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Transcrição:

fls. 185 Registro: 2015.0000080331 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565, da Comarca de São Caetano do Sul, em que é apelante/apelado PSOL - PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE e Apelante JUIZO EX OFFICIO, é apelado/apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL. ACORDAM, em 11ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso do demandante e negaram provimento aos recursos oficial e da Municipalidade. v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PIRES DE ARAÚJO (Presidente sem voto), OSCILD DE LIMA JÚNIOR E RICARDO DIP. Luis Ganzerla RELATOR Assinatura Eletrônica São Paulo, 10 de fevereiro de 2015.

fls. 186 11ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO VOTO N.º 22.718 APELAÇÃO N.º 4000919-21.2013.8.26.0565 SÃO CAETANO DO SUL RECORRENTE: JUÍZO EX OFFICIO APELANTES E APELADOS: PSOL PREFEITURA MUNICIPAL DE CAETANO DO SUL PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE E SERVIDOR PÚBLICO Divulgação da relação nominal dos servidores e seus vencimentos Pleito de partido político Evidente interesse de agir Mudança de entendimento conforme orientação do STF Ato de dar publicidade às informações dos servidores em conformidade com princípios constitucionais da moralidade, legalidade e transparência Sentença de procedência reformada apenas para incluir os nomes dos servidores, inclusive os terceirizados, na relação disponibilizada pela Municipalidade Apelação do demandante provida, improvidos os recursos oficial e da Municipalidade. O demandante, PSOL Partido Socialismo e Liberdade, propôs ação de obrigação de fazer dirigida à Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, com intuito de obter a divulgação da relação nominal dos servidores públicos municipais e seus respectivos subsídios ou vencimentos mensais, conforme previsto na Lei nº 12.527/11 (fls. 01/12). Sobreveio r. sentença de parcial procedência, condenada a demandada a disponibilizar fisicamente para os cidadãos que não tem acesso à internet e também no portal da transparência municipal a remuneração de todos os servidores públicos da administração direta e indireta, identificados pela matrícula, e Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565 - São Caetano do Sul - V 22.718 - Página 2/7

fls. 187 possibilitar o acesso aos nomes respectivos aqueles que se identificarem, condenada a demandada no pagamento das custas e despesas processuais e honorários de R$ 1.000,00 (fls. 119/122). Inconformado, recorre o demantante PSOL Partido Socialismo e Liberdade, na busca da procedência total do pedido e divulgação dos nomes de todos os servidores públicos municipais, inclusive os terceirizados, para possibilitar identificar eventuais casos de nepotismo, ou outras irregularidades ou ilegalidades na remuneração (fls. 136/142). Recorre, também, a Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, com preliminar de falta de interesse de agir e, no mérito, busca a reforma da sentença (fls. 134/148). Contrariado o recurso da Municipalidade, decorreu in albis o prazo para apresentação das contrarrazões ao recurso da demandante e os autos foram remetidos a este E. Tribunal (fls. 169/175 e 178). É o relatório, em acréscimo ao da r. sentença recorrida. Afasta-se a preliminar de falta de interesse arguida nas razões de apelação, pois o demandante, partido político, tem interesse de agir na ação que visa o cumprimento de legislação municipal e a divulgação nominal dos servidores e seus vencimentos, como forma de controle, seja para evitar o nepotismo, abusos ou irregularidades com os gastos públicos. Ressalte-se, de início, esta relatoria entendia de forma diversa o tema discutido, mas passou-se a adotar o atual posicionamento do STF. Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565 - São Caetano do Sul - V 22.718 - Página 3/7

fls. 188 Estabelece a Lei Municipal nº 12.527/11, de São Caetano do Sul, a obrigatoriedade da divulgação pela Municipalidade, da relação de seus servidores públicos, bem como de seus vencimentos ou subsídios. Busca-se, por certo, conferir transparência cristalina à gestão dares pública. O mote da lei em comento é a disponibilização de todos os dados referentes ao funcionamento da máquina administrativa, no intuito de aclarar aos cidadãos o destino daquela parte de seu patrimônio que lhes é subtraída em prol da sociedade. Registre-se, adveio decisão do Pleno do STF proferida no Segundo Agravo Regimental na Suspensão de Segurança nº 3.902, rel. MIN. AYRES BRITTO, j. 09.06.2011, com decisão pela legitimidade dos atos administrativos baseados em legislação similar, com a seguinte ementa: SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. ACÓRDÃOS QUE IMPEDIAM A DIVULGAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO OFICIAL, DE INFORMAÇÕES FUNCIONAIS DE SERVIDORES PÚBLICOS, INCLUSIVE A RESPECTIVA REMUNERAÇÃO. DEFERIMENTO DA MEDIDA DE SUSPENSÃO PELO PRESIDENTE DO STF. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS CONSTITUCIONAIS. DIREITO À INFORMAÇÃO DE ATOS ESTATAIS, NELES EMBUTIDA A FOLHA DE PAGAMENTO DE ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICAS. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ADMINISTRATIVA. NÃO RECONHECIMENTO DE VIOLAÇÃO À PRIVACIDADE, INTIMIDADE E SEGURANÇA DE SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVOS DESPROVIDOS. 1. Caso em que a situação específica dos servidores públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição. Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua formal lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral. Expondo-se, portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida privada e segurança pessoal e familiar se Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565 - São Caetano do Sul - V 22.718 - Página 4/7

fls. 189 encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo constitucional(inciso XXXIII do art. 5º), pois o fato é que não estão em jogo nem a segurança do Estado nem do conjunto da sociedade. 2. Não cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em causa dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição, agentes estatais agindo nessa qualidade ( 6º do art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos servidores, seja pessoal, seja familiarmente, claro que ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a divulgação nominalizada dos dados em debate, mas é umtipoderiscopessoalefamiliarqueseatenuacomaproibiçãodese revelaroendereçoresidencial,ocpfeacidecadaservidor.nomais,é o preçoque se pagapelaopçãoporumacarreirapúblicanoseiodeum Estado republicano. 3. A prevalência do princípio da publicidade administrativa outra coisa não é senão um dos mais altaneiros modos de concretizar a República enquanto forma de governo. Se, por um lado, há um necessário modo republicano de administrar o Estado brasileiro, de outra parte é a cidadania mesma que tem o direito de ver o seu Estado republicanamente administrado. O como se administra a coisa pública a preponderar sobre o quem administra falaria Norberto Bobbio-, e o fato é que esse modo público de gerir a máquina estatal é elemento conceitual da nossa República. O olho e a pálpebra da nossa fisionomia constitucional republicana. 4. A negativa de prevalência do princípio da publicidade administrativa implicaria, no caso, inadmissível situação de grave lesão à ordem pública. 5. Agravos Regimentais desprovidos. Assim, o entendimento da Corte Suprema resguarda o acesso dos cidadãos às informações públicas, previsto no art. 5º, inciso XXXIII do art. 5º da Constituição da República. Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565 - São Caetano do Sul - V 22.718 - Página 5/7

fls. 190 À evidência, a divulgação em site da Municipalidade dos nomes dos servidores, lotação e vencimentos mensais, assim como também dos servidores terceirizados, está em consonância com os princípios da moralidade, publicidade e transparência. Nesse sentido, os vv. arestos desta Corte: Ação Ordinária- Indenização por danos morais Pedido de retirada da publicação dos valores dos vencimentos dos autores do sítio oficial da Municipalidade Mudança de entendimento conforme atual orientação do C. STF Ato da administração que prestigia os princípios da moralidade, legalidade e transparência e está de acordo com os termos da lei federal n. 12.527/11 Recurso da Municipalidade provido. Improvido o apelo dos autores (ap. nº 0016839-58.2011.8.26.0053, São Paulo, j. 22.01.2013, rel. DES. PIRES DE ARAÚJO). RESPONSABILIDADE CIVIL. Município de São Paulo. Ação coletiva proposta pelo Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo SINPREEM. Indenização por dano moral. Divulgação dos vencimentos dos associados, servidores públicos, pelo site da Prefeitura de São Paulo. Presenças das condições da ação. Incompetência do Juizado Especial da Fazenda Pública. Litispendência não caracterizada. Preliminares afastadas. Constitucionalidade da Lei Municipal nº 14.720/08 reconhecida pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal. Inexistência de violação dos direitos à intimidade, vida privada e segurança dos servidores. Sentença de procedência. Recursos oficial, que considero interposto, e voluntário providos para julgar improcedente o pedido. (ap. nº 0035805-49.2010.8.26.0053, São Paulo, j. 20.05.2013, rel. DES. ANTONIO CARLOS VILLEN). O caso é, assim, de não provimento ao recurso oficial e à apelação interposta pela Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul e de provimento ao recurso do PSOL Partido Socialismo e Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565 - São Caetano do Sul - V 22.718 - Página 6/7

fls. 191 Liberdade nos autos da ação movida por este (proc. n.º 4000919-21.2013.8.26.0565 6.º Ofício Cível de São Caetano do Sul, SP), para determinar a inclusão dos nomes dos servidores, inclusive dos terceirizados, na lista divulgada pela Municipalidade, mantida, no mais, a r. sentença recorrida. Consigne-se, para fins de prequestionamento, inexistir ofensa aos artigos de lei mencionados, pois debatidos, analisados e decididos, prescindíveis as referências numéricas expressas (cfe. STF, RE 184.347-SP, rel. MIN. MARCO AURÉLIO, j. 16.12.97; STJ, Edcl no RMS 18.205/SP, j. 18.04.2006, rel. MIN. FELIX FISCHER e AgRg no REsp 1.066.647-SP, rel. MIN. ADILSON VIEIRA MACABU, j. 22.02.2011). LUIS GANZERLA RELATOR (Assinatura eletrônica) Apelação / Reexame Necessário nº 4000919-21.2013.8.26.0565 - São Caetano do Sul - V 22.718 - Página 7/7