FISIOGNOMONIA: UM ESTUDO PARA MELHOR COMPREENSÃO DO VISAGISMO NA ESTÉTICA FACIAL

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Transcrição:

1 FISIOGNOMONIA: UM ESTUDO PARA MELHOR COMPREENSÃO DO VISAGISMO NA ESTÉTICA FACIAL Amanda Mendes de Araujo 1 Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Marina Sebben 2 Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Fabiana Marin Thives Ellery 3 Orientadora; Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos 1 amanda_araujobc@hotmail.com 2 marinasbbn@hotmail.com 3 fabianathives@univali.br RESUMO Os padrões de beleza ditados pela sociedade atualmente direcionam à uma busca incansável pela perfeição. As pessoas não estão satisfeitas com a sua imagem exteriorizada, com isso têm optado por meios que as auxiliem a alcançar o resultado que anseiam. É devido a essa insatisfação que os profissionais que atuam na área da estética facial poderão com seus conhecimentos específicos responder às necessidades e inquietações referentes à estética dos indivíduos. A Fisiognomonia, um estudo do caráter humano baseado na análise da face e o Visagismo, que trabalha personalizando a imagem pessoal de cada indivíduo, servem como indicativos que possibilitarão que esse profissional se diferencie no seu trabalho. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo identificar através do estudo da Fisiognomonia e do conceito do Visagismo elementos que permitam o profissional da estética facial analisar e refletir sobre a responsabilidade de criar uma estética coerente ao eu de cada indivíduo, quebrando o paradigma que o profissional da estética atua apenas com uma visão objetiva, superficial e padronizada diante das possibilidades de procedimentos e aplicação dos mesmos na estética facial. A Fisiognomonia desnuda a face, através do estudo da anatomia, da aplicação da teoria das proporções simétricas e dos formatos geométricos em conjunto aos temperamentos pessoais e a teoria das cores. O estudo apresentado classifica-se como uma pesquisa de caráter qualitativo, do tipo descritivo exploratório com procedimentos técnicos baseados em uma revisão bibliográfica. O artigo demonstra o diferencial que o profissional da estética facial pode ter ao estudar os conceitos de Fisiognomonia e Visagismo, e os resultados que os clientes terão com esse perfil de profissional. Palavras-chaves: Fisiognomonia. Visagismo. Face. Profissionais da estética facial.

2 INTRODUÇÃO A beleza natural atualmente já não é suficiente para que as pessoas alcancem suas realizações pessoais. Há uma busca constante em encontrar-se nos padrões estabelecidos pela sociedade e que são considerados como sendo um modelo estético ideal necessário para que os indivíduos enquadrem-se dentro dos ambientes onde vivem, conseguindo êxito em todos os âmbitos de sua vida, tanto profissional, quanto social e psicológico. Algumas não estando satisfeitas em relação à sua imagem externa, procuram cada vez mais condições que as auxiliem a alcançar o resultado que almejam. Dessa forma, o profissional que atua na área da estética facial assume um papel de relevância, sendo o agente que fará as transformações necessárias para que as pessoas se expressem de maneira mais segura e sintam-se realizadas consigo mesmas. O mercado da estética encontra-se em plena ascensão, como mostra a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABHIPEC) (2005): O setor de estética desconhece crise econômica. Clínicas de estética, academias, lojas e indústria de cosméticos, perfumaria e o segmento de venda porta a porta aumentam o faturamento, enquanto embelezam a clientela. Empregos e cursos na área também são uma realidade. Devido a esses fatores o profissional necessita diferenciar-se, procurando novos conhecimentos que auxiliem na qualidade do seu trabalho e enriqueçam suas habilidades e sensibilidade, dando condições aos clientes que o procuram de transformar sua imagem natural e de ressaltar suas qualidades pessoais, voltando a atenção para si mesmo, ou seja, observando-se melhor e atingindo o auto-conhecimento de suas potencialidades reais. Ser belo ou bela não significa mais se parecer com alguma coisa ou com alguém, mas se sentir bem em seu corpo, encontrar os produtos que convenham e correspondam à sua própria personalidade (VIGARELLO, 2006, p. 184). Para que o profissional consiga realizar mudanças em seus clientes é de fundamental importância que possua noções sobre Visagismo, conceito recente que trabalha personalizando a imagem individual por meio de uma análise que irá revelar suas qualidades interiores. Trata-se de uma nova arte que se desfaz de regras e padrões. O mundo é essencialmente visual, o que remete à impressão de que se não existir um modelo de imagem, consequentemente também não haverá aceitação em determinados meios. Conceitos padronizados que acompanham o mundo dos profissionais da beleza e estética e das pessoas em geral precisam ser repensados, pois um dos paradigmas é que é preciso ser bonito para ser belo e que é, portanto, somente uma questão estética (HALLAWEL, 2006).

3 Este conceito não deve ser aplicado ao profissional da estética facial que pretende especializar-se no estudo do Visagismo, visto que uma nova concepção surge, a de que: a beleza é a expressão de qualidades interiores de uma pessoa com harmonia e estética (HALLAWELL, 2006). O Visagismo nesse sentido vai ao encontro do mais profundo desejo do ser humano, o de aceitação, livre das imposições dos sistemas, transformando-se e liberando sua verdadeira expressão pessoal, com a ajuda e a criatividade de um profissional. Descobrindo o potencial do cliente, o profissional chegará à frente para tornar seu atendimento personalizado, pois o mundo da customização parece estar batendo às portas de nosso tempo. As pessoas finalmente estão se impondo diante de padrões e exercendo sua identidade única. Para ter uma melhor compreensão do Visagismo, faz-se necessário um aprofundamento do estudo da Fisiognomonia, que é o conhecimento do caráter humano a partir de seus traços fisionômicos. Em síntese, o presente trabalho tem como objetivo identificar através do estudo da Fisiognomonia e do conceito do Visagismo elementos que permitam o profissional da estética facial analisar e refletir sobre a responsabilidade de criar uma estética coerente ao eu de cada indivíduo, quebrando o paradigma que o profissional da estética atua apenas com uma visão objetiva, superficial e padronizada diante das possibilidades de procedimentos e aplicação dos mesmos na estética facial. METODOLOGIA A escolha da metodologia tem por definição direcionar qual o caminho que o pesquisador trilhará para chegar ao resultado final do seu trabalho. A característica de cada pesquisa difere-se pelo intuito ao qual cada uma se constitui. Se a opção for uma visão mais realista-objetivista trabalha-se com uma pesquisa quantitativa, todavia, se for uma visão idealista-subjetivista a pesquisa qualitativa será a mais adequada. Este estudo classifica-se como uma pesquisa de caráter qualitativo, do tipo descritivo exploratório com procedimentos técnicos baseados em uma revisão bibliográfica. A abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a idéia de que nada é trivial, que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo (BOGDAN; BIKLEIN, p. 49, 1994). A pesquisa bibliográfica foi elaborada no presente trabalho através de livros, artigos e materiais disponíveis na internet da área da estética, beleza, Fisiognomonia e Visagismo.

4 DESENVOLVIMENTO A beleza varia de acordo com cada época, local e dia, portanto está particularmente ligada ao tempo, dependendo também do padrão estabelecido no momento e da opinião de cada um sobre ela. É importante saber que para cada pessoa o conceito sobre o belo não é semelhante. Segundo Martinez (1997, p. 24): Na antiga Grécia, existia um cânon de beleza que os pintores, escultores e arquitetos empregavam, chamando-o de divina proporção. Existia uma equação matemática de 2 grau: x²-x-1=0, para definir as proporções ideais da beleza. [...] Para os antigos gregos, a harmonia das formas era uma questão matemático-geométrica. No século XVI dava-se ênfase à parte de cima do corpo, enaltecendo a delicadeza da face, dos olhos e dos cabelos. No século XVII, valorizavam-se as partes mais baixas do corpo, como os quadris e as pernas. No século XVIII, enalteciam o conjunto, sendo a beleza individual realçada. Muito mudou durante o passar dos anos. Tanto mulheres quanto homens tornaram-se mais exigentes quando trata-se de beleza pessoal e paralelamente a isso a cosmetologia avançou de maneira excepcional para atender ao desejo de sentir-se bem, de estar bem. O predomínio do bem-estar é mesmo considerado fator primordial no mercado da beleza. É o que dizem, à sua maneira, os tratados de beleza, modelando a melhor forma na maneira de se sentir bem e em harmonia com seu corpo (VIGARELLO, 2006, p. 184). Nos séculos XX e XXI a mulher torna-se mais independente, mais livre, mais dinâmica, com isso dá-se importância à aparência do corpo como um todo, da verticalidade, do busto, dos quadris mais estreitos e das pernas mais longas. Porém, a beleza é relativa, e depende da maneira e dos valores atribuídos pelo observador. Sendo assim, [...] o belo tem apenas um tipo, o feio tem mil. [...] Pois o belo, humanamente falando, nada mais é que a forma considerada mais elementar, em sua simetria mais absoluta, em sua mais íntima harmonia com o nosso organismo [...]. Aquilo que, ao contrário, chamamos de feio é o detalhe de um grande todo que nos escapa e que se harmoniza, não com o homem apenas, mas com a criação inteira. Eis por que ele nos apresenta, sem trégua, aspectos novos, mas incompletos (HUGO, 2007, p. 287). O que agrada, de maneira geral, é ver a harmonia dos contornos, mas muitas vezes uma forma desarmoniosa toma conta da imagem física. Em contrapartida, existe algo além da exterioridade, o que faz com que uma pessoa seja bela ou não, exprimindo a sua essência. Estamos falando do que cada ser emana e irradia a cada instante da vida. E sendo tão poderoso, ou mais, que as formas geométricas (MARTINEZ, 1997, p. 24).

5 Com esse entendimento, atualmente a Fisiognomonia voltou a ser difundida devido ao surgimento do conceito de Visagismo. O termo Fisiognomonia deriva da palavra grega physionomõn: nomõn, aquele que conhece; physis, pelo físico, ou seja, é a arte de conhecer o interior do ser humano pela leitura dos traços do rosto. Para Penna (1989, p. 105): O rosto também possui uma importância particular na imagem corporal, pois nele se reflete com facilidade o lado interno da pessoa. É talvez a área mais bem dotada de recursos expressivos, e sobre a qual todos projetam uma grande dose de atração. Há relatos de que a Fisiognomonia era um conhecimento comum entre os gregos, romanos, árabes, hindus e chineses; porém não com uma precisão histórica de data, local e cultura onde se originou este costume. Segundo Martinez (1997, p. 14): O mais provável é que a Fisiognomonia surgiu, ao mesmo tempo, espontaneamente, em locais e grupos raciais diferentes. Sendo assim, não podemos atribuir a origem dessa arte a nenhuma cultura. Aristóteles, na antiga Grécia, já havia lançado a hipótese de que o caráter humano era facilmente avaliado a partir da estrutura do corpo como um todo. Folheando as obras de Aristóteles [...] verifica-se que é possível julgar a natureza de um homem ou de um animal baseando-se na sua estrutura corporal, visto que todas as inclinações naturais transformam simultaneamente o corpo e a alma; e assim os traços do rosto, ou as dimensões de outros órgãos, são sinais que remetem a um caráter interno (ECO, 1989, p. 45). Com isso, a leitura das feições do rosto naturalmente nos levaria a desvendar as características internas do ser humano. Na língua hebraica, as palavras: Diante, Dentro e Rosto têm a mesma origem e muitas coisas a nos ensinar (BLANK, 2005, p. 101). O homem expressa-se duplamente, usando palavras e também gestos. Sua expressividade perante o mundo denota sua fragilidade ou poder. As expressões faciais são tão sutis que seu estudo torna-se uma ferramenta muito especial para o profissional da estética facial. Mais de mil expressões faciais são possíveis do ponto de vista anatômico e os músculos do rosto são tão versáteis que, teoricamente, todas elas poderiam ser demonstradas em duas horas (DAVIS, 1979, p. 159). Mas como reconhecer essas expressões? Nesse aspecto, a Fisiognomonia, ao analisar os contornos, os pequenos traços e os sinais marcantes evidenciados no rosto de uma pessoa, abre um mundo de possibilidades. A primeira comunicação interpessoal é feita por meio de nossos cinco sentidos: [...] não se faz somente com palavras. Gestos e toques, imagens visuais e sonoras até mesmo olfativas e gustativas fazem parte dos recursos de que dispomos para a comunicação. Como as palavras, os sentidos também adaptam o ser humano ao meio social e ambiental e são fontes de conhecimento (ALCURE, 1997, p. 6).

6 O olhar é um dos mais importantes, pois projeta nossas intenções, sensações, ações e reações; e em conjunto com os outros sentidos utilizados nas expressões faciais faz com que o rosto produza sensações de atração ou aversão. Vivemos na era das imagens. Existir é ser visto. [...] Mas o que vemos? De onde vemos? E como somos vistos? (NOVAES, 2006, p. 78). Essa idéia é reforçada com a colaboração das descobertas do professor e investigador Ray Birdwhistell, que afirma: em uma conversa que estabelecemos cara a cara com outra pessoa, o componente verbal utilizado é menor do que 35% e o não verbal (posturas, gestos, expressões faciais) é superior a 65% (MARTINEZ, 1997, p. 19). A modificação do rosto ocorre devido ao estado mental de cada um. As circunstâncias, as condições, os estados de ânimo e até mesmo o grau de consciência de uma pessoa influenciam e alteram o rosto de maneira visível (MARTINEZ, 1997, p. 21). A grande maioria das expressões faciais são instantaneamente percebidas, tais como: tristeza, alegria, dor, prazer, raiva, surpresa, entre outras. Para percebê-las com exatidão, o estudioso de Fisiognomonia precisará obter dois tipos de leitura das feições do rosto: a primeira, mostrada por meio das expressões momentâneas e a segunda, que é a da relação existente entre a estrutura do rosto, linhas hereditárias e adquiridas que revelam-se por meio do nosso caráter, e ainda mais profundamente, dos desequilíbrios do metabolismo que a textura da pele pode facilmente revelar. Todas essas manifestações de expressões faciais são possíveis apenas por meio da movimentação dos músculos da face, da sua textura e da sua simetria. De acordo com Camargos (2009, p. 398): Acredita-se que, ao se discutir o rosto humano, sua beleza e simetria, seja preciso considerar tanto os critérios culturais e antropológicos, como os eventos biológicos e fisiológicos biofisiológicos - que ocorrem para sua depreensão. O ser humano nasce com as feições do rosto singelas e delicadas e com o passar do tempo são carregadas por linhas de expressão, moldurando e alterando suas características naturais, demonstrando a fragilidade e a defesa frente às alegrias e dificuldades. Com o passar dos anos essas marcas ficam naturalmente mais evidentes e observa-se claramente que beleza está diretamente ligada à juventude, logo, o preparo do profissional da estética facial deverá ser o mais amplo possível, pois ele irá trabalhar com pessoas jovens e pessoas idosas, e precisará estar preparado para ter a percepção da beleza existente em todas as idades. Moore (1999, p. 151) afirma a esse respeito: O envelhecimento diminui um tipo de beleza que é inegavelmente poderoso, mas não destrói a beleza que é o brilho da alma, porque o corpo como alma existe até certo ponto fora do tempo, e por isso é afetado de modo diferente pelo passar dos

7 anos. Pode ser preciso uma pessoa extremamente perspicaz ou apenas experiente para perceber essa Beleza. A isso, Côrte (2005, p. 139) também alerta: O que se pode esperar é que se a tendência de envelhecimento populacional persistir, tenhamos mudanças significativas nos padrões de avaliação estética, ou, por outras palavras, a existência de padrões estéticos diferenciados, paralelos. A imagem de um rosto jovem ou de um rosto marcado pelo tempo é que vai se comunicar com aquilo que está ao seu redor e será inevitavelmente, mesmo que de forma inconsciente, o primeiro valor recebido pelos outros. Esse estudo torna-se rico para todos os profissionais que atuam na área da estética facial, não só para o profissional da beleza, como maquiadores, cabeleireiros, designers de sobrancelhas e esteticistas, mas também para o profissional da saúde, como dentistas, cirurgiões plásticos, médicos esteticistas e dermatologistas. Dessa forma, todos esses profissionais trabalhariam homogeneamente, interagindo para criar condições de trazer bem estar, auto-estima e saúde ao ser humano, auxiliando-o a tomar posse de sua totalidade. Partindo desse pressuposto, o conhecimento da Fisiognomonia por meio do estudo da anatomia e estrutura da face, suas proporções simétricas, seus formatos, aliados aos temperamentos pessoais dominantes e a teoria das cores, dará ao profissional da estética facial segurança para fazer a análise do rosto e para aplicar as técnicas do Visagismo, valorizando assim a imagem pessoal de seus clientes. Saber diante de quem se está é tomar consciência de que o rosto percebido se transforma sempre e qualquer tentativa de aprisioná-la em uma forma fixa é o mesmo que recusar o contato que o saber permite (BLANK, 2005, p. 101). Ao analisar um rosto o profissional da estética facial priorizará a anatomia como elemento fundamental para efetuar as correções necessárias através de procedimentos invasivos ou não invasivos com o intuito de harmonizar a face. A Anatomia e a Estrutura da Face Para Freud (1980 apud CAMARGOS, 2009, p. 397) a anatomia é o destino, pois todos os símbolos de um estatuto social são extensões do eu e o rosto passaria desta maneira do estatuto atribuído ao estatuto adquirido. Camargos (2009, p. 397) complementa: Assim, a anatomia facial deixaria de ser um destino para tornar-se um projeto, uma projeção do eu na imagem do rosto: as aparências seriam manipuladas, a sedução lutaria contra o destino anatômico.

8 A cabeça humana é constituída por três partes básicas: pele, partes moles e partes duras. A pele é a que mais modifica-se com o passar do tempo, revelando os sinais de envelhecimento e podendo alterar-se devido ao estresse, estado de ânimo e atuação do meio ambiente. As partes moles são onde revela-se a flacidez da musculatura e as partes duras sofrem poucas modificações após a idade adulta. As principais partes ósseas que constituem a cabeça são o osso frontal, parietal, occipital, temporal, esfenóide, nasal, lacrimal, arco zigomático, maxila e mandíbula. Através das três regiões nas quais o rosto é dividido será realizado o segundo procedimento da análise, onde será feita a leitura da face identificando qual região destaca-se pela assimetria facial e que corresponde à personalidade predominante. A Teoria das Proporções Simétricas De acordo com Camargos (2009, p. 397): Segundo a egrégia teoria das proporções herdada do arquiteto romano Vitrúvio, o homem proporcional possui um rosto dividido horizontalmente em três partes simétricas. As três regiões do rosto segundo Martinez (1997) são mental, afetiva e instintiva (Ver figura 1). Figura 1 Três regiões do rosto Fonte: Martinez (1997) (AB) - Região superior: mental ou cerebral ou sistema neuro-sensorial (pensar): equivale à longitude existente entre o início dos cabelos e a raiz do nariz; atribui-se características relacionadas ao intelecto, ou seja, criatividade, imaginação, sensibilidade intelectual, rapidez de raciocínio, fantasia e curiosidade. (BC) - Região mediana: afetivo ou sistema rítmico (sentir): equivale à longitude existente entre a raiz do nariz e seu final; está diretamente ligada à

9 respiração e inspiração, ação e ritmo, também está associada às emoções, à amabilidade e à sensibilidade. (CD) - Região inferior: instintiva ou sistema metabólico (querer): equivale à longitude existente entre o final do nariz e o final do queixo; está diretamente relacionada à comunicação (palavra, fala), ao dinamismo, à vontade (revela o grau de estabilidade e determinação de uma pessoa), à submissão e à agressividade. Martinez (1997, p. 30) afirma a esse respeito: O rosto humano correspondente ao equilíbrio fisionômico tem as três regiões com as longitudes sensivelmente iguais. Nesse caso, há a harmonia das formas. A desarmonia das formas vai existir quando uma dessas regiões estiver muito desenvolvida, indicando qual desses mundos: mental, afetivo ou instintivo, está prevalecendo sobre os demais que não foram muito elaborados. As formas geométricas de visualizar a face servem também de referência para auxiliar no processo da análise e principalmente para facilitar os procedimentos de harmonização e correção que os profissionais da estética facial terão que realizar nas suas atribuições. Os Formatos Básicos do Rosto Relativo às formas geométricas, atribui-se os formatos básicos de rosto classificados por Hallawell (2004), sendo nove considerados principais: oval, redondo, quadrado e retangular, triangular invertido, triangular, hexagonal (reto lateralmente), hexagonal (reto na base) e losango. De acordo com Hallawell (2004, p. 101): Os pontos principais a serem observados são a altura e a largura da testa, o formato das maçãs do rosto e o formato da mandíbula. Rostos ovais e redondos têm formas arredondadas, rostos quadrados são constituídos por ângulos retos, e rostos triangulares têm características angulares. Rosto oval: tem como característica a testa em forma arredondada e pouco larga. Pouca profundidade nas têmporas. O contorno do cabelo é arcado, as linhas das maçãs do rosto e do queixo também são arredondadas e com traços suaves. Possui uma leve saliência nas maçãs do rosto (Ver figura 3). Rosto redondo: com poucos ângulos. A testa e o queixo são pequenos. Os olhos são espaçados. O contorno do cabelo, a forma dos olhos e do nariz possui formatos arredondados (Ver figura 4).

10 Rosto quadrado e retangular: se destaca pelos ângulos retos. A testa é em forma de retângulo. O contorno do cabelo é reto e as têmporas não são muito profundas. Possui pouca saliência nas maçãs do rosto (Ver figura 5). Figura 2 Linha lateral de um rosto Figura 4 Rosto redondo Figura 3 Rosto oval Figura 5 Rosto quadrado e retangular Fonte: Hallawell (2004) Fonte: Hallawell (2004) Rosto triangular invertido: caracteriza-se pela testa larga e a mandíbula estreita. Os olhos são espaçados. As maçãs do rosto não são muito salientes e as têmporas são pouco profundas. O queixo é pontudo e às vezes pronunciado (Ver figura 6). A testa em forma de coração é uma variação desse formato (Ver figura 7). Rosto triangular: sua principal característica é a mandíbula evidente, larga e quadrada enquanto a testa é pequena e estreita. As maçãs do rosto não são salientes, e as têmporas são profundas (Ver figura 8). Rosto hexagonal (reto lateralmente): possui muitos ângulos. A testa é em formato de trapézio com o contorno do cabelo curto e reto. As maçãs do rosto são um pouco mais proeminentes e as têmporas profundas. O queixo e a curva da mandíbula são pronunciados e angulares (Ver figura 9).

11 Figura 6 Rosto Triangular invertido Figura 8 Rosto Triangular Figura 7 Testa em formato de coração Figura 9 Rosto Hexagonal lateral reta Fonte: Hallawell (2004) Fonte: Hallawell (2004) Rosto hexagonal (reto na base): a testa é em forma de trapézio e pouco larga com o contorno do cabelo reto e longo. O queixo é em formato de quadrado e não é pontudo. As maçãs do rosto são pronunciadas e a curva da mandíbula é angular (Ver figura 10). Rosto losango: destaca-se pela testa pouco larga formando uma ponta ou curva pronunciada. As maçãs do rosto são salientes, o maxilar pouco definido e o queixo pequeno (Ver figura 11). Figura 10 Rosto Hexagonal base reta Figura 11 Rosto de losango Fonte: Hallawell (2004) É importante ressaltar que há pessoas que encaixam-se facilmente dentro desses formatos de rosto, contudo existem rostos com uma complexidade maior, incluindo uma diversidade de formatos. Por mais formas geométricas que sejam possíveis de se criar, dificilmente atingiremos a variedade de formatos de rostos humanos existentes (MARTINEZ, 1997, p. 35). Daí a necessidade do profissional desnudar a face, analisando-a em partes, identificando assim as principais características e qual destas partes do rosto se sobressai pela assimetria.

12 É de responsabilidade do profissional da estética facial saber que o procedimento estético utilizado afetará de forma positiva ou negativa na personalidade do indivíduo. Nesse sentido, segundo Hallawell (2009, p. 113): A construção da imagem pessoal afeta a pessoa no nível emocional e no psicológico e pode mudar o seu comportamento. Os Temperamentos (Personalidades) O desenvolvimento da personalidade ocorre ao longo dos anos, ocasionada pela herança genética, o ambiente e a cultura em que se vive, os graus de instrução e as experiências diárias. O temperamento encontra-se entre a linha da nossa hereditariedade (características herdadas) e a linha da nossa individualidade (autodeterminação espiritual) (MARTINEZ, 1997, p. 36). A leitura do rosto revela as características dos temperamentos, os quais segundo Hallawell (2009) são classificados em quatro categorias: Temperamento sanguíneo: se distingue positivamente por ser extrovertido, comunicativo, criativo e inovador e negativamente pela irregularidade, inconstância e desorganização. Para Hallawell (2004) o formato do rosto é angular, em geral hexagonal com lateral reta, ou losangular. Segundo Martinez (1997) é reconhecível pelo contorno de rosto hexagonal. Temperamento bilioso ou colérico: tem como características positivas a determinação, persistência e objetividade. Como características negativas destacam-se a impaciência, intolerância e autoritarismo. De acordo com Hallawell (2004) o rosto tem formato quadrado, podendo ser também um hexágono com a base horizontal ou triangular. Para Martinez (1997) o contorno do rosto é quadrado. Temperamento nervoso ou melancólico: consideram-se dois tipos de melancólico: o artístico é sensível, confiável e competente. O científico é lógico, cerebral e sistemático. Como características negativas ambos possuem a ansiedade, indecisão e perfeccionismo. Segundo Hallawell (2004) o artístico tem o formato do rosto oval ou triangular invertido e o científico possui o rosto com formato retangular. Para Martinez (1997) esse temperamento é reconhecível pelo contorno de rosto triangular. Temperamento linfático ou fleumático: distingue-se positivamente pela diplomacia, misticismo e constância, e negativamente pela apatia, indecisão e desinteresse. Para Hallawell (2004) o formato do rosto é redondo, mas pode ser triangular, quadrado

13 largo ou oval. De acordo com Martinez (1997) é reconhecível pelo contorno de rosto cônico. Essa classificação pertence a Hipócrates, que observou que a personalidade de uma pessoa revela-se fisicamente. Hipócrates, pai da medicina ocidental, postulou a Teoria dos Quatro Temperamentos ou Humores, determinando, por meio deles, a aparência exterior das pessoas (MARTINEZ, 1997, p. 13). As quatro categorias são encontradas em todas as pessoas, porém em graus diferenciados. Essas características têm aspectos positivos chamados de forças, e outros negativos chamados de fraquezas (HALLAWELL, 2009, p. 115). Para finalização da análise da face é de suma importância que o profissional saiba reconhecer os tons e a temperatura da pele, do cabelo e dos olhos do cliente a partir da teoria das cores. A Teoria das Cores As cores podem ser classificadas em primárias, secundárias e terciárias. Na natureza o amarelo, o vermelho e o azul são cores primárias que originam todas as outras a partir de suas combinações. Os pigmentos primários são os que não podem ser obtidos pela mistura de outros pigmentos. São considerados pigmentos puros (HALLAWELL, 2004, p. 204). As cores primárias são fundamentais para a análise da face, pois determinam a variedade de cores da pele humana, dos olhos e do cabelo. Os três pigmentos que provêm das cores primárias originam-se da melanina (marrom/azulado), carotina (amarelo) e hemoglobina (vermelho). São esses pigmentos que classificam a temperatura da pele como quente ou fria. No Visagismo a temperatura das cores tem especial importância, porque o tom da pele é classificado de acordo com a temperatura da cor da tez, da cor e do reflexo do cabelo e da cor dos olhos (HALLAWELL, 2004, p. 225). Realizada a análise através do estudo da Fisiognomonia, ao esmiuçar a face do cliente na sua mais profunda complexidade o profissional poderá com segurança aplicar o conceito do Visagismo utilizando a técnica mais adequada.

14 O Visagismo Criado em 1936 pelo cabeleireiro e maquilador francês Fernand Aubry, o termo Visagismo é derivado da palavra visage, de origem francesa, que significa rosto. Com esse conceito, pretendeu personalizar a imagem pessoal, juntamente com a harmonia de todos os seus aspectos. Para ele, não existe mulher sem beleza, somente belezas que não foram reveladas. Cada rosto é único. O Visagismo é fundamentado na individualização, ou seja, não utiliza padrões, estilos ou modismos e sim expressa a beleza de uma pessoa de maneira individualizada. O Visagismo é baseado no princípio de que beleza existe quando qualidades interiores de uma pessoa são reveladas, com harmonia e estética (HALLAWELL, 2009, p. 114). O conhecimento em Visagismo fará com que o profissional, ao trabalhar com a estética facial, objetive auxiliar seu cliente a revelar por meio de sua própria imagem o que ele deseja expressar, estando atento para não criar imagens padronizadas ou alterar sua identidade. O estilo pessoal deve respeitar a personalidade da pessoa e estar em harmonia com suas convicções pessoais. Para Hallawell (2009, p. 38): É muito importante que essa imagem esteja em sintonia com quem a pessoa sinta que é no seu íntimo e que expresse qualidades e valores. O equilíbrio entre a imagem do próprio rosto e a imagem interna que a pessoa tem de si mesma é essencial para a saúde mental, emocional e física, elevando sua autoestima e autoconfiança. A imagem interior não tem contornos muito precisos. Em geral é vaga, mas ligada a sensações fortes e às qualidades que a pessoa crê possuir. Observa-se, contudo, que o conhecimento da Fisiognomonia para se desnudar um rosto auxiliará o profissional que atua com a estética facial a descobrir o que o cliente deseja expressar através de sua imagem. Com esse estudo, o Visagismo irá criar uma solução visual escolhendo a técnica mais adequada para a harmonização e embelezamento da face. CONSIDERAÇÕES FINAIS A auto-observação pode gerar desconforto e inadequação e para amenizar isso, a orientação de alguém, no caso, o profissional da estética facial com os conhecimentos da Fisiognomonia e do Visagismo pode trazer a adequação necessária e o bem estar que se procura. Dentro do mundo da beleza será ele o mediador entre a beleza natural e o conhecimento técnico para enriquecê-la. Neste século, os meios de comunicação estão propagando informações padronizadas, determinando que essas sejam seguidas e criando dessa maneira uma uniformização com

15 conseqüente dano à autenticidade, embora a busca pela valorização do indivíduo tenha ganhado força se contrapondo a esses padrões estabelecidos. O ideal é prescrito de outra maneira: não mais o recurso ao argumento de autoridade, troca vertical e indiscutível, mas insistência nas escolhas individuais, a realização de si [...] A ordem não é mais forçada: a convicção vem de dentro, é diferente para cada um (VIGARELLO, 2006, p. 185). Desse modo, os profissionais que trabalham na área da estética facial deverão aplicar esses conhecimentos de maneira funcional, trazendo aspectos novos que diferenciem e enriqueçam a beleza natural de seus clientes. No entanto, só isso não basta. Algo mais é necessário, ou seja, as mudanças feitas precisarão ter um propósito prático. Conhecer qual a profissão de seu cliente, quais seus anseios são de vital importância para que o profissional aplique suas técnicas com mais propriedade. Não se pode esquecer que as mudanças causam impactos positivos e negativos. Certas profissões, por exemplo, precisam de uma linguagem estética adequada ao meio. Com isso, o estudo da Fisiognomonia aliado ao conceito do Visagismo, além de realçar a beleza natural tem um papel socializador, ou seja, o bem estar com a aparência e a possibilidade que se tem hoje de estar bem consigo mesmo traz benefícios não só para a pessoa em si, mas para a família, para o seu local de trabalho e também para a sociedade na qual está inserida. Estar de bem, modifica o ambiente e os que estão a nossa volta. O estudo da Fisiognomonia sinaliza a importância de identificar quais os elementos da face que espelham a característica pessoal de cada indivíduo. Feita a análise para essa identificação pode-se direcionar dentro do conceito de Visagismo a escolha do procedimento de embelezamento e harmonização do rosto, melhorando a imagem pessoal do cliente, sempre respeitando a sua identidade. Inúmeras técnicas para auxiliar os profissionais da estética facial surgem constantemente e o conhecimento trazido pela Fisiognomonia e pelo Visagismo soma-se às mais variadas informações que podem ser adquiridas por esses profissionais. A busca por novas informações possibilita ao profissional criar vínculos de segurança e confiança com seus clientes, abrir possibilidades de intervenções mais adequadas, obter um grau de observação mais apurado, conseguir resultados mais criativos e inovadores, além de diferenciar-se no mercado de trabalho. Com isso, enriquece não só a si mesmo, mas torna-se um referencial dentro de sua área de atuação. A conseqüência final deste aprimoramento é o surgimento de uma nova geração de profissionais e o enriquecimento e credibilidade para a estética facial.

16 O mercado da estética necessita de profissionais que tenham uma visão holística e ética, capazes de se diferenciar por competência e qualidade em responder às necessidades de seus clientes de forma mais complexa. Nesse sentido, o artigo demonstra o diferencial que o profissional da estética facial pode ter ao estudar os conceitos de Fisiognomonia e Visagismo, e consequentemente os resultados que os clientes terão com esse perfil de profissional. Para exemplificar como esses conceitos podem ser aplicados na prática, foi criado um modelo de ficha de anamnese que está disponível no apêndice A do artigo, podendo ser utilizado por qualquer profissional que atue na área da estética facial. Enfatiza-se finalmente, que outros estudos pertinentes ao tema sejam posteriormente realizados para continuação dessa reflexão na estética em futuros trabalhos.

17 REFERÊNCIAS ALCURE, Lenira. Comunicação verbal e não verbal. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. O bilionário mercado da beleza. São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.abihpec.org.br>. Acesso em: 15 abr. 2010. BLANK, Paulo. Cabala: O mistério dos casais. Rio de Janeiro: Relume Dumara, 2005. BOGDAN, Robert C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: PORTO, 1994. CAMARGOS, C. N. et al. Da imagem visual do rosto humano: simetria, textura e padrão. Saúde soc. São Paulo, v. 18, n. 3, p. 395-410, 2009. CÔRTE, B. et al. Velhice envelhecimento complex(idade): psicologia, subjetividade, fenomenologia, desenvolvimento humano... São Paulo: Vetor, 2005. DAVIS, Flora. A comunicação não verbal. 8. ed. São Paulo: Summus Editorial, 1979. ECO, Umberto. Sobre os espelhos e outros ensaios. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. HALLAWELL, Philip. Visagismo Integrado: identidade, estilo e beleza. São Paulo: SENAC São Paulo, 2009.. Visagismo: Harmonia e Estética. 2. ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2004.. Visagismo: Porque visagismo? São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.visagismo.com.br>. Acesso em: 04 mar. 2010. HUGO, Victor. Prefácio (1827). In: ECO, Umberto. (Org.). História da Feiúra. Rio de Janeiro: Record, 2007. MARTINEZ, Valquiria. Mistérios do rosto: Manual de Fisiognomonia. 4. ed. São Paulo: Madras, 1997. MOORE, Thomas. A alma do sexo: cultivando a vida como um ato de amor. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. NOVAES, Joana de Vilhena. O intolerável peso da feiúra: sobre mulheres e seus corpos. Rio de Janeiro: PUC-Rio, Garamond, 2006. PENNA, Lucy. Corpo sofrido e mal amado: as experiências da mulher com o próprio corpo. São Paulo: Summus Editorial, 1989. VIGARELLO, Georges. História da beleza: o corpo e a arte de se embelezar, do Renascimento aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

18 APÊNDICE A Ficha de Anamnese - Fisiognomonia e Visagismo na Estética facial Nome: Idade: Sexo: ( ) F ( ) M Profissão: Data Avaliação: / / Formato geométrico predominante do rosto: ( ) Oval ( ) Redondo ( ) Quadrado e retangular ( ) Triangular invertido ( ) Triangular ( ) Hexagonal (lateral reta) ( ) Hexagonal (base reta) ( )Losango ( ) Rosto misto de ângulos. Obs.: Teoria das proporções do rosto: ( ) Região superior (mental) ( ) Região mediana (afetiva) ( ) Região inferior (instintiva) Obs.: Estrutura da Face: - Nariz: ( ) Aquilino ( ) Arredondado ( ) Comprido ( ) Curto Principal característica: - Olhos: ( ) Redondos ( ) Orientais ( ) Pequenos ( ) Fundos ( ) Afastados ( ) Juntos Principal característica: - Boca / Lábios: ( ) Grande ( ) Lábios grossos ( ) Pequena ( ) Lábios finos ( ) Mediana ( ) Assimetria lábio superior ( ) Assimetria lábio inferior Principal característica: - Queixo: ( ) Pontudo oval ( ) Pontudo angular ( ) Duplo queixo ( ) Ausência de projeção do queixo Principal característica:

19 Classificação do biotipo cutâneo: - Tipo de pele: ( ) Normal ( ) Seca ( ) Oleosa ( ) Mista - Disfunções da pele: ( ) Acne ( ) Rugas ( ) Flacidez ( ) Edema ( ) Aspereza ( ) Outros Obs.: Teoria das cores: - Cor do pigmento predominante que da a cor da pele, olhos e cabelo: ( ) Amarelo ( ) Vermelho ( ) Azul - Cor dos olhos: ( ) Castanho ( ) Verde ( ) Azul ( ) Negro ( ) Mel - Cor do cabelo: ( ) Castanho quente ( ) Castanho frio ( ) Loiro quente ( ) Loiro frio ( ) Ruivo - Cor da pele: ( ) Branca ( ) Morena ( ) Negra - Temperatura da pele: ( ) Fria ( ) Quente - Ossos da face mais ressaltados: - Principal característica: Temperamentos: ( ) Sanguíneo ( ) Bilioso/ Colérico ( ) Nervoso/Melancólico ( ) Linfático /Fleumático Obs.: Possui doença: ( ) Cardíaca ( ) Renal ( ) Neurológica ( ) Diabetes ( ) Nenhuma ( ) Outra Obs.: Informações relevantes para o profissional: