UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

1ª Questão: O texto apresentado abaixo é fragmento de um relato do Dr. Dráuzio Varella sobre a dinâmica na construção de moradias em favelas. Os barracos das favelas são construídos inicialmente a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso pelo construtor. Assim, os barracos são fragmentados formalmente. O primeiro objetivo do construtor quase sempre o próprio morador com a ajuda de amigos e dos vizinhos (princípio de mutirão) é abrigar a si ou a sua família. Esse primeiro abrigo é quase sempre precário, mas já forma a base para uma futura evolução. Uma primeira estrutura provisória é logo construída, geralmente à noite, e, em geral, o maior desafio é a inclinação do terreno (quando em morros), que impõe a construção sobre pilotis, ou a possibilidade de inundação (quando em áreas alagadiças), que exige a construção sobre palafitas. Tão logo a estrutura de sustentação esteja instalada, as placas de madeira às vezes mesmo de papelão e os latões aplainados são pregados para formar as paredes externas (fachadas) e o teto. Este pode também ser coberto com plásticos e restos de placas onduladas. No início, o abrigo consiste sempre em uma peça única; crescerá de acordo com o tempo e os meios do construtor, que deve provar dispor de grande capacidade de adaptação, criatividade e imaginação construtiva: o jeitinho é a condição sine qua non para a construção de um barraco numa favela. JACQUES, Paola. Espaço em movimento. In: VARELLA, Dráuzio. Maré, vida na favela. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2002, pp 51-58. Vocabulário: Pilotis: colunas que sustentam uma edificação deixando área livre entre elas. Palafitas: estacas que sustentam as habitações em terrenos alagadiços. Sine qua non: expressão que indica uma condição sem a qual não se fará algo determinado. A partir da descrição contida no texto acima, e utilizando a massa de modelar que você recebeu, construa um objeto que possa representar o ambiente dessa descrição. Esse objeto deverá ser apoiado no suporte de papelão rígido que você recebeu. Se quiser, você poderá usar a faca de plástico recebida para a construção do objeto. Não há obrigatoriedade de utilizar todo o volume de massa. MEU NÚMERO: Página 1 de 10

2ª Questão: A partir da descrição contida no texto da 1a. questão, desenhe uma imagem na folha de papel fornecida, expressando seu ponto de vista, como se você estivesse no ambiente descrito. Utilize apenas lápis e borracha. Você poderá utilizar efeitos de perspectiva, textura, sombra ou outro tipo de recurso gráfico que convier. MEU NÚMERO: Página 2 de 10

RASCUNHO 2ª QUESTÃO MEU NÚMERO: Página 3 de 10

RESPOSTA 2ª QUESTÃO MEU NÚMERO: Página 4 de 10

3ª Questão: Marco Polo, famoso viajante veneziano do século XIII, descreve para Kublai Khan, imperador mongol, as inúmeras cidades de seu vasto império. As descrições são relatos das formas, das vidas e das sensações que compõem a vida das cidades. Essas descrições não são frutos de sua consciência racionalizadora, ou seja, não são descrições da realidade. Estão impregnadas pelo seu imaginário e pelos seus desejos. Logo abaixo, transcrevemos um trecho de um desses relatos. Partindo dali e caminhando por três dias em direção ao levante, encontra-se Diomira, cidade com sessenta cúpulas de prata, estátuas de bronze de todos os deuses, ruas lajeadas de estanho, um teatro de cristal, um galo de ouro que canta todas as manhãs no alto de uma torre. Todas essas belezas o viajante já conhece por tê-las visto em outras cidades. Mas a peculiaridade desta é que quem chega numa noite de setembro, quando os dias se tornam mais curtos e as lâmpadas multicoloridas se acendem juntas nas portas das tabernas, e de um terraço ouve-se a voz de uma mulher que grita: uh!, é levado a invejar aqueles que imaginam ter vivido uma noite igual a esta e que na ocasião se sentiram felizes. (CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990 p.11) Com o seu lápis preto e o papel branco fornecido, descreva, em forma de desenho, a sua ideia da cidade descrita por Marco Polo. A composição é livre e você poderá usar efeitos de perspectiva, textura, sombra ou outro tipo de recurso gráfico que convier para expressar a cidade que você imagina a partir do texto apresentado. MEU NÚMERO: Página 5 de 10

4ª Questão: A composição abaixo, de autoria de Caetano Veloso, revela a reação inicial do migrante quando se depara com os obstáculos do centro urbano de São Paulo, percebendo a diversidade que não existe em nenhuma outra cidade brasileira. Sampa Caetano Veloso Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos mutantes E foste um difícil começo Afasto o que não conheço E quem vende outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba Mais possível novo quilombo de Zumbi E os novos baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa Leia o texto com atenção. Selecione trechos da composição que mais lhe convierem. Com o seu lápis preto e o papel branco fornecido, descreva em forma de desenho os trechos selecionados. Você poderá utilizar efeitos de sombra, textura ou outro tipo de recurso gráfico para se expressar. Se quiser, poderá fazê-lo em um ou mais desenhos. MEU NÚMERO: Página 8 de 10