S. R. TRIBUNAL CENTRAL ADMINISTRATIVO SUL

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Transcrição:

PDF elaborado pela Datajuris S. R. TRIBUNAL CENTRAL ADMINISTRATIVO SUL Processo nº 8727/12 Acórdão de: 21-06-2012 Descritores: Prazo; Prazo substantivo; Prazo adjectivo; Artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA; Artigo 145º, n.ºs 5 e 6 do CPC; Caducidade; Multa; Direito de acção; Sumário: I- O prazo previsto no artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, é um prazo substantivo, de caducidade do direito de acção. II- Ao prazo previsto no artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, não é aplicável o indicado artigo 145º, n.ºs 5 e 6 do CPC. Acordam na 1ª Secção do Tribunal Central Administrativo Sul Vem interposto recurso da sentença do TAF... que julgou verificada a caducidade do direito de acção da ora Recorrente e em consequência determinou a improcedência da acção e absolveu o Recorrido do pedido. Em alegações são formuladas pelo Recorrente as seguintes conclusões: «...». Em contra alegações são formuladas pelo Recorrido as seguintes conclusões: «I - O Tribunal julgou procedente a excepção peremptória de caducidade do direito de acção, conforme se impunha, porquanto se limitou a dar cumprimento ao que, de forma muito clara e objectiva, determina a lei. II - Determina a al. b), do n.º 2, do art. 58 do CPTA que a impugnação de actos anuláveis tem lugar no prazo de 3 meses. III - Por força das aludidas férias judiciais, o prazo de 3 meses converteu-se em 90 dias. IV - O A. intentou a acção objecto da presente extemporaneamente, porquanto entre a entrada da p.i. no Tribunal Administrativo e Fiscal... e a data da notificação que impugnava, terem passado mais de noventa dias. v - A acção de impugnação apenas poderia ser admitida para além do prazo de noventa dias, se reunisse algum dos requisitos estabelecidos nas alíneas do n.º 4 do art. 58 do CPTA, facto que não se veio a verificar.

VI - O A. em momento algum demonstrou ou cumpriu com tais requisitos, de forma a, fundamentada mente, potenciar de algum mérito a sua pretensão. VII - Verifica-se, assim, a caducidade do direito de acção, um dos fundamentos que obstam ao prosseguimento do processo, concretamente o estabelecido na alínea h), do nº 1, do art. 89 do CPTA. VIII - Atentos o nº 3 do art. 493º e o art. 496, ambos do CPC, aplicável ex vi do art.1 do CPTA, o Tribunal Administrativo e Fiscal..., mais não podia decidir que a absolvição total do pedido, como veio a acontecer.». O DMMP apresentou a pronúncia de fls.138 a 140, no sentido da improcedência do recurso. Colhidos os vistos legais, cumpre decidir. Os Factos Em aplicação do artigo 713º, n.º 6, do CPC, não tendo sido impugnada, remete-se a matéria de facto para os termos em que foi decidida pela 1ª instância. O Direito Alega o Recorrente, nas várias conclusões do recurso, que a decisão recorrida errou porque impugnou o acto administrativo objecto desta acção apresentando a PI em 12.02.2010, o que significa que intentou a PI no 2º dia útil após o termo do prazo de 3 meses referido no artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, o que podia ter feito por aplicação do artigo 145º, n.º 5, do CPC, desde que pagasse multa, pagamento este que tinha que ter sido notificado pelo tribunal ao Mandatário do A., nos termos do artigo 145º, n.º 6, do CPC, notificação que o tribunal preteriu. Diga-se, desde já, que a decisão sindicada é correcta, havendo que se manter na íntegra. O prazo previsto no artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, é um prazo peremptório e de caducidade do direito de acção, com natureza substantiva, não um prazo para a prática de actos processuais, no âmbito do processo, de natureza adjectiva. Logo, não lhe é aplicável o indicado artigo 145º, n.ºs 5 e 6 do CPC. Diz o artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, que a impugnação de actos anuláveis tem lugar no prazo e 3 meses. Estipula o n.º 3 desse artigo que «a contagem dos prazos referidos no número anterior obedece ao regime aplicável aos prazos para a propositura de acções que se encontrem previstos no Código de Processo Civil» O artigo 143º, n.º 1, do CPC, afirma que não se praticam actos processuais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados, nem durante o período de férias judiciais. O 144º do CPC, com a epigrafe «Regra da continuidade dos prazos», refere no n.º 1, que «o prazo processual, estabelecido por lei ou fixado por despacho do juiz, é continuo, suspendendose, no entanto, durante as férias judiciais, salvo se a sua duração for igual ou superior a seis meses ou se tratar de actos a praticar em processos que a lei considere urgentes». O n.º 2 desse artigo fixa que «quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil

seguinte». O n.º 4 daquele artigo 144º determina que «os prazos para a propositura de acções previstas neste Código seguem o regime dos números anteriores». Assim, conjugado o artigo 58º, n.º 3, do CPTA, com os artigos 143º e 144º do CPC, nomeadamente com o n.º 4 deste artigo 144º do CPC, deriva que a contagem dos prazos para a impugnação de actos administrativos obedece ao regime previsto nos vários números do artigo 144º do CPC. Mas já o artigo 145º, nomeadamente os seus n.ºs 5 e 6, não lhe podem ser aplicáveis. Primeiro porque tal aplicação não resulta do teor literal dos artigos atrás enunciados, tal como acima exposto. Depois, e sobretudo, porque se trata de um prazo de caducidade do direito a intentar a acção. Por conseguinte, terá de se entender que a contagem deste prazo regula-se pelo Código Civil, mormente pelo artigo 279º desse Código, que rege o cômputo do termo. E conforme o artigo 328º do CC «o prazo de caducidade não se suspende nem se interrompe senão nos casos em que a lei o determine». Assim, por aplicação do artigo 279º, alínea e), do CC, se este prazo terminar num domingo ou num dia de feriado transfere-se para o primeiro dia útil seguinte e suspende-se a sua contagem em férias judiciais. Mas para além do estipulado no artigo 279º, alínea e), do CC, que em nada contende com o também estipulado nos artigos 143º, n.º 1, e 144º, n.º 1 e 2 do CPC, aquele prazo de caducidade do direito de acção, não se suspende ou interrompe o prazo por mais 3 dias, como resultaria da aplicação do artigo 145º, n.º 5, do CPC, tal como o ora Recorrente defende. O artigo 145º, n.º 5, do CPC, permite a prática do acto processual dentro dos 3 primeiros dias subsequentes ao termo do prazo, mediante o pagamento de uma multa. Porém, essa permissão visa o alargamento do prazo para a prática de actos processuais, ou para a prática de actos que destes dependem directamente, não configurando uma suspensão ou uma interrupção do prazo substantivo, de caducidade do direito a intentar a acção. Os prazos substantivos visam uma sucessão de tempo enquadrada no direito civil e por norma não estão conexos com qualquer acto de natureza processual, com o qual se entrecruzem e dele dependam. Os prazos processuais referem-se a uma sucessão de tempo enquadrada no direito processual. O processo é uma sequência ordenada (lógica e cronologicamente) de actos, que vão ocorrendo sucessivamente, uns por dependência ou decorrência de outros. E é apenas neste contexto processual que faz sentido o estipulado no artigo 145º do CPC, nomeadamente o artigo 145º, n.º 5, que faculta à parte a possibilidade de praticar o acto processual dentro dos 3 primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo (processual). Ora, não dependendo o prazo previsto no artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, directamente de outro acto processual, v.g., de uma outra acção interposta ou a interpor ou com qualquer outro acto que tenha natureza processual, não faz sentido aplicar àquele a permissão do artigo 145º, n.º 5, do CPC. O artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, prevê um simples prazo de caducidade do direito de impugnação do acto

administrativo anulável, cujo decurso do tempo (para além dos 3 meses) implica a extinção daquele direito material, de impugnação do acto, e a convalidação da correspondente situação jurídica, que se firma na ordem jurídica, por falta da atempada impugnação. E tal impugnação não esta directamente dependente de qualquer outra acção ou de um qualquer efeito de natureza processual, para além da própria extinção do direito de impugnação. Assim, nada abona a favor da aplicação do 145º, n.º 5, do CPC, a este prazo do artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA. E contra tal aplicação abonam a natureza claramente substantiva do prazo - que é de caducidade - e os princípios da certeza e da segurança jurídicas. Refira-se, ainda, que conforme determinação do artigo 331º do CC, «só impede a caducidade a pratica, dentro do prazo legal ou convencional, do acto a que a lei ou convenção atribua efeito impeditivo». Nos ternos do artigo 267º do CPC «a instância iniciase com a propositura da acção e esta considera-se proposta, intentada ou pendente logo que seja recebida na secretaria a respectiva petição inicial». Ou seja, da leitura destes dois artigos, conjugados ainda com os artigos 58º, n.º 3, do CPTA, 328º do CC, 144º e 279º do CC, deriva que não tendo a presente acção sido interposta dentro do prazo legal para a caducidade do direito de acção, a invocação ou aplicação do artigo 145º, n.º 5, do CPC, também nunca poderia impedir a indicada caducidade. O que impedia a caducidade daquele direito era a apresentação da PI no decurso daquele prazo, não após esse decurso, com o pagamento de multa. Para o pagamento da multa, previsto nos n.ºs 5 e 6 do artigo 145º do CPC, impedir a caducidade do direito de acção do ora Recorrente, era necessário que a lei tivesse previsto de forma clara esse efeito. Não é o que ocorre no caso vertente. O legislador não disse que se aplicava ao prazo referido no artigo 58º, n.º 2, aliena b), do CPC, o estipulado no artigo 145º, n.ºs 5 e 6 do CPC, ou que o pagamento da multa ali referido impedia a caducidade do direito de acção por decurso dos 3 meses, designadamente porque impedia ou se suspendia aquela contagem até ao limite dos dias ali indicados. Diferentemente, o legislador do CPTA apenas se remeteu a contagem do prazo para os «prazos para a propositura de acções que se encontrem previstos no Código de Processo Civil», ou seja, para o artigo 144º do CPC. No sentido ora propugnado, veja-se o defendido por Vieira de Andrade (in A Justiça Administrativa, 2º edição, Almedina, Coimbra, Outubro de 1999, págs. 221 a 225). Igualmente, Mário Esteves de Oliveira e Rodrigo Esteves de Oliveira, claramente afastam a aplicabilidade do artigo 145º do CPC no caso de impugnação de actos anuláveis (in Código de Processo nos Tribunais Administrativos, Vol. I, Livraria Almedina, Coimbra, 2004, pág. 381). No mesmo sentido, Lebre de Freitas, fazendo apelo a Anselmo de Castro, assim defende para os prazos respeitantes à propositura de acções cíveis, face ao estipulado no artigo 144º, n.º 4, do CPC (in Código de Processo Civil Anotado, vol. 1º, Coimbra Editora, Coimbra, 1999, págs. 250 a 252). Confrontar, ainda, Anselmo de Castro, (Lições de Processo Civil, 3º vol., Livraria Almedina, Coimbra, 1966, págs. 83 a 89) e Aníbal de Castro (A Caducidade na Doutrina, na Lei e na Jurisprudência, Lisboa, 1962, págs. 69 e ss, especialmente pág. 71). Diferenciando-se da demais doutrina, Mário Aroso de Almeida e

Carlos Fernandes Cadilha caracterizam o prazo indicado artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, como um prazo adjectivo, ao qual se aplica o artigo 145º, n.ºs 5, 6 e 7 do CPC, que caracterizam como determinando a suspensão do prazo de caducidade do direito de acção (in Comentário ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos, Almedina, Coimbra, 2005, págs. 293 e 294 e Dicionário de Contencioso Administrativo, Almedina, Coimbra, Dezembro de 2006, págs. 272 e 273). Em suma, na data em que o ora Recorrente apresentou a presente PI estava já extinto o seu direito de acção, não se considerando aplicar-se ao prazo artigo 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA, o estipulado no artigo 145º, n.ºs 5 e 6 do CPC, por se caracterizar tal prazo como de caducidade, de natureza substantiva, e por se entender que a lei, nos invocados artigos 58º, n.º 2, alínea b), do CPTA e 144º, n.º4, do CPC, não afasta tal natureza e o carácter peremptório do prazo, não estipulando que o pagamento da multa referido naquele artigo 145º, impede a caducidade do direito de acção ou suspende a sua contagem. Falecem, assim, todas as alegações da Recorrente. Pelo exposto, acordam em: a) em negar provimento ao recurso, confirmando a decisão recorrida; b) custas pela Recorrente. Lisboa, 21 de junho de 2012. (Sofia David) (Carlos Araújo) (Teresa de Sousa)