GT: CURRÍCULO CRÍTICO E EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS SOBRE FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE NA ESCOLA

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Transcrição:

GT: CURRÍCULO CRÍTICO E EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS SOBRE FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE NA ESCOLA Título: A IMPORTÂNCIA DA SONDAGEM DA ESCRITA PARA O PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES DO PIBID NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Autora: Mirela dos Santos Amaral, graduanda de Pedagogia, UFC Coautoras: Christiane de Sousa Barbosa, graduanda de Pedagogia, UFC Gessica Nunes Noronha, graduanda de Pedagogia, UFC Tauane Gomes Moreira, graduanda de Pedagogia, UFC Maria José Albuquerque da Silva, Professora Adjunta, UFC INTRODUÇÃO O presente trabalho constitui relato de ação desenvolvida no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) 1, mais especificamente no subprojeto de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC). O programa foi instituído em 2007 e ampliado em 2009 e 2010, tendo como objetivos, dentre outros, valorizar o magistério, inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública e incentivar a formação de professores para a Educação Básica. Trata-se, evidentemente, de uma parceria importante estabelecida entre universidades e escolas, como espaços de formação docente focados na práxis como ação transformadora da realidade social. 1 A Portaria Normativa do Ministério da Educação nº 38, de 13 de dezembro de 2007 instituiu o PIBID, coordenado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E sua ampliação para formação inicial de docentes para toda a educação básica se deu mediante a Portaria nº 122, de 16/09/2009, Art. 1º, 1º.

Com o início das atividades em março de 2014, o projeto denominado Alfabetizar letrando na Educação Infantil e Ensino Fundamental I: promovendo uma aprendizagem significativa com ludicidade, vem se desenvolvendo no seio da vida acadêmica e escolar, em sintonia com os objetivos traçados pelo PIBID, atuando em 03 escolas parceiras e contando com os seguintes bolsistas: 01 professora do curso de Pedagogia e coordenadora de área, com 18 alunos graduandos e 03 professoras da Educação Básica. O grupo de pibidianos realiza sessões de estudos, oficinas e planejamento das ações em 01 dia da semana, e desenvolve suas atividades nas escolas durante 02 dias semanais, cumprindo uma carga horária semanal de 12 horas aulas, de acordo com o previsto na legislação vigente. (BRASIL, 2013). Uma vez que o interesse maior do projeto é colaborar de forma lúdica para tornar a aprendizagem da leitura e da escrita mais significativa para os alunos, consideramos profícuo definir alfabetização, letramento e ludicidade, a fim de evidenciar melhor alguns dos pressupostos teóricos do trabalho desenvolvido pelo grupo de pibidianos. Magda Soares (2004) apresenta algumas definições sobre alfabetização e letramento, contudo, a autora destaca o caráter indissociável de ambos os processos, advertindo que se faz necessário que a escola trabalhe em conjunto, tanto em relação à questão da complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever quanto em relação ao caráter social embutido nos processos de alfabetização e letramento. De acordo com a autora: A entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição da escrita a alfabetização e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita o letramento. (2004, p.14). Desse modo, sucintamente, a alfabetização pode ser definida com o aprendizado da leitura e da escrita; o letramento, por sua vez, como as práticas sociais de leitura e escrita. Isso significa que ensinar a ler e a escrever é um passo fundamental na formação do aluno, mas é insuficiente, pois é preciso que este, ao se apropriar do sistema

de escrita, tenha condições de fazer uso desse aprendizado no contexto social em que vive, de modo que a leitura e a escrita não se resumam à mera decodificação de letras e palavras; mais do que isso, é essencial que elas tenham sentido e significado para esse sujeito que vive em uma dada sociedade, ajudando-o a compreender o mundo e a interagir com o seu entorno. É nesse sentido que, embora distintos, os termos alfabetização e letramento se complementam e, juntos, favorecem o processo de ensino e de aprendizagem. (SOARES, 2014). Quanto à ludicidade, é importante considerar, primeiramente, que o ensino fundamental no Brasil, mais especificamente, nas escolas públicas, está historicamente marcado pelo tradicionalismo enviesado, ou seja, o ensino copista baseado na escrita do conteúdo no quadro pelos professores e seu registro no caderno pelos alunos, tornando o processo de aprendizagem da leitura e da escrita um ato repetitivo, desinteressante e enfadonho, pouco compreendido pelos alunos. Isso, sem dúvida, contribui para gerar a evasão escolar e para promover o chamado pedagocídio (CORTELLA, 2008), o que se constitui em alvo de nossa atenção, pois estamos em processo de formação acadêmica e profissional, e temos a pretensão de contribuir para registrar uma nova página na história do ensino no Brasil e no Ceará, com base numa proposta que contemple alegria, interesse e prazer em ensinar e aprender de forma lúdica, criativa e alegre. O termo lúdico tem sua origem latina em "ludus", e significa "jogo, brincar. Explorando o sentido pedagógico, o brincar tem uma função educativa no desenvolvimento da criança. (VIGOTSKI, 1988). A ludicidade como estratégia de ensino e aprendizagem possibilita vivência de situações-problemas que podem favorecer o raciocínio lógico, as atividades físicas e mentais, a sociabilidade, as relações afetivas, cognitivas, sociais, morais, culturais, linguísticas dos sujeitos envolvidos no ato de brincar. (SANTOS, 2013). A partir dessa configuração inicial, estudamos sobre como realizar a sondagem do nível de escrita das crianças na escola, com o intuito de planejar ações dinâmicas e interativas para ajudá-las a evoluir cada vez mais na leitura e na escrita. Assim, com o

início das atividades do projeto nas 03 escolas, o primeiro passo das nossas ações na escola foi realizar a sondagem do nível da leitura e escrita dos alunos, com base na teoria de Emília Ferreiro e Ana Teberosky sobre a Psicogênese da Língua Escrita (1999), que consiste na identificação do nível em que as crianças se encontram em relação à leitura e à escrita Um detalhe importante é que a sondagem não deve contar com a intervenção direta do adulto, pois cabe a este apenas mediar e aferir as hipóteses já construídas pela criança acerca da escrita e da leitura. A teoria de Ferreiro e Teberosky (1999) destaca 04 etapas/níveis de escrita: Présilábico, Silábico, Silábico-alfabético e Alfabético. No nível pré-silábico a escrita não apresenta nenhuma correspondência sonora e tem como principais características: não se relaciona a escrita com a fala, usa as letras do nome para escrever tudo, etc. No nível Silábico a criança procura efetuar correspondência entre grafia e sílaba, geralmente uma grafia para cada sílaba, tem como características: usa uma letra para cada fonema, ao escrever frases, pode usar uma letra para cada palavra, etc. No nível Silábico-Alfabético cada grafia corresponde a um som, tem como características: compreensão que a escrita representa os sons da fala e reconhece os sons das letras, etc. No nível Alfabético, por sua vez, a escrita é organizada com base na correspondência entre grafias e fonemas, tem como características: compreensão social da escrita procura adequar a escrita à fala, inicia preocupação com as questões ortográficas, etc. Com a aplicação do teste, os alunos são devidamente encaixados nesses níveis dependendo das características apresentadas. E, partir daí, as atividades podem ser planejadas, visando beneficiar as crianças e seu aprendizado. O teste desenvolvido por Ferreiro e Teberosky (ibidem) consiste na leitura e escrita de 04 palavras do mesmo campo semântico, sendo: 01 polissílaba, 01 trissílaba, 01 dissílaba e 01 monossílaba respectivamente, e por fim o aluno escreve uma frase que deve haver pelo menos uma das palavras escritas anteriormente. É importante salientar que o adulto de forma alguma deve interferir na escrita e leitura durante o teste.

Portanto o primeiro passo foi à inserção de todos os bolsistas nas 03 escolas municipais de Fortaleza, seguido da realização da sondagem, de modo que os alunos das referidas escolas foram chamados individualmente para realizar o teste, iniciado quando o bolsista graduando ditava a palavra e a criança, munida de lápis e papel, escrevia, sem interferências do aluno graduando. Depois de cada palavra escrita era solicitado a sua leitura pelo aluno. Com essa atividade realizada, e a identificação de cada aluno nos níveis de leitura e escrita, nos questionamos sobre a importância da mesma para o desenvolvimento dos alunos. Portanto, neste artigo procuramos compreender a importância da avaliação inicial da leitura e escrita dos alunos do 1º ano do ensino fundamental, e de que modo essa avaliação contribui para o planejamento e execução de atividades na busca da alfabetização e do letramento. METODOLOGIA Partimos de um ponto interessante que Soares (2014, p. 1) ressalta sobre a possibilidade de uma pessoa ser alfabetizada e não ser letrada e vice-versa: No Brasil as pessoas não leem. São indivíduos que sabem ler e escrever, mas não praticam essa habilidade e alguns não sabem sequer preencher um requerimento. Com base nessa visão, nós bolsistas do PIBID, da Pedagogia, aceitamos o desafio de contribuir, nas escolas, para alfabetizar letrando de maneira lúdica, buscando fundamentar nosso trabalho pedagógico em autoras como Ferreiro e Teberosky (1999), que argumentam: Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita. (p. 23). É importante todo educador ter a consciência de que a criança possui uma herança cultural, que ela já traz consigo valores e crenças para a escola. Assim também, é preciso

reconhecer que há diferentes tipos de crianças, de sujeito, e que cada tem um ritmo próprio, e que deve ser respeitado. Precisamos desviar o enfoque do como se ensina para o como se aprende, colocando assim a escrita no seu devido lugar como objeto sócio-cultural de conhecimento. Tirando da escola o monopólio da alfabetização e colocando no centro dessa questão o sujeito ativo e inteligente que Piaget descreveu. A ideia de que o aprendiz precisa pensar sobre a escrita para se alfabetizar era revolucionária. (FERREIRO; s.p.). Estando cientes do desafio que teríamos à frente de nossas atividades nas escolas parceiras, durante o mês de março e abril participamos, primeiramente, de reuniões como alunas bolsistas e a coordenadora do projeto na Faculdade de Educação (FACED) da UFC. Reuniões que visavam antes de tudo uma apropriação da teoria para então a mesma ser aplicada na prática. Conforme já mencionado, uma vez por semana todos os integrantes do projeto se reúnem, com o auxílio de recursos e estratégias (textos, livros, vídeos, oficinas) sobre alfabetização e letramento, debatendo detidamente sobre essas questões. Materiais estes que tratam sobre as hipóteses da grafia infantil segundo Ferreiro e Teberosky (1999), dicas de atividades para cada nível de leitura e escrita, como se realiza uma sondagem, dentre outros. A partir do momento em que os (as) alunos (as) bolsistas se apropriam e se aprofundam no mundo da alfabetização e do letramento, partem mais seguros e confiantes para a prática. Algumas semanas se passaram com observações participantes em sala de aula. É de importância que as palavras ditadas sejam iniciadas por uma polissílaba, trissílaba, dissílaba e monossílaba. A cada palavra ditada pediu-se ao aluno para ler em voz alta o que acabou de escrever com a marcação de seu dedo. Foi indicado que não houvesse intervenção no momento da sondagem por parte do bolsista e que essa atividade acontecesse em um ambiente calmo e sem maiores distrações, para se ter um resultado

mais concreto. Se alguma dúvida surgisse no meio do processo ela poderia ser exposta nas reuniões para assim ser respondida. Com a sondagem realizada a próxima fase foi a do diagnóstico, ou seja, de acordo com as instruções de Ferreiro e Teberosky (1999), foram analisadas as escritas elaboradas pelos próprios alunos e a partir dos dados coletados se obteve um conhecimento sobre a hipótese da escrita infantil em que o aluno se encontrava. Segundo essas autoras (ibidem), as crianças elaboram conhecimentos sobre a leitura e escrita, passando por diferentes hipóteses até se apropriar de toda a complexidade da língua escrita. Para a Teoria da Psicogênese, toda criança passa por níveis estruturais da linguagem escrita até que se aproprie da complexidade do sistema alfabético. São eles: o pré-silábico, o silábico, que se divide em silábico-alfabético, e o alfabético. É importante ressaltar que a passagem de um nível para o outro é gradual e depende muito das intervenções feitas pelo/a professor/a. Para acompanhar o nível das crianças, utilizamos uma tabela para facilitar no acompanhamento e no planejamento das ações junto à turma em que cada um está na escola, evitando que em algum momento do processo haja uma confusão sobre o nível (ou mais de um nível, concomitantemente!) em que o aluno se encontra. Depois que o diagnóstico foi realizado por todos os bolsistas, entre março e abril deste ano, os (as) graduandos têm se reunido semanalmente, de acordo com a série em que estão atuando nas escolas (do infantil ao ensino fundamental I), e, com o auxílio dos mais diversos materiais disponíveis elaboram atividades lúdicas e significativas que se encaixassem em todos os níveis, desde o pré-silábico até o alfabético, levando em consideração que uma criança pode colaborar como mediadora de outra criança e fazendo com que a criança do nível silábico, por exemplo, avance para o nível seguinte. Temos realizado, nas escolas, ações do tipo: contações de histórias a partir de vários gêneros textuais como contos, lendas, parlendas, trava-línguas, poesias, fábulas; bingos de letras; jogos, cruzadinhas, oficinas de desenhos, pinturas, vídeos, dentre outros.

Visamos formar o leitor e, junto com eles, assegurar nossa formação com base na práxis, ou seja, associando a teoria com a prática. RESULTADOS O nosso trabalho de sondagem foi realizado com quatro turmas do primeiro ano do ensino fundamental de duas escolas públicas. A avaliação diagnóstica foi aplicada em 03 turmas do 1ª ano de uma escola e em uma turma do 1º ano da outra escola, abrangendo em torno de 85 alunos com faixa etária entre seis e oito anos. Em nossa pesquisa, durante a aplicação da avaliação diagnóstica pudemos avaliar e definir o nível de cada criança. Os quatro bolsistas responsáveis pela aplicação em depoimentos de avaliação da sondagem relataram que muitas crianças não conseguiram ler as palavras que escreveram, confirmando a visão de Ferreiro e Teberosky (1999). Relatamos, também, a dificuldade de cada criança em tentar escrever e ler corretamente as palavras. Porém, todo avanço e tentativa de cada criança em escrever e ler corretamente é significativo, pois o processo de aquisição da leitura e da escrita se dá de forma gradativa e cada esforço de estabelecer relações da fala com a escrita é muito importante para esse processo, pois este é justamente o objetivo da avaliação diagnóstica apreender e verificar a relação das crianças com a escrita a fim de elaborar atividades que promovam novos avanços na aprendizagem das crianças. Em nossos resultados na primeira turma que tinha 22 crianças nós encontramos dez em nível pré-silábico, nove em silábico, duas em silábico-alfabético e uma criança em nível alfabético. Na segunda turma que tinha 18 alunos, encontramos quinze crianças pré-silábicas, duas silábicas, nenhuma silábico-alfabética e uma alfabética. É importante destacar que em uma das aplicações uma criança chorou e se recusou a realizar a sondagem, porém em outro dia ela se disponibilizou para realizar. Com este fato pudemos perceber a grande

pressão que as crianças sofrem durante o processo de aquisição da leitura e da escrita e assim, se faz importante iniciativas como esta que propõem este aprendizado de forma lúdica e prazerosa, como é o caso do trabalho realizado no PIBID. Na terceira turma que tinha 21 crianças na chamada, durante a realização da sondagem, três crianças faltaram e uma criança era autista, então não aplicamos a sondagem com ela. Do restante, encontramos quatorze crianças em nível pré-silábico, duas em silábico e uma em nível alfabético. Não foi diagnosticada nenhuma criança em nível silábico-alfabético. Houve casos em que as crianças estavam em transição, mas foram colocadas onde tinham mais características. Na quarta e última turma tínhamos 24 crianças, sendo que cinco delas estavam faltando bastante e durante a realização do teste elas também faltaram e por isso o teste não foi realizado com elas. Nessa sondagem encontramos dezesseis crianças présilábicas, três silábicas, nenhuma silábico-alfabética e nenhuma alfabética. É importante destacar que, exceto na segunda turma nenhuma criança se recusou a realizar o teste, pois antes da aplicação do mesmo fizemos uma sensibilização para a atividade e de sua importância além de explicitar que a tal atividade não tinha caráter de reprovar ou punir nenhuma criança. Após a constatação destes resultados pudemos reconhecer cada criança e suas hipóteses sobre a leitura e a escrita, e, munidas destes saberes estamos organizando atividades de modo que estas possam promover um aprendizado significativo e assim provocar uma elevação no conhecimento de cada criança. CONCLUSÃO Por meio da experiência das alunas bolsistas em sala de aula e de pesquisas realizadas para a aplicação da avaliação diagnóstica segundo as instruções de Emília Ferreiro, concluímos que o ato de sondar a hipótese silábica dos alunos acrescenta qualidade e eficácia ao nosso trabalho. Com a sondagem diagnóstica, foi possível compreender melhor a realidade dos alunos e acompanhar mais de perto suas

transformações por meio das atividades e estratégias pedagógicas. Depois da aplicação dos referidos testes, o planejamento tornou-se direcionado aos níveis apontados pelos mesmos, auxiliando o cumprimento do nosso objetivo que é alfabetizar letrando de forma lúdica e alegre. A realização da sondagem diagnóstica estruturou pedagogicamente nossas ações em sala de aula. Há a necessidade de aplicarmos a sondagem mais vezes no decorrer do ano letivo e produzirmos uma tabela contendo as informações coletadas, pois assim será possível acompanhar o nível em que os alunos se encontram e a velocidade em que as hipóteses sobre o sistema de escrita foram formuladas e verificadas empiricamente. Verificamos que, através das reuniões em grupos de alunos bolsistas e de acordo com as hipóteses sobre o sistema de escrita apontados nos testes, houve uma troca rica de conhecimentos entre os participantes do projeto, pois todas partilharam sobre como lidaram com o nível específico de cada grupo, problematizando situações vividas e sugerindo atividades para adequarmos ao nosso planejamento e a realidade das nossas salas de aula. A oportunidade que nos foi dada através do PIBID, com as reuniões de formação e a prática em sala de aula vem contribuindo decisivamente para nos preparar com mais qualidade acadêmica e profissional para assumir a nossa função perante a sociedade e nos incentiva a realizar um trabalho cada vez mais embasado teoricamente, articulando cada vez mais a teoria e a prática. REFERÊNCIAS BRASIL. Portaria da CAPES nº 96, de 18/07/2013, institui o Regulamento do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Brasília/DF: Ministério da Educação/CAPES, 2013. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/portaria_096_18jul13_a provaregulamentopibid.pdf>. Acesso em 13 de novembro 2013.

CORTELLA, Mario Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Artmed Editora. Porto Alegre. 1999. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. Nº 25, 2004. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. Nº 25, 2004. Disponível em: http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professoresatividades/94/artigo252538-1.asp. Acesso 19 maio 2014. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/praticapedagogica/ditado-sondagem-alfabetizacao-618975.shtml. Acesso 19 maio 2014. O QUE É ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO. Entrevista com Magda Soares. Disponível em: http://www.e-educador.com/index.php/artigos-mainmenu-100/201-oque-letramento-. Acesso 19 maio 2014. SANTOS, Élia Amaral do Carmo. O lúdico no processo ensino aprendizagem. Disponível em: < http://need.unemat.br/4_forum/artigos/elia.pdf > Acesso 12 mar 2014. VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.