CONGRESSO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO 2016 Educação e Diversidade ISSN X

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Transcrição:

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS Viviene de Paulo de Melo Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Patrícia Onesma Barbosa da Silva Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT Resumo Os escritos desse estudo pretende esboçar uma reflexão acerca da Lei 10.639/03, modificada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana, assim como da indígena em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, como meio de promover uma educação que leve o respeito à diversidade cultural das relações ético-raciais, visando garantir o reconhecimento das contribuições dos/as negros/as e indígenas na formação da sociedade nacional atual. Foi utilizados livros e artigos da internet. Observamos que negar as influências latentes dos povos negros e indígenas na formação cultural de nosso país é silenciar a obstinação de um povo que, desde a época colonial, lutou e continua lutando para preservar sua maneira de ser, pensar, agir e cultuar. Palavras-chave: Lei 10.639/03. Lei 11.645/08. Diversidade Cultural e racial. Introdução Este artigo foi desenvolvido com o objetivo de apresentar a Lei nº 10.639/03 modificada pela Lei nº 11.645/08 na sua diversidade cultural, na qual se torna obrigatório o ensino da história afro-brasileira, africana e indígena nas salas de aulas. Assim o objetivo foi o de esboçar de forma clara como essas leis devem ser trabalhadas e porque elas se tornaram importantes para estudar a cultura negra e indígena na sociedade brasileira. As Orientações Curriculares (2010) traz que historicamente as escolas centraram seus currículos num padrão eurocêntrico, privilegiando dessa forma a cultura de origem

branca, ou seja, a cultura europeia/asiática. Sendo muitos elementos da história, cultura afrobrasileira e indígena silenciada ou abordada de forma equivocada e estereotipada. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, buscou efetivação da condição do estado como democrático, dando ênfase na cidadania e na dignidade da pessoa humana. Como traz no artigo terceiro, inciso IV onde constitui como objetivos fundamentais da república promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL, 1988). Dessa forma as Orientações Curriculares trazem que:... a valorização da diversidade eticorracial e cultural na nossa formação deve ser estudada, reconhecida e afirmada. Garantir o conhecimento escolar sobre as questões indígenas e africanidades em nosso Estado é conhecermos a nós mesmos/as. Trata-se de reconhecer a participação dos/as negros/as ao lado dos/as indígenas, europeus e asiáticos/as na produção cultural e intelectual do país, ontem e hoje. (MATO GROSSO, P.82, 2010) Contundo, negar essas influências tão latentes na formação cultural mato-grossense é silenciar a obstinação de um povo que, desde a época colonial, de uma maneira ou de outra, lutou e continua lutando para preservar sua maneira de ser, pensar, agir e cultuar (MATO GROSSO, 2010). Assim, a sociedade brasileira é composta por diversos grupos étnicos, oriundos de processos históricos de longa duração, como é o caso das populações indígenas do Estado de Mato Grosso. Desenvolvimento Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no Brasil Lei 10.639/03 A Lei nº 10.639 de 09 de Janeiro de 2003, altera a lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes de Bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira.

Em sua primeira redação a Lei nº 9394/96 traz no artigo 26, parágrafo quarto que O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. Contudo, na necessidade de se ter e conhecer a fundo a história da formação do povo brasileiro, a Lei nº 10.639/03 que entrou em vigor em 09 de Janeiro de 2003, determinou que: Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil. 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Histórias Brasileiras. Compreende-se aqui então que a Lei propõe novas diretrizes para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana, ressalta que o professor em sala de aula deve mostrar a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da brasileira, onde os negros são sujeitos históricos, valorizando-se o pensamento e as ideias intelectuais dos negros brasileiros, assim como a música, a culinária, a dança e as religiões que fazem parte da cultura africana. O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. Para Carvalho (2014) quando nos referimos, em sala de aula, ao escravo africano, nos equivocamos, pois ninguém é escravo as pessoas foram e são escravizadas. O termo escravo, além de naturalizar essa condição às pessoas, ou seja, trazer a ideia de que ser escravo é uma condição inerente aos seres humanos, também possui um significado preconceituoso e pejorativo, que foi sendo construído durante a história

da humanidade. Além disso, nessa mesma visão, o autor traz que o negro africano aparece na condição de escravo submisso e passivo. Uma primeira reflexão que devemos fazer é sobre a palavra escravo, que foi sempre atribuída às pessoas em determinadas condições de trabalho. Portanto, a palavra escravo não existiria sem o significado do que é o trabalho e das condições para o trabalho. (CARVALHO, 2014, p.1) Portanto, esse termo vem sendo usado de maneira a excluir e separar o/a negro/a e indígenas por meio de atitudes preconceituosas e discriminatórias, onde entra as leis com o intuito de superar esse conceito que foi criado durante o período de colonização do país. Com a Lei 10.639/03 também foi instituído pelo Artigo 79-B que o calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil. Quando falamos em educação, o cenário para os negros e indígenas brasileiros é marcado por dificuldades de acesso e permanecia no sistema formal de ensino. A escola, como uma instituição social propiciadora de inter-relações pouco tem favorecido a identificação dos afrodescendentes com o ambiente escolar. Conforme as orientações curriculares (2010) aponta que esforços vêm sendo feito para garantir a inclusão das questões étnico raciais nas políticas educacionais do estado conforme prevê a lei 10.639/03, mas pouco são os resultados visíveis. Como afirma as orientações curriculares de Mato Grosso (2010), é em relação a esse alunado, ou seja, aos alunos/as negros/as afrodescendentes e indígenas, que há um silenciamento sobre suas raízes culturais presentes na sociedade brasileira. Esse comportamento é fruto do ideal de branqueamento, politicamente pensado para o país. Diante dessa afirmação compreende que: A falta de identidade do negro com a educação que lhe é imposta explica o alto coeficiente de repetência e evasão escolar do aluno negro em relação ao aluno branco, demonstrando, portanto, que urge uma educação que busque a inclusão dos mesmos, a partir de um

ensino-aprendizagem que refletia a realidade da camada dita inferior, portanto excluída. (MUNANGA, 2001, apud MT, 2010, p.81). Neste contexto, a Resolução CCE nº 204/2006 e o Parecer Orientativo CEE/MT nº 234/2006 são documentos norteadores para as políticas públicas educacionais nas orientações de ações pedagógicas para a implementação da Lei 10.639/03 sobre a diversidade étnica racial. Assim, a meta desse documento é o de promover uma educação que leve o respeito às diversidades culturais, como o reconhecimento da sua cultura. Visa, ainda, garantir o reconhecimento das contribuições dos/as negros/as e índios/as na formação da sociedade nacional. Ainda conforme as Orientações Curriculares de Mato Grosso, a educação étnica racial deve levar ao reconhecimento de que muitas das desigualdades entrem negros/as, brancos/as e indígenas teve origem no período escravocrata e são reproduzidas até hoje em decorrência do racismo. Conforma traz a Resolução nº 1, que institui para as orientações na aplicação da Lei 10.639/03: 1º - A educação das relações Etnicorraciais tem por objetivo a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos [e cidadãs] quanto à pluralidade etnicorracial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos [e todas], respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira. (MATO GROSSO, 2010, p.83) Desse modo, as leis surgiram para dar suporte à cultura brasileira que é rica em diversidades, mas que não estuda e não se conhece sua história devido a cultura do branqueamento que foi criada pelos nossos colonizadores. Ensino da História e Cultura Indígena Lei 11.645/08 Já a Lei 11.645/08 modifica o artigo 26-A da Lei 10.639/03 para incluir o ensino da história e cultura indígena, que passa a vigorar com o seguinte texto:

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e histórias brasileiras. Nessa questão a Lei 11.645/08 possibilitará maior valorização da identidade indígena no país e a herança desses povos em nossa formação cultural. Os povos indígenas transformaram-se no contato com outras culturas, adquiram novos hábitos e conhecimentos, da mesma forma que as culturas não-indígenas absorveram os seus conhecimentos. Mesmo sofrendo mudanças em sua cultura, os indígenas vivem ainda de modo diferenciado, embora já saiba que algumas sociedades indígenas desapareceram em decorrência desse fator, o que representa uma perda de formas singulares para sempre. Dentro deste contexto as orientações curriculares (2010) alerta-nos para o fato de sabemos que não se trata de uma tarefa fácil incluir questões raciais no contexto escolar, porém essa atividade implica, acima de tudo, num compromisso nosso como educadores. Abordar sobre cor/raça no cotidiano da sala de aula não se limita a fazer referência à diversidade etnicorracial de uma população. Inicialmente trata-se de descontruir ideias que relacionam cor/raça a capacidade e qualidades morais e intelectuais [...] Consiste, também, em evidenciar a influência e contribuição dessa mesma diversidade nos saberes e conhecimentos que são apreendidos no espaço educacional e manipulados na sociedade como um todo. (SANTOS, 2006, P.40 apud MATO GROSSO, 2010, P.81)

De essa forma trabalhar conforme rege a lei implica em uma tarefa difícil no inicio, mas que é preciso para transformar a sociedade em que vivemos em uma sociedade que conheça e tenha orgulho de sua história e cultura. Considerações Finais Ao término desse estudo, pode se relatar que a questão étnica racial é um assunto que implica grande importância e que deve ser estudado por todos os profissionais da educação, buscando sempre um maior entendimento a respeito para diminuir e prevenir as diferenças e discriminações que ainda acontece no contexto escolar. O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana com a Lei 10.639/03, e da história e cultura indígena com a Lei 11.645/08 fizeram-se necessário para garantir uma ressignificação e valorização cultural africana e indígena que formam a diversidade cultural brasileira. No entanto, são os professores que exercem o importante papel no processo da luta contra o preconceito e a discriminação racial no Brasil. Portanto, a implementação das referidas leis buscam a legibilidade de trazer para o currículo obrigatório das instituições de ensino a história e cultura dos povos que fizeram e fazem parte da cultura atual existente em nosso estado e em nosso país. Esse trabalho trouxe ainda, um maior entendimento sobre as referidas Leis, e sobre a sua aplicabilidade no âmbito escolar. Nada como compreender e desenvolver um novo olhar para o cenário atual das escolas, mesclando parte do passado e do presente, identificando os vestígios deixados pela história e que ainda continuam presentes (cotidiano, autoridade, preconceitos, influência tecnológica entre outras). Como traz as orientações curriculares (2010), a educação das relações étnica raciais ocorre a qualquer tempo, os conteúdos referentes à questão racial deve ser tratada em todo o processo ensino-aprendizagem de forma inter ou transdiciplinar. Decorre desse fato que os conteúdos relacionados à questão racial não estão restritos a uma área de conhecimento, disciplina, ciclo de formação humana ou modalidade de ensino, mas sim em tudo o que é vivenciado. Vivemos a emergência de educar para a diversidade étnica racial e cultural, o que exige ações que deem conta de absorver essas tensões étnico-culturais. A diversidade ética é composta pela diferença. A identidade ética é a consciência da diferença, da consciência

do processo histórico particular, da concepção de valores diferentes e da consciência de línguas diferentes. Referências CARVALHO, Leandro. Lei 10.639/03 e o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm>. Acessado em: 26 de outubro de 2014. MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Orientações Curriculares: Diversidades Educacionais./ Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: Defanti, 2010. 308p.. Lei 10.639/03. Altera a lei nº 9394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/c civil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acessado em: 26 de outubro de 2014.. Lei 11.645/08. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato 2007-2010/2008/lei/l11645.htm>. Acessado em: 13 de setembro de 2015.. RESOLUÇÃO n. 204/06-CEE/MT. Estabelece a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica do Sistema Estadual de Ensino. Disponível em: <www.sinepe-mt.org.br/download/?id=175>. Acessado em: 09 de agosto de 2016.