FAG FACULDADE ASSIS GURGACZ ANDRÉIA APARECIDA HELLSTROM EXCESSO DE PESO COMO FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS: HIPERTENSÃO E DIABETES



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Transcrição:

FAG FACULDADE ASSIS GURGACZ ANDRÉIA APARECIDA HELLSTROM EXCESSO DE PESO COMO FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS: HIPERTENSÃO E DIABETES CASCAVEL 2006

2 FAG FACULDADE ASSIS GURGACZ ANDRÉIA APARECIDA HELLSTROM EXCESSO DE PESO COMO FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS: HIPERTENSÃO E DIABETES Trabalho apresentado ao Curso de Nutrição, da Faculdade Assis Gurgacz FAG, como requisito de conclusão da graduação. Orientadora: Ms. Márcia Cristina Dalla Costa CASCAVEL 2006

3 FACULDADE ASSIS GURGACZ ANDRÉIA APARECIDA HELLSTROM EXCESSO DE PESO COMO FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS: HIPERTENSÃO E DIABETES Trabalho apresentado no curso de Nutrição, da FAG, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel, sob a orientação da Professora Márcia Cristina Dalla Costa. BANCA EXAMINADORA Orientadora Profª Márcia Cristina Dalla Costa Faculdade Assis Gurgacz Mestre em Saúde Coletiva Prof. Rozane Aparecida Toso Bleil Faculdade Assis Gurgacz Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos Prof. Krischina Aparecida Mendes Toregeani Faculdade Assis Gurgacz Especialista em Gestão em Nutrição Clínica Cascavel, 01 de novembro de 2006.

4 EXCESSO DE PESO COMO FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS: HIPERTENSÃO E DIABETES HELLSTROM, Andréia Aparecida 1 DALLA COSTA, Márcia Cristina² RESUMO A prevalência de doenças crônicas degenerativas tem aumentado proporcionalmente ao número de indivíduos com sobrepeso e obesidade. Estudos indicam que existe uma associação entre a morbimortalidade e a distribuição da gordura corpórea, estando o maior risco relacionado com a gordura abdominal excessiva, que está fortemente relacionado às alterações endócrinas e cardíacas. Dada a importância de se conhecer quais as conseqüências destes fatores sobre a saúde e qualidade de vida da população, o presente estudo teve como objetivo verificar o excesso de peso na população cadastrada no Hiperdia de duas Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Ubiratã - Paraná e sua relação com as doenças crônicas. Os dados foram coletados das fichas de acompanhamento mensal dos cadastrados no Sistema Hiperdia, do mês de julho de 2006. Para identificar o excesso de peso, utilizou-se métodos antropométricos, por meio de indicadores: Índice de Massa Corporal (IMC) e Circunferência da Cintura (CC). Dos 874 adultos e idosos portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), acompanhados nas USF de Ubiratã, 246 participaram da pesquisa. Os resultados mostraram que o excesso de peso esteve presente em 62% dos cadastrados e que a prevalência é maior no sexo feminino. A CC também mostrou que as mulheres apresentam maior prevalência para o risco de desenvolvimento de doenças relacionadas à obesidade. Quanto à prevalência de HAS e DM, verificou-se uma maior freqüência de hipertensos (69,1%) do que diabéticos (5,2%), sendo que 25,6% dos pesquisados são portadores de ambas. Palavras-chave: excesso de peso, doenças crônicas, circunferência da cintura 1 Graduanda do curso de Nutrição da FAG - Cascavel ² Nutricionista, Mestre em Saúde Coletiva, Docente da FAG

5 INTRODUÇÃO A prevalência de doenças crônicas degenerativas tem aumentado proporcionalmente ao número de indivíduos com sobrepeso e obesidade. O sobrepeso é um estado no qual o peso excede um padrão baseado na altura e, a obesidade é uma condição de gordura excessiva, geral ou localizada (MAHAN, 1998). O excesso de gordura e de peso corporal é acompanhado por maior suscetibilidade de uma variedade de disfunções metabólicas e crônico-degenerativas que elevam extraordinariamente os índices de morbidade e mortalidade (GUEDES, 2003). Dentre as causas de mortalidade destacam-se as doenças cardíacas, diabetes melito tipo 2, hipertensão, acidente vascular cerebral, doenças biliares, apnéia do sono, certos tipos de cânceres e osteoartrites (MAHAN, 1998). Existem vários métodos utilizados para a avaliação nutricional, entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o Índice de Massa Corpórea (IMC), pela sua facilidade de mensuração, grande disponibilidade de dados de massa corporal e pela relação com morbimortalidade, sendo utilizado como indicador do estado nutricional em estudos epidemiológicos em associação (ou não) a outras medidas antropométricas (ANJOS, 1992). Embora o IMC seja um método simples de mensurar e classificar o excesso de peso, deixa de contemplar a distribuição e a localização da gordura corpórea em excesso, que atualmente adquiriu grande importância. Segundo Waitzberg (2002) existe uma associação entre a morbimortalidade e a distribuição da gordura corpórea, estando o maior risco relacionado com a gordura abdominal excessiva, que está fortemente relacionado às alterações endócrinas e cardíacas (REIS e COPLE, 1999). A deposição de gordura na região central associa-se significativamente com as alterações da síndrome metabólica: resistência à insulina, intolerância a glicose, dislipidemia (aumento de LDL-colesterol e diminuição de HDL - colesterol) e hipertensão (MARTINS e MARINHO, 2003). Indivíduos com excesso de peso e adiposidade central apresentam pior perfil metabólico, pressão arterial elevada, maior índice de glicemia e dislipidemias (LERARIO et al, 2002). A classificação das formas clínicas da obesidade, de acordo com a distribuição de gordura ou com o segmento corporal predominante, divide-se em três grupos: generalizada, andróide e ginecóide (CUPPARI, 2002). A obesidade andróide também chamada troncular ou central é aquela na qual o paciente apresenta uma forma corporal tendendo a maçã. Está associada com maior deposição de gordura visceral e se relaciona intensamente com alto risco de doenças metabólicas e

6 cardiovasculares. Já a obesidade ginecóide caracteriza-se por um depósito de gordura nos quadris, fazendo com que o paciente apresente uma forma corporal semelhante a uma pêra. Sua presença esta relacionada com um maior risco de artroses e varizes (CUPPARI, 2002). Na atualidade, as doenças crônicas figuram como principal causa de mortalidade e incapacidade para o trabalho, sendo responsável por 59,0% dos 56,5 milhões de óbitos anuais. O problema afeta as populações dos paises desenvolvidos e em desenvolvimento, e é reflexo das grandes mudanças que vem ocorrendo no estilo de vida das pessoas. Essa nova rotina adotada pelos seres humanos é fruto dos processos de industrialização, urbanização, desenvolvimento econômico e crescente globalização do mercado de alimentos (OPAS, 2003). Desde a década de 70, as doenças do aparelho circulatório aparecem como a principal causa de morte, representando mais de 30,0% do total de óbitos com causas definidas. Observa-se que as taxas mais elevadas se concentram nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, refletindo em grande parte, melhores condições de diagnóstico e de registro das ocorrências. As mortes por doenças do aparelho circulatório representam 33,3% na região Sul, sendo o Paraná o estado de maior prevalência (34,4%) (BRASIL, 2005). A hipertensão é um problema de saúde muito comum nos países desenvolvidos, chegando a afetar um quarto da população adulta. De acordo com Goldman e Ausiello (2005) só nos Estados Unidos atinge 50 milhões, chegando a 1 bilhão no mundo inteiro. O peso corpóreo é determinante da pressão sanguínea na maioria dos grupos étnicos em todas as idades, sendo que o risco de desenvolvimento de pressão elevada é de duas a seis vezes maior no sobrepeso, se comparado a indivíduos de peso normal (MAHAN, 1998). Estima-se que a hipertensão arterial atinja aproximadamente 22,0% da população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80,0% dos casos de acidente cérebro vascular, 60,0% dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40,0% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhões de internações por ano (BRASIL, 2001). A hipertensão causa lesão nos chamados órgãos alvo (coração, cérebro, vasos, rins e retina), é uma patologia multigênica, de etiologia múltipla e que pode ser causada por vários fatores fisiopatológicos. Os mecanismos fisiopatológicos da hipertensão induzida pela obesidade estão associados à hiperinsulinemia de jejum e também a uma resposta insulínica exagerada à sobrecarga de glicose. Há evidências tanto clínicas como experimentais que apontam múltiplas ações da insulina, como atuação direta sobre o sistema nervoso simpático, ações direta na função renal com aumento na reabsorção de sódio, ações tróficas sobre os

7 vasos arteriais, e conseqüente aumento da pressão arterial (CUPPARI, 2002). A obesidade também é um importante fator que contribui para o desenvolvimento e a manutenção do estado diabético (SHILS, 2003). Anualmente, pouco mais de 800 mil mortes são atribuídas a esta doença. Entretanto, a maioria dos diabéticos morre de outras doenças crônicas, a exemplo das cardiopatias (OPAS, 2003). O diabete melito é um distúrbio crônico, caracterizado pelo comprometimento do metabolismo da glicose e outras substâncias produtoras de energia, envolvem mecanismos patogênicos distintos, cujo denominador comum é a hiperglicemia. A resistência à insulina conduz inicialmente a hiperinsulinemia, um possível fator de risco cardiovascular independente e pode, eventualmente, levar ao desenvolvimento de diabete melito tipo 2. A habilidade da insulina para estimular a disponibilidade da glicose nos músculos e para suprir as concentrações de ácidos graxos livres (AGL) está reduzida, nos casos de obesidade, principalmente da parte superior do corpo. Concentrações altas de AGL no plasma induzem um estado de resistência à insulina, tanto nos músculos quanto no fígado, independente da obesidade (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). Atualmente, mais de 135 milhões da população mundial é afetada pelo diabete, e a previsão é de que este número alcance 300 milhões em 2025. O aumento da idade, a redução da atividade física e, em particular a obesidade, promovem a expressão da doença em indivíduos geneticamente suscetíveis. A gravidade e a duração da obesidade contribuem significativamente para o risco de diabetes, assim como os indivíduos que apresentam risco para doenças metabólicas, também estão mais propensos a desenvolver a doença (GOLDMAN e AUSIELLO, 2005). Aproximadamente 90,0% dos indivíduos diabéticos do tipo 2 são obesos, ou têm excesso de peso (OPAS, 2003). Desde 1980, estudos demonstram um aumento na taxa de mortalidade por diabetes na população de 40 anos ou mais em todas as regiões brasileiras. Na região Sul, a taxa de mortalidade por diabetes melito é de 19,8% para o sexo masculino e de 26,3% para o sexo feminino. No Paraná, a prevalência é de 21,1% para os homens e 26,2% entre as mulheres. Esse aumento está possivelmente relacionado ao crescimento da incidência do diabete e a melhoria da informação sobre os óbitos associados à doença (BRASIL, 2005). Para reorganizar a rede de saúde pública com melhorias na atenção aos portadores dessas patologias, o Ministério da Saúde criou o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Melito (Sistema Hiperdia). Este plano tem o propósito de reduzir a morbimortalidade associada a essas doenças, e ainda diminuir o número de internações, a procura de pronto atendimento e os gastos com tratamento de complicações, aposentadorias precoces e a mortalidade cardiovascular. A informatização, o cadastramento e

8 o acompanhamento dos portadores dessa patologia poderá, a médio prazo, definir o perfil epidemiológico desta população, e o conseqüente desencadeamento de estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, com a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2006). Dada a importância das conseqüências do sobrepeso e da obesidade sobre a saúde e qualidade de vida da população, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a população cadastrada no Sistema Hiperdia, bem como verificar o excesso de peso e sua relação com as doenças crônicas.

9 METODOLOGIA A pesquisa quantitativa utilizou dados secundários do Sistema Hiperdia de duas Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Ubiratã Paraná. Os dados de peso, altura, idade, sexo e circunferência da cintura utilizados neste estudo, foram coletados das fichas de acompanhamento mensal do Hiperdia do mês de julho de 2006, dos pacientes que compareceram na reunião mensal. Para classificar a idade dos cadastrados, utilizou-se os critérios da OMS, sendo considerado adulto os indivíduos com idade entre 20 e 59 anos e idosos acima de 60 anos. A partir dos dados de peso e altura, calculou-se o IMC, dividindo-se o valor do peso em quilogramas (kg) pelo quadrado da altura em metros (kg/m²). Para classificação do estado nutricional, utilizou-se o IMC nos pontos de corte específicos para adultos (Quadro 1) e idosos (Quadro 2) (OMS, 1998). Apude Cuppari (2002). QUADRO 1 - Classificação do estado nutricional de adultos, segundo IMC. IMC (kg/m²) Classificação <18,5 Baixo peso 18,5 e < 24,9 Eutrófico 25 e < 29,9 30 e < 34,9 35 e <39,9 40 Fonte: OMS, 1998. In: CUPPARI, 2002. Sobrepeso Obesidade grau I Obesidade grau II Obesidade grau III QUADRO 2 - Classificação do estado nutricional de idosos, segundo IMC. IMC (kg/m²) Classificação 22 Baixo peso >22 e <27 Eutrófico 27 Fonte: OMS, 1998. In: CUPPARI, 2002. sobrepeso Para identificar a presença de risco de complicações cardiovasculares e metabólicas associadas à obesidade, utilizou-se a medida da Circunferência da Cintura (CC) de acordo com os pontos de corte identificados no Quadro 3.

10 QUADRO 3 - Risco de complicações cardiovasculares e metabólicas associadas à obesidade VALORES GÊNERO ELEVADO MUITO ELEVADO Homem 94cm 102 Mulher 80cm 88cm Fonte: OMS, 1998. In: CUPPARI, 2002.

11 RESULTADOS Dos 874 adultos e idosos portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), acompanhados pelas duas USF do município estudado, 246 indivíduos compareceram à reunião mensal do grupo das unidades da Vila São Joaquim e Jardim Panorama. Destes, foram avaliados 27,0% (n=114) e 29,2% (n=132) dos cadastrados nas respectivas unidades. De acordo com o sexo, 74,0% (n=182) dos indivíduos avaliados eram do sexo feminino, destas 46,1% (n=84) eram idosas e 53,8% (n=98) eram adultas. Os indivíduos do sexo masculino totalizaram 26,0% (n=64), sendo 68,7% (n=44) idosos e 31,2% (n=20) adultos. Neste estudo observou-se que a prevalência de mulheres usuárias das USF foi maior que a dos homens. Estes dados vêm de encontro ao estudo realizado por Batista et al. (2005), os quais observaram uma prevalência quatro vezes maior de mulheres sendo atendidas nas unidades básicas, em comparação aos indivíduos do sexo masculino. Segundo Zaitune et al., (2006) isto deve-se ao fato de que as mulheres geralmente têm maior percepção das doenças, tendenciam mais para o autocuidado e buscam mais assistência médica. Ao estudar a prevalência de HAS e DM, verificou-se uma maior freqüência de hipertensos (69,2%) do que diabéticos (5,2%), sendo que 25,6% dos pesquisados são portadores de ambas. De acordo com a faixa etária, a hipertensão esteve presente em 72,1% da população adulta e 66,4% dos idosos, enquanto a diabetes foi verificada em 7,6% dos adultos e 3,1% dos idosos. A presença da HAS e DM juntas foi verificada em 20,3% dos adultos e 30,5% dos idosos, conforme gráfico 1. GRÁFICO 1: Freqüência de HAS e DM em usuários atendidos pelo Programa Saúde da Família, segundo faixa etária. Ubiratã, 2006. 80 70 60 50 40 30 20 10 72,1% 20,3% 7,6% 66,4% 30,5% 3,1% hipertensão diabetes hipertensão /diabetes 0 adultos idosos

12 Vários autores ao verificarem a prevalência de HAS e DM, constataram maior prevalência destas doenças com o aumento da idade (CABRAL et al., 2003; SABRY et al., 2002; GUS et al., 2004; FEIJÃO et al., 2005; CARNEIRO et al., 2003; GUIMARÃES e TAKAYANAGUI, 2002; TORQUATO et al., 1999). No entanto, a presente pesquisa diverge destes estudos, pois tanto a hipertensão quanto o diabete atingiram mais os adultos quando analisadas isoladamente. Entretanto, ao verificar a prevalências destas doenças associadas, constata-se que é maior entre os idosos (gráfico 1). Ao analisar a prevalência de doenças crônicas de acordo com o sexo, observou-se que a prevalência de hipertensão foi maior entre as mulheres (70,3%) se comparadas aos homens (65,6%), ocorrendo o oposto para o diabete, sendo este maior entre os indivíduos do sexo masculino (12,5%) do que feminino (2,7%). No que se refere à associação das duas doenças, os índices encontrados foram 21,9% (n=14) dos homens e 27,0% (n=49) das mulheres, conforme gráfico 2. GRÁFICO 2: Prevalência de HAS e DM de população adulta e idosa, acompanhados pelo Programa Saúde da Família, segundo sexo. Ubiratã, 2006. 80 70 70,3% 65,6% 60 50 40 30 20 10 2,7% 27% 21,9% 12,5% hipertensão diabetes hipertensão/diabetes 0 feminino masculino Estudos confirmam este resultado, nos quais a maior concentração de hipertensos está no sexo feminino (PAIVA et al. 2006; ZAITUNE et al., 2006; CABRAL et al., 2003; CARNEIRO et al., 2003; CORREIA et al., 2003). No entanto, Sabry et al. (2002) encontraram maior prevalência entre os indivíduos do sexo masculino. Com relação ao diabete apesar da maioria dos estudos indicarem maior prevalência no sexo feminino (GUIMARAES e TAKAYANAGUI, 2002; ARAUJO et al., 1999; ASSUNÇÃO et al., 2001), a presente pesquisa encontrou maior prevalência no sexo masculino, resultado também encontrado por Souza et al. (2003) em seu estudo em Campos

13 dos Goytacazes, RJ. O autor coloca que após a 4ª década de vida a prevalência da diabete no sexo feminino ultrapassa a do sexo masculino, fato esse que pode ser explicado pelo início do período do climatério, onde ocorrem inúmeras alterações hormonais na mulher que podem predispor e causar alterações metabólicas. Já Goldenberg et al. (1996) associam esses resultados ao fato de que entre os homens há maior desconhecimento da presença da doença. Verificaram também que, entre os pacientes diagnosticados, as mulheres freqüentaram mais os serviços de saúde. O estado nutricional da população estudada mostrou que 62,0% (n=153) apresentaram excesso de peso, 31,0% (n=77) eutrofia e 7,0% (n=16) baixo peso, sendo este verificado apenas na população idosa (gráfico 3). GRÁFICO 3: Prevalência do estado nutricional de população adulta e idosa, acompanhadas pelo Programa de Saúde da Família, segundo IMC. Ubiratã, 2006 7% 31% excesso de peso eutrófico baixo peso 62% Com referência ao estado nutricional da população adulta, 19,5% (n=23) estavam eutróficos, 32,2% (n=38) apresentaram sobrepeso e 48,3% (n=57) obesidade, não sendo encontrado casos de baixo peso. Ao analisar o grau de obesidade, 50,9% (n=29) apresentaram obesidade grau I, 35,1% (n=20) obesidade grau II e 14,0% (n=8) obesidade grau III. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada entre 2002 e 2003, mostraram que 40,6% da população adulta apresentam sobrepeso, sendo 11,0% considerados obesos (IBGE, 2003). Já o estado nutricional dos idosos mostrou que o baixo peso foi verificado em 12,5% (n=16) do grupo, 42,2% (n=54) encontravam-se dentro da normalidade e 45,3% (n=58) apresentavam sobrepeso. Tavares e Anjos (1999) ao analisarem o perfil nutricional dos idosos brasileiros encontraram uma prevalência de 7,8% de homens apresentando magreza e 30,4% sobrepeso.

14 Entre as mulheres, 8,4% apresentavam magreza e 50,2% sobrepeso. Uma menor proporção de sobrepeso foi verificada no grupo de idade mais avançada em ambos os sexos. A prevalência de obesidade aumenta com a idade. Porém, a partir dos 70 anos ocorre uma significativa diminuição na prevalência de obesidade em ambos os sexos (SOUZA et al., 2003). Nesta pesquisa o estado nutricional relacionado ao sexo mostrou uma maior prevalência de excesso de peso nas mulheres atingindo 70,3% (n=128), 23,1% (n=42) apresentaram peso adequado e 6,6% (n=12) baixo peso. Entre os homens 39,1% estavam com sobrepeso, 54,6% (n=35) com peso adequado e 6,3% (n=4) estavam com baixo peso. GRÁFICO 4: Prevalência do estado nutricional dos indivíduos acompanhados pelo Programa Saúde da Família, segundo sexo. Ubiratã, 2006. 80 70 60 50 40 30 20 10 23,1% 6,6% 70,3% 6,3% 54,6% 39,1% baixo peso eutroficos excesso de peso 0 mulheres homens Os valores médios de IMC, mais elevados entre as mulheres, estão de acordo com os resultados de estudos de avaliação nutricional realizados em diversas regiões do Brasil, os quais demonstram elevada prevalência de obesidade entre as mulheres, principalmente entre aquelas de populações menos favorecidas (BATISTA et al., 2002; SOUZA et al., 2003, CORREIA et al., 2003). De acordo com pesquisas já realizadas, a hipertensão está fortemente associada com sobrepeso e obesidade, tanto em homens como em mulheres (CABRAL et al., 2003; GUS et al., 2004; GUS et al., 1998; ZAITUNE et al., 2006; SABRY et al., 2002; KRUMMEL, 1998; CARNEIRO et al., 2003; FEIJÃO et al., 2005). No estudo de Souza et al. (2003), os obesos apresentaram 1,8 vezes mais HA e 1,4 vezes mais DM, em relação aos não obesos. Os estudos também confirmam que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco estatisticamente significantes para a diabete (BATISTA et al., 2005; SARTORELLI et al. 2003; SANTOS et al. 2003; SOUZA et al. 2003).

15 Quanto à presença de risco de complicações cardiovasculares e metabólicas associadas à obesidade, observou-se que 79,6% (n=102) dos idosos apresentaram valores considerados de risco, sendo 37,5% (n=24) dos homens idosos e 42,8% (n=78) das mulheres idosas. Entre os adultos, a prevalência de indivíduos com risco foi de 88,1% (n=104), sendo 14,0% (n=9) dos homens e 52,1% (n=95) das mulheres. GRÁFICO 5: Presença de risco de complicações cardiovasculares e metabólicas associadas à obesidade, de acordo com a faixa etária. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 88,1% 80,5% 7,6% adultos 79,6% 60,9% 18,7% idosos Total Mulheres Homens Neste estudo, a prevalência de mulheres com concentração de gordura abdominal diminui com a idade, o que difere de outros estudos, os quais observaram que essa prevalência aumenta com a idade (MACHADO e SICHIERI, 2002; CASTANHEIRA et al., 2003; MARTINS e MARINHO, 2003). A prevalência de homens apresentando gordura abdominal aumentou com a idade, fato esse que confirma os achados da literatura. Castanheira et al. (2003) e Olinto et al. (2006) também constataram em seus estudos que o acúmulo de gordura abdominal entre os homens aumenta com a idade. Analisando a medida da CC de acordo com o sexo, verificou-se uma maior prevalência de deposição de gordura entre as mulheres, ou seja, apenas 4,9% (n=9) das mulheres não apresentam risco, 11,6% (n=21) apresentaram risco elevado e 83,5% (n=15) risco muito elevado. Enquanto que entre os homens, 48,4% (n=31) não apresentaram risco, 18,8% (n=12) com risco elevado e 32,8% (n=21) muito elevado. Neste estudo, a prevalência de mulheres com concentração de gordura abdominal foi maior nas duas faixas etárias (adultas e idosas), dados confirmados pela literatura, nos quais observa-se que as mulheres apresentam maior deposição de gordura central em relação aos homens (COLOMBO et al., 2003; ORTIZ e ZANETTI, 2001; MACHADO e SICHIERI, 2002; MARTINS e MARINHO, 2003; CORREIA et al., 2003; SANTOS e SICHIERI, 2005;

16 OLINTO et al., 2006). Além da perda da proteção dos estrógenos devido à idade, as mulheres apresentam ainda um fator de risco adicional, a distribuição de gordura do tipo masculino, uma vez que a distribuição de gordura do tipo andróide é típica do sexo masculino (CABRAL et al., 2003). Com relação à associação da CC com as doenças crônicas, estudos demonstram que a prevalência de hipertensão aumenta nos indivíduos com acúmulo de gordura abdominal, independente do IMC (MARTINS e MARINHO, 2003; CARNEIRO et al., 2003; SOUZA et al., 2003). Já Cabral et al., (2003) observaram que a hipertensão foi associada com o sobrepeso e a obesidade, mas não com a distribuição central de gordura. Gus et al. (1998) verificaram associação estatisticamente significativa apenas entre as mulheres. Souza et al. (2003), também identificaram maior prevalência de DM nos indivíduos com circunferência abdominal aumentada. Observou-se também que a prevalência de acúmulo de gordura abdominal foi maior do que a prevalência de indivíduos que apresentam sobrepeso. Fato esse, também observado por Castro et al. (2006), no qual ficou evidente que mesmo os indivíduos com IMC próximo da normalidade, apresentam circunferência de risco para doenças cardiovasculares e metabólicas.

17 CONCLUSÃO Os dados do presente estudo confirmam os resultados de outros estudos que mostram a importância do excesso de peso no desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente a gordura localizada na região abdominal. Nesta população, observou-se que o excesso de peso atinge mais da metade dos indivíduos, sendo mais freqüente entre as mulheres. As mulheres também apresentaram mais risco de complicações cardiovasculares e metabólicas relacionadas ao aumento da CC. Observou-se também um número maior de hipertensos do que diabéticos, as mulheres apresentaram maior prevalência de hipertensão e os homens de diabetes. A freqüência das duas patologias associadas aumentou com a idade. Portanto, há a necessidade da criação de programas de saúde voltados para prevenção e diagnóstico do excesso de peso, bem como, de tratamento efetivo dos pacientes e orientação à população, a fim de se evitar o desenvolvimento de doenças crônicas decorrentes do excesso de peso e melhorar a qualidade de vida da população.

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