EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO FULANA DE TAL, brasileira, casada, assistente contábil, portadora da Cédula de Identidade RG n.º, devidamente inscrita no CPF/MF sob o n.º, [endereço eletrônico], residente e domiciliada na Rua nº, no bairro de, na cidade de, CEP, na Capital do Estado de, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado e bastante procurador infraassinado (instrumento particular de mandato incluso), na ação judicial de indenização por danos morais que move em face Da EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÃO, pessoa jurídica devidamente inscrita no CNPJ sob o n.º e com Inscrição Estadual n.º, [endereço eletrônico] com sede na Avenida
n.º, no bairro de, na cidade de, CEP, na Capital do Estado de, não se conformando com a decisão interlocutória de fls., interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, com fundamento nos artigos 101, 1.015, inciso V, c/c artigo 1.019 todos do Código de Processo Civil, consoante os fundamentos fáticos e jurídicos abaixo articulados: I DA EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO 1. Em / /, a agravante recebeu uma carta de cobrança da agravada, comunicando-lhe que havia um débito no valor de R$ 800,00 (oitocentos e oitenta reais), referente a uma dívida de telefone celular da linha. Além disso, informou a agravada que o nome da agravante estava inscrito no rol de inadimplentes dos órgãos de proteção de crédito. Imediatamente, dirigiuse a uma das lojas da agravada, argumentando que nunca adquiriu celulares dela. Preencheu uma declaração, explicitando o equívoco e protocolou-a no Departamento de Cobrança, conforme demonstra o documento em anexo. (Doc. ). Entretanto, a agravada simplesmente ignorou as argumentações da agravante. Por fim, a agravada afirmou que manteria não só o nome da agravante nos cadastros de restrição de crédito, mas também continuaria com as cobranças por meio de carta e telefone. 2. A agravante ficou inconformada com a situação, porque era final de ano e ela não pôde comprar brinquedos para os filhos nem ajudar na ceia de Natal e Final de Ano Novo. Como se isso não bastasse, agora, corre o risco de perder o emprego, uma vez que é analista contábil e a empresa onde trabalha não permite que seus funcionários tenham os seus nomes nos órgãos de restrição de crédito.
Além disso, a agravante não pode retirar talões de cheque de sua contacorrente, tendo de sacar dinheiro para pagar suas dívidas, correndo o risco de ser furtada ou roubada. 3. Como não pôde solucionar o problema amigavelmente, propôs ação judicial com o escopo de obter tutela de urgência, nos termos do artigo 300, do Código de Processo Civil, com o objetivo de retirar o nome da agravante dos órgãos de restrição de crédito e obter indenização pelos danos morais. Requereu também os benefícios da justiça gratuita, uma vez que ganha um salário-mínimo e não tem condições de arcar com o ônus do processo, sendo, portanto, pessoa pobre na acepção jurídica do termo. 4. Para comprovar que a agravante ganha um salário-mínimo, requereu a gratuidade da justiça na petição inicial, de acordo com o artigo 99 do Código de Processo Civil e juntou aos autos do processo cópia reprográfica do holerite que comprova o valor mensal de seu salário, ou seja, um salário mínimo (doc. ). Requereu ainda tutela de urgência inaudita altera parte para retirar o nome do rol de inadimplentes do SCPC e indenização por dano moral em razão da restrição indevida. 5. Ao receber a inicial, o juiz de direito da Vara Cível de indeferiu o pedido de justiça gratuita e determinou à agravante o recolhimento das custas no prazo de 15 (quinze) dias sob pena de indeferimento da inicial e extinção do processo sem resolução de mérito. Ora, Ilustres Desembargadores, essa decisão interlocutória merece reforma, visto que diverge da doutrina e da jurisprudência dominantes.
6. Explicita o artigo 98 do Código de Processo Civil que A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. De acordo com os documentos carreados aos autos do processo, a agravante recebe um salário mínimo por mês e sobre essa quantia ainda incide os descontos legais. O salário líquido é exíguo e não supre as necessidades pessoais e diárias da agravante. 7. A agravante recebe um salário-mínimo por mês e sobre essa quantia ainda incidem os descontos legais. O salário líquido é exíguo e não supre as necessidades diárias dela. Não tem ela condições de arcar com o custo, as despesas processuais e os honorários advocatícios. A justiça gratuita, indeferindo-a o juiz de direito, exclui ele a possibilidade de a agravante acessar o Poder Judiciário a fim de obter a tutela jurisdicional, ofendendo frontalmente o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal que dispõe o seguinte: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 8. Nesse mesmo sentido, há de se indicar também o artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal que garante assistência judiciária aos necessitados: O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Repise-se que a agravante ganha um salário-mínimo, conforme demonstra o holerite em anexo (doc. ). Quem ganha esse salário não está apto a suportar o ônus do processo. Nesse mesmo sentido já decidiu o Tribunal de Justiça o Estado de São Paulo, no Agravo de Instrumento n.º 426.292.4/2-00 (Voto n.º 8690) que: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA JUNTADA DE DECLARAÇÃO DA PARTE,
AFIRMANDO A IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR COM AS DESPESAS PROCESSUAIS. Cópia da declaração de Imposto de Renda que demonstra um rendimento anual de R$ 15.000,00 que não pode ser considerado como elevado suficiente, diante da inexistência de dados que indiquem que o agravante está em condições de arcar com os gastos do processo. Agravo provido. 9. Saliente-se que o aresto supramencionado indica que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu os benefícios da justiça gratuita a um cidadão que tem um rendimento mensal de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) cuja quantia é muito superior daquela auferida pela agravante. Observe-se, portanto, que não é o salário em si que indica a capacidade econômica do beneficiário da justiça gratuita, mas a ausência de condições de arcar com os gastos do processo. 10. A justiça gratuita deve ser concedida àqueles que comprovarem que são pessoas pobres na acepção jurídica do termo e não têm como arcar com o custo do processo sem prejudicar sua própria subsistência. Há de se ressaltar também que a documentação que comprova o rendimento do requerente é suficiente para a concessão da gratuidade, conforme dispõe claramente o aresto abaixo colacionado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: Agravo de instrumento. Indeferimento da gratuidade de justiça. A afirmação do agravante de que necessita do benefício da justiça gratuita goza de presunção relativa (súmula 39, do TJERJ). Hipossuficiência comprovada, com a juntada do comprovante de rendimentos. Elementos trazidos aos autos que permitem concluir que o agravante preenche os requisitos necessários para concessão do benefício pleiteado. Reforma da decisão recorrida para deferir a gratuidade de justiça. DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO. (Vigésima Quarta
Câmara Cível - AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0016784-91.2016.8.19.0000) 11. A ementa jurisprudencial acima mencionada informa que se a agravante preenche os requisitos necessários para a concessão do benefício pleiteado não há motivo para o Poder Judiciário negar-lhe a justiça gratuita. Ela é hipossuficiente; recebe um saláriomínimo por mês; provou seu rendimento por meio de holerite que é prova idônea para corroborar suas afirmações. Por essas e outras razões, entende a agravante que faz jus ao benefício da justiça gratuita. II DO PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO 12. Ao indeferir a justiça gratuita, o magistrado concedeu 15 (quinze) dias para a agravante recolher as custas do processo sob pena de indeferir a petição inicial e extinguir o processo sem resolução de mérito. Repise-se que ela não tem condição financeira de fazê-lo pelos motivos expostos anteriormente e, com isso, seu direito de buscar a tutela jurisdicional será totalmente cerceado. 13. Com o escopo de evitar o indeferimento da petição inicial e a extinção do processo sem resolução de mérito, prejudicando sobremaneira o direito da agravante, pode o relator deferir o efeito suspensivo da decisão de fls., a fim de impedir a extinção do feito principal, nos termos do artigo 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil: Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão.
14. Entende a agravante que se impõe a concessão do efeito suspensivo da decisão de fls., porque se o juiz de direito indeferir a inicial e extinguir o processo sem resolução de mérito, este agravo de instrumento perderá o objeto. III DO PEDIDO DA REFORMA DA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de, inicialmente, dar efeito suspensivo à decisão interlocutória de fls., a fim de evitar que a petição inicial seja indeferida e o processo principal extinto sem resolução de mérito até o julgamento definitivo deste recurso, evitando que ele perca seu objeto, para, ao final, julgar procedente o pedido da agravante, reformando a decisão interlocutória de primeira instância, concedendo-lhe os benefícios da justiça gratuita, a fim de que se faça a costumeira Justiça! Requer por fim a intimação do agravado pessoalmente, por carta de aviso de recebimento, visto que não tem advogado constituído nos autos, ou pelo Diário da Justiça, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento deste recurso, nos termos do artigo 1.019, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, pede deferimento. Local e data. ASSINATURA, NOME E OAB.