PROCEDIMENTOS CIRCULATÓRIOS NA ASSISTÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR A IDOSOS VÍTIMAS DE TRAUMA

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Transcrição:

PROCEDIMENTOS CIRCULATÓRIOS NA ASSISTÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR A IDOSOS VÍTIMAS DE TRAUMA Hilderjane Carla da Silva; Rejane Maria Paiva de Menezes Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: hilderjanecarla@hotmail.com INTRODUÇÃO As ocorrências de trauma ocupam o quinto lugar no ranking de mortalidade mundial da população idosa e seu prognóstico é tempo dependente, pois deve ser realizado na primeira hora do evento, denominada como golden hour (hora de ouro). Assim, são essenciais os cuidados prestados no âmbito pré-hospitalar para melhores chances de sobrevivência das vítimas (1-3). A assistência pré-hospitalar ocorre baseada em protocolos, entre os quais se encontram o Pre-Hospital Trauma Life Support (PHTLS) e o Advanced Trauma Life Support (ATLS), que estabelecem a sequência mnemônica ABCDE, para o atendimento ao trauma onde: A corresponde à abertura de vias aéreas e controle da coluna cervical; B à manutenção da respiração, através de condutas ventilatórias; C aos procedimentos que garantem o controle circulatório; D à avaliação neurológica por meio da Escala de Coma de Glasgow e E à exposição da vítima e proteção do ambiente contra hipotermia (2-3). Os procedimentos de caráter circulatório são realizados logo após a abertura e controle das vias aéreas e é apontado por diversos autores como a medida mais eficaz na abordagem do trauma, devido ao risco de óbito por choque hipovolêmico durante a golden hour. O choque hipovolêmico se caracteriza pela insuficiência circulatória provocada pela má distribuição do fluxo sanguíneo decorrente de sangramentos extensos em situações traumáticas, que pode levar rapidamente à morte (2,4-6). No que tange ao indivíduo idoso, o qual comumente é acometido pela síndrome da fragilidade, há maiores chances de sangramento, bem como maior dificuldade de responder ao tratamento, baseado em procedimentos circulatórios (2). Frente a importância dos procedimentos circulatórios no atendimento do idoso vítima de trauma, o presente estudo tem como objetivo identificar os procedimentos de natureza circulatória realizados pela equipe de enfermagem no âmbito préhospitalar nas ocorrências de tal natureza.

METODOLOGIA Trata-se do recorte de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa e delineamento transversal, do tipo documental retrospectivo. O local de pesquisa foi o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Natal, Rio Grande do Norte (SAMU/Natal-RN). O levantamento de dados ocorreu entre julho a setembro de 2013, tendo como população os pacientes cujos registros correspondem às ocorrências de trauma atendidas pelo SAMU/Natal-RN, equivalentes a 2.080 vítimas. A amostra, obtida por meio de cálculo amostral (com erro amostral tolerado de 0,05), foi composta por 400 pacientes com idade igual ou superior a 60 anos, vítimas de trauma, atendidos pelo serviço no período entre janeiro de 2011 a dezembro de 2012. Foram excluídos os registros de preenchimento ilegível, que dificultaram a análise para caracterização das vítimas. Utilizou-se o processo de amostragem aleatória sistemática, cuja constante de seleção dos indivíduos correspondeu a K=5,2, obtida através da fórmula K=N/n, onde N correspondeu à população idosa vítima de trauma no período selecionado (N=2.080) e n à amostra pretendida (n=400). Desta forma, a cada cinco ocorrências de trauma em idosos, uma foi selecionada para a caracterização. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um formulário validado por juízes especialistas para a análise retrospectiva das fichas de atendimento preenchidas pela equipe de enfermagem. Os dados obtidos foram registrados no programa Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 20.0, e analisados conforme estatística descritiva simples. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo nº 309.505/2013 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 15503113.4.0000.5537. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de ocorrências analisadas (n=400), os procedimentos circulatórios foram realizados em mais de 50%, dentre os quais se destacaram a reposição volêmica (23,25%). Tais dados são convergentes com outro estudo, onde se observou que a reposição volêmica foi realizada em 57,9% das ocorrências de trauma (8). Em segundo lugar esteve a punção de acesso venoso periférico (19,9%), conforme pode ser visualizado na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 Distribuição dos procedimentos circulatórios realizados pela equipe de enfermagem no atendimento pré-hospitalar a idosos vítimas de trauma. Natal, RN, 2013 Procedimentos circulatórios n % Reposição volêmica 96 23,25 Acesso venoso periférico 78 19,50 Curativo compressivo 72 18,00 Reanimação cardiopulmonar 05 1,25 Total 251 62,75 No que condiz à reposição volêmica, realizada em mais de 25% das ocorrências analisadas, observou-se que a solução mais utilizada pela equipe de enfermagem no tratamento dos idosos foi a Solução Fisiológica a 0,9%, correspondente a mais de 10% do total de ocorrências e a quase 40% do total de reposições. Em seguida, encontra-se a Solução Ringer Lactato, conforme ilustrado na Tabela 2. Tabela 2 Distribuição das soluções utilizadas para reposição volêmica em idosos vítimas de trauma. Natal, RN, 2013 Solução utilizada n % % (reposição volêmica) (total de ocorrências) Solução Fisiológica a 0,9% 43 38,73 10,75 Solução Ringer Lactato 33 29,72 8,25 Solução Ringer Simples 31 27,92 7,75 Solução Glicosada a 5% 4 3,60 1,0 Total 111 100 27,75 Os protocolos de trauma (ATLS e PHTLS) (2-3) enfatizam o Ringer Lactato como principal solução para a restauração da perfusão tecidual, por ser o mais semelhante à composição eletrolítica do plasma, com quantidades específicas de sódio, potássio, cloreto e lactato, comumente perdidos em situações de sangramento extenso decorrentes do trauma. A Solução Fisiológica a 0,9% é

considerada como segunda opção, pois pode promover hipercloremia e ocasionar complicações cardiovasculares, especialmente em vítimas idosas, que são mais propensas aos desequilíbrios hidroeletrolíticos (2,3). Embora as condutas circulatórias sejam importantes para reduzir os riscos de óbito por choque hipovolêmico (8), há controvérsias sobre estas, pois as soluções cristalóides administradas agressivamente podem exacerbar o sangramento, além de contribuir para a ocorrência da síndrome da angústia respiratória do adulto, síndrome do compartimento abdominal, edema cerebral e disfunção cardíaca (2,5). Atualmente, alguns estudos (5-6) têm indicado como tratamento do choque no âmbito pré-hospitalar a hipotensão permissiva, ao se realizar a reposição menos agressiva com a administração de cristaloides, priorizando o transporte da vítima até uma unidade hospitalar para a transfusão de hemocomponentes e/ou conduta cirúrgica, cuja eficácia é maior. CONCLUSÃO O presente estudo permitiu identificar que no âmbito pré-hospitalar entre os principais procedimentos circulatórios realizados pela equipe de enfermagem se destacou a reposição volêmica, especialmente com a Solução Fisiológica a 0,9%, em detrimento da solução Ringer Lactato, preconizada como primeira opção para reanimação com fluidos pelos protocolos internacionais. Observa-se, portanto, a necessidade de maior treinamento da equipe em relação à importância da reposição volêmica com fluidos adequados, especialmente em relação às vítimas idosas, por serem mais vulneráveis à instabilidade hemodinâmica, com maiores chances de sangramento e exacerbação das lesões, o que pode estar atrelado à síndrome da fragilidade. REFERÊNCIAS 1. Lima RS, Campos MLP. Profile of the elderly trauma victims assisted at the Emergency Unit. Rev. Esc. Enferm. USP. 2011; 45(3):657-62. 2. National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT). Comitê do PHTLS. Comitê de Trauma do National Association of Emergency Medical Technicians. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado: básico e avançado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

3. American College of Surgeons. Comittee on trauma. Advanced Trauma Life Support course. 9ª ed. Chicago: ACS; 2012. 4. Carreiro PRL. Hipotensão permissiva no trauma. Rev. Med Minas Gerais. 2014;24(4):515-19. 5. Morrison CA, Carrick MM, Norman MA, Scott BG, Welsh FJ, Tsai P, et al. Hypotensive resuscitation strategy reduces transfusion requirements and severe postoperative coagulopathy in trauma patients with hemorrhagic shock: preliminary results of a randomized controlled trial. J. Trauma. 2011; 70(3):652-63. 6. Kasotakis G, Sideris A, Yang Y, de Moya M, Alam H. Inflammation and host response to injury investigators. Aggressive early crystalloid resuscitation adversely affects outcomes in adult blunt trauma patients: an analysis of the Glue Grant database. J Trauma Acute Care Surg. 2013; 74(5):1215-22. 7. Corrêa MRC, Corrêa DR, Domingues DJM, Silva SLA, Roberto MFP, Moreira RTS. Síndrome da fragilidade no idoso comunitário com osteoartrite. Ver Bras Reumatol. 2012;52(3):339-47. 8. Malvestio MAA, Sousa RMC. Indicadores clínicos e pré-hospitalares de sobrevivência no trauma fechado: uma análise multivariada. Ver Esc Enferm USP. 2010; 44(2):352-9.