Perfil dos exportadores brasileiros para a China

Documentos relacionados
TEXTO PARA DISCUSSÃO N o 1091

PRODUÇÃO, TECNOLOGIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Fernanda De Negri (IPEA)

INOVAÇÃO E BIOTECNOLOGIA NA POLÍTICA INDUSTRIAL BRASILEIRA. FERNANDA DE NEGRI Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Fatos estilizados. 7. África está sendo segregada do comércio internacional

Março/2011. Pesquisa Fiesp de Perspectivas de Exportação Produtos Industrializados. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos 1

Inserção do Brasil no setor de serviços da economia mundial. Eduardo Bom Angelo Presidente da Brasilprev

A Produtividade e a Competitividade da Indústria Naval e de BK Nacional. Fernanda De Negri Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA

Julho / Indicador Fiesp de Perspectivas de Exportação Produtos Industrializados. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Outubro / Indicador Fiesp de Perspectivas de Exportação Produtos Industrializados. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Comércio Internacional: Impactos no Emprego. Março 2009 DEREX / DEPECON / DECONTEC 1

Competitividade global: métodos e experiências

Por que as empresas que inovam crescem mais?

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

A NOVA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA E O NOVO EMPRESARIADO:... uma hipótese de trabalho

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E EXPORTAÇÕES DAS FIRMAS BRASILEIRAS RESUMO

Vulnerabilidade externa estrutural do Brasil

Visão. O potencial inovador das empresas brasileiras. do Desenvolvimento. nº abr 2011

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

M rço o / Ind n i d cado d r o Fi F esp p de d Pe P rspe p ctivas de d Ex E po p r o tação P od o u d t u os o Ind n u d s u trializado d s o

PERSPECTIVAS DO SETOR EXTERNO CATARINENSE DIANTE DA CRISE ECONÔMICA INTERNACIONAL

O Impacto da Internacionalização com Foco na Inovação Tecnológica sobre as Exportações das Firmas Brasileiras*

Caso de Internacionalização de Empresa de Cosméticos (1/5) Indústria buscava orientação para entrada em mercado externo

COMÉRCIO EXTERIOR OUTUBRO/2018. Exportações de Santa Catarina têm melhor outubro da história JAN-OUT 2018

BIC. Encarte Estatístico da Indústria e do Comércio Exterior

Produção e Comércio Mundial de Vinhos. Loiva Maria Ribeiro de Mello¹

Comércio e Fluxo de Capital, seus Efeitos nas Contas Nacionais

Dados estatísticos revelam o perfil da mão-de-obra, o desempenho e a participação no contexto nacional do setor gráfico do Estado do Pará

COMÉRCIO EXTERIOR SETEMBRO/2018

Crise Internacional e Impactos sobre o Brasil. Prof. Dr. Fernando Sarti

Uma análise dos setores exportadores das economias brasileira e paranaense

Comércio internacional: Determinantes. Reinaldo Gonçalves

Os Dilemas e Desafios da Produtividade no Brasil

Complexo Industrial da Saúde no Brasil Financiamento e Trajetória de Atuação do BNDES. Pedro Palmeira Filho 7º ENIFarMed São Paulo - agosto de 2013

A China e as Exportações Brasileiras

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO EM SANTA CATARINA: CARACTERÍSTICAS E CAMINHOS PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO

Câmbio, custos e a indústria

Há espaços competitivos para a indústria farmoquímica brasileira?

Desindustrialização no Brasil Diagnósticos, Causas e Consequências

EXPORTAÇÕES DE AÇÚCAR PARA A CHINA CRESCEM 92% EM DEZEMBRO

Monitor do Déficit Tecnológico. Análise Conjuntural das Relações de Troca de Bens e Serviços Intensivos em Tecnologia no Comércio Exterior Brasileiro

Complexo Econômico-Industrial da Saúde: uma visão geral

Relatório Aprendendo a Exportar

A Nova Agenda Carlos Américo Pacheco São Paulo, 08 de novembro de 2006

Oportunidades do pré-sal para o desenvolvimento do Brasil. João Alberto De Negri 16/08/2010 USP

FORMULÁRIO PADRÃO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

UNCTAD WIR 2007 WORLD INVESTMENT REPORT SOBEET

Comércio Exterior do Complexo Econômico-Industrial da Saúde

Os financiamentos do BNDES e a inserção das firmas no comércio internacional: uma análise a partir de microdados

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

Competitividade do Setor de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem

Comércio internacional. Reinaldo Gonçalves Prof. Titular IE-UFRJ

RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA MENSAL

Novas Linhas de Apoio da Finep. Fortaleza Março / 2018

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2014

A proposta do Núcleo de Pesquisas Econômicas é elencar variáveis que sejam atinentes ao desenvolvimento econômico e industrial do Município.

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

A Indústria de Transformados Plásticos

Proposta Nova Metodologia Belo Horizonte, MG - 26/06/2017

Cenário Moveleiro. Análise econômica e suporte para as decisões empresariais. Número 01/2006. Cenário Moveleiro Número 01/2006 1

Análise da Balança Comercial Brasileira de 2011

Complexo Econômico-Industrial da Saúde: visão geral

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos INFORMÁTICA JANEIRO DE 2016

EXPORTAÇÕES DE AÇÚCAR PARA A CHINA SOBEM 82% EM FEVEREIRO

EXPORTAÇÕES PARA UNIÃO EUROPEIA SOBEM 232% EM JANEIRO

Desafios da inovação no contexto brasileiro. Carlos Arruda Núcleo de Inovação

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

N 170 Graduação de empresas: uma análise das alterações de porte das micro e pequenas empresas exportadoras brasileiras no período

O Brasil na Evolução do Comércio Mundial

Análise CEPLAN Clique para editar o estilo do título mestre. Recife, 17 de novembro de 2010.

ipea Gastos empresariais em pesquisa e desenvolvimento no Brasil Bruno Cesar Araújo Fernanda De Negri Luiz Ricardo Cavalcante

Plano Brasil Maior 2011/2014. Inovar para competir. Competir para crescer.

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior

EFEITOS DA TAXA DE CÂMBIO SOBRE A INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

Política Industrial e o Setor de Petróleo

PROCESSO DE AGREGAÇÃO

Setor Externo: Nebulosidade e Turbulências à Frente

10. Em Foco IBRE: A Fragilidade do Superávit da Balança Comercial

Comércio internacional. Reinaldo Gonçalves Prof. Titular IE-UFRJ

Desafios da produtividade no Brasil

Os principais parceiros do Brasil e a agenda de acordos. Lia Valls Pereira. Pesquisadora e economista da Economia Aplicada do IBRE/FGV

Prof. Dr. Fernando Sarti

Enaex Financiamento às exportações para a retomada do crescimento

COMÉRCIO EXTERIOR SANTA CATARINA

V AVISULAT Porto Alegre/RS

Perspectivas do Comércio Exterior Brasileiro

Encontro Nacional de Comércio Exterior ENAEX 2016

A A DEMANDA de PAPEL MUNDIAL e SUSTENTABILIDADE. 2o. CONGRESSO FLORESTAL DO MATO GROSSO DO SUL 8 de Junho de 2010

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL INDICADORES CONJUNTURAIS JUNHO/18

Balanço Anual 2016 e Perspectivas Coletiva de Imprensa 06/02/2017

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Cadeias globais de valor, Áreas Econômicas Especiais e inserção da Amazônia : O modelo Zona Franca de Manaus

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

Comércio Exterior AGOSTO/2018. Exportações catarinenses têm forte salto no acumulado. de 2018 JAN-AGO 2018

O percentual das exportações sobre faturamento, ao contrário do que muitos suspeitam, não possui, aparentemente, nenhuma, relação com porte da

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

BRICS: área (em milhões de km 2 ) Total BRICS: 38 milhões km 2 (30%) 16,4 (12,6%) 9,3 (7,2%) 3,0 (2,3%) 1,2 (0,9%) 8,5 (6,5%) Fonte: WDI Banco Mundial

Hortifruti Brasil * Cepea 17/02/06

Comércio Exterior JULHO/2018. Exportações catarinenses crescem em julho voltam a superar

INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX

Transcrição:

Perfil dos exportadores brasileiros para a China Fernanda De Negri Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

Objetivos e estrutura EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA A CHINA Apresentar a estrutura tecnológica da da pauta de de exportações brasileiras para a China vis vis a vis vis o resto do do mundo. PERFIL DOS EXPORTADORES INDUSTRIAIS PARA A CHINA Como são os os exportadores brasileiros para a China? PERFIL DAS EXPORTAÇÕES INDUSTRIAIS Comparar a pauta de de exportações para a China e para o resto do do mundo das firmas que estão inseridas no no mercado Chinês. PADRÕES DE DE CONCORRÊNCIA Analisar o comércio com a China, segundo padrões de de concorrência das firmas exportadoras. DETERMINANTES DAS EXPORTAÇÕES PARA A CHINA Verificar quais os os fatores que explicam exportar ou ou não para a China

Método Recorte: Indústria de transformação Fontes de informação utilizadas: - Pesquisa Industrial Anual (PIA) - Pesquisa Nacional de Inovação Tecnológica (PINTEC), ambas do IBGE. - Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho - Comércio exterior Brasileiro, da SECEX. Metodologia de classificação dos produtos exportados, segundo intensidade tecnológica: - UNCTAD (2002)

Exportações Brasileiras para a China

Exportações para a China: número de empresas e valor médio. US$ US$ Milhões Milhões 3,50 3,50 3,00 3,00 2,50 2,50 2,00 2,00 1,50 1,50 1,00 1,00 0,50 0,50 0,00 0,00 1996 1996 1997 1997 1998 1998 1999 1999 2000 2000 2001 2001 2002 2002 2003 2003 1600 1600 1400 1400 1200 1200 1000 1000 800 800 600 600 400 400 200 200 0 número número Fonte: Fonte: SECEX. SECEX. valor valor médio médio número número de de empresas empresas

Pauta de exportações do Brasil Brasil -mundo 8% 8% 12% 12% 2003 Brasil- China 1% 3% 1% 3% 10% 10% 19% 19% 17% 17% 40% 40% 13% 13% 8% 8% 62% 62% 7% 7% Alta Alta Baixa Baixa Commodities Commodities Primárias Primárias Fonte: SECEX e UNCTAD Média Média Trabalho Trabalho e Recursos Recursos Naturais Naturais Não Não classificados classificados

Pauta de exportações industriais do Brasil Brasil -- Mundo 2003 4% 4% 15% 15% Brasil -- China 0% 0% 6% 19% 6% 19% 31% 31% 23% 23% 28% 28% 16% 16% 11% 11% 13% 13% 34% 34% Alta Alta Média Média Baixa Baixa intensidade M.O. M.O. e R.N. R.N. Commodities Não Não Classif. Fonte: SECEX e UNCTAD

Perfil das firmas industriais, exportadoras para a China

Perfil dos exportadores industriais ESCALA Indicadores Firmas que exportam para a China Firmas que não exportam para a China Total - Firmas exportadoras Número de firmas 1052 8613 9665 Faturamento (R$ mil) 286.200 27.955 56.064 Eficiência de Escala 0,74 0,72 0,72 Exportações médias Mundo (US$ mil - 2003) 28.696 1.241 4.223 Exportações médias China (US$ mil - 2003) 2.409 - - Fonte: PINTEC (2000), PIA (2001), SECEX (2000 a 2003), RAIS (2000).

Perfil dos exportadores industriais EFICIÊNCIA e TECNOLOGIA Indicadores Firmas que exportam para a China Firmas que não exportam para a China Total - Firmas exportadoras Número de firmas 1052 8613 9665 Produtividade (VTI/PO em R$) 114.933 50.207 57.262 % de firmas inovadoras 68,3 55,8 57,2 Gastos em P&D (% da RLV) 1,11 0,68 0,72 Fonte: PINTEC (2000), PIA (2001), SECEX (2000 a 2003), RAIS (2000).

Perfil dos exportadores industriais MÃO-DE-OBRA Indicadores Firmas que exportam para a China Firmas que não exportam para a China Total - Firmas exportadoras Número de firmas 1052 8613 9665 Pessoal ocupado 894 211 286 Escolaridade (anos de estudo) 8,24 7,80 7,85 Remuneração (R$/mês) 1.120 772 811 Tempo de emprego (meses) 55 43 44 Fonte: PINTEC (2000), PIA (2001), SECEX (2000 a 2003), RAIS (2000).

Número de firmas exportadoras, por tamanho Receita total (R$ milhões) Total (a) Para a China (b) % (b/a) Part. da China nas exportações < 2 1899 68 4% 37% (2 5] 1931 89 5% 21% (5 10] 1555 79 5% 7% (10 20] 1430 124 9% 9% (20 50] 1280 169 13% 7% (50 100] 673 150 22% 5% (100 200] 409 109 27% 5% (200 500] 286 125 44% 5% > 500 202 139 69% 4% Fonte: PIA (2001), SECEX (2000 a 2003)

Pauta de exportações das firmas inseridas no mercado Chinês

Pauta de exportações das firmas industriais brasileiras que exportam para a China (%) Produtos China Am. Latina Am. do Norte União Européia Commodities 28% 8% 12% 56% M.O. E Recursos Naturais 14% 11% 12% 13% Baixa intensidade 34% 9% 9% 6% Média intensidade 19% 51% 24% 16% Alta intensidade 6% 19% 31% 9% Não classificados 0% 2% 12% 1% Total 100% 100% 100% 100% Fonte: SECEX (2003).

Padrões de concorrência

Padrões de concorrência das firmas que exportam para a China PADRÃO 1. Firmas que inovam e diferenciam produto 21% dessas firmas já estão no mercado chinês Essas firmas são 20% das que exportam para a China. Responsáveis por aproximadamente 10% das exportações para a China. Entre 2000 e 2003, essas firmas foram deficitárias em aproximadamente US$ 120 milhões. PADRÃO 2. Firmas produtoras de bens padronizados 10% dessas firmas estão no mercado chinês Essas firmas são 80% das que exportam para a China Responsáveis por 90% das exportações para a China. Essas firmas obtiveram, na China, um superávit de US$ 3,7 bilhões entre 2000 e 2003. Entre as que exportam para os mercados desenvolvidos 14% são firmas que inovam e diferenciam produtos e 86% são firmas exportadoras de produtos padronizados.

Determinantes das exportações para a China

Fatores determinantes das exportações para a China Inovações de processo aumentam a probabilidade da firma de exportar para a China: processo para o mercado: 5,7% processo para a firma: 3,7% Exportar para o resto da Ásia aumenta em 21% as as chances da firma exportar para a China. Existem 2027 firmas que exportam para o restante da Ásia e não exportam para a China (potenciais exportadores para a China). Quando a firma exporta para o resto da Ásia, suas exportações para a China são também maiores Empresas estrangeiras tem uma probabilidade 7% superior de exportar para a China.

Síntese dos resultados

SÍNTESE Existe potencial de ampliação das exportações industriais brasileiras para a China: Grande número de exportadores de menor escala que ainda não estão no no mercado Chinês. Pequena importância da China como mercado de destino dos grandes exportadores brasileiros vis vis a vis visos exportadores de menor escala. Firmas que já jáexportam para a Ásia mas ainda não exportam para a China (2027): essas firmas já já romperam barreiras geográficas e culturais do mercado asiático e possuem características semelhantes às às exportadoras para a China.

SÍNTESE A maior parte dos grandes exportadores brasileiros já jáestá no no mercado Chinês. Firmas que exportam para a China são firmas com indicadores de competitividade superiores à média dos exportadores brasileiros. São firmas que exportam todos os os tipos de produtos, inclusive produtos de maior intensidade tecnológica para mercados como o mercado norte-americano. Entretanto, para o mercado chinês, essas mesmas empresas vendem mais commodities, produtos intensivos em recursos naturais e produtos de baixa intensidade tecnológica. Os fatores que explicam o baixo valor agregado dos produtos exportados para a China não estão na firma