NOTA DE CONJUNTURA BRASILEIRA (janeiro março 2016)

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Transcrição:

Observatório de Políticas Econômicas: NOTA DE CONJUNTURA BRASILEIRA Paulo Paiva, G.H Gomes Costa 2016

NOTA DE CONJUNTURA BRASILEIRA (janeiro março 2016) Paulo PAIVA; Gustavo H. GOMES COSTA. 1. SÍNTESE CONJUNTURAL A economia brasileira passa por processo de ajuste macroeconômico, sob coordenação do Banco Central do Brasil e dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Não obstante, apesar de os resultados de longo prazo desse processo possam vir a acontecer, a curto prazo, os agentes ainda apresentam incerteza sobre a situação da economia. Isso porque, embora a inflação esteja mostrando sinais de desaceleração, a taxa de desemprego e a renda dos trabalhadores brasileiros estão aquém do esperado, de modo que se deteriorou o poder de compra das famílias que já encaram restrições no crédito e elevação no custo de vida. A condução de política monetária contracionista apresentou resultados positivos, contendo parte do processo inflacionário, o que levou à taxa de juros real voltar a apresentar trajetória ascendente, sugerindo que o Banco Central possa começar em futuro próximo a revisar à Taxa de Juros SELIC no sentido de conter às especulações sobre um possível estado de dominância fiscal, principalmente se o governo iniciar política fiscal mais austera. Nesse sentido, os resultados da economia brasileira mostram ainda o estágio técnico de estagflação, com contração de 0,3% no PIB e acumulo de 2,62% de inflação, no primeiro trimeste deste ano. No consolidado de doze meses, o crescimento da economia foi de -5,4% a.a. (sendo que o primeiro trimestre de 2016 registrou queda de 4,7% comprado ao mesmo período do ano anterior) e inflação de 9,39% a.a., de modo que as expectativas para o PIB e Inflação são de, ao final de 2016 a economia contrair 3,66% a.a., com inflação de 7,31% a.a. Já para 2017, os mercados esperam que a economia brasileira torne a crescer encerrando o período com inflação de 6,00% a.a. e PIB 0,35% maior que no ano anterior. 2. PRODUÇÃO E DEMANDA AGREGADA O primeiro trimestre de 2016 contraiu 0,3% com relação ao último trimestre de 2015, chegando a R$1,47 trilhões, como se pode verificar na Tabela 1. Desse modo, ao comparar a taxa de crescimento do produto ao longo do ano (de abril de 2015 a março de 2016), observa-se contração de 5,4% a.a. Na ótica da produção, esse resultado de contração do PIB no primeiro trimestre reflete resultados negativos em todos os setores da economia: a Agropecuária contraiu 0,3%, a Produção Industrial, 1,2% e o setor de Serviços, 0,2%. A Demanda agregada, fechou o primeiro trimestre com retração no Consumo das Famílias ( 1,7%), na Formação Bruta de Capital Fixo ( 2,7%) e nas Importações de Bens e Serviços ( 5,6%); por outro lado, o Consumo do Governo e as Exportações de Bens e Serviços cresceram, 1,1% e 6,5% respectivamente. Material de responsabilidade do professor 2

Produto Interno Bruto Trimestre ante Trimestre imediatamente anterior Dados dessazonalizados Discriminação 2015 2016 I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri PIB a preços de mercado -1,2-2,0-1,6-1,3-0,3 Agropecuária 4,9-3,7-3,2 2,9-0,3 Indústria -1,2-3,7-2,0-1,6-1,2 Serviços -1,1-1,0-1,0-1,5-0,2 Consumo das famílias -2,6-2,1-1,6-0,9-1,7 Consumo do governo -0,5 0,3 0,3-2,9 1,1 Formação Bruta de Capital Fixo -3,9-7,2-3,9-4,8-2,7 Exportação 12,6 3,4-2,3 0,1 6,5 Importação -1,2-7,8-6,9-5,5-5,6 Tabela 1. Produto Interno Bruto. Fonte: Elaboração Própria a partir de dados disponíveis do IBGE e Banco Central do Brasil. O desempenho do setor agropecuário (queda de 0,3% com relação ao trimestre imediatamente anterior) e, portanto, comparando os resultados do primeiro trimestre de 2016 àqueles do mesmo trimestre no ano anterior, consolidou-se contração de 3,7% na Produção Agropecuária. Esse resultado foi causado pela queda na produtividade agrícola de produtos com safra no primeiro trimestre, que passaram por revisões em suas estimativas de produção anual as quais visam redução na oferta; com exceção da soja, que expandiu sua estimativa de produção anual em 1,3%. Vale ressaltar ainda que as estimativas da pecuária e da produção florestal apresentaram fraco desempenho no primeiro trimestre de 2016. No primeiro trimestre de 2016, a Indústria contraiu 1,2% com relação ao trimestre imediatamente anterior, sendo a Indústria Extrativa Mineral responsável pela maior parcela desse resultado no trimestre, contraindo 1,1% com relação ao trimestre encerrado em dezembro de2015. A Indústria de Transformação e a Construção Civil apresentaram retração de, respectivamente, 0,3% e 1,0% e as atividades de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana expandiram 1,9%, resultado do reajuste dos preços administrados desde novembro de 2014 até janeiro de 2016. Nesse contexto, a Produção Industrial consolidou contração de 7,3%, comparando ao primeiro trimestre de 2015. Com variação nula as Atividades imobiliárias, assim como a Administração, saúde e educação pública (0,1%) e Outros serviços (0,1%) apresentaram estabilidade relativa dentro do primeiro trimestre de 2016 comparado ao trimestre imediatamente anterior. Nas outras rubricas que formam o valor adicionado dos Serviços, a comparação do primeiro trimestre de 2016 àquele imediatamente anterior, mostrou contração de 1,0% no Comércio, de 0,8% na Intermediação financeira e seguros e 0,7% nos Serviços de informação e, finalmente, 0,4% em Transporte, armazenagem e correio. Nesse sentido, o setor de serviços encerrou o primeiro trimestre de 2016 contraindo 0,2% com relação ao trimestre imediatamente anterior e retraiu 3,7% a.a., em relação ao primeiro trimestre de 2015. A comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e o quarto trimestre de 2015 mostra que os resultados adversos na Demanda continuam atingindo tanto às famílias quanto o setores Material de responsabilidade do professor 3

produtivos da economia. Nesse período Consumo das famílias apresentou contração de - 1,7%, resultado da queda no poder de compra no último ano, da elevação na taxa de desemprego e da incerteza quando a situação atual e esperada da economia e da política, por parte dos consumidores. Já no Consumo do Governo, mesmo a despeito dos cortes ocorridos no final de 2015, houve expansão de 1,1% no primeiro trimestre de 2016, principalmente, em virtude de tentar arrefecer à crise política na qual o governo central se vê ameaçado por um processo de descontinuidade. A Formação Bruta de Capital Fixo contraiu 2,7% com relação ao último trimestre de 2015, oitava retração consecutiva. Esse resultado foi resultado pela queda nas importações de bens de capital que, com o movimento cambial e com as restrições nos recursos de crédito via BNDES ficaram inviabilizadas durante 2015. Vale ressaltar que, mesmo com a queda na volatilidade do câmbio durante o primeiro trimestre de 2016, a Formação Bruta de Capital Fixo se ajusta mais lentamente, portanto, ficando pouco sensível a variações e curto prazo. Assim como no quarto trimestre de 2015, o primeiro trimestre de 2016 apresentou melhora no saldo entre exportações (6,5%) e importações de bens e serviços (-5,6%). Tais resultados nas exportações são efeito de a desvalorização da taxa de câmbio tornar os preços dos bens e serviços brasileiros competitivos no mercado internacional, mesmo a despeito da queda nos preços das commoditeis. O desempenho das importações, por outro lado, resultam da depreciação do câmbio tornando os preços dos produtos nacionais mais competitivos, na ótica do consumo, e de a inflação elevada observada desde 2014 estar restringindo o consumo à cestas de bens necessários. 3. ÍNDICES DE PREÇOS Evolução observada do IPCA versus Inflação dos preços administrados acumulados em 12 meses 20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 IPCA administrados livres Gráfico 1. Evolução do IPCA versus inflação dos preços administrados acumulados em 12 meses. Janeiro de 2014 a abril de 2016. Fonte: Elaboração Própria a partir de dados disponíveis do Banco Central do Brasil. Material de responsabilidade do professor 4

jan/14 abr/14 jul/14 out/14 jan/15 abr/15 jul/15 out/15 jan/16 abr/16 O primeiro trimestre de 2016 apresentou arrefecimento na trajetória dos índices de preços, embora ainda não se note convergência para o centro da meta de inflação. Dentre as principais razões para esse resultado, pode-se observar que o esfriamento nos reajustes de preços administrados (definidos pelo governo central) durante o primeiro trimestre de 2016 como principal fator condicionante. Assim, o primeiro trimestre se encerrou com expansão de 2,62% comparado ao final de 2015, sendo esse resultado advindo da expansão de 1,78% nos preços administrados e de 2,93% nos preços livres. No Gráfico 1, observa-se o comportamento do IPCA acumulado em 12 meses, que, de abril de 2015 a março de 2016 acumulou 9,39% de inflação (com 6,16% a.a. de inflação nos preços livres e 13,37% a.a. nos administrados), crescimento de 1,26 p.p. em relação ao período imediatamente anterior. Além disso, ressalta-se que, apesar da tendência de 2016 encerrar com inflação menor do que 2015 (10,67% a.a.), a trajetória da inflação permanece superior ao centro da meta (de 4,5 p.p. a.a.), conforme anunciado pelo Banco Central do Brasil, mesmo a despeito do processo de ajuste econômico em curso, só há pretensão de a economia voltar a apresentar taxas de inflação dentro dos limites da meta a partir de 2017. 4. TAXA DE JUROS Desde meados de 2014 o planejador de políticas econômicas no Brasil passou a operar um processo de ajuste macroeconômico que, entre outras, compreende uma política agressiva de desinflação e atração de capitais para a máquina pública. Nesse sentido, a partir de abril de 2015, o Conselho de Política Monetária (COPOM) passou a fazer a manutenção da Taxa de Juros SELIC de forma que a taxa de juros real se mantenha significativamente superior à faixa de juros neutros, como se pode verificar no Gráfico 2. 8,5 Evolução observada da Taxa de Juros Real 14,4 7,5 13,4 6,5 12,4 5,5 11,4 4,5 10,4 3,5 9,4 Juros Neutros Juros Reais Taxa SELIC (eixo sec.) Gráfico 2. Evolução da taxa de Juros Real. Janeiro de 2014 a janeiro de 2016. Fonte: Elaboração Própria a partir de dados da Taxa de Juros SELIC e da Expectativa de Inflação em 12 meses disponíveis no Banco Central do Brasil. Faixas de Juro Neutro seguem dados do FMI. Material de responsabilidade do professor 5

jan/14 abr/14 jul/14 out/14 jan/15 abr/15 jul/15 out/15 jan/16 abr/16 Vale ressaltar que, conforme se observa no Gráfico 2, embora a Taxa SELIC se mantenha constante desde julho de 2015, a Taxa de Juros Real tem apresentado trajetória de crescimento durante o primeiro trimestre de 2016. Esse resultado mostra que a política monetária tem apresentado o resultado esperado, uma vez que esse indicador mostra que a expectativa dos mercados sobre a taxa de inflação tem reduzido. Nesse sentido, a taxa de juros real variou de 6,48% a.a. e 7,28% a.a. 5. SETOR EXTERNO E TAXA DE CÂMBIO Desde o quarto trimestre de 2015, a economia global apresentou desaceleração em seu processo de recuperação, de modo que houve redução no dinamismo das economias emergentes e do Japão. Mesmo a despeito do dinamismo da atividade econômica interna dos Estados Unidos da América (USA), que veio pela robustez no mercado de trabalho e sustentação no consumo, a apreciação do dólar no mercado externo, o aumento das incertezas quanto à normalização de sua política monetária e menor força da demanda externa mitigaram os resultados produtivos durante o primeiro trimestre de 2016. Além desses fatores, vale enfatizar que, assim como durante o segundo semestre de 2015, o primeiro trimestre de 2016 foi marcado por turbulências nos mercados chineses de ações e câmbio, queda nos preços das commodities e nas perspectivas de crescimento global, ao passo que o crescente risco de as economias maduras apresentarem deflação tem provocado maior volatilidade nos mercados financeiros globais e, por conseguinte, prejudicaram à precificação de ativos nos mercados internacionais. Evolução da taxa de câmbio livre Dólar Americano 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 Gráfico 3. Trajetória da taxa de câmbio livre Dólar Americano (u. m. c. / US$) e média trimestral do câmbio. Janeiro de 2014 a fevereiro de 2016. Fonte: Elaboração Própria a partir de dados disponíveis do Banco Central do Brasil. Conforme o Gráfico 3, após o período de acomodação da taxa de câmbio ocorrido no último trimestre de 2015, o primeiro trimestre de 2016 foi marcado por apreciação moderada da taxa de câmbio. Dos principais fatores para essa movimentação, ressalta-se o forte efeito do Material de responsabilidade do professor 6

capital especulativo quanto à economia e à política brasileira e o ambiente desfavorável ao crescimento que as principais economias tem passado. Nesse sentido, o dólar terminou o primeiro trimestre de 2016 cotado a R$ 3,85 apreciação de 8,86% no trimestre. Já na avaliação em doze meses, o dólar apreciou 57,33% a.a. 6. EMPREGO E RENDA Evolução trimestral da taxa de desemprego no Brasil (PNAD C) 11,0 10,5 10,0 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 Taxa de desemprego Taxa natural de desemprego Gráfico 4. Evolução da taxa de Desocupação no Brasil, por trimestres móveis. Janeiro de 2014 a março de 2016. Fonte: Elaboração própria com dados da PNAD-Contínua Trimestral disponibilizada pelo IBGE. Assim como ao longo do ano de 2015, o primeiro trimestre de 2016 apresentou aceleração na trajetória de crescimento do desemprego. Nesse sentido, o primeiro trimestre de 2016 encerrou com taxa de desocupação de 10,9% crescimento de 1,9 p.p. com relação ao último trimestre de 2015 e expansão de 3,0 p.p. com relação ao primeiro trimestre de 2015, como se observa no Gráfico 4. Pode-se notar que, em termos absolutos, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) realizada pelo IBGE mostra que, ao final do primeiro trimestre de 2016 se estimavam cerca de 11,1 milhões de desempregados no Brasil, ao passo que, comparando ao trimestre imediatamente anterior, houve acréscimo de 22,2% na população desocupada (encerramento de aproximadamente 2,0 milhões de postos de trabalho). Já no horizonte de doze meses, nota-se que houve fechamento de 3,2 milhões de postos de trabalho, o que configura um crescimento da taxa de desocupação em 39,8% a.a. Ao passo que a taxa de desocupação apresentou deterioração nos postos de trabalho, a evolução dos rendimentos médios reais habituais apresentou retomada no primeiro trimestre de 2016. Ressalta-se que geralmente os reajustes nos salário no Brasil ocorrem de janeiro a maio, sendo que a maior parte das variações aconteceram em janeiro de 2016, Material de responsabilidade do professor 7

com o reajuste do salário mínimo para R$ 880,00, visando corrigir a deterioração do poder de compra. Evolução do rendimento real médio habitual da população ocupada 2.050,00 2.040,00 2.030,00 2.020,00 2.010,00 2.000,00 1.990,00 1.980,00 1.970,00 1.960,00 1.950,00 Rendimento Real Habitual Gráfico 5. Evolução do rendimento médio real habitual recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupada, por trimestres móveis. Janeiro de 2014 a março de 2016. Fonte: Elaboração própria com dados da PNAD-Contínua Trimestral disponibilizada pelo IBGE. Como se pode observar no Gráfico 5, embora houve arrefecimento no poder de compra dos trabalhadores brasileiros no último trimestre de 2015, o primeiro trimestre de 2016 apresentou o rendimento médio habitual da população ocupada estável (variando 0,3% no trimestre) encerrando o trimestre a cerca de R$ 1.966,00. Ao comparar o resultado do primeiro trimestre de 2016 ao mesmo período do ano anterior, observa-se que houve queda de 3,2% no rendimento real dos trabalhadores brasileiros (cerca de R$ 65,00 no ano de contração na renda real em doze meses). 7. CONFIANÇA E EXPECTATIVAS 7.1 ÍNDICES DE CONFIANÇA Assim como no último trimestre de 2015, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, encerrou o primeiro trimestre de 2016 com resultados que demonstram que o consumidor brasileiro permanece pouco confiante quanto a situação atual da economia e que suas expectativas de longo prazo quando à retomada do crescimento estão, também, pessimistas. Mesmo com uma retomada em fevereiro, o ICC encerrou o primeiro trimestre a 67,10 pontos, crescimento de 0,5 ponto com relação a dezembro de 2015. Apesar de pouco significativo, esse crescimento na confiança do consumidor adveio da melhora em suas expectativas de inflação no logo prazo, que passaram a apresentar trajetória decrescente no estimador trimestral. Material de responsabilidade do professor 8

jan/14 abr/14 jul/14 out/14 jan/15 abr/15 jul/15 out/15 jan/16 Evolução Dessazonalizada dos Índices de Confiança do Consumidor e de suas expectativas de inflação para 2015 110 11,0 100 10,0 90 9,0 80 8,0 70 7,0 60 6,0 ICC EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO (eixo secundário) Gráfico 6. Evolução Dessazonalizada do Índice de Confiança do Consumidor e das Expectativas do Consumidor para Inflação acumulada anual com médias móveis trimestrais. Janeiro de 2014 a março de 2016. Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados das Sondagens das Expectativas do Consumidor elaboradas pelo IBRE-FGV. Comerciantes e prestadores de serviço interagem com consumidores e produtores primários, desse modo, se adaptam mais facilmente a choques de demanda ou oferta na economia. Nesse sentido, pode-se observar no Gráfico 7.1 o Índice de Confiança do Comércio (ICOM) e o Índice de Confiança dos Serviços (ICS), ambos feitos através de sondagens geridas pelo IBRE/FGV. Em março de 2016, o ICC apresentou queda de 1,7 pontos com relação a fevereiro do mesmo ano, encerrando o primeiro trimestre a 67,1 pontos. Apesar desse resultado mensal consolidado, vale notar que o estimador trimestral do ICC manteve trajetória de retomada da confiança dos comerciantes. Seguindo trajetória similar o ICS encerrou o primeiro trimestre de 2016 a 68,9 pontos mantendo-se estatisticamente estável com relação a fevereiro. Comparando ao último trimestre de 2015 ambos os estimadores mostraram que o setor terciário da produção tem apresentado melhora na confiança e expectativas sobre a situação da economia, como se pode observar no Gráfico 7. No Gráfico 7.2 estão as trajetórias do Índice de Confiança da Indústria de Transformação (ICI) e do Índice de Confiança da Construção Civil (ICST), também elaborados pelo IBRE/FGV. Tais medidas representam a confiança e expectativas do setor primário quanto a situação da economia brasileira. Nota-se que, mesmo a despeito do recuo no crescimento econômico da produção industrial nos trimestres de 2015 e no primeiro trimestre de 2016, a Indústria de Transformação começou a retomar sua confiança. Embora a volatilidade do ICI esteja crescendo, a tendência é de estabilidade e, nesse Material de responsabilidade do professor 9

jan/14 abr/14 jul/14 out/14 jan/15 abr/15 jul/15 out/15 jan/16 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 jan/15 abr/15 jul/15 out/15 jan/16 sentido o índice fechou o primeiro trimestre em 75,10 pontos queda de 0,30 pontos com relação ao encerramento do trimestre anterior. 105 100 95 90 85 80 75 70 65 Evolução Dessazonalizada dos Índices de Confiança dos Produtores 7.1 105 7.2 100 95 90 85 80 75 70 65 60 60 ICOM Gráfico 7. Evolução Dessazonalizada dos Índices de Confiança dos Produtores, janeiro de 2014 a março de 2016. Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados das Sondagens das Expectativas do Comercio e das Sondagens das Expectativas dos Serviços elaboradas pelo IBRE-FGV. Divergente aos outros índices de confiança, o ICST encerrou o primeiro trimestre de 2016 com tendência trimestral negativa. Tal resultado é explicado, principalmente pelo decrescimento da produção industrial e pelo período de desvalorização e acomodação nos preços de imóveis mesmo a despeito da inflação de custos ao longo de 2015. Embora esse nível de confiança (66,80 pontos) implique em uma melhora de 0,20 pontos com relação a fevereiro de 2016, esse resultado representa uma retração de 2,20% em relação ao termino do trimestre anterior. 7.2 EXPECTATIVAS ICS Elaborados pelo Banco Central do Brasil, os Relatórios Focus são publicados semanalmente com intuito de observar as expectativas do mercado, dada a conjuntura econômica. Nesse sentido, o comportamento das expectativas de mercado mostra que o pessimismo visto em 2015 foi também verificado no primeiro trimestre de 2016, embora em termos mais moderados do que os experimentados ao longo do trimestre anterior. Tanto nas expectativas de crescimento do PIB quanto nas expectativas inflacionárias, os mercados apresentaram comportamento similares, ajustes mais significativos a curto prazo (2016) e cautela nos ajustes de longo prazo (2017). ICI ICST Material de responsabilidade do professor 10

31/dez 07/jan 14/jan 21/jan 28/jan 04/fev 11/fev 18/fev 25/fev 03/mar 10/mar 17/mar 24/mar 31/dez 07/jan 14/jan 21/jan 28/jan 04/fev 11/fev 18/fev 25/fev 03/mar 10/mar 17/mar 24/mar O Gráfico 8 expõe a mediana das expectativas de crescimento da economia para os anos de 2016 e 2017 e indica que janeiro de 2016 foi um período de cautela no ajuste de expectativas, entretanto, a partir de fevereiro houve deterioração das expectativas de crescimento da economia, de modo que, ao final do primeiro trimestre de 2016, os mercados ajustaram suas expectativas em -0,71 p.p., passando a estimar que o crescimento do PIB no final de 2016 em -3,66% a.a. e, para o final de 2017, espera-se que haja crescimento de 0,35% a.a. (reajuste de -0,31 p.p. com relação às estimativas no final de dezembro de 2015). -2,75 Evolução das expectativas de mercado para o crescimento do PIB 2016 e 2017 1,25-3,00 1,00-3,25 0,75-3,50 0,50-3,75 0,25 2016 Gráfico 8. Evolução das previsões de mercado para o crescimento do PIB para o final de 2016 e 2017. Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados das Sondagens das Expectativas de mercado dispostas nos Relatórios Focus, do Banco Central do Brasil. As expectativas do mercado quanto à taxa de inflação se ajustaram em período complementar às expectativas de crescimento. Conforme se pode notar no gráfico 9, durante o primeiro trimestre de 2016, as expectativas de inflação para o curto e o longo prazo passaram por um salto durante o mês de janeiro e, a partir de fevereiro, os mercados começaram a revisar às expectativas para o curto prazo. Pode-se notar que há dois fatores relevantes nesse resultado das expectativas de curto prazo: o primeiro é o fim dos reajustes em preços administrados, o qual fez as expectativas de os produtores aumentarem os preços finais dos bens expectando cobrir os custos mais altos (principalmente por causa dos reajustes nos preços de energia). O segundo motivo de as expectativas de inflação para 2016 reduzirem é a manutenção do processo de ajuste macroeconômico em curso, que trouxe de volta a credibilidade dos mercados no formulador de política monetária. Já as expectativas de longo prazo, mostraram que, para 2017, esperam-se que a economia cresça e a inflação fique no limite da meta, como se pode observar no gráfico 9. 2017 Material de responsabilidade do professor 11

31/dez 07/jan 14/jan 21/jan 28/jan 04/fev 11/fev 18/fev 25/fev 03/mar 10/mar 17/mar 24/mar 31/dez 07/jan 14/jan 21/jan 28/jan 04/fev 11/fev 18/fev 25/fev 03/mar 10/mar 17/mar 24/mar Evolução das expectativas de mercado para a trajetória da Inflação (IPCA) 2016 e 2017 8,00 6,75 7,75 6,50 7,50 6,25 7,25 6,00 7,00 5,75 6,75 5,50 6,50 5,25 6,25 5,00 2016 Lim. Sup. 2016 2017 Lim. Sup. 2017 Gráfico 9. Evolução das previsões de mercado para a trajetória da Inflação (IPCA) para o final de 2016 e 2017. Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados das Sondagens das Expectativas de mercado dispostas nos Relatórios Focus, do Banco Central do Brasil. Como se observa no gráfico 9, os mercados reajustaram suas expetativas inflacionárias de curto e longo prazo, encerrando o primeiro trimestre com inflação esperada para 2016 em 7,31% a.a. (aumento de 0,44 p.p. em relação a dezembro de 2015) e de 6,00% a.a. em 2017 (reajuste de 0,8 p.p. em relação a dezembro de 2015), que é teto da meta de inflação para o período. Material de responsabilidade do professor 12