A INFLUÊNCIA DA LÍNGUA INGLESA NO DISCURSO DAS PROPAGANDAS VEICULADAS EM REVISTAS. FABIANA MARIA ALVES DE CARVALHO



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A INFLUÊNCIA DA LÍNGUA INGLESA NO DISCURSO DAS PROPAGANDAS VEICULADAS EM REVISTAS. FABIANA MARIA ALVES DE CARVALHO Centro de Comunicação e Letras Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí, 143 01241-001 São Paulo SP fabianaacr@hotmail.com Resumo. Este trabalho pretende discutir o uso de termos e expressões oriundos da língua inglesa presentes no português do Brasil. Fizemos uma análise sobre o modelo cultural norte-americano e sua influência no Brasil desde o seu início na década de 30 até a era da globalização. Procuramos definir e classificar os estrangeirismos da língua inglesa com base em escritores da área. Buscamos opiniões sobre a validade da lei 1676 do deputado Aldo Rebelo. Para que entendêssemos melhor como os estrangeirismos da língua inglesa estão presentes no cotidiano do brasileiro, escolhemos o discurso publicitário para exemplificar isso. Fomos buscar conceitos sobre a linguagem da propaganda e o discurso publicitário em revistas. O corpus analisado foi as revistas Veja e Criativa dos anos de 2006 e 2007. Ao analisarmos o corpus escolhido, o objetivo foi conhecer, discutir e interpretar o uso dos estrangeirismos oriundos da língua inglesa presentes no português brasileiro. Palavras-chave: Estrangeirismo.Língua inglesa. Propaganda. Abstract. This work has as a theme the discussion about use of terms and expressions of the English language in the Portuguese of Brazil. We made an analysis about the cultural model North American and its influence in Brazil since its beginning in the 30s until the age of the globalization. We sought to define and to classify the foreing expressions from the English language based in writers of the area. We searched opinions on the validity of the law 1676 of the deputy s Aldo Rebelo. So that we understood better as the foreing expressions of the English language are in the daily of the Brazilians, we choosed the speech advertising executive to exemplify that. We were to search conceptions about the language of the advertising and the speech-advertising executive in magazines. The analyzed corpus had been the magazines Veja and Criativa of the years of 2006 and 2007. When we analyzing the choosen corpus, the objective was, to know, to argue and to interpret the use of the foreing expressions deriving of the English language in the Brazilian Portuguese. Key-words: Foreing expression. English language. Advertising. Em nossos dias são perceptíveis o uso de termos expressões, usos e costumes oriundos de outros idiomas e culturas, principalmente no que diz respeito à língua inglesa

que é considerada a língua base dos estrangeirismos, porém a maioria das pessoas nem percebem a quantidade de estrangeirismos que são utilizados no dia a dia. Diante deste fato surgem vários questionamentos: Será que o brasileiro sabe o real significado dessas palavras? Permitir o uso excessivo de termos e expressões estrangeiras na língua portuguesa representa um processo de evolução lingüística ou de desvalorização lingüística brasileira? O tema proposto do nosso trabalho vai tratar da influência da língua inglesa no discurso das propagadas veiculadas em revistas. O propósito deste tema é abordarmos a questão do uso dos estrangeirismos oriundos da língua inglesa presentes na língua portuguesa. Procuraremos fazer uma análise da invasão cultural norte-americana desde o seu início no Brasil a partir da década de 30 até a era da globalização que é um dos motivos pelos quais cada vez mais o Brasil faz uso dos estrangeirismos. O contato cada vez maior com países de idiomas diferentes faz com que o uso de estrangeirismos seja cada vez mais comum. Com a globalização, surge a necessidade de uma língua universal, que é a língua inglesa. Após analisarmos as origens da influência cultural e lingüística norte-americana no Brasil, abordaremos algumas teorias sobre estrangeirismos e empréstimos. Passaremos em seguida para a observação de algumas opiniões contrárias e favoráveis sobre a questão dos estrangeirismos. Também faremos uma observação sobre a validade da lei do deputado Aldo Rebelo no que diz respeito aos estrangeirismos. A teoria do nosso trabalho também se constitui de alguns conceitos sobre linguagem, linguagem da propaganda e o discurso publicitário em revistas. As teorias sobre a linguagem da propaganda serão necessárias para que pudéssemos entender como os vocábulos, termos e expressões provenientes da língua inglesa são usados e interpretados pelo consumidor brasileiro. Para finalizarmos a nossa teoria fizemos uma pequena consideração sobre o discurso das propagandas em revistas. Com a finalidade de colocar a teoria em prática, em seguida faremos uma análise detalhada de algumas propagandas veiculadas em revistas que contenham em seu discurso termos e expressões da língua inglesa. ANÁLISE DAS PROPAGANDAS O nosso corpus constitui-se de quatro propagandas impressas nas revistas Veja e Criativa dos anos de 2006 e 2007. São elas propagandas das marcas Hyndai, Casa do Pão de Queijo, Sony Ericsson e Seda. No decorrer da pesquisa encontramos várias propagandas que continham números significativos de estrangeirismos, por este motivo optamos por utilizar um critério de seleção para nossa análise. Procuramos fazer a seleção de revistas que contivessem propagandas voltadas para a área tecnológica (Hyndai e Sony Ericsson), beleza e estética (Seda) e alimentação (Casa do Pão de queijo). Este critério de seleção foi utilizado com o objetivo de mostrar que os estrangeirismos da língua inglesa estão presentes em todas as áreas, utilizando-se do mesmo recurso, que é o de atrair a atenção do consumidor para compra de um determinado produto. Também procuramos selecionar revistas que contivessem propagandas com um número significativo de vocabulário tecnológico avançado (pois contém maior número de estrangeirismos) que é o caso das revistas Veja e Época e também selecionamos uma revista (Criativa) voltada para o público leitor feminino. Pois, o público feminino é um dos que mais consomem, e o tipo

de propaganda elaborada para atrair este público contém um número significativo de termos e expressões da língua inglesa, no que diz respeito a produtos de beleza e estética. Colocaremos neste artigo duas análises de propagandas do nosso trabalho: ANÁLISE DO ANUNCIO DA HYNDAI A propaganda da Hyndai é dirigida a um público seletivo, de alto poder aquisitivo e tem como objetivo vender um carro que segundo o anuncio é a melhor escolha do mundo. O reconhecimento por parte de pessoas no mundo inteiro desse tipo de carro e marca (pois se trata de uma empresa que tem suas filiais em todo o mundo) é resultado da globalização. Por este motivo é que ao observarmos a propaganda percebemos no corpo do seu discurso a presença de termos e expressões oriundos da língua inglesa, pois como apontado por Alves no primeiro capítulo do trabalho, a língua inglesa é a língua mais falada ouvida e lida não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Um dos motivos para que se faça uso dos estrangeirismos neste tipo de anúncio é a grande quantidade da tecnologia moderna, principalmente no que diz respeito a língua inglesa. Para Alves (1994, p.10) o fato de os norte-americanos dominarem uma boa parte do mercado ligado à tecnologia faz com que sejam introduzidas em nossa língua muitas palavras desta área, especialmente as usadas em informática. A propaganda procura ao máximo mostrar que o carro é moderno e de alto padrão tecnológico detalhando seu interior e mostrando as mais diversas funções que ele possui: TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA H-MATIC COM SHIFTRONIX FREIOS ABS NAS 4 RODAS E DESACELERAÇÃO PROGRESSIVA MOTOR V6 24V (CWT) 0U 20 16V DOHC (CWT) COMANDO DE VÁLVULAS E COLETORES DE ADMISSÃO VARIÁVEIS AR CONDICIONADO DIGITAL COM AQS (AIR QUALITY CONTROL SYSTEM) RODAS DE LIGA LEVE ARO 16 TRAÇÃO 4X4 FULL TIME4WD COMTCS BLOQUEIO ELETRÔNICO DO DIFERÊNCIAL 8 AIR BAGS (FRONTAIS, LATERAIS E DE CORTINA) BANCOS EM COURO COM AJUSTE LOMBAR TETO SOLAR ELÉTRICO PANORÂMICO AUTOMÁTICO PNEUS RADIAIS COM BANDA LARGA, ALL SEASON PASSENGER

São utilizadas frases que contém algumas siglas em língua inglesa, muito comuns de serem encontradas neste tipo de anúncio: Freios ABS nas 4 rodas com EBD, BAS e desaceleração progressiva, Motor16v DOHC, Ar condicionado digital com AQCS, tração 4x4 full time 4WD com TCS. Muitas destas siglas já se tornaram comuns no vocabulário de muitos brasileiros, como é o caso dos Freios ABS Além das siglas podemos observar as palavras e expressões: shiftronix (caixa automática), full time (período integral), air bags (saco de ar) e all-season passenger. São todos estrangeirismos bastante comuns em propagandas de automóveis. Um dos empréstimos mais conhecidos e usados em propagandas de automóveis é o air bag. Segundo o dicionário 1001 Estrangeirismos de uso corrente em nosso cotidiano: Do inglês do século XX formado por air ( ar ) e bag ( saco ). O air bag é um saco de náilon que fica embutido em pontos estratégicos do carro e serve para proteger o passageiro em caso de acidente. inglês: No canto superior direito da propagando notaremos uma frase inteira escrita em DRIVE YOUR WAY. A propaganda também procura mostrar ao público alvo exigente que esta é uma marca conceituada, primeira colocada em qualidade e satisfação no mundo. Mostra que a marca ganhou vários prêmios internacionais, todos eles escritos em inglês: Crash Test 2007, Segurança máxima NHTSA National Highway Traffic Safety Administration e J.D. Power and Associates 2006 U.S. Quality Study. Isso faz com que o discurso da propaganda tenha maior credibilidade e as noções de sistema de valores sejam diferentes. Não surtiria o mesmo efeito se a propaganda inteira estivesse escrita apenas em português, ou seja o inglês traz ao texto status, prestigio e um colorido especial, o que faz com que o produto seja bem aceito pelo público leitor da revista. ANÁLISE DO ANÚNCIO DA CASA DO PÃO DE QUEIJO A empresa Casa do Pão de Queijo é brasileira, inaugurada em São Paulo a mais de 40 anos. É uma das maiores redes de alimentação do País. Embora seja uma empresa originalmente brasileira, a julgar pelo nome da rede que leva o nome de um alimento típico da cidade brasileira de Minas gerais que é o pão de queijo, podemos observar que o estrangeirismo da língua inglesa está presente no discurso da propaganda. A frase em destaque que compõe a propaganda brinca com o jogo de palavras : É FAST. É FOOD. MAS NÃO É FAST-FOOD Segundo o dicionário 1001 Estrangeirismos de uso corrente em nosso cotidiano a palavra do inglês fast-food é:

composto de fast ( rápido ) e food ( comida ). Entre nós como adjetivo, qualifica o tipo de comida de preparação rápida (comida fast-food) e, por extensão, diz-se daquilo que é feito rapidamente, sem elaboração (raciocínio fast-food, por exemplo). Como substantivo designa o tipo de comida preparada e servida rapidamente e, por extensão, os estabelecimentos que dispõe desse tipo de comida. (Terra, Nicola, Menón, 2003 p.109) Segundo Carvalho, um dos recursos lingüísticos utilizados para exaltar e qualificar uma marca ou um objeto é a escolha do vocabulário que será utilizado na propaganda a partir de termos de uso corrente aliados ao jogo de palavra, metáforas, estabelecimento de oposições e etc. A autora ainda argumenta que existem palavras que quando colocadas estrategicamente no texto trazem consigo uma poderosa carga de implícitos..o discurso publicitário pode se basear numa diretriz que denota erudição e familiaridade. Pressupõe-se que o público que se deseja atingir esteja familiarizado com o empréstimo fast-food. O vocabulário é escolhido de acordo com o contexto cultural do publico alvo, ou seja, para a palavra fast-food ser compreendida tem que fazer parte do universo cultural do consumidor. Ao elaborar este anuncio com jogo de palavras da língua inglesa, o publicitário deve supor que o leitor da revista em que é veiculada a propaganda possa traduzir e interpretar a frase. Em caso contrário a propaganda não surtiria o mesmo efeito. Baseado nos comentários de Carvalho podemos dizer que o estrangeirismo fastfood é dirigido a um público específico, resulta em força argumentativa na medida em que simboliza um status elevado. Apesar da Casa do Pão de Queijo ser uma empresa brasileira, se apoderou de palavras estrangeiras, seguindo a onda nacional de uso de língua estrangeira, para prestigiar seu próprio produto. Além do mais seria difícil fazer este jogo apenas com palavras na língua portuguesa, pois perderia o sentido e a mensagem que se pretendia passar não seria a mesma. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALVES, Ieda Maria. Neologismo Criação Lexical. São Paulo: Ática, 1994. ALVES, Julia Falivene. A invasão cultural norte americana. São Paulo: Moderna, 1998. AUBERT, Francis Henrik. As variedades de empréstimos. São Paulo : Delta, 2003 BARROS, Diana Luz Pessoa de. Uso dos termos estrangeiros no português do Brasil: discursos de aceitação e rejeição. São Paulo: Humanitas, 2005.

BORGES, Z. Maria. Vocabulário da moda no Português do Brasil. São Paulo: Pompéia, 1994. BENTO, L. Faz um download e dá enter. Isso é português?!!. São Paulo: Revista Imprensa, v20, n.160, p.23 27, 2001. CARVALHO, Nelly. Empréstimos Lingüísticos. São Paulo: Ática, 1989. CARVALHIO, Nelly. Publicidade A linguagem da Sedução. São Paulo: Ática, 2002. CÂMARA, Jr., Joaquim Matoso História e estrutura da língua portuguesa. 2ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986., ERICSSON, Sony. Revista Veja, São Paulo, v.9, n.28, p.56, ago. 2007. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. FIGUEIREDO, Antônio Cândido de. Estrangeirismo. Lisboa: Clássica, 1938. FIORIN, L. J. Considerações em torno do projeto de lei n 1676/99, Estrangeirismos guerras em torno da língua, São Paulo, v.1, n.1, p.107 125, 2001. FARACO, A. Carlos (org). Estrangeirismos guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola Editorial, 2001. GARCEZ, M. P.; ZILLES, A. M. S. Dos. Desejos e Ameaças. Estrangeirismos guerras em torno da língua, São Paulo, v.1, n.1, p. 15-36, 2001. GUEDES, C.P.E. Por que não nos defender da língua? Estrangeirismos guerras em torno da língua, São Paulo, v.1, n.1, p.127-142, 2001.