O livro na sociedade, a sociedade no livro: pensando sociologicamente a literatura

Documentos relacionados
Cuidado e desmedicalização na atenção básica

MINISTERIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA CONSELHO SUPERIOR

OUTROS TIPOS DE CONHECIMENTOS

Proposta para a Base Nacional Comum Curricular

Rodas de Histórias como espaços de Interações e Brincadeira A experiência do Projeto Paralapracá em Olinda

sábado, 11 de maio de 13 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

A PERSONAGEM FEMININA NA LITERATURA INFANTIL. Palavras-chave: Literatura infantil. Personagem feminina. Anos Iniciais do Ensino Fundamental

O Projeto de TCC. Como elaborar??? Claudia Brandelero Rizzi. (com contribuições do Clodis e Adriana)

Jardim de Infância Professor António José Ganhão

Escola Secundária 2-3 de Clara de Resende COD COD

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

Parceria Técnica: Avante - Educação e Mobilização Social ORGANIZAÇÃO DE ESPAÇOS DE LEITURA E DE INTERAÇÃO COM OS LIVROS - PROJETO PARALAPRACÁ -

ENTREGAR ESSE ROTEIRO DIRETAMENTE AO PROFESSOR DA DISCIPLINA. DATA DA ENTREGA: até 26/09/18 (QUARTA-FEIRA)

ANEXO 01 LICENCIATURA EM PEDAGOGIA UENF SELEÇÃO DE DOCENTES DISCIPLINAS / FUNÇÕES - PROGRAMAS / ATIVIDADES - PERFIS DOS CANDIDATOS - NÚMEROS DE VAGAS

TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIA SÉCULO XX

a informação, o ser humano e o computador

Índice PREFÁCIO 7 PRELÚDIO 11 AGRADECIMENTOS 17 ABREVIATURAS 19

ÍNDICE DOS ANEXOS. ANEXO I - Entrevista dirigida aos docentes do Pré-Escolar. e do Primeiro Ciclo do Ensino Básico;

Material de divulgação da Editora Moderna

Dados da Componente Curricular COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA CURSO: TÉCNICO INTEGRADO EM EDIFICAÇÕES SÉRIE: 4ª SÉRIE CARGA HORÁRIA: 67h DOCENTE

A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA 1

DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

ESCOLA SECUNDÁRIA DA RAMADA ANO LETIVO 2012/2013 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS / INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

É com a mente que pensamos: pensar é ter uma mente que funciona e o pensamento exprime, precisamente, o funcionamento total da mente.

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO CURRICULAR NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: VIVÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Submissão de Resumos Sessões de Comunicação Coordenada. Dados Gerais da Sessão de Comunicação Coordenada

AGRUPAMENTDE ESCOLAS DE CARVALHOS. Planificação Filo sofia 10º ano. Iniciação à atividade filosófica O que é a filosofia?

O Positivismo de Augusto Comte. Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior

Currículo da Oferta de Escola Música

Desenvolvimento, aprendizagem e educação: a influência da abordagem histórico-cultural na escola

Sumário APRESENTAÇÃO...7 LER E ESCREVER: A ESPECIFICIDADE DO TEXTO LITERÁRIO...11 A PRODUÇÃO ESCRITA...35 A CRÔNICA...53 O CONTO...65 A POESIA...

A ESCRITA INFANTIL: SENTIDOS E INTERPRETAÇÃO DOS REGISTROS DAS CRIANÇAS

INTRODUÇÃO 10.º ANO ENSINO SECUNDÁRIO LITERATURA PORTUGUESA APRENDIZAGENS ESSENCIAIS ARTICULAÇÃO COM O PERFIL DOS ALUNOS

CONHECIMENTO, REALIDADE E VERDADE

Filosofia 10º Ano Ano letivo de 2015/2016 PLANIFICAÇÃO

HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO

Conteúdos Objectivos Experiência de aprendizagem. Conhecer as várias teorias que tentam explicar a origem e evolução do mundo

PROGRAMA CURRICULAR - ENSINO MÉDIO

PROJETO CINEMAPSI: ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO EM PSICOLOGIA

Gestão e produção do cuidado

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: a Literatura no Enem. Literatura Brasileira 3ª série EM Prof.: Flávia Guerra

Material Para Concurso

TESE DE DOUTORADO MEMÓRIAS DE ANGOLA E VIVÊNCIAS NO BRASIL: EDUCAÇÃO E DIVERSIDADES ÉTNICA E RACIAL

Ano Letivo 2013/2014 Disciplina Português Ano 4º Classificação

Seminário: Textos - O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde (Minayo,2008)

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

Ética e Organizações EAD 791. Prof. Wilson Amorim 16/Agosto/2017 FEA USP

A LITERATURA DO ESPÍRITO SANTO NO CURRÍCULO BÁSICO DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO

Objetivos 05/09/2017. Ao nascermos... Psicologia aplicada à nutrição

ARTE: Conceito, Origem e Função

MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM 2009

DISCURSO e texto AS MARCAS IDEOLÓGICAS DOS TEXTOS. A arte de ler o que não foi escrito. contextualizando

Ensino Técnico Integrado ao Médio FORMAÇÃO GERAL. Ensino Médio

AS DIFERENÇAS ENTRE OS ALUNOS: COMO OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA EXPLICAM-NAS

Perspectivas Musicais na Educação Infantil. Edmar Brasil Ferreira ParalaPracá

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO 1.º CEB - 2.º ANO Ano Letivo de 2018/2019

Ementas das Disciplinas CURSO DE ESCRITA CRIATIVA

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL (Currículo iniciado em 2015)

Departamento de Ciências Sociais e Humanas Área Disciplinar de Filosofia Ano letivo 2018/2019. Critérios de Avaliação de Filosofia 10º Ano

ENSINO MÉDIO INTEGRADO: Princípios, conceitos e relações com a pedagogia de multiletramentos

LITERATURA, IDENTIDADE E DIFERENÇA CULTURAL (COMUNICAÇÃO DE PESQUISA DE DISCENTES DO PROGRAMA)

LITERATURA INFANTIL E FORMAÇÃO DE LEITOR: UM OLHAR PARA O ALUNO DO 5º ANO DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

Docente: Professora Sofia Reis Discentes: Ana Sofia Ferreira, nº 4268 Alexandra Marques, nº 4423 Raquel Silva, nº 4410 Sónia Parracha, nº

O FUNCIONALISMO DE ÉMILE DURKHEIM. Prof. Cesar Alberto Ranquetat Júnior

Aula 2: Cultura e Sociedade: Objeto e método das Ciências Sociais.

DEPTO. CIÊNCIAS SOCIAIS

ÉTICA E PRÁTICA EDUCATIVA, OUTRA VEZ. Cipriano Carlos luckesi 1

VALOR E VALORAÇÃO CRITÉRIOS VALORATIVOS

O MOVIMENTO DO PENSAMENTO PARA APROPRIAÇÃO CONCEITUAL EM DAVÝDOV

Cursos Científico-humanísticos de Ciências e Tecnologias e de Línguas e Humanidades. PORTUGUÊS 11.º Ano Matriz do teste Comum

A formação em leitura na escola: o direito à literatura e a co

APOSTILA 08 LITERATURA DRAMATICA LEI DO CONFLITO

Geo. Geo. Monitor: Marcus Oliveira

Resolução da Questão 1 Texto Definitivo

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO 1.º CEB - 1.º ANO Ano Letivo de 2018/2019

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA VISUAL MESTRADO DISCIPLINA

Lista de exercícios Aluno (a):

História e Sistema de Arte

INTRODUÇÃO À NATUREZA DA CIÊNCIA. O conhecimento científico é uma forma específica de conhecer e perceber o mundo!!! 2. A PRINCIPAL QUESTÃO: Modelos

Plano de Ensino-Aprendizagem do Componente Curricular

Conteúdos Objectivos Experiência de aprendizagem. Conhecer as várias teorias que tentam explicar a origem e evolução do mundo

INFLUÊNCIAS TEÓRICAS PRIMEIRAMENTE, É PRECISO DESTACAR A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ALEMÃO NA SUA

CURSO DE PEDAGOGIA EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS BRUSQUE (SC) 2015

Produção Textual Parte 2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS - INEP DIRETORIA DE AVALIAÇÃO PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2015/2016 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL

Imaginações. Imaginations. Imaginación

PÉ COM PÉ, O JOGO DE RIMAS DA ESTHER

Diálogos sobre Leitura literária e literatura infantil

o projeto de leitura para escolas e municípios da Editora Metamorfose

INFORMAÇÃO-PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Anexo 1 Critérios Gerais de Avaliação da Educação Pré-Escolar

Hermenêutica Filosofica - Schleiermacher

TEXTO PARA DISCUSSÃO NO FORUM INNOVA CESAL REUNIÃO LISBOA/2010

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS TEXTO LITERÁRIO E TEXTO NÃO LITERÁRIO

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2017/2018 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL

EMENTAS DAS DISCIPLINAS

IFG Departamento De Áreas Acadêmicas I Coordenação de Ciências Humanas

Transcrição:

O livro na sociedade, a sociedade no livro: pensando sociologicamente a literatura Laura Garbini Both Mestre em Antropologia Social UFPR Profa. da UNIBRASIL laura.both@unibrasil.com.br No nosso dia-a-dia percebemos e vivenciamos inúmeras situações diferenciadas. O tempo todo nós enfrentamos situações as quais precisamos avaliar, escolher, decidir e assumir qual é alternativa de ação mais apropriada para aquele determinado momento. Avaliamos, escolhemos e decidimos tomados, na maior parte das vezes, por sentimentos e opiniões. Contudo, devemos também pensar criticamente para decidir, uma vez que, cada ação individual tem uma significação, uma conseqüência social, em relação aos outros, que pode ser de aproximação ou afastamento, consenso ou dissenso, equilíbrio ou desequilíbrio, paz ou conflito. Sendo assim, todos nós necessitamos além de compreendermo-nos, compreender os outros, pois somos todos seres sociais, seres de relação. Essa compreensão do mundo social é multifacetada e se dá simultaneamente: é ao mesmo tempo filosófica, mítica, racional e...sociológica. A atitude sociológica, ou seja, a atitude de conhecimento científico e crítico da realidade permite-nos tanto a adaptação quanto à transformação dessa realidade, uma vez que realidade social não é dada pela natureza: é organizada e construída historicamente por pessoas de carne e osso que expressam concretamente essa organização de diferentes formas. A literatura, assim como o cinema, a música, a religião, a política ou a economia é uma dessas formas de expressão. Problematizar sociologicamente a realidade social através da literatura é a proposta desse breve texto. O pensar sociologicamente Pensar sociologicamente é ter uma compreensão científica comprovável pela observação e controlada através de métodos e técnicas rigorosas de pesquisa - e crítica a partir de variados pontos de vista e interpretações - da realidade social constituída e construída historicamente por todos e por cada um de nós. Conhecer para compreender realidades sociais significa estarmos atentos para a forma como essas realidades se constituem,

significa procurar leis e regras que organizam e orientam as sociedades, os grupos sociais, as culturas. Essas leis e regras não são fornecidas por si, são resultantes de procedimentos analíticos pensados profundamente a partir de observações rigorosas. As leis e regras que ordenam a vida social objeto de estudo da Sociologia - são proposições ou teses que tentam explicar (o que não significa emitir juízos de valor) a dinâmica social na qual cada um de nós está inserido. É, segundo SOUTO (1987), em linhas gerais, reduzir estrategicamente a variação múltipla do real a poucas, mas abrangentes, categorias como interação, socialização, dominação, conflito. Essas categorias gerais explicam as categorias menos gerais, ou seja, os contextos, as particularidades, as singularidades. No entanto, no campo das ciência humanas são analisadas pessoas/sujeitos e não plantas ou rochas. Isto implica em lidar com subjetividades, imprevisibilidades, significações, transformações. Portanto, em que pese não prescindir de um método, o pensar sociologicamente é principalmente um exercício de imaginação criadora, propriamente humana. O pensar sociologicamente a Literatura A Literatura pode ser compreendida em vertentes diferenciadas. No contexto discutido aqui, ou seja, no âmbito da Sociologia, pode ser definida como um conjunto de textos formalizados em crônicas, romances, poesias, peças teatrais, produzidas por uma categoria social determinada preocupada com uma estética da arte e da linguagem: o escritor. Para FACINA (2004), não devemos de forma alguma esquecer que o escritor, assim como qualquer um de nós, é uma síntese da sua época, sujeito, assim como nós, aos condicionamentos e orientações das suas múltiplas dimensões de pertencimento: classe, raça e etnia, gênero, contexto histórico. Ou seja, sua criatividade, em princípio ilimitada é, de certa forma, balizada por um campo delimitado de possibilidades culturais próprios da sua condição, da sua inserção. Do mesmo modo, a realidade social não está diretamente refletida na Literatura: existem processos mediadores, que alteram conteúdos originais, entre uma e outra. Ou seja, a Literatura não deve ser apreendida nem como um espelho do mundo social e nem como o reino das idéias e valores abstratos, mas deve sim, ser apreendida como também, e principalmente, parte constitutiva da prática social.

As diversas expressões literárias, tanto na sua forma como no seu conteúdo, são em síntese expressões de visões de mundo compartilhadas coletivamente e próprias de determinados grupos sociais informados por experiências históricas concretas. Assim, igualmente outras concretizações sociais (como a economia ou a religião) a Literatura engendra práticas e representações dos indivíduos e grupos sociais nos quais ela é construída, o que a torna passível e legítima de análise no campo sociológico: investigar concepções de mundo e idéias transformados em textos literários é investigar as condições de sua produção, situando seus autores e seus temas socialmente e historicamente. Do ponto de vista sociológico, a Literatura não é compreendida como uma dimensão autônoma da dinâmica social, pois é expressão do processo cultural. Além do mais, a obra literária o livro é um objeto social, uma vez que sua existência só tem sentido na relação entre quem escreve e quem lê. Sua natureza é circular nesse intercâmbio, nessa troca constante em algum nível de compartilhamento de universos simbólicos semelhantes. A interlocução entre a Sociologia e a Literatura: limites e possibilidades Sociologia e Literatura são modos de conhecimento do mundo. Contudo, mesmo tendo muitos pontos semelhantes existem fronteiras intransponíveis entre ambas: o modo de conhecimento literário é impossível de ser reduzido apenas à observação e seu campo analítico não se limita à procura de leis gerais explicativas do comportamento humano e da organização social, como é em tese- o objetivo da Sociologia. Entretanto, a lógica literária da pluralidade de personagens, de temas e gêneros de escrita supõe e expõe a pluralidade, a diversidade, singularidades, especificidades nas e das sociedades. Ambos os modos de conhecimento (sociológico e literário) renunciam à idéia de que a realidade possa ser apreendida em si, na sua essência, de forma substancializada ou reificada. Ambos os modos de conhecimento não abrem mão da prerrogativa de que realidade social por conta da sua complexidade só pode ser conhecida e principalmente compreendida a partir de um ponto de vista, de uma perspectiva. Sendo assim, ler textos literários é ler culturas, é apreender diversidades, é vivenciar a tolerância, o respeito ao outro, é marcar identidades, não a partir de si mesmas, mas dos outros, das alteridades. Em síntese, é desenvolver pensamento crítico - porque plural -

problematizando a construção e a concretização dessas vivências tão essenciais quanto necessárias. Conclusão A literatura, já não bastasse sua imensa possibilidade de fruição estética forjada em uma experiência única é, antes de tudo, prática social que expressa na forma e no conteúdo o arranjo social, a maneira como a sociedade se organiza, se relaciona, resolve seus conflitos. Ao mesmo tempo em que reproduz, cria e mobiliza transformações, em um sentido único e próprio. Referências Bibliográficas CÂNDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: T.A. Queiroz, 2000. FACINA, Adriana. Literatura & Sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. LAJOLO, Marisa. O que é Literatura. São Paulo: Brasiliense, 1984. MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1996. SOUTO, Claudio. O que é pensar sociologicamente. São Paulo: E.P.U., 1987.