Qualidade em defesa do Consumidor

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Transcrição:

ENQUALAB-2008 Congresso da Qualidade em Metrologia Rede Metrológica do Estado de São Paulo - REMESP 09 a 12 de junho de 2008, São Paulo, Brasil Qualidade em defesa do Consumidor Vera Maria Lopes Ponçano 1, Sezifredo Paulo Alves Paz 2, Mirtes Peinado 3, Hironobu Sano 4. 1 Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, Brasil, vponcano@ipt.br 2 Secretaria da Saúde, Paraná, Brasil, sezi@matrix.com.br 3 Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, São Paulo, Brasil, mirtes@idec.org.br 4 Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, São Paulo, Brasil, hironobu@idec.org.br Resumo: Este trabalho apresenta diferentes perspectivas ao se abordar o tema Qualidade, considerando consumidor, produtor e governo, pelas legislações vigentes. Com isso, são várias as características que devem ser atendidas, dentre elas destacandose os aspectos químicos, físicos, microbiológicos, dimensões como espessura, cor, durabilidade, estabilidade, design, desempenho, preço, atendimento, expectativa e outras. É em realidade um conceito multidimensional e multifacetado. Nesse contexto, organizações como o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) assumem um papel relevante, que pode ser constatado de muitas maneiras em temas que fazem parte do nosso dia-a-dia. A Lei n.º 8.078, dispõe sobre o Código de Defesa do Consumidor (L8078 - CDC), que é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. A título de ilustração das relações entre metrologia em apoio à qualidade dos produtos consumidos pela população neste trabalho é apresentada a avaliação realizada pelo IDEC em carne de frango congelada. Palavras chave: qualidade, metrologia, consumidor, controle de qualidade 1. QUALIDADE Qualidade que vem do latim qualitate é utilizado em diferentes situações em geral relacionadas com um determinado grau de exigência de caráter subjetivo ou a requisitos técnicos. Com isso questões como conformidade com especificações, desempenho, expectativas e exigências dos consumidors, adequação ao uso e valor agregado freqüentemente estão associadas à qualidade. Nessa perspectiva fatores como cultura, conceitos, tipo de produto e de serviço, necessidades e expectativas influenciam diretamente na definição e na percepção da Qualidade. Quando esse foco é colocado em testes e medições realizados por laboratórios, sejam eles de ensaios ou de calibrações, existem maneiras objetivas de se mensurar a qualidade dos resultados obtidos. Na mesma direção o atendimento a normas, procedimentos adotados e outras evidências são considerados na qualificação do desempenho de pessoas, organizações e processos. No Brasil a expressão brasileira tecnologia industrial básica, conhecida pela sigla TIB, concebida ao final dos anos 1970, corresponde aos conceitos norte-americanos de infrastructural technology e alemão de MNPQ (sigla, naquele idioma, do quarteto medida, norma, ensaio e qualidade ). Abrangem as funções tecnológicas encadeadas de metrologia, normalização e regulamentação técnica e avaliação de conformidade, assim como os campos do design e da propriedade intelectual e, ainda, algumas tecnologias de gestão. Nessa abordagem, qualidade tem um conceito objetivo que compreende diversos aspectos relacionados com produtos e serviços, os quais devem responder aos requisitos necessários visando à saúde, segurança e proteção da comunidade usuária, conforme Plonski; Ponçano (2004). Qualidade assegurada exige que os resultados laboratoriais emitidos por quaisquer laboratórios da indústria, centros de pesquisa, prestadores de serviços, universidades, órgãos de controle ou de fiscalização sejam exatos e confiáveis. Evidencia-se a importância dessa área e sua estreita relação com o desenvolvimento econômico dos países, bem como o impacto na saúde e bem-estar da sociedade, conforme Ponçano et al (2004). São diferentes perspectivas ao se abordar o tema Qualidade: é a visão do produtor, a do consumidor e a do governo. Com isso, são várias as características que devem ser atendidas, como os aspectos químicos, físicos, microbiológicos, dimensões como espessura, cor, durabilidade, estabilidade, design, desempenho, preço, atendimento, expectativa e outras. É em realidade um conceito multidimensional e multifacetado.

2 Gestão da qualidade é o processo de conceber, controlar e melhorar os processos da empresa, envolve a melhoria dos processos e o controle de qualidade. Controle da qualidade são ações relacionadas com a medição da qualidade, visando ao atendimento dos requisitos dos produtos e serviços. 2. O CONSUMIDOR E A LEI A Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990 dispõe sobre o Código de Defesa do Consumidor (L8078 - CDC), na qual consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Em seus parágrafos produto é descrito como qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Em seu art. 6º são citados os direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, em seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 3. O IDEC E A DEFESA DO CONSUMIDOR Nesse contexto, os institutos de defesa do consumidor assumem um papel relevante, que pode ser constatado de muitas maneiras em temas que fazem parte do nosso dia-a-dia. O Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), criado em 1987, teve sempre um ideal firme que desde então tem se refletido em suas ações de luta pela cidadania, propiciando meios para um cidadão ser capaz de se defender. Esses resultados provêm da consistência, isenção e conteúdo das informações divulgadas, do atendimento aos seus associados, da avaliação de produtos e serviços utilizados pela população. Dentre as suas publicações cita-se o próprio código de defesa do consumidor que, além da edição normal também foi elaborado em versão mirim propiciando à criança e ao jovem conceitos em linguagem amigável a essa faixa etária. Na Revista do IDEC deste mês, março de 2008, a chamada de capa foi a previdência privada e os produtos analisados foram os ovos e barras de chocolates, além dos bolos de páscoa. Nesse número vemos o depoimento de uma associada que diz: O papel assumido pelo IDEC tem grande relevância para a sociedade, pois cada vez mais crescem as relações de consumo. Uma pessoa isoladamente não consegue visualizar todas as facetas que isso implica. Com a ação fiscalizatória da entidade, descobrimos coisas que nunca perceberíamos se não nos chamassem a nossa atenção, mesmo com os direitos assegurados pelo CDC. 3.1 IDEC e produtos analisados Muitos são os produtos e serviços que desde a criação do IDEC vêm sendo avaliados. Como ilustração é descrito resumidamente a seguir um caso que contribuiu para o aprimoramento da qualidade, sob diversas perspectivas do usuário, do produtor e do governo. Neste estudo em particular os aspectos de qualidade tiveram uma estreita relação com as características químicas, físico-químicas e microbiológicas do produto em si, segurança alimentar, certificação, teste de metodologia analítica, controles da cadeia produtiva e direitos dos cidadãos. Como um exemplo prático de sua atuação é apresentado e analisado neste trabalho o estudo realizado pelo IDEC em frangos congelados. O seu desenvolvimento teve por base reclamações de consumidores em abril de 2000, os quais questionavam a presença de água e proteína de soja nas embalagens de frango congelados disponíveis nos supermercados. O IDEC solicitou informações ao Ministério da Agricultura sobre a regulamentação para esta prática, e constatou que ela fora autorizada por meio de instrumento inadequado para esse tipo de procedimento e que não obrigava a informação clara, desrespeitando o Código de Defesa do Consumidor. Dessa forma, o consumidor pagava por água e proteína de soja o preço de carne de frango.

3 A denúncia na revista do IDEC e nos meios de comunicação levou à proibição da injeção de proteína de soja e água em carnes enquanto não fosse criado o regulamento definindo as quantidades máximas a serem injetadas, tipo de produtos, metodologias analíticas e informação ao consumidor. Em dezembro de 2004, foi realizado um teste comparativo entre oito marcas de aves congeladas existentes em supermercados da Grande São Paulo, com o objetivo de verificar quatro parâmetros: rotulagem, qualidade sanitária, teor de água e SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor. 3.1.1 Carne de frango A carne de frango é, para o consumidor brasileiro, uma das mais baratas fontes de proteína animal disponíveis no mercado e juntamente com o ovo, representa uma fonte de proteína animal muito usada pela população de menor renda. Segundo a UBA - União Brasileira de Avicultura e a APINCO - Associação Brasileira de Pintos de Corte, a produção e consumo anual de carne de frango no Brasil vêm revelando considerável crescimento desde 1998, o que evidencia a importância desse produto para a saúde pública brasileira. 3.1.1.1 Contaminação microbiológica Microrganismos patogênicos Relativamente à saúde pública, poucos alimentos são mais preocupantes do que carnes de frango in natura, congeladas ou resfriadas, pois estes animais são reservatórios naturais de diversas formas de microrganismos, particularmente os patogênicos que são de especial interesse para saúde da população. Além disso, ainda existem microrganismos patogênicos que não têm sua gênese relacionada diretamente ao animal abatido, mas advém da operação de abate através de equipamentos, utensílios e dos próprios manipuladores. Dos microrganismos patogênicos presentes no frango, que assumem importância sanitária para o homem, o gênero Salmonella é, possivelmente, o mais destacado e estudado devido à dificuldade de seu controle em ambientes de criação e abate e por sua prevalência em casos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs) em muitos países. Também os Staphylococcus aureus, amplamente difundidos na natureza, estão relacionados com surtos de origem alimentar, conforme Vaughan & Sternberg (Pereira, 2000). Contaminações desse tipo ocorrem em alimentos com umidade elevada e alto percentual de proteínas como produtos de origem animal, produtos de confeitaria que contenham cremes e todos aqueles que requerem considerável manipulação durante o seu preparo e cuja temperatura de conservação frio ou calor esteja inadequada (Germano; Germano, 2001). Na tentativa de conter a proliferação desse tipo de contaminantes ou por seu efeito profilático, surgem os antibióticos nas rações dos animais, prática que tem contribuído para a perpetuação de cepas resistentes e patogênicas. Dados da OMS Organização Mundial da Saúde - registram que ao lado da AIDS, malária, tuberculose, pneumonia e sarampo, as infecções intestinais fazem 13 milhões de vítimas por ano no mundo. Entre as causas apontadas para tal situação, destaca-se o uso de drogas, principalmente os antibióticos, que contribuem para a seleção de cepas resistentes (Panetta, 2001; citado por Martins et al, 2003). Com isso observa - se a importância de medidas preventivas de controle de qualidade em toda a cadeia alimentar com rigoroso e sistemático controle de matéria prima e processos com rotinas de higienização de ambientes, uso apropriado de equipamentos e utensílios, operadores treinados e controle de temperaturas em toda a cadeia de frio. Uso de medicamentos não é solução e sim um agravante para a saúde do consumidor. Coliformes Fecais Coliformes fecais são microrganismos que têm como característica comum a sua existência nos intestinos de animais homeotérmicos, isto é, de sangue quente (aves e mamíferos) e daí deriva o seu nome. São bactérias de vários gêneros distintos e a única representante que é comprovadamente patogênica e predominante no grupo é a Escherichia coli, que recebeu este nome por habitar especificamente uma porção do intestino grosso denominada cólon, conforme Germano; Germano (2001). Microrganismos Mesófilos O grupo das bactérias mesófilas é formado por um grande número de microrganismos, patogênicos e saprófitas, sendo que estes podem ser prejudiciais ou benéficos ao homem e aos alimentos, dependendo de sua aplicabilidade. A pesquisa sobre a quantidade de mesófilas num dado alimento depende do que se deseja descobrir, já que sua presença é certa, salvo em raros casos de esterilidade total do produto. Neste estudo em particular, o grupo foi usado como indicador metrológico das condições higiênicas de produção, pois valores acima dos estipulados pela legislação indicam más condições de higiene.

4 3.1.1.2 Água no Frango Nota: O pesquisador Murilo Diversi foi o responsável pelo teste do frango congelado. Como todo alimento de origem animal, a musculatura do frango é constituída principalmente de proteínas, com exceção da água que é o principal constituinte de todos os seres vivos. Estas proteínas possuem a propriedade de reter uma considerável quantidade de água devido às suas características físicas. Durante o processo de industrialização do frango, especificamente no momento que antecede o congelamento, o produto deve ser submetido a etapas de pré-resfriamento denominadas pré-chiller e chiller por imersão em água gelada. Neste momento, as proteínas são hidratadas e o tecido muscular incorpora uma certa quantidade de água que deverá sair do frango antes que este seja congelado, caso contrário, a água incorporada congelará juntamente com o produto que terá seu peso excedido ao que seria normal pela presença do gelo. O regulamento técnico da inspeção tecnológica e higiênico-sanitária de carne de aves aprovado pela portaria n 210 de 10 de novembro de 1998 do MAPA/DAS, estabelece no item 2.15 o controle do índice de absorção de água pelas carcaças de aves submetidas ao pré-resfriamento por imersão em água. Na alínea B dessa Portaria é referido o método oficial a ser utilizado para a quantificação do teor de água resultante do descongelamento de carcaças congeladas, que é o Método do Gotejamento ("DRIP TEST"). Se a quantidade de água resultante expressa em percentagem do peso da carcaça, com todos os miúdos e partes comestíveis na embalagem, ultrapassar o valor limite de 6%, considera-se que as carcaças absorveram um excesso de água durante o pré-resfriamento por imersão em água. Desde que foi publicada a Portaria, vários trabalhos foram realizados no sentido de avaliar a perda de água por desgelo em carcaças de aves congeladas, destacando-se Souza et al (2000) que, após aplicarem a metodologia para Drip Test em frangos coletados no comércio, verificaram que 82,4% deles apresentavam água acima dos limites estabelecidos. De forma similar, Pasqualetto et al (2001) analisando 84 amostras coletadas nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, verificaram que 78,57% encontravam-se fora dos limites estabelecidos, isto é, acima dos 6% definidos pela legislação. Em 2003, através do DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal) o próprio MAPA constatou que o teor de água de 48 amostras (32%) estava acima do estabelecido pela legislação vigente (6%), o que é bastante preocupante sob o ponto de vista econômico para os consumidores, já que as marcas que apresentaram o problema continham até 23% de água, isto é, quase quatro vezes mais do que o percentual permitido. Como informado pelo MAPA, o excesso de água não interfere na qualidade do produto, contudo lesa o consumidor que acaba comprando água a preço de frango. 3.1.2 Estudo realizado pela equipe técnica do IDEC* 3.1.2.1 Objetivos Verificar a qualidade higiênico-sanitária de algumas marcas de aves congeladas expostas à venda em supermercados da Grande São Paulo. Verificar o teor de água (expresso em índices percentuais) resultante do descongelamento de aves congeladas. Verificar se os rótulos dos produtos analisados encontram-se de acordo com normas vigentes, isto é, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (CDC Código de Defesa do Consumidor), Portaria MAPA nº 371, de 02 de janeiro de 2001, Resolução RDC nº 13, de 02 de janeiro de 2001 e Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002. Avaliar as condições de atendimento dos Serviços de Atendimento ao Consumidor SAC das empresas envolvidas no trabalho. Gerar sugestões e orientações aos segmentos interessados, isto é, consumidores, fabricantes e órgãos de fiscalização, no sentido de alcançar melhorias significativas para o setor. 3.1.2.2 Metodologia A metodologia tomou por base as medições e controles de qualidade que avaliassem aspectos relacionados com: Avaliação de rotulagem; Análises Microbiológicas; Método do Gotejamento ou Drip Test (verificação da quantidade de água resultante do descongelamento do produto) e Serviço de Atendimento ao Consumidor. 3.1.2.3 Resultados Rotulagem Os resultados ilustrados na figura 1 revelaram que nenhum produto analisado possui rótulo totalmente de acordo com as normas legais vigentes (Lei 8.078/90, Portaria MAPA 371/97, Resolução RDC 13/01 e Resolução RDC 259/02).

5 Fig.1. Resultado da Avaliação de Rótulos Os principais problemas encontrados nos rótulos foram (i) a falta da indicação clara de conservação do produto, ou seja, as temperaturas para armazenamento em refrigerador ou em freezer e (ii) a falta da indicação do lote. Análises Microbiológicas Das oito marcas analisadas, 07 (87,5%) apresentaram resultados satisfatórios para todos os microrganismos pesquisados. Uma marca (12,5%) revelou a presença de Salmonella sp, sendo assim considerada como Presente, já que a legislação vigente não define valores máximos para estes microrganismos, nem exige sua ausência. A RDC de 12 de 02 de janeiro de 2001 não faz referência a limites aceitáveis de salmonela, no entanto a RDC 13/01 exige que o produtor inclua no rótulo a frase de alerta ao risco de presença de salmonella, o que no caso analisado não ocorreu. Teor de água após descongelamento (Drip Test) Os resultados das análises pelo teste do gotejamento revelaram que das oito marcas analisadas, apenas uma marca, correspondendo a 12,5% apresentou resultado satisfatório, o que significa que a quantidade de água obtida encontrava-se dentro dos limites estabelecidos pela legislação vigente, isto é, 6,0% de água. As outras sete marcas, correspondendo a 87,5% do total analisado apresentaram resultados insatisfatórios, isto é, acima dos limites legais estabelecidos, conforme figura 2. Fig. 2 Teor de água encontrado nas marcas analisadas Avaliação do SAC Constatou-se que quando se trata de realizar uma pergunta sobre o preparo ou conservação do produto, a maioria das respostas foi satisfatória e os atendentes apresentaram um bom nível de conhecimento. Por outro lado houve dificuldade em responder perguntas que demandam maior conhecimento técnico. A tabela 1 apresenta um resumo dos resultados obtidos no estudo realizado, compreendendo as características avaliadas.

6 Tabela 1. Síntese dos resultados laboratoriais, SAC e rotulagem Empresa Produto Congelado Classificação Rotulagem Microbiológico Drip Test SAC Conclusão Aurora Galeto Boa Ausência 7,8 Regular Insatisfatório Brotão Frango Boa Ausência 9,4 Insatisfatório Insatisfatório Copacol Frango Regular Ausência 5,6 Regular Satisfatório Flamboiã Galinha Regular Ausência 7,4 Satisfatório Insatisfatório Korin Frango Regular Ausência 11 Regular Insatisfatório Nhô Bento Frango Caipira Muito Ruim Ausência 11,9 Regular Insatisfatório Perdigão Galeto Boa Salmonella sp 7,4 Regular Insatisfatório Sadia Frango Boa Ausência 6,6 Regular Insatisfatório Notas 1. Os resultados referem-se exclusivamente aos lotes especificados 2. Preço pago em 25/11/2004 Custo da água no frango Para analisar a perda financeira para o consumidor foram calculados os custos da água contida no frango. Essa projeção foi feita considerando-se (i) o consumo per capta de frango no Brasil, que é de 27,7 kg, segundo dados da UBA, e (ii) o número médio de indivíduos por família, que é de 3,5 pessoas segundo o censo do IBGE (2002). Os teores de água calculados foram aqueles que excederam o limite permitido por lei, ou seja, foram calculados os custos do valor total resultante do Drip Test subtraído de 6% de água, medidos após o descongelamento. O percentual que ultrapassou os 6% permitidos em lei corresponde ao excesso de água que o consumidor paga como se fosse frango. O preço das amostras corresponde ao valor pago no dia 25/11/2004. Dessa forma, os resultados encontram-se na tabela 2. Tabela 2. Custo da água no frango Marca Preço Drip Test Excesso de água Custo da Água por família (R$/kg) (%) (%) (R$/ano) Aurora 4,98 7,8 1,8% 8,69 Brotão 2,59 9,4 3,4% 8,54 Copacol 2,47 5,6 0 - Flamboiã 3,09 7,4 1,4% 4,19 Korin 4,89 11 5,0% 23,70 Nhô Bento 6,11 11,9 5,9% 34,95 Perdigão 5,99 7,4 1,4% 8,13 Sadia 3,05 6,6 0,6% 1,77

7 Como se pode observar, os resultados mostram uma grande discrepância entre os valores encontrados para as marcas analisadas. Apenas o produto da marca Copacol não apresentou excesso de água, embora o Drip Test tenha ficado muito próximo do limite de 6%. A marca Nhô Bento, por outro lado, foi a que apresentou o maior percentual de excesso de água (5,9%) e também o maior preço por kg (R$ 6,11) dentre os produtos analisados. Assim, este produto foi o que apresentou o maior custo de água por família por ano (R$ 34,95). A ilustração desses resultados encontra-se na figura 3. Fig. 3 Custo da Água no Frango 4. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O presente trabalho revelou a necessidade de controle de qualidade mais rigoroso aliado ao estabelecimento de medidas urgentes na fiscalização de um produto alimentício disponível no mercado e consumido em larga escala pela população. As lacunas nos controles que foram observadas mais intensamente referem-se à quantidade de água nas carcaças congeladas, rotulagem e nos serviços de atendimento ao consumidor, além da questão sanitária. Além dos aspectos relacionados com a saúde, a gravidade dos resultados em relação à quantidade de água nas carcaças, que excederam em alguns casos a quase o dobro do permitido legalmente, demonstra que as empresas estão causando prejuízos ao consumidor e, assim, à economia popular. Essa questão é tanto mais grave quanto mais baixa a renda familiar, que no Brasil representa a maioria da população. O lucro advindo da água vendida a preço de carne pode ser dimensionado por meio dos valores médios calculados sobre o total de carcaças de frango comercializadas. Aliado a esses fatos existem situações reais de congelamento e descongelamento de produtos alimentícios como esse que podem gerar outras conseqüências sérias à saúde, como o de contaminações. Uma definição correta e abrangente dos parâmetros laboratoriais de controle de qualidade na legislação, por meio das portarias e resoluções oficiais, é fundamental no estabelecimento dos indicadores. Para que possam ser feitos esses controles, garantindo a qualidade ao consumidor é de fundamental importância que o país disponha de uma infra-estrutura adequada de laboratórios, com métodos analíticos reconhecidos, confiáveis e precisos. As irregularidades nos rótulos, como a falta de informações obrigatórias, também são um aspecto grave. Os rótulos dos alimentos assumem papel relevante para os consumidores, não só por seu caráter informativo, previsto no Código de Defesa do Consumidor, mas também por sua importância perante a saúde pública, pois inúmeras vezes têm a função de trazer informações vitais relativas à rastreabilidade dos gêneros alimentícios, além daquelas destinadas a salvaguardar a saúde dos consumidores, como é o caso dos alertas que devem constar nos rótulos de aves congeladas. Quanto à qualidade e clareza das informações solicitadas aos Serviços de Atendimento aos Consumidores (SAC), observouse que, embora a maioria das empresas tenha uma estrutura específica para o atendimento ao seu consumidor, as empresas têm muito a fazer, principalmente oferecer treinamento específico, por produto, aos seus funcionários, pois os atendentes, de maneira geral, desconhecem os processos técnicos de produção da empresa e seus produtos. No que diz respeito ao produto pronto, ou seja, na forma como ele é comercializado, os atendentes se mostraram mais conhecedores dos problemas e

8 situações possíveis. Algumas empresas ainda tratam o SAC como uma área de captação de reclamações apenas e não como um instrumento de aproximação e suporte ao consumidor. Como evidenciado, a metrologia é uma ciência de sustentação às questões de qualidade abordadas neste estudo. Considerando-se a diversidade de produtos a serem controlados pode-se imaginar a base laboratorial necessária e a importância de se dispor de laboratórios competentes no País nas diversas áreas, de maneira a atender essas demandas. Nesse contexto, as associações de defesa do consumidor, como o IDEC, que sistematicamente procuram avaliar aquilo que é oferecido à população um papel estratégico. A atuação desses órgãos de forma competente, independente e isenta, propicia uma base firme ao respeito e bem estar do consumidor. Finalmente, cabe a cada um de nós como cidadãos estar atento à qualidade dos produtos consumidos. A participação de pesquisadores e laboratórios nas diversas áreas de competência necessárias, o cumprimento dos regulamentos por parte das indústrias e a normalização e regulamentação por parte do governo são elementos básicos para a sociedade. Com esse propósito, institutos como o IDEC continuarão atuando de forma responsável, não somente frente às questões higiênico-sanitárias aqui identificadas, como também em aspectos econômicos que atinjam os consumidores brasileiros, lesando-os em decorrência de produtos de mercado com qualidade questionável ou aquém da necessária. Sugestão ao Consumidor Ao comprar frangos congelados, atentar para a integridade das embalagens e suas informações, lendo atentamente os rótulos antes da compra. Não comprar produtos que estejam armazenados em equipamentos de conservação defeituosos ou sobrecarregados. Verificar as temperaturas de conservação de produtos alimentícios nos pontos de venda. No caso de frangos, verificar se estão conservados em balcões de congelamento com temperatura inferior a 12,0ºC. Não comprar produtos congelados com sinais de descongelamento, tais como amolecimento quando pressionado e/ou presença de gelo sobre a embalagem. Comprar os produtos congelados por último, transportar rapidamente para casa e, se possível, em sacolas isotérmicas. Observar os prazos de validade e as condições de conservação sob congelamento no domicílio. Após manipular frangos, mesmo que ainda embalados, lavar bem as mãos antes de realizar quaisquer outras tarefas. O mesmo se aplica a quaisquer equipamentos ou utensílios que tenham tido contato com produtos crus, especialmente carnes. Siga as instruções constantes das embalagens desses produtos. Não consumir alimentos de origem animal mal cozidos. Ao notar a existência de excesso de água em aves congeladas não temperadas, procurar o serviço de vigilância sanitária ou os órgãos de agricultura ou ainda autoridades de defesa do consumidor e solicitar providências.

9 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 8.078, de setembro de 1990. Dispõe Sobre a Proteção do Consumidor e Dá Outras Providências. BRASIL. Portaria MAPA/SDA nº 210, de 10 de novembro de 1998. Aprova o Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higiênico-Sanitária de Carne de Aves. BRASIL. Portaria MAPA/SDA nº 371, de 04 de setembro de 1997. Aprova o Regulamento Técnico para Rotulagem de Alimentos embalados. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico Sobre Padrões Microbiológicos Para Alimentos. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº 13, de 02 de janeiro de 2001. Aprova. Regulamento Técnico para Instruções de Uso, Preparo e Conservação da Rotulagem de Carne de Aves e Seus Miúdos Crus, Resfriados ou Congelados. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados. GERMANO, PML & GERMANO, MIS. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. Livraria Varela, p.217-236, São Paulo, 2001. Pasqualetto, A. et al. Avaliação do Teor de Líquido Perdido por Degelo de Frangos Congelados (Drippinf Test) Consumidos no Centro-Oeste do Brasil. Universidade Católica de Goiás, p.1-5, Gioania, 2001. PEREIRA, ML et al. Estfilococos: Até Onde Sua Importância em Alimentos? Higiene Alimentar, v.14, n.68/69, p.32-37, São Paulo, janeiro/fevereiro, 2000. MARTINS, SCS et al. Screening de Linhagens de Escherichia coli Multirresistentes a Antibióticos, em Alimentos de Origem Animal no Estado do Ceará, Brasil. Higiene Alimentar, v.17, n.104/105, p.71-75, São Paulo, janeiro/fevereiro, 2003. MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Programa Tecnologia Industrial Básica e Serviços Tecnológicos para a Inovação e Competitividade. Brasília: MCT, 2001b. Disponível em: <http://ftp.mct.gov.br/temas/desenv/tib.pdf>. Acesso em: 27 maio 2007. Presidência da República Federativa do Brasil. Legislação Leis. Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/legislacao/. Acesso em: 22 de março 2007. PLONSKI, G. A.; PONÇANO, V. M. L. Programa brasileiro de metrologia em química: gerando redes de tecnologia industrial básica. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 23., 2004, Curitiba. Anais... São Paulo: PGT/ USP, 2004. p 2818-2830. PONÇANO, V. M. L.; D ALMEIDA, M. L. O.; MAKIYA, I. K. Gestão do Programa Brasileiro de Metrologia em Química: foco na competitividade. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE METROLOGIA, 4., 2004, Foz do Iguaçu. Anais... Curitiba: Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios, 2004. SÃO PAULO. Decreto Estadual nº 12.486, de 20 de outubro de 1978. Institui as Normas Técnicas Para Alimentos.