educação Especial

META NACIONAL 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os 8 (oito) anos de idade, durante os primeiros 5 (cinco) anos de vigência do PNE; no

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/ NÚCLEO DE APOIO À INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

PROJETO DE LEI N O, DE 2004

Autorizada reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.

Exmº Senhor Presidente da Assembleia Legislativa: Deputado Theodorico de Assis Ferraço

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO COORDENAÇÃO GERAL DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

RESOLUÇÃO Nº 002/2011, DE 11 DE AGOSTO DE 2011.

Consulta Pública ESTRATÉGIAS

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROCESSO N. 515/08 PROTOCOLO N.º PARECER N.º 883/08 APROVADO EM 05/12/08 INTERESSADA: SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTES

GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS PREFEITURA MUNICIPAL DE TABATINGA SECRETARIA MUNICIPAL DEGABINETE

PROGRAMAS DE BOLSAS DE ESTUDO E BOLSAS DE PESQUISA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO FACULDADE SUMARÉ

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL

RESOLUÇÃO Nº 22/2015

FACULDADES INTEGRADAS CAMPO GRANDENSES INSTRUÇÃO NORMATIVA 002/

MINI STÉRIO DA EDUCAÇÃO GABINETE DO MINI STRO P ORTARIA Nº 808, DE 18 DE JUNHO DE 2010

PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL PLANO DE AÇÃO

Audiência Pública no Senado Federal

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

3.1 Ampliar o número de escolas de Ensino Médio de forma a atender a demanda dos bairros.

DIRETRIZES E NORMAS PARA O ESTÁGIO NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

XXV ENCONTRO NACIONAL DA UNCME

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

EDUCAÇÃO ESPECIAL: A INCLUSÃO ESCOLAR DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE CÁCERES

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO SEBASTIÃO

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES NA CIDADE DE GOIÂNIA

REGULAMENTO DA DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DOS CURSOS SUPERIORESDE GRADUAÇÃO DO CEFET-PR. Capítulo I DO ESTÁGIO E SUAS FINALIDADES

AUDIÊNCIA PÚBLICA PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO jun/15 GRUPO I META 1

Orientações gerais: Aditamento dos Convênios

MUNICÍPIO DE BOM PRINCÍPIO Estado do Rio Grande do Sul

RESOLUÇÃO CONSEPE 19/2007

D I R E I T O SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR SINAES AUTORIZAÇÃO

Orientações para informação das turmas do Programa Mais Educação/Ensino Médio Inovador

Mesa Redonda: PNE pra Valer!

ALGUNS ASPECTOS QUE INTERFEREM NA PRÁXIS DOS PROFESSORES DO ENSINO DA ARTE

PROJETO DE LEI N.º 030/2013.

Decreto nº , de 12 de dezembro de 1995 de São Paulo

CÂMARA MUNICIPAL DE ITABORAÍ ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Meta e Estratégias. Meta

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO

PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA

Gestão Democrática da Educação

Decreto nº 4.134, de 09 de janeiro de 2014.

CAMPUS XANXERÊ CHAMADA PÚBLICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA A PROGRAMAS ESPECIAIS

Programa Ler e Escrever. Apresentação

1- Apoiar a construção coletiva e a implementação do Plano Municipal de Educação. 2 - Educação Inclusiva

PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO: processo, participação e desafios. Seminário dos/as Trabalhadores/as da Educação Sindsep 24/09/2015

Transcrição:

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR EM MUNICÍPIO PAULISTA Rosângela Gavioli Prieto FEUSP Simone Girardi Andrade UFRGS Agência Financiadora: FAPESP 1 Introdução A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME SP) vem buscando firmar sua política de atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais. Nesse município, desde 2005, o atendimento educacional especializado a esse alunado é regido pelo Decreto nº 45.415 e pela Portaria nº 5.718 1 que privilegiam o seu atendimento em classes comuns, de acordo com princípios da inclusão escolar, e instituem os chamados Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai). Apesar de essas garantias legais terem evoluído nas últimas décadas do século XX, ao mesmo tempo, observa-se uma prática escolar que não condiz com a teoria nem com o previsto em lei. Esse descompasso pode ser decorrente da falta de recursos materiais nas escolas, da precariedade da formação continuada dos professores, da defasagem na formação especializada ou, ainda, da carência de outros profissionais para prestar apoio às escolas. Nossa pesquisa identificará, até o ano de 2010, o status de implantação dessa política municipal ao sistematizar e analisar as condições de implementação dos Cefai na Rede Municipal de Ensino de São Paulo (RME SP). Nesta oportunidade, apresentamos discussão sobre a estrutura e o funcionamento dos Cefai de Butantã e Guaianases. 2 Política de educação especial no município De acordo com o referido Decreto, os serviços de educação especial na RME SP passaram a ser compostos por 13 Cefai, pelos Professores de Apoio e Acompanhamento à Inclusão Paai e pelas Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão Saai; além de seis Escolas Municipais de Educação Especial para atender alunos surdos (art. 3º, parágrafo único) e entidades conveniadas. 1 Decreto, promulgado em 18/10/ 2004, estabelece diretrizes para a Política de Atendimento a Crianças, Adolescentes, Jovens e Adultos com Necessidades Educacionais Especiais no Sistema Municipal de Ensino. Portaria, promulgada em 17/12/ 2004, dispõe sobre a regulamentação do referido Decreto e dá outras providências.

2 Vinculados às Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) 2 da SME SP, os Cefai devem contar com representante da sua Diretoria de Orientação Técnico- Pedagógica e por supervisor de ensino, além de quatro Paai com especialização e/ou habilitação em educação especial, preferencialmente um de cada área, indicando a possibilidade de se aumentar o número desses professores, responsáveis por realizar o atendimento especializado complementar às escolas (Portaria nº 5.718). As responsabilidades desses centros, de acordo com o art. 4º dessa Portaria, são viabilizar, em espaço próprio, formações, produção de materiais, acervo de materiais e equipamentos específicos, acervo bibliográfico e desenvolvimento de projetos. As Saai, instaladas nas escolas municipais, são destinadas ao apoio pedagógico complementar, suplementar ou exclusivo de alunos a elas encaminhados, sejam estes da mesma escola ou de outras onde inexista o serviço (Portaria nº 5.718, art. 9º) 3 Metodologia Para desenvolver esta pesquisa na perspectiva teórico-metodológica qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) previmos a combinação entre análise documental, entrevistas semi-estruturadas na perspectiva do grupo focal, segundo Cruz Neto et al. (2002), questionários e registros fotográficos. A sua execução está a cargo de uma equipe de alunos bolsistas e não bolsistas, de graduação, e dos coordenadores da pesquisa. 4 Resultados parciais e preliminares A cidade de São Paulo, com cerca de 11 milhões de habitantes, tinha uma rede de ensino com pouco mais de um milhão de alunos matriculados na educação básica e no ensino médio, 49.448 professores e auxiliares 3. Cefai Butantã Pela Portaria nº 4.314 de junho de 2005 foi criado e instalado o Cefai Butantã (Cefai BT) como parte da CRE BT, que abrange as administrações regionais do Butantã e a de Pinheiros, com aproximadamente 600 mil habitantes em uma área de 2 São 13 CRE: Butantã, Campo Limpo, Capela do Socorro, Freguesia / Brasilândia, Guaianases, Ipiranga, Itaquera, Jaçanã / Tremembé, Penha, Pirituba, Santo Amaro, São Mateus e São Miguel. 3 Dados referentes a 2006, acessado em 24 /03/2008 no site: < http://educacao.prefeitura.sp.gov.br>.

3 98,21 km 2. É uma região totalmente urbanizada, que compreende grandes contrastes socioeconômicos. A CRE-BT tinha, em 2008, 77 U.E., sendo: 16 CEI, 28 Emei, 31 Emef, mais um Centro Educacional Unificado (CEU) e um Centro de Educação de Jovens e Adultos (Cieja). O Cefai BT ocupava uma sala térrea de aproximadamente 40m 2, nos fundos do prédio da CRE BT, com boa iluminação e ventilação regular, mas com acessibilidade assegurada apenas pela garagem lateral do prédio. Segundo as entrevistadas, tinham alguns materiais permanentes específicos (impressora Braille, jogos adaptados, cadeira de rodas comum e coleção de material áudio-visual), possuíam certos materiais específicos (engrossador de lápis, ventosa para pratos, suporte para aproximação de caderno, cadeira de rodas adaptada, jogos e equipamentos necessários ao desenvolvimento do trabalho das Paai e nas Saai) e contavam com materiais de consumo. A equipe que atuava no Cefai era composta de quatro profissionais uma coordenadora e três Paai, especialistas em deficiência intelectual (DI), física (DF) ou auditiva (DA). Contavam com a colaboração de duas coordenadoras readaptadas e de um supervisor de ensino. A formação inicial da equipe era no magistério e licenciatura, incluindo a pedagogia. A formação como especialista das Paai que não eram habilitadas deu-se por meio de curso promovido pela SME SP através de convênio com universidade pública 4. Dentre suas atribuições, a coordenadora relacionou: contatar instituições parceiras e conveniadas; cuidar da contratação, formação e supervisão de estagiários; planejar e acompanhar a formação continuada de professores e estagiários. As Paai orientavam os profissionais das escolas e das Saai, atendiam os alunos com necessidades educacionais especiais e seus familiares e planejavam e executavam as formações. Esse Cefai disponibilizava atendimento das oito às dezessete horas, de segunda a sexta-feira, obedecendo a uma organização prevista pela equipe. 4 O curso Lato Sensu (com 360 horas) oferecido pela Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), campus de Marília, por meio do Departamento de Educação Especial em parceria com a SME SP, visou a formação continuada em educação especial dos professores em toda a RME-SP; até o final de 2008, 250 professores da haviam sido contemplados.

4 A CRE BT dispunha de 19 Saai instaladas, sendo 18 em funcionamento e uma aguardando designação de professor, abrangendo nessas salas 621 alunos. Cefai Guaianases Pela Portaria n 4.313 de junho de 2005 foi autorizado o funcionamento do Cefai Guaianases (Cefai GU). A região administrativa da educação de Guaianases abrange os distritos de Guaianases, Lajeado e Cidade Tiradentes, totalizando 33,2 km² com cerca de 500 mil habitantes 5. Guaianases e Lajeado são apontados como os distritos mais carentes da cidade de São Paulo, apresentando: déficit de moradias, baixa renda e taxa de analfabetismo maior que a média da cidade. A CRE GU 6 era responsável, em 2008, por 87 U.E., sendo: 27 Emef; 1 Emefm; 30 Emei; 26 CEI; um Cieja; e dois CEU. A região contava com 17 Saai, sendo 10 Saai- DI, duas Saai-DA, duas Saai-DV e três Saai-DF. O Cefai GU funcionava em uma casa de dois andares alugada para o seu funcionamento, com espaço para formações, atendimentos, confecção de materiais e para guardar equipamentos e acervo bibliográfico. Rampas permitiam acesso para o seu interior, mas não havia elevador para facilitar o deslocamento entre os andares. O centro funcionava de segunda à sexta-feira, das oito às dezoito horas, seguindo o padrão da CRE-GU e uma rotina de ações. Em consonância com prioridades da política municipal, davam atenção especial às Emef que possuíam Saai e aquelas com maior número de alunos com necessidades educacionais especiais. Em 2007, juntaram-se à coordenadora e à assistente técnico educacional as Paai de DI, DF e DA, que iniciaram o atendimento itinerante junto às escolas em meados daquele ano. Em 2008, foram deslocadas para trabalhar no Cefai duas coordenadoras pedagógicas readaptadas, uma delas realizava a criação e adequação de materiais. A coordenadora e as Paai fizeram curso de pedagogia em instituições privadas, e obtiveram a formação especializada após designação para atuar no Cefai GU, pelo curso de especialização já mencionado. 5 Dados extraídos dos sites: <http://prefeitura.sp.gov.br> e <www.wikipedia.org em outubro de 2008> 6 Dados referentes a abril de 2006, data da última publicação dos dados, extraídos do site da SME SP <http://educacao.prefeitura.sp.gov.br>, acessado em outubro de 2008.

5 5 Conclusões Este breve recorte de pesquisa ampla e que se encontra em andamento apresentou dados relativos à composição estrutural e ao funcionamento dos Cefai Butantã e Guaianases. Quanto à sua estrutura, pudemos constatar diferenças entre os centros. Enquanto Guaianases dispunha de prédio próprio, embora ainda em fase de recebimento de suprimentos, portanto, em fase de implantação, Butantã utilizava uma sala nas dependências da CRE BT, a qual não estava suficientemente adequada para o desenvolvimento de todas as tarefas de sua competência (Portaria n.º 5.718, art. 4º). As diferenças entre os centros podem ser entendidas quando consideramos que, tal como a legislação prevê, as CRE estabeleciam, de acordo com suas dinâmicas internas, as normas mais amplas de organização e funcionamento dos Cefai. Ficou evidente, ainda, que desenvolviam ações consoantes ao previsto na legislação, tais como: formação continuada em educação especial; atendimento e orientação especializados; adaptação e aquisição de materiais; produção de dados; registro de procedimentos; e estabelecimento de parcerias e convênios. Varia, entretanto, a abrangência ou amplitude da oferta do serviço às comunidades e instituições, devido, em parte, ao número de profissionais das equipes abaixo do previsto na legislação. Por tratar-se de uma etapa inicial de sistematização e análise dos dados, muitos questionamentos ainda exigem maiores esclarecimentos, como a diferente interpretação das CRE sobre a designação de profissionais para atuar como coordenador dos centros.

6 Referências CRUZ NETO, Otávio; MOREIRA, Marcelo Rasga; SUCENA, Luiz Fernando Mazzei. Grupos Focais e Pesquisa Social Qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação. Disponível em <www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/viewfile /330/252>, acessado em 06/03/2008. LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. SÃO PAULO (Município). Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Educação. Decreto n.º33.891. São Paulo: Diário Oficial do Município, 16 de dezembro de 1993.. Decreto n.º 45.415. São Paulo: Diário Oficial do Município, 19 de outubro de 2004.. Portaria n.º 5.718. São Paulo: Diário Oficial do Município, 18 de dezembro de 2004.