A Viabilidade do Emprego da Aviação do Exército em Apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista

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Transcrição:

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Ten Cel Inf EDUARDO LEMOS PEREIRA DE ALMEIDA A Viabilidade do Emprego da Aviação do Exército em Apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista Rio de Janeiro 2015

Ten Cel Inf EDUARDO LEMOS PEREIRA DE ALMEIDA A Viabilidade do Emprego da Aviação do Exército em Apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel Inf Julio Cesar Toledo Sousa de Almeida Rio de Janeiro 2015

A447v ALMEIDA, Eduardo Lemos Pereira de. A Viabilidade do Emprego da Aviação do Exército em Apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista / Rio de Janeiro: ECEME, 2015. 58 f. il. 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2015. Bibliografia: f. 57-58. 1. Brigada de Infantaria Paraquedista. 2. Aviação do Exército. 3. Apoio da Aviação do Exército às Operações da Brigada de Infantaria Paraquedista. I. Autor. II. Título. CDD: 355.4

Ten Cel Inf EDUARDO LEMOS PEREIRA DE ALMEIDA A Viabilidade do Emprego da Aviação do Exército em Apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em de de 2015. COMISSÃO AVALIADORA JULIO CESAR TOLEDO SOUSA DE ALMEIDA Ten Cel Inf Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército WASHINGTON HARRYSON ALCOFORADO Ten Cel Inf Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército CLAYTON VAZ Ten Cel Inf Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

RESUMO A Brigada de Infantaria Paraquedista, integrante da Força de Atuação Estratégica do Exército Brasileiro, possui a característica de atuar à retaguarda das linhas inimigas, de forma isolada, para conquistar objetivos estratégicos em proveito de seu escalão enquadrante. Sendo assim, esta brigada necessita, sempre que possível, de apoios externos. Entre eles, avulta de importância o que pode ser proporcionado pela Aviação do Exército. Dessa forma, este estudo monográfico procurou apresentar os aspectos doutrinários julgados mais importantes e que são relacionados a esse apoio, levantando os principais óbices encontrados atualmente pela Aviação do Exército e propondo medidas para procurar resolvê-los ou amenizálos, dentro da realidade nacional. Para tanto, iniciou-se pela caracterização da Brigada de Infantaria Paraquedista, abordando as operações nas quais ela se envolve e trazendo à tona a previsão doutrinária de recebimento do apoio da aviação. Em seguida, passou-se à apresentação das especificidades da Aviação do Exército, expondo a maneira pela qual esta tropa deve ser empregada nas operações preconizadas nos manuais, dando ênfase ao apoio à tropa paraquedista. Passou-se, então, a elencar os principais problemas encontrados na execução desse apoio e a mostrar algumas propostas para tentar saná-los. Como conclusão, procurou-se confirmar não só a viabilidade do apoio da Aviação do Exército à Brigada de Infantaria Paraquedista, como também a necessidade de haver um incremento nas operações executadas em conjunto por estas duas tropas da elite do Exército Brasileiro. Palavras-chave: Brigada de Infantaria Paraquedista; Aviação do Exército; Apoio da Aviação do Exército às Operações da Brigada de Infantaria Paraquedista.

RESEÑA La Brigada de Infantería de Paracaidistas, que forma parte de la Fuerza Estratégica del Ejército de Brasil, tiene la característica de actuar tras las líneas enemigas, en forma aislada, para alcanzar los objetivos estratégicos para el beneficio de su nivel enquadrante. Por lo tanto, esto requiere siempre que sea posible apoyo externo. Entre ellos, telares importancia de que puede ser proporcionada por la Aviación del Ejército. Así, este estudio monográfico trató de presentar los aspectos doctrinales que se consideren más importantes y que están relacionados con este apoyo, levantando los principales obstáculos enfrentados actualmente por la Aviación del Ejército y propondo acciones para tratar de resolverlos o mitigarlos dentro de la realidad nacional. Por lo tanto, se inició mediante la caracterización de la Brigada de Infantería Paracaidista, frente a las operaciones en las que participa y trayendo la previsión doctrinal de apoyo de la aviación recibido. Luego fuimos a la presentación de las especificidades de la Aviación del Ejército, la exposición de la forma en que esta tropa se debe utilizar en las operaciones recomendadas en los manuales, centrándose en el apoyo a la tropa paracaidista. Subió, pues, una lista de los principales problemas encontrados en la aplicación de este apoyo y mostrar algunas propuestas para tratar de resolverlos. En conclusión, hemos tratado de confirmar no sólo la viabilidad del apoyo de la Aviación del Ejército a la Brigada de Infantería de Paracaidistas, así como la necesidad de un aumento de las operaciones llevadas a cabo conjuntamente por estas dos tropas de élite del Ejército Brasileño. Palabras clave: Brigada de Infantería de Paracaidistas; Aviación del Ejército; Apoyo de la Aviación del Ejército a las Operaciones de la Brigada de Infantería de Paracaidistas.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Organograma da Brigada de Infantaria Paraquedista... 18 Figura 2 - Helicóptero HA-1 Fennec (artilhado)... 38 Figura 3 - Helicóptero HM-1 Pantera... 38 Figura 4 - Helicóptero HM-2 Black Hawk... 39 Figura 5 - Helicóptero HM-3 Cougar... 39 Figura 6 - Helicóptero HM-4 Caracal... 40

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT AOC Av Ex Bda Av Ex Bda Inf Pqdt BI Pqdt CEP Com Av Ex Com TO C Pnt Ae Ct Op DE EB ECEME EME EMG Esqda He Esqd Av Ex FAB F Aet F Cj Aet F He F Spf FT Amv FT Cj Aet F Ter FTC GE GU He IP - Associação Brasileira de Normas Técnicas - Área Operacional do Continente - Aviação do Exército - Brigada de Aviação do Exército - Brigada de Infantaria Paraquedista - Batalhão de Infantaria Paraquedista - Centro de Estudos de Pessoal - Comando de Aviação do Exército - Comando do Teatro de Operações - Cabeça de Ponte Aérea - Controle Operacional - Divisão de Exército - Exército Brasileiro - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército - Estado-Maior do Exército - Estrutura Militar de Guerra - Esquadrilha de Helicópteros - Esquadrão de Aviação do Exército - Força Aérea Brasileira - Força Aeroterrestre - Força Conjunta Aeroterrestre - Força de Helicópteros - Força de Superfície - Força-Tarefa Aeromóvel - Força-Tarefa Conjunta Aeroterrestre - Força Terrestre - Força Terrestre Componente - Guerra Eletrônica - Grande Unidade - Helicóptero - Instruções Provisórias

LC MB MEM NGA Op Aet Op Amv PRA Prec Pqdt SARP TCC TO Z Dbq ZE ZL ZP ZPH - Linha de Contato - Marinha do Brasil - Material de emprego militar - Normas Gerais de Ação - Operação Aeroterrestre - Operação Aeromóvel - Posto de Ressuprimento Avançado - Precursores Paraquedistas - Sistema Aéreo Remotamente Pilotado - Trabalho de Conclusão de Curso - Teatro de Operações - Zona de Desembarque - Zona de Extração - Zona de Lançamento - Zona de Pouso - Zona de Pouso de Helicópteros

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 10 2 METODOLOGIA... 14 3 A BRIGADA DE INFANTARIA PARAQUEDISTA... 16 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA BDA INF PQDT... 16 3.1.1 GENERALIDADES... 16 3.1.2 MISSÕES E CARACTERÍSTICAS... 17 3.1.3 ORGANIZAÇÃO... 18 3.1.4 POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES... 19 3.2 OPERAÇÕES AEROTERRESTRES... 21 3.2.1 CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS... 21 3.2.2 CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO... 22 3.2.3 TIPOS... 23 3.2.4 FASES... 24 3.2.5 ORGANIZAÇÃO DA BDA INF PQDT PARA AS OP AET... 25 3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A BDA INF PQDT... 26 4 A AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 28 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 28 4.1.1 MISSÃO, CARACTERÍSTICAS E EMPREGO... 28 4.1.2 ORGANIZAÇÃO... 29 4.2 O ESQUADRÃO DE AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 31 4.2.1 GENERALIDADES... 31 4.2.2 POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES... 32 4.2.3 SITUAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO... 33 4.2.4 TIPOS DE MISSÕES... 34 4.2.4.1 MISSÕES DE COMBATE... 34 4.2.4.2 MISSÕES DE APOIO AO COMBATE... 36 4.2.4.3 MISSÕES DE APOIO LOGÍSTICO... 37 4.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 38 4.4 AERONAVES DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 39

5 FORMAS DE APOIO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO À BRIGADA DE INFANTARIA PARAQUEDISTA... 43 5.1 CONDICIONANTES DO APOIO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 43 5.2 PECULIARIDADES DO EMPREGO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO... 45 5.3 CARACTERÍSTICAS DAS MISSÕES DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO EM APOIO À BRIGADA DE INFANTARIA PARAQUEDISTA... 46 5.3.1 QUANTO ÀS MISSÕES DE COMBATE... 47 5.3.1.1 MISSÕES DE RECONHECIMENTO AEROMÓVEL... 47 5.3.1.2 MISSÕES DE ATAQUE AEROMÓVEL... 49 5.3.1.3 MISSÕES DE SEGURANÇA AEROMÓVEL... 50 5.3.1.4 MISSÕES DE INFILTRAÇÃO AEROMÓVEL... 51 5.3.2 QUANTO ÀS MISSÕES DE APOIO AO COMBATE E DE APOIO LOGÍSTICO... 52 6 CONCLUSÃO E SUGESTÕES... 54 REFERÊNCIAS... 57

10 1 INTRODUÇÃO Em 1945, o Exército Brasileiro (EB) iniciou a criação de sua tropa paraquedista, fruto das ações implementadas na Segunda Guerra Mundial, recém terminada. Neste conflito, foram consolidadas as táticas, as técnicas e o emprego das tropas aeroterrestres, o que levou a Força Terrestre (F Ter) a acompanhar a evolução a nível mundial. Desde sua criação, a tropa paraquedista brasileira passou por algumas modificações de organização e de nomenclatura, sendo atualmente denominada Brigada de Infantaria Paraquedista (Bda Inf Pqdt). Fruto de sua destinação precípua, a Bda Inf Pqdt, situada na cidade do Rio de Janeiro-RJ, é altamente dependente de meios aéreos para o cumprimento de suas missões. Historicamente, este apoio sempre foi fornecido, desde o início de seu funcionamento, pela Força Aérea Brasileira (FAB), com suas aeronaves de asa fixa. Os helicópteros (He) (aeronaves de asa rotativa) iniciaram sua participação em combate na Guerra da Coréia, onde se mostraram bastante eficientes como veículos de evacuação de feridos. A partir deste conflito, pôde-se constatar o aumento da utilização dessas aeronaves em confrontos armados, até a sua consagração, na Guerra do Vietnã, como um meio de combate de extrema valia para os exércitos, ao proporcionar enorme mobilidade e flexibilidade às operações militares, em qualquer tipo de terreno. Fruto da evolução tecnológica ocorrida, desde então, tornaram-se excelentes plataformas de armas, eficientes meios de transporte de tropa, de suprimento e de busca de informações, levando os exércitos mais modernos a adotá-los como elementos de combate orgânicos para operar em frações constituídas. No ano de 1986, foi implementada, no Brasil, a Aviação do Exército (Av Ex), com a missão de prover o EB de seus próprios meios aéreos e realizar o apoio às missões que envolvessem o vetor aéreo. Esta tropa de aviação possui em seus quadros, desde sua criação, apenas aeronaves de asa rotativa. Nos dias atuais, é denominada Comando de Aviação do Exército (Com Av Ex) e é situada na cidade de Taubaté-SP. A Bda Inf Pqdt, devido à sua natureza e às características de movimento e de descentralização, para cumprir suas missões de assalto aeroterrestre, de incursão aeroterrestre e de interdição de área, apresenta-se totalmente vinculada aos meios

11 aéreos. Vale ressaltar que estas missões podem ser executadas nos níveis estratégico, operacional e tático. De acordo com o manual C 57-1: Operações Aeroterrestres, a Bda Inf Pqdt pode operar integrando forças conjuntas aeroterrestres (F Cj Aet) ou forças-tarefa conjuntas aeroterrestres (FT Cj Aet). Em ambos os casos, a tropa paraquedista poderá receber, ainda segundo o referido manual, o apoio em meios aéreos da FAB, da Marinha do Brasil (MB) e da Av Ex. Dessa forma, este trabalho se propôs ao estudo das formas como a Av Ex, no escopo de suas possibilidades e limitações, pode proporcionar um eficiente apoio em meios aéreos para os diferentes tipos de operações em que a Bda Inf Pqdt seja empregada, como integrante da Força Terrestre Componente (FTC) de um Teatro de Operações (TO), em um contexto de conflito armado. Ao longo deste estudo, foram explicitadas as vantagens e desvantagens, bem como a relação custo X benefício envolvidas com as diversas modalidades de apoio. O governo brasileiro, em vista da emergência do país como nação de grande relevância, da imprevisibilidade dos conflitos da atualidade e das recentes e sucessivas mudanças em todos os campos do poder, emitiu a Política Nacional de Defesa, no ano de 2005, tendo como base a estratégia da dissuasão. Em 2008, aprovou a Estratégia Nacional de Defesa, com a finalidade de modernizar e atualizar a estrutura nacional de defesa. O Ministério da Defesa, por sua vez, através da edição da Estratégia Militar de Defesa e da Doutrina Militar de Defesa, em 2007, deixou clara a alta prioridade a ser dada ao emprego conjunto das Forças Armadas, à reorganização dos seus efetivos e à modernização de seus equipamentos e materiais, bem como de suas doutrinas de emprego. Assim, o emprego da Av Ex em apoio às tropas paraquedistas vem ao encontro do desenvolvimento das novas capacidades de pronta resposta, de mobilidade estratégica, de flexibilidade de emprego, de elasticidade e de interoperabilidade entre Forças Singulares. Tudo em um cenário de condução de operações no amplo espectro, ou seja, ações de naturezas diversas, sucessivas e/ ou simultâneas, a favor ou contra atores também diversos, em ambiente nacional ou multinacional (BRASIL, 2014a, p. 1-2). Com base nesse contexto, definiu-se o seguinte problema:

12 - Até que ponto é viável o emprego da Aviação do Exército em apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista, ambas integrando a FTC, em um TO de uma área operacional do continente (AOC)? O objetivo geral desta pesquisa foi mostrar quais são as maneiras da Aviação do Exército apoiar, de forma eficaz, as operações executadas pela Brigada de Infantaria Paraquedista, ambas integrando a FTC, em um TO de uma AOC. Em especial, foram verificadas as formas de emprego da Bda Inf Pqdt e da Av Ex, previstas em doutrina, colocando em evidência as situações nas quais esta tropa prestaria apoio àquela da melhor forma e apresentando oportunidades de melhoria para as restrições encontradas. Para tanto, foram criados os seguintes objetivos específicos: - descrever e caracterizar a Bda Inf Pqdt; - descrever e caracterizar a Aviação do Exército; e - analisar as variáveis relacionadas ao apoio da Aviação do Exército à Bda Inf Pqdt, destacando seus óbices e propostas para superá-los. Após a leitura preliminar realizada e o problema apresentado, formulou-se a seguinte hipótese: - O emprego da Aviação do Exército em apoio à Brigada de Infantaria Paraquedista, em um cenário de conflito armado, é viável, com algumas restrições. A verificação da hipótese assinalou que o apoio da Av Ex à Bda Inf Pqdt é compensador em diversas situações e que constitui uma excelente opção para o desenvolvimento das operações e o cumprimento das missões da tropa paraquedista. Considerando a referida hipótese, as circunstâncias passíveis de medição e que puderam influenciar a pesquisa foram as seguintes: - variável dependente apoio recebido pela Bda Inf Pqdt; e - variável independente possibilidades e limitações da Aviação do Exército. Inicialmente, esta pesquisa abordou a caracterização da Bda Inf Pqdt. Foi feita uma descrição de sua organização funcional, de sua localização, do seu emprego, da composição de seus efetivos, bem como dos materiais de emprego militar (MEM) por ela utilizados. Com base nestas informações foram levantadas, ainda, as possibilidades, as limitações e as necessidades desta tropa.

13 Em um segundo momento, foi feito um estudo semelhante relacionado à Aviação do Exército. A análise foi restrita ao enfoque da referida tropa como órgão apoiador, abordando a sua articulação, localização, emprego, disponibilidade de meios e de pessoal, possibilidades e limitações sob esse prisma. Em uma terceira fase, foi pesquisado de que forma acontece o apoio da Aviação do Exército ao emprego da Bda Inf Pqdt, de acordo com a doutrina atual, analisando somente as variáveis que influenciam neste apoio e contemplando as oportunidades de melhoria, dentro das possibilidades e limitações de ambas as tropas. O citado estudo foi conduzido dentro de um cenário de conflito armado, com as referidas tropas integrando a Força Terrestre Componente de um Teatro de Operações, em uma Área Operacional do Continente. A pesquisa teve sua importância na medida em que abordou diversos aspectos ligados ao cumprimento de missões por duas tropas que, por sua operacionalidade, mobilidade e valor em recursos humanos, possuem elevado valor estratégico para o EB. Dessa forma, enfatiza-se que o problema que foi levantado poderá trazer benefícios para a Força Terrestre, uma vez que apresentou reflexões e novas ideias no que diz respeito ao aprimoramento do apoio em meios aéreos à Bda Inf Pqdt, o que representa uma das principais limitações desta tropa.

14 2 METODOLOGIA Seguindo a taxionomia de Vergara (2008), essa pesquisa foi qualitativa, bibliográfica, documental e aplicada. Foi qualitativa, uma vez que privilegiou relatos e análises de documentos para entender o fenômeno do desenvolvimento de uma doutrina militar de uma forma mais profunda. Bibliográfica porque teve sua fundamentação teórico-metodológica na investigação sobre assuntos de gestão do conhecimento, criação do conhecimento e de desenvolvimento de doutrina militar disponíveis em livros, manuais e artigos de acesso livre ao público em geral. Documental porque se utilizou de documentos de trabalhos e relatórios do EB. Finalmente, ela foi também aplicada, porque teve finalidade prática, sendo fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver ou amenizar problemas doutrinários concretos. O universo foi composto com todos os documentos relacionados à Aviação do Exército e à Brigada de Infantaria Paraquedista, devidamente colimados com a atual Doutrina Militar Terrestre. A amostra foi fornecida por estas duas tropas, selecionada pela tipicidade e critério de representatividade, segundo Vergara (2009). Os passos a serem seguidos na coleta dos dados da pesquisa foram os seguintes: - levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes; - seleção da bibliografia e dos documentos; - leitura da bibliografia e dos documentos selecionados, dando ênfase ao relacionamento funcional entre a Av Ex e a Bda Inf Pqdt; e - análise crítica e consolidação das questões de estudo. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de consultas à biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Também foi realizada uma pesquisa documental nos arquivos do Ministério da Defesa e do Exército Brasileiro. O objetivo principal foi levantar informações em documentos como regulamentos internos, manuais, pareceres e relatórios, entre outros. Em decorrência da natureza do problema dessa pesquisa e do perfil desse pesquisador, foi escolhida a abordagem fenomenológica, a qual privilegia procedimentos qualitativos de pesquisa. Assim, foram utilizados dois métodos de pesquisa distintos para o tratamento dos dados a serem coletados. Inicialmente, foi

15 empregada a análise de conteúdo, que, para Vergara (2008, p. 15), é uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema. Dessa forma, foram identificados o emprego, a organização, as possibilidades e as limitações da Bda Inf Pqdt e da Aviação do Exército. Foi usada, ainda, a grade aberta de análise, na qual foram identificadas as categorias para análise na medida em que foram surgindo, sendo elas reajustadas durante o desenvolvimento da pesquisa, para, enfim, serem estabelecidas as categorias finais. A unidade de análise foi o parágrafo e a análise foi apoiada em procedimentos interpretativos. Por fim, foi feita uma compilação dos dados obtidos na literatura compulsada, com o intuito de atingir o objetivo geral dessa pesquisa. Em relação ao tratamento dos dados, destacaram-se as limitações da condição de militar do pesquisador, mesmo sabendo da necessidade de manter-se neutro e distante nas interpretações dos dados coletados. Este fato foi agravado quando associado ao tempo de serviço na Bda Inf Pqdt, o que transmitiu a este pesquisador a vivência necessária para ter argumentos pessoais, exigindo constante preocupação com a isenção no trabalho em questão. Mesmo com limitações, partiu-se da premissa que a metodologia escolhida foi coerente e possibilitou atingir o objetivo final desta pesquisa de forma objetiva.

16 3 A BRIGADA DE INFANTARIA PARAQUEDISTA 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA BDA INF PQDT 3.1.1 GENERALIDADES Segundo o manual C 7-30 Brigadas de Infantaria, a Bda Inf Pqdt é especialmente organizada e equipada para as operações conjuntas de assalto aeroterrestre, utilizando-se das aeronaves de transporte da Força Aérea Brasileira. Pode participar com todo ou parte do seu efetivo, como força independente, ou integrando uma força maior. Para cada situação, a brigada planeja e se prepara para a operação, desloca-se pelo ar para a área do objetivo e desembarca por lançamento ou aterragem, a fim de cumprir sua missão. Normalmente, a brigada atuará, como um todo, enquadrada em uma Força Terrestre Componente do Teatro de Operações ou fornecerá uma Força-tarefa paraquedista, valor unidade, em controle operacional a uma Divisão de Exército (DE). Este seria o emprego mais comum, porém existem várias outras possibilidades devidamente amparadas pela doutrina, como o emprego conjunto com a Força Naval Componente e com a Força Conjunta de Operações Especiais do TO, de maneira fracionada ou integral. Não há uma dosagem básica de emprego para as F Aet em relação a qualquer escalão. A Bda Inf Pqdt pode conduzir operações independentes, por períodos limitados de tempo, sem necessitar de reforços. Atualmente, estima-se em setenta e duas horas o tempo no qual a tropa paraquedista consegue manter-se no cumprimento de uma missão, sem o recebimento de reforços ou qualquer tipo de ressuprimento. A brigada é adequada para realizar operações que exigem uma tropa forte em infantaria. Pode realizar uma missão de combate continuado, para o que necessita ser reforçada particularmente em meios que lhe aumentem a mobilidade e em meios de artilharia, engenharia, blindados e de apoio administrativo.

17 3.1.2 MISSÕES E CARACTERÍSTICAS Em sintonia com a evolução do emprego das tropas paraquedistas e considerando as demandas do combate moderno e, ainda, os cenários mais atuais, pode-se caracterizar a missão precípua da Bda Inf Pqdt como a seguinte: desdobrar até três Forças-tarefa Batalhão de Infantaria Paraquedista, no prazo máximo de vinte e quatro horas após o acionamento, em qualquer parte do território nacional ou em outras regiões de interesse estratégico no exterior, para: - executar operações de combate para vencer e destruir forças inimigas, podendo empregar o lançamento aeroterrestre e/ou o aerotransporte; - participar de operações no amplo espectro integrando ou não forças multinacionais; e - conduzir operações de garantia da lei e da ordem. A força paraquedista deve estar pronta para se deslocar rapidamente pelo ar ou por uma combinação de meios de transporte, visando ao seu emprego em qualquer área ou ambiente operacional, em território nacional ou fora dele. Cita-se como exemplos mais representativos e recentes de emprego da Bda Inf Pqdt, como primeira tropa (pronto-emprego), a missão de manutenção da paz no Haiti, em 2004, e as missões de pacificação das comunidades do Alemão (2010) e da Maré (2013), na cidade do Rio de Janeiro. Ressalta-se, ainda, a capacidade de, em um prazo de vinte e quatro horas, graças ao adestramento conjunto com a FAB, introduzir a brigada no TO amazônico, prioritário na defesa de um país de dimensões continentais como o Brasil. A brigada elabora planos a fim de atender às mais diversas áreas e ambientes operacionais. Esses planos preveem o transporte realizado dentro de um curto período de tempo, após o recebimento do alerta ou da ordem de emprego, utilizando-se das vias de transporte já estabelecidas, particularmente dos meios aéreos. O planejamento deve prever maior prioridade para os elementos de combate e a realização das operações com um mínimo de apoio administrativo durante os estágios ou fases iniciais. Atuando independentemente, a brigada utiliza suprimentos estocados anteriormente em bases avançadas, materiais e suprimentos existentes nas áreas

18 de aprestamento ou os recursos locais na área do objetivo, a fim de reduzir as necessidades de apoio administrativo. A mobilidade e as possibilidades da Bda Inf Pqdt lhes conferem uma característica de prontidão operacional de uma força estratégica capaz de se deslocar, a curto prazo, para uma área ameaçada. Tal atributo é essencial tendo em vista o valor dissuasório de tais forças estratégicas. É válido ressaltar que as forças aeroterrestres podem ser desdobradas como elemento de combate ou como força de dissuasão, nos níveis estratégico, operacional ou tático. As operações táticas terrestres das unidades paraquedistas são semelhantes às operações de outras unidades de combate terrestre. A diferença está no volume de blindados, no apoio de fogo, no de transporte e no de equipamentos pesados disponíveis na área do objetivo. No caso em questão, é praticamente inexistente. Em particular, tratando-se do reforço de fogos, uma vez que este não pode ser realizado na área do objetivo, a força paraquedista depende do apoio de fogo da força aérea ou naval nessa área. Tal apoio pode ser bastante potencializado, de igual forma, pela Aviação do Exército. 3.1.3 ORGANIZAÇÃO A Bda Inf Pqdt conta, em sua estrutura, com três Batalhões de Infantaria, um Grupo de Artilharia, um Batalhão Logístico, um Batalhão de Dobragem, Manutenção de Paraquedas e Suprimento pelo Ar, uma Bateria de Artilharia Antiaérea, um Esquadrão de Cavalaria, uma Companhia de Comunicações, uma Companhia de Engenharia, uma Companhia de Comando, uma Companhia de Precursores, um Destacamento de Saúde e um Pelotão de Polícia do Exército. Conta, ainda, com um Centro de Instrução Paraquedista, responsável pela formação de todas as especialidades e pelo desenvolvimento doutrinário na área do paraquedismo militar. Tal organização pode ser melhor visualizada na figura abaixo:

19 Figura 1 Organograma da Brigada de Infantaria Paraquedista Fonte: Comando da Bda Inf Pqdt A Bda Inf Pqdt é uma tropa prioritária, sendo uma das mais completas brigadas do Exército Brasileiro. Todas as suas Organizações Militares estão localizadas em uma única área geográfica. Assim, possui facilidade de comando e controle e de concentração e aprestamento. Tendo em vista a proximidade desta área à Base Aérea de Afonsos, na cidade do Rio de Janeiro, apresenta elevada mobilidade estratégica. 3.1.4 POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES Pode-se afirmar que a Bda Inf Pqdt, integrante da Força de Atuação Estratégica do Exército Brasileiro, apresenta como características principais: a flexibilidade de organização as forças aeroterrestres são organizadas com base nos fatores da decisão, possuindo valor e constituição variáveis, de subunidade até brigada, passando pelo escalão batalhão, podendo ser integradas por tropas terrestres, de fuzileiros navais e elementos aéreos de diferentes naturezas e tipos, como, por exemplo, os da Aviação do Exército; a versatilidade de emprego o preparo especializado, particularmente da tropa pára-quedista do EB, direcionado para os mais diversos ambientes encontrados em AOC, habilita as tropas Aet ao emprego em ampla variedade de operações sob condições especiais de ambiente, sem perda de suas características. A organização por tarefas e as diversas

20 possibilidades de configuração permitem o emprego descentralizado e simultâneo de uma mesma força Aet sobre distintos alvos; a rapidez no desdobramento operacional o elevado grau de mobilidade estratégica proporcionado pelos meios aéreos, associado à condição de prontidão da tropa, assegura aprestamento em curto prazo e permite amplos e velozes deslocamentos para qualquer região da área de operações; e a diferenciação no perfil psicológico do homem e da tropa as condições estressantes da atividade aeroterrestre e dos ambientes isolados e hostis nos quais ela é lançada, exigem alto grau de motivação profissional, liderança, iniciativa e tenacidade, em todos os escalões. Ademais, é possível elencar as seguintes possibilidades da Bda Inf Pqdt: - realizar operações de assalto aeroterrestre, incursão aeroterrestre e de interdição aeroterrestre de área, com múltiplas finalidades; - reforçar com presteza outras tropas situadas em área hostil; - constituir reserva estratégica; e - quando Pqdt, atuar como as forças de selva, leve e de montanha, em caráter limitado. Em relação às suas limitações, pode-se inferir: a. Quanto ao inimigo: - limitada defesa contra carros, agentes QBN e ações de guerra eletrônica (GE); - vulnerabilidade aos meios inimigos de defesa aeroespacial durante o movimento aéreo; - defesa antiaérea restrita após o desembarque; - acentuada vulnerabilidade às ações ofensivas terrestres durante a reorganização, principalmente após o lançamento por paraquedas. b. Quanto ao ambiente operacional: - necessidade de terreno topotaticamente adequado para utilização como Z Dbq nas cercanias dos objetivos; - dependência de condições meteorológicas favoráveis às atividades Aet, particularmente no que concerne à intensidade dos ventos, visibilidade vertical e horizontal; - dependendo da área de desdobramento, perda inicial da eficiência individual, fruto de uma considerável mudança das condições ambientais (frio

21 extremo, calor intenso etc), podendo ser amenizada por meio de um programa prévio de aclimatação. c. Quanto aos meios: - dependência dos vetores aéreos para a obtenção da rapidez na concentração estratégica, para a conquista e manutenção da superioridade aérea local na área dos objetivos e nos corredores aéreos, para a inserção na área de operações, para a obtenção de apoio de fogo adicional e para a viabilização de atividades funcionais logísticas entre a área de operações e as linhas amigas; - mobilidade tática após o desembarque restrita à do homem a pé. Isso se deve ao pequeno número de viaturas orgânicas, as quais, em sua maioria, destinamse ao transporte de carga na área dos objetivos; - reduzida ação de choque; - baixa capacidade de durar na ação, em função das dificuldades no estabelecimento e manutenção de fluxo logístico entre a área de operações e as linhas amigas. 3.2 OPERAÇÕES AEROTERRESTRES 3.2.1 CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS Segundo o manual C 57-1 Operações Aeroterrestres, operação aeroterrestre (Op Aet) consiste em uma operação militar combinada, que envolve o movimento aéreo e a introdução em uma área de objetivos de forças de combate e seus respectivos apoios, com a finalidade de execução imediata de uma missão de caráter tático, operacional ou estratégico. Principal vocação da Bda Inf Pqdt, as operações aeroterrestres são classificadas pela doutrina brasileira, de acordo com o manual EB 20-MF-10.103 Operações, em sua edição mais recente (2014), como uma das operações complementares (atualizando a classificação de operação com características especiais), realizadas pela Força Terrestre. As Op Aet guardam uma série de peculiaridades que permeiam todo seu espectro, desde as condições necessárias para seu desencadeamento, seu conceito de emprego, suas múltiplas finalidades e

22 a composição dos meios a empregar, passando pelo planejamento e atingindo a execução. Pode-se atribuir às Op Aet as seguintes características: emprego conjunto de elementos de mais de uma Força Armada; complexidade; exigência do planejamento de ações futuras, além da fase aeroterrestre propriamente dita, a fim de assegurar o retorno do componente terrestre às linhas amigas; descentralização na execução, com amplo uso da transmissão de ordens pela finalidade e de normas gerais de ação (NGA) operacionais; sobrevôo de obstáculos naturais, artificiais e/ou de posições inimigas; e favorecimento da obtenção da surpresa estratégica e tática. De modo geral, a surpresa estratégica obtém-se pela capacidade de emprego rápido a grandes distâncias. A surpresa tática pode ser lograda pela introdução de forças de combate em hora e local inesperados. Ainda como características, a ampliação da capacidade do comando de intervir no combate e o emprego em proveito de múltiplos escalões. As forças aeroterrestres podem ser desdobradas como elemento de combate ou como força de dissuasão, nos níveis estratégico, operacional ou tático. 3.2.2 CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO Devido às suas peculiaridades, as Op Aet apresentam uma série de condições para sua execução. Pode-se definir como essenciais: a disponibilidade de meios aéreos, tripulações e forças terrestres adequados e adestrados; as condições meteorológicas minimamente favoráveis, especialmente com relação à intensidade do vento e à visibilidade vertical e horizontal; a conquista e manutenção de superioridade aérea local, tanto na área dos objetivos, quanto ao longo dos corredores aéreos, pelo menos durante a inserção e retirada da F Aet; a existência de regiões topotaticamente favoráveis ao lançamento aéreo (Zonas de Lançamento - ZL/ Zonas de Extração - ZE) e/ou à aterragem de aeronaves (Zonas de Pouso - ZP/ Zonas de Pouso de Helicópteros - ZPH) na área dos objetivos ou em suas cercanias; a elevada probabilidade da realização de junção com forças amigas, preferencialmente no prazo de 72 horas, quando o tipo de operação assim o exigir; e a inexistência ou supressão de defesas antiaéreas inimigas nas proximidades das

23 Zonas de Desembarque (Z Dbq), em razão da grande vulnerabilidade das aeronaves por ocasião do lançamento e/ou pouso. No planejamento de uma Op Aet, admitem-se como desejáveis as condições a seguir: judiciosa seleção de objetivos (alvos de interesse vital para o conjunto das operações e que sejam fracamente guarnecidos ou não defendidos), compatíveis com o escalão empregado e localizados em profundidade, de forma a justificar o emprego de forças aeroterrestres; minucioso trabalho prévio de inteligência e de contra-inteligência; prazo compatível com o planejamento detalhado da operação de, no mínimo, 36 horas para a Bda Inf Pqdt e 24 horas para o BI Pqdt; programa de aclimatação das tropas para operações sob condições especiais de ambiente, quando for o caso; realização de detalhados ensaios; sigilo absoluto até o seu desencadeamento, contribuindo para a obtenção da surpresa; disponibilidade de meios aéreos para proporcionar apoio de fogo e apoio logístico na área dos objetivos; existência de regiões alternativas para o lançamento aéreo e/ou pouso de aeronaves; para as Op que exijam a manutenção dos objetivos conquistados, deve haver a existência de ZP no interior da C Pnt Ae ou na área de objetivos, a fim de favorecer a rápida expansão do poder de combate empregado no assalto inicial, bem como as atividades logísticas, além de um terreno favorável à defesa; e inexistência de tropas blindadas ou mecanizadas inimigas nas proximidades da área dos objetivos, em razão da grande vulnerabilidade da tropa aeroterrestre durante a sua reorganização. 3.2.3 TIPOS Ainda segundo o manual C 57-1 Operações Aeroterrestres, são três os tipos de Op Aet, realizados pela Bda Inf Pqdt, a saber: - Assalto aeroterrestre operação que objetiva conquistar e manter, por tempo limitado, acidentes capitais situados em área hostil ou sob controle do inimigo; - Incursão aeroterrestre operação que compreende uma penetração, normalmente furtiva, em área sob o controle do inimigo e execução de uma ação ofensiva, seguida de um rápido retraimento e retirada planejados. Não há intenção de conquista e manutenção de terreno; e

24 - Interdição de área operação realizada como parte de uma operação ofensiva de grande vulto, podendo ter curta ou longa duração. Tem por finalidade impedir ou dificultar as operações inimigas em uma determinada região. Inclui tarefas conjugadas de corte de linhas de comunicações, ataque a centros de comando e controle, emboscadas, obstrução de rodovias e/ou ferrovias, entre outras. 3.2.4 FASES Doutrinariamente, o desenrolar de uma Op Aet é dividido em quatro fases: - a Montagem, a qual inclui todas as ações realizadas entre o recebimento de uma ordem de alerta ou diretriz de planejamento e a decolagem das primeiras aeronaves para o cumprimento da missão. Durante este período, ocorre todo o planejamento combinado, a expedição das ordens, a reunião e o aprestamento das tropas, equipamentos e suprimentos, além da execução de adestramentos específicos e ensaios. Durante esta fase, ocorrem o deslocamento e a concentração da F Aet em áreas próximas aos aeródromos de partida. Ao término da fase de montagem, é executado o aprestamento final, o qual engloba a distribuição do material aeroterrestre à tropa, sua equipagem e inspeção. Nesta oportunidade, é realizado o carregamento das aeronaves; - o Movimento Aéreo, que inicia-se, para o componente terrestre, com a decolagem das primeiras aeronaves carregadas para o cumprimento da missão e termina com o seu desembarque nas Z Dbq. Para o componente aéreo, inclui também o retorno das Anv às linhas amigas. O desembarque das forças de assalto pode ocorrer em uma única vaga ou em vagas sucessivas, o que pode levar a uma breve superposição da fase com a seguinte; - as Ações Táticas Iniciais, que iniciam-se com a chegada das forças de combate ao solo. Seu término varia com o tipo de operação planejada. Em operações de assalto aeroterrestre, com a conquista e consolidação da(s) C Pnt Ae inicial(is) (pode haver mais de uma C Pnt Ae); em operações de incursão aeroterrestre, com o início do retraimento após o cumprimento da missão; e em operações de interdição de área, com o final das primeiras ações sobre os alvos de interdição; e

25 - as Ações Táticas Subsequentes, as quais incluem todas aquelas desencadeadas após o término da ação ofensiva imediatamente posterior ao desembarque. Sua natureza dependerá do tipo de Op Aet planejada. Em se tratando de uma operação de assalto aeroterrestre, conquistada e consolidada a C Pnt Ae, poderá incluir todas ou parte das seguintes ações: organização de uma defesa de área; ações ofensivas que, partindo da C Pnt Ae, favoreçam sua defesa ou facilitem ações futuras; junção com outras forças terrestres amigas, seguida de substituição; execução de retraimento com ou sem pressão do inimigo; e retirada. No caso de uma incursão, normalmente o próprio retraimento e a retirada planejados constituem as ações subsequentes naturais. No caso de uma interdição de área, as ações subsequentes poderão incluir uma mescla do previsto para os outros dois tipos de operação aeroterrestre. Em qualquer situação, a evacuação da tropa aeroterrestre para as linhas amigas poderá ser realizada por meios terrestres, aéreos, aquáticos ou por uma combinação destes. 3.2.5 ORGANIZAÇÃO DA BDA INF PQDT PARA AS OP AET Dependendo do tipo de Op Aet, a Bda Inf Pqdt poderá ser dividida em até quatro escalões, segundo a sua oportunidade de introdução na área de objetivos. São eles: o Escalão Precursor, formado por equipes de precursores paraquedistas (Prec Pqdt), reforçadas por elementos de saúde, inteligência e outros; o Escalão de Assalto, composto por elementos de manobra e suas reservas, elementos cerrados de apoio ao combate e elementos de reconhecimento do Escalão de Acompanhamento, quando for o caso; o Escalão de Acompanhamento, constituído por todas as forças não-essenciais para a conquista dos objetivos de assalto. Comumente, inclui elementos mais pesados de apoio ao combate e apoio logístico, além de outros elementos de manobra inicialmente não empenhados; e o Escalão Recuado, composto pela parte da tropa Aet que permanece nas linhas amigas, não necessária na área de objetivos. Normalmente, não cerra para a área de operações. Os elementos lançados por paraquedas, normalmente, realizam o assalto inicial. As unidades a serem desembarcadas por aterragem deslocam-se, posteriormente, para as áreas de aterragem protegidas. Quando necessário, as Op Aet podem ser realizadas inteiramente pelo lançamento por paraquedas. As

26 unidades desembarcadas por aterragem das aeronaves realizam operações de assalto sem terem sido precedidas por um assalto por paraquedas, quando a área de desembarque estiver sem defesa, fracamente defendida ou neutralizada. As aeronaves que possuem características de decolagem e aterragem em pistas de curta extensão aumentam a versatilidade das forças paraquedistas. Todo o equipamento orgânico da Bda Inf Pqdt pode ser lançado por paraquedas; no entanto, o equipamento de maior volume exige sua desmontagem e enfardamento por partes e a montagem dos mesmos na área do objetivo. Por essa razão, é preferível realizar o desembarque por aterragem do material de maior vulto, quando o ambiente e os meios de defesa antiaérea do inimigo assim o permitam. As operações de desembarque aéreo por aterragem possibilitam o deslocamento dos equipamentos de combate, de apoio ao combate e de apoio administrativo mais pesados e mais volumosos. 3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A BDA INF PQDT Em relação à Bda Inf Pqdt, torna-se importante considerar que o alto custo do material e o grande tempo requerido para a especialização de seus integrantes recomendam o emprego judicioso das forças Aet sobre alvos realmente decisivos; que, qualquer que seja o tipo da operação desencadeada por um comando enquadrante, o emprego nobre de uma força Aet será sempre aquele que exigir uma tropa com as suas características. Elas não devem ser empenhadas em missões que possam ser cumpridas com o mesmo grau de rapidez, eficácia e eficiência por outras forças de combate. Ademais, é relevante ter em mente que, em virtude das limitações das forças Aet, a seleção de elementos adicionais de apoio ao combate e de apoio logístico ganha especial importância; que a escolha do local e momento do lançamento de uma Op Aet embute um risco a ser necessária e meticulosamente avaliado, particularmente quanto às possibilidades do inimigo; que o encerramento de uma Op Aet fica condicionado ao cumprimento da missão. A decisão para o encerramento da operação é uma responsabilidade do comandante que ativar a força Aet; e que o emprego de uma mesma força em outra Op Aet demanda um período de recuperação e recompletamento de pessoal e material.

27 Neste capítulo, foram tratados os aspectos mais relevantes relativos à Bda Inf Pqdt e às operações tipicamente a ela relacionadas. Ao abordar as formas de atuação e os tipos de emprego, as possibilidades e as limitações da tropa paraquedista, bem como as principais características de uma Op Aet, foi fornecido o embasamento teórico para o entendimento de como a brigada opera, nos dias de hoje, destacando a maneira como ela pode ser apoiada e/ou reforçada por outras tropas. Dessa forma, buscou-se preparar o leitor para o entendimento do apoio que pode vir a ser prestado pela Av Ex à Bda Inf Pqdt.

28 4 A AVIAÇÃO DO EXÉRCITO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AVIAÇÃO DO EXÉRCITO 4.1.1 MISSÃO, CARACTERÍSTICAS E EMPREGO A Av Ex, como elemento de múltiplo emprego da F Ter, tem participação ativa na guerra de movimento, contribuindo no isolamento do campo de batalha, nas ações em profundidade, na destruição da força inimiga, nas manobras de flanco, no combate continuado, no ataque de oportunidade e no aumento do poder de combate. Assim sendo, os meios aéreos orgânicos permitem aos comandantes terrestres obter consideráveis efeitos em proveito das operações militares. A grande mobilidade da Av Ex aliada à versatilidade dos seus meios aéreos e a letalidade de seus sistemas de armas, lhe confere a possibilidade de emprego na defesa externa e em operações de defesa interna e territorial. De acordo com as Instruções Provisórias (IP) 1-1 Emprego da Aviação do Exército, a missão precípua da Av Ex é a de aumentar a capacidade operacional da F Ter, proporcionando-lhe aeromobilidade orgânica, nos níveis tático e estratégico, este último com restrições. Torna-se oportuno, tendo como referência o mesmo manual, apresentar o conceito de aeromobilidade: É o sistema operacional que permite aos comandantes, nos diversos níveis e áreas de atividade, a ampliação da área de interesse para a manobra terrestre, na qual irão executar as suas ações. Possibilita, ainda, a flexibilidade e a prontidão de respostas exigidas pelo combate moderno. (BRASIL, 2000, p. 2-1) Tal aeromobilidade orgânica é proporcionada à F Ter, coordenando o emprego da Av Ex com os órgãos e elementos integrantes do sistema operacional de defesa antiaérea e com a Força Aérea. A aeromobilidade constitui-se, ainda, em fator multiplicador do poder de combate. A Av Ex possui como principais características a mobilidade, que permite operar em um grande raio de atuação, com deslocamentos em alta velocidade, para qualquer parte da zona de ação, sem que essa rapidez seja afetada por obstáculos

29 naturais e artificiais existentes no terreno; a flexibilidade, que lhe confere a possibilidade de mudar, rapidamente, a organização para o combate, o dispositivo e a direção de atuação, bem como lhe concede ampla capacidade de cumprir missões de combate, de apoio ao combate e de apoio logístico; a potência de fogo, função do seu armamento orgânico, composto por armas automáticas, foguetes e mísseis; e o sistema de comunicações amplo e flexível, que assegura ligações rápidas e continuadas com o escalão superior e elementos subordinados, abrangendo o espectro de frequências da maioria dos grupos-rádio. Da análise destas características básicas, é possível visualizar o enorme ganho que uma tropa como a Bda Inf Pqdt, normalmente atuando de forma isolada, terá, ao receber o apoio de meios da Aviação do Exército. O emprego de uma aviação orgânica da F Ter acarreta custos extremamente elevados em pessoal e material. Portanto, o efeito produzido pela Av Ex deve ser sempre significativo e compensador. Para que isto ocorra, devem ser observados os seguintes princípios de emprego, particulares à Av Ex: buscar a iniciativa, explorar a mobilidade, explorar a flexibilidade, preservar a centralização de comando, manter a integridade tática, observar o emprego judicioso dos meios, conjugar esforços, zelar pela segurança e buscar a simplicidade. 4.1.2 ORGANIZAÇÃO Desde sua criação, em 1986, até os dias atuais, a Aviação do Exército Brasileiro sofreu algumas alterações em sua organização. Uma evolução natural para que pudesse cumprir as missões impostas pelo Exército e para melhorar suas capacidades operacionais. Pode-se afirmar que a própria atividade aeroterrestre também contribuiu com a formulação doutrinária da Aviação do Exército e da infantaria leve, tendo em vista as novas demandas do combate não-linear, associadas à ampliação do conceito de mobilidade tática. A Brigada de Aviação do Exército (Bda Av Ex) é o maior escalão de Av Ex presente no Teatro de Operações. Esta grande unidade (GU), subordinada ao Comando do Teatro de Operações (Com TO), só é ativada para exercer o comando e controle de, no mínimo, duas e, no máximo, seis unidades aéreas orgânicas da F Ter, planejando o emprego destes meios, integrando-os à manobra terrestre e

30 coordenando e controlando as atividades logísticas específicas de aviação. Em campanha, o posto de comando da Bda Av Ex comumente é desdobrado junto ao do Com TO. Importante é salientar que não há uma dosagem básica de emprego para as unidades da Av Ex em relação a algum escalão da F Ter. A FTC, por ser o mais alto escalão a conduzir operações táticas, é normalmente o elemento mais indicado para enquadrar a Bda Av Ex, permitindo que as unidades dessa GU sejam empregadas de forma mais ampla. O enquadramento da Bda Av Ex pelo Com TO pode ocorrer quando do seu emprego estratégico ou quando o Com TO visualizar uma DE, empregada em uma direção estratégica isoladamente. Por sua vez, a Divisão de Exército, por suas características, estrutura e meios, é o menor escalão da F Ter que tem condições de coordenar e controlar adequadamente o emprego de uma unidade aérea, utilizando, na plenitude, a sua capacidade operacional. Em tempo de paz e até o agravamento da intensidade do conflito para a situação de guerra (conflito armado), a Bda Av Ex funciona como um núcleo, integrando o Comando de Aviação do Exército, dispondo de efetivo necessário ao planejamento e controle das operações, da instrução e do adestramento das unidades da Av Ex. O Com Av Ex é um Grande Comando, constituído desde o tempo de paz. Quando da ativação da Estrutura Militar de Guerra (EMG), os Esquadrões de Aviação do Exército comporão a estrutura organizacional da Bda Av Ex para a realização das operações aeromóveis (Op Amv). A Bda Av Ex, quando ativada a EMG, será constituída, pelos seguintes elementos: - Comando; - Esquadrilha de Comando; - Esquadrões de Aviação do Exército (de 2 (dois) a 6 (seis)); e - Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército. O Com Av Ex constitui-se, desde o tempo de paz, dos seguintes elementos: - Comando; - Esquadrilha de Comando da Bda Av Ex; - Esquadrões de Aviação do Exército;

31 - Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército; - Parque de Manutenção de Material de Aviação do Exército; - Centro de Instrução de Aviação do Exército; e - Base de Aviação de Taubaté. O Esqd Av Ex constitui-se dos seguintes elementos: - Comando e Esquadrilha de Comando e Apoio; - 1 (uma) Esquadrilha vocacionada para o cumprimento das missões de combate: reconhecimento aeromóvel e ataque aeromóvel, chamada de Esquadrilha de Helicópteros de Reconhecimento e Ataque; - 2 (duas) Esquadrilhas vocacionadas para o cumprimento das demais missões de combate, das missões de apoio ao combate e de apoio logístico, chamadas de Esquadrilhas de Helicópteros de Emprego Geral; e - 1 (uma) Esquadrilha encarregada da manutenção e suprimento do material de aviação, chamada de Esquadrilha de Manutenção e Suprimento de Aeronaves. Nos dias de hoje, todo o Com Av Ex encontra-se desdobrado na cidade de Taubaté, no estado de São Paulo, exceção feita a dois de seus esquadrões: um situado na cidade de Manaus, no estado do Amazonas e o outro, na cidade de Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul. 4.2 O ESQUADRÃO DE AVIAÇÃO DO EXÉRCITO 4.2.1 GENERALIDADES Pode-se considerar os esquadrões como as principais unidades de emprego da Av Ex, por possuírem as peças de manobra constituídas (para reconhecimento, ataque e transporte de tropa e material) e contarem com um mínimo de suporte logístico de manutenção orgânico. Dessa maneira, passa-se a tratar, agora, do Esqd Av Ex, sendo a fração que, normalmente, atuará em apoio à Bda Inf Pqdt, integralmente constituída ou por meio de suas peças de manobra separadamente. No que tange aos meios de combate, o Esqd Av Ex possui uma estrutura flexível, pois o comandante da unidade pode organizar seu esquadrão compondo forças de helicópteros, de modo a atender as missões recebidas da melhor maneira. A força de helicópteros (F He) é uma fração da Av Ex, que não tem constituição fixa,