RELATÓRIO DE EXPOSIÇÃO NA MÍDIA RESUMO EXECUTIVO



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Transcrição:

RESUMO EXECUTIVO A cadeia produtiva da cana-de-açúcar se destaca no agronegócio brasileiro e sua relevância aumenta na medida em que a demanda por energia renovável se amplia no mundo. Os fenômenos climáticos, associados ao efeito estufa, o aquecimento global e as dificuldades em se extrair o petróleo, apontaram o etanol como alternativa viável. No entanto, os crescentes aumentos de demanda de biocombustível começaram a levantar questionamentos sobre a viabilidade em ampliar a produção sem interferências negativas sobre o planeta. As fontes de matérias-primas para a produção de biocombustível também são limitadas, concorrendo, inclusive, com os alimentos. Surge então o etanol de segunda geração como opção possível. O etanol de segunda geração ou o etanol celulósico é obtido de resíduos, como o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, restos de milho, lixo urbano, restos de madeira, entre inúmeros outros. O embate está na tecnologia que libere o açúcar disponível nesses resíduos. A tecnologia já existe, mas é vulnerável quando colocada em ambientes fora dos laboratórios. Colocá-la no mercado para produção em escala é o grande desafio. Uma corrida tecnológica se estabelece no mundo. Na largada os Estados Unidos aparecem na dianteira, uma vez que já anunciam a produção do etanol celulósico em escala comercial. Isso significa que possuem o domínio para a produção de enzimas que efetuam a tarefa de converter a celulose existente nas diversas matérias-primas em açúcares e em escala comercial. A experiência brasileira na produção do etanol e a estrutura produtiva que detém o país, ainda o colocam em situação de certo conforto, mas existe um longo caminho a ser percorrido para acompanhar as mudanças paradigmáticas em curso. 2

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 4 DESEMPENHO RECENTE DA CADEIA SUCROALCOOLEIRA BRASILEIRA... 4 Produção mundial de etanol... 4 Produção brasileira de cana-de-açúcar, açúcar e etanol... 5 Exportações do complexo sucroalcooleiro brasileiro... 8 O etanol no Brasil... 11 Produzir açúcar ou etanol?... 12 A CADEIA PRODUTIVA DA CANA-DE-AÇÚCAR... 13 Características da cadeia brasileira de cana-de-açúcar... 16 Usinas e destilarias no Brasil... 17 Álcool ou etanol?... 20 O ETANOL SEGUNDA GERAÇÃO... 20 O porquê do etanol de segunda geração... 21 Qual é o desafio?... 22 A importância da enzima... 23 INICIATIVAS MUNDIAIS NA PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO... 24 Produção em escala comercial... 25 O Brasil na corrida internacional para o desenvolvimento do etanol de segunda geração... 26 Algumas possibilidades... 28 Para além do etanol de segunda geração... 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS E AÇÕES RECOMENDADAS... 29 FONTES... 31 3

INTRODUÇÃO A necessidade de redução de emissão de gases efeito estufa, evidenciado desde o Protocolo de Kyoto, em 1997, e as barreiras impostas de uma matriz energética baseada em combustível fóssil, não renovável, levaram à procura de outras fontes de energia. Os biocombustíveis foram então apontados como forma de energia de fonte renovável e redutora de emissão de gases efeito estufa. Grande parte dos biocombustíveis é produzida a partir de matéria-prima de origem agrícola. No Brasil, a principal matéria-prima é a cana-de-açúcar e no agronegócio brasileiro ela ocupa lugar de destaque. O desempenho brasileiro produtivo do complexo sucroalcooleiro tem importante papel no mercado nacional e internacional, principalmente do açúcar. O etanol, por sua vez, faz o agronegócio brasileiro se evidenciar devido suas performances produtivas em relação aos congêneres internacionais. Salientam-se aí aspectos ligados à atividade agrícola da cana-de-açúcar até o desenvolvimento de tecnologias para a obtenção do etanol. É certo que o Brasil ocupa certa posição de vantagem frente aos demais países com relação aos biocombustíveis. As quase quatro décadas de experiências acumuladas, desde o Proálcool (1975), permitiram ao país desenvolver tecnologia em toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Também é indiscutível a supremacia brasileira em se tratando da produção de etanol de primeira geração. Mas, apesar de toda experiência, o Brasil perdeu liderança mundial para os Estados Unidos, maior produtor atual de etanol, e novos desafios são postos constantemente. Pelo mundo afora os esforços se voltam para a segunda geração de etanol em função do aproveitamento de resíduos de origens diversas: bagaço de cana, palha de milho, restos de madeira e de lixo urbano. A busca pelas novas formas de energia renováveis se intensificou no mundo. Plantas industriais já começam a operar em alguns países. Assim, o novo paradigma tecnológico pode ser determinante para o espaço do etanol no agronegócio brasileiro, assim como no cenário internacional. DESEMPENHO RECENTE DA CADEIA SUCROALCOOLEIRA BRASILEIRA Produção mundial de etanol Conforme dados da F. O. Licht, divulgados pela Global Renewable Fuels Alliance, a produção mundial de etanol, em 2012, foi de 85,2 bilhões de litros (Gráfico 1). 4

90000 80000 70000 60000 Europa África Américas Asia/Pacífico Mundo milhões de litros 50000 40000 30000 20000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Gráfico 1: Produção mundial de etanol (em milhões de litros). Fonte de dados brutos: F. O. Licht In: Global (2012)- elaborado pela autora O gráfico mostra uma evolução positiva do volume mundial de 0,9% entre 2011 e 2012, revelando duas situações: incremento de, aproximadamente, 12% na Europa; 13% na Ásia; 56% na África; e de redução de 0,5% nas Américas. Em 2006, a produção da África era nula e, apesar dos reduzidos níveis apresentados em relação às demais regiões, foi a que registrou maior crescimento relativo no período. O Brasil é o segundo maior produtor de etanol no mundo, atrás dos Estados Unidos. Na América Latina, Brasil, Argentina e Colômbia são os únicos países a constarem entre os principais produtores de etanol e de biodiesel no mundo (AGÊNCIA, 2011). Estudos indicam que o consumo mundial de álcool combustível será de 205 bilhões de litros em 2025. Quarenta países misturam o etanol à gasolina para reduzir o efeito estufa, ocasionado pelo combustível fóssil e da dependência das importações de petróleo (JÚNIOR, s/d). Produção brasileira de cana-de-açúcar, açúcar e etanol Entre as matérias-primas renováveis a cana-de-açúcar possui a maior produtividade por hectare para o etanol. O Brasil, principal produtor mundial de cana-de-açúcar, possui clima, solo e topografia favoráveis, dando-lhe vantagens competitivas comparativamente a outros países. No país, a cana pode ser colhida cinco ou seis vezes antes do replantio devido ao elevado rendimento. A Índia, grande produtor mundial de açúcar, realiza duas ou três colheitas antes do 5

replantio. Além disso, a produtividade da cana-de-açúcar açúcar no Brasil tem aumentado significativamente nos últimos 30 anos devidos, principalmente, a novas variedades e novas formas de manejo no plantio e colheita. Ademais, o Brasil possui o menor custo mundial de produção de etanol (ADECOAGRO, 2011). De acordo com Silva e Strachman (2013), a cana-de-açúcar açúcar tem o menor custo de biomassa em relação ao custo de produção, o que permite ao etanol brasileiro se manter em posição de vantagem em relação aos concorrentes. O país conta também com recursos naturais favoráveis e progressos tecnológicos em processo e produtos, frutos de pesquisa e desenvolvimento. Em relação ao etanol dos Estados Unidos, que provém do milho, o biocombustível brasileiro leva vantagem devido à produtividade da cana-de-açúcar. açúcar. Em uma mesma área, a cana-de-açúcar brasileira produz mais etanol que o milho (MENDONÇA, 2010; JÚNIOR, s/d). A produção brasileira de cana-de-açúcar açúcar foi ascendente até a safra de 2010/2011, quando atingiu recorde histórico de 624.501.165 toneladas (Gráfico 2). 700.000.000 600.000.000 500.000.000 toneladas 400.000.000 300.000.000 200.000.000 100.000.000 0 Gráfico 2: Produção brasileira de cana-de-açúcar 2000/2001 2012/2013. Fonte de dados brutos: MAPA (2010) - elaborado pela autora 6

Nas safras seguintes o volume produzido permaneceu abaixo do recorde registrado devido, principalmente, a problemas climáticos como seca e geada (CONAB, 2011; CONAB, 2012). O Gráfico 3 apresenta o comportamento produtivo do etanol. 30.000.000 25.000.000 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 0 Etanol anidro (m³) Etanol hidratado (m³) Etanol Total (m³) Gráfico 3: Produção brasileira de etanol: anidro e hidratado - 2000/2001 2012/2013. Fonte de dados brutos: MAPA (2010) - elaborado pela autora Observa-se que a produção de etanol anidro superava o etanol hidratado até 2005/2006. A partir de 2003/2004 inicia-se a ascensão do álcool hidratado. O álcool anidro, com 99,5% de pureza, é adicionado à gasolina. O álcool hidratado é comercializado nos postos de abastecimento brasileiros contendo 96% de pureza. Em 2003 foi introduzido no mercado brasileiro o veículo que pode utilizar como combustível, a gasolina ou o etanol ou a mistura dos dois produtos automóveis flex-fuel.. Assim, quando os preços do etanol se tornam atraentes esse tipo de veículo também se torna também interessante (CONAB, 2012a). O declínio registrado a partir do ano-safra 2011/12 está ligado à queda na produção de etanol hidratado em 2011/12 e 2012/13. Segundo Samora (2012), esse comportamento reflete os preços competitivos da gasolina em relação ao etanol. Pereira (2012) também aponta o preço convidativo da gasolina como um dos fatores de queda na oferta de álcool hidratado, ressaltando que há vantagem em se utilizar o etanol somente quando seu preço estiver até 70% do preço da 7

gasolina. Além disso, afirma que a rentabilidade do açúcar supera a do etanol desde fevereiro de 2008. Aproximadamente, 85% da produção mundial de etanol é consumida como combustível em veículos flex ou como adição à gasolina (ADECOAGRO, 2011). Quanto à produção de açúcar, observa-se no Gráfico 4 que a produção de açúcar foi praticamente ascendente durante o período considerado. 40.000.000 35.000.000 30.000.000 25.000.000 toneladas 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 0 Gráfico 4: Produção brasileira de açúcar - 2000/2001 2012/2013. Fonte de dados brutos: MAPA (2010) - elaborado pela autora A inflexão verificada nas duas últimas safras foi determinada pela queda no volume da cana-de-açúcar açúcar colhida, que sofreu, principalmente, problemas de ordem climática. Exportações do complexo sucroalcooleiro brasileiro Entre os anos de 2000 e 2012 o volume das exportações do agronegócio cresceu cerca de 190% e os preços externos 118%. O saldo da balança comercial cresceu 460,83% no mesmo período, o que representou um total de US$ 481 bilhões. Em 2012 o superávit da balança comercial foi de US$ 79 bilhões (BARROS; ADAMI, 2013). Em 2011, as exportações do agronegócio brasileiro chegaram ao montante de US$ 94,59 bilhões, representando 36,94% das exportações totais do país. As 8

importações do setor atingiram US$ 17,083 bilhões, gerando saldo comercial positivo de US$ 7,51 bilhões (CONAB, 2011). No ranking das exportações brasileiras do agronegócio, em 2011, o complexo sucroalcooleiro (açúcar em bruto, açúcar refinado, álcool etílico, demais açúcares e melaço) se posiciona em segundo lugar, representando 17,1% do valor total em US$, logo após as exportações do complexo soja que detém 25,5% do total (MAPA, 2010). Os principais produtos do complexo sucroalcooleiro exportados são o açúcar em bruto e açúcar refinado (Tabela 1). Principais produtos 2001 2011 exportados Valor US$ Part. % Valor US$ Part. % Soja em grãos 2.719,9 11,4 16.312,2 17,2 Açúcar em bruto 1.400,8 5,9 11.548,8 12,2 Café verde 1.207,7 5,1 8.000,4 8,5 Carne de frango (in 1.291,7 5,4 7.063,2 7,5 natura) Farelo de soja 2.065,2 8,7 5.697,9 6,0 Celulose 1.246,7 5,2 4.994,9 5,3 Carne bovina in natura 738,8 3,1 4.169,3 4,4 Açúcar refinado 878,2 3,7 3.391,3 3,6 Fumo não manufaturado 921,1 3,9 2.878,6 3,0 Milho 493,2 2,1 2.624,5 2,8 Demais produtos 10.903,0 45,7 27.909,7 29,5 Total 23.866,4 100 94.591,0 100 Tabela 1: Exportações dos principais produtos do agronegócio brasileiro 2001 e 2011. Participação %/valor em milhões US$. Fonte: MAPA (2012b) As exportações do açúcar em bruto destacam-se pelo aumento na participação das exportações totais do agronegócio: em 2001 representavam 5,9%, enquanto em 2011 passaram para 12,2%. As exportações de açúcar refinado sofreram pequeno aumento na participação do total dos produtos do agronegócio exportados. Em 2012 (janeiro a novembro), as exportações do complexo sucroalcooleiro geraram US$ 13,6 bilhões, representando 15,3% das exportações brasileiras do agronegócio em termos de valores monetários (em US$), atrás do complexo soja cuja participação atingiu 28,8% (MAPA, 2010). 9

Houve, porém, queda de 10,5% no volume financeiro, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. O complexo foi um dos que apresentou maiores quedas do agronegócio, resultado da baixa nas vendas de açúcar, que sofreram redução de 9,4% no preço e de 7% na quantidade (NOVACANA, 2012). No mesmo período, o açúcar representou a maior parte (86%) das exportações do complexo em valores, cabendo ao álcool o restante (14%) (MAPA, 2010). Projeções do agronegócio, realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para 2011/12 a 2012/22 indicam taxas de crescimento de 2,4% ao ano para a produção de açúcar; 1,2% ao ano para o seu consumo interno; e 3,6% ao ano para as exportações. Portanto, estima-se que a produção, consumo interno e exportação de açúcar em 2021/22, será, respectivamente, de 48.603 mil toneladas, 39.755 mil toneladas e 13.364 mil toneladas (MAPA, 2012a). Para as safras 2011/12, a produção de açúcar foi de 38.653 mil/toneladas (70,8%), sendo 27.385 mil/toneladas destinadas para a exportação e 11.735 mil/toneladas (30,4%) para o consumo interno (MAPA, 2012a). O Gráfico 5 indica o pico das exportações brasileiras de açúcar ocorrida em 2010, de 28.000 mil/toneladas. 30.000 25.000 Milhões toneladas 20.000 15.000 10.000 5.000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Gráfico 5: Exportações brasileiras de açúcar - 2002/2012. Fonte de dados brutos: MAPA (2010) - elaborado pela autora Quanto às exportações de etanol, observa-se crescimento até o ano de 2008, de acordo com a Gráfico 6. 10

toneladas 4.500.000 4.000.000 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Gráfico 6: Exportações de etanol 2001 2011. Fonte de dados brutos: MAPA (2010) - elaborado pela autora O declínio verificado no período posterior está vinculado à alta dos preços internacionais do açúcar, que altera a repartição das usinas produtoras em detrimento do etanol, além da redução das importações dos Estados Unidos (BNDES, 2010). O etanol no Brasil No Brasil a principal matéria-prima utilizada para a fabricação de açúcar e etanol é a cana-de-açúcar, cuja produção ocorre essencialmente nas regiões Centro-Sul e Nordeste. De acordo com Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento (MAPA, 2010), a produção brasileira de cana-de-açúcar para a indústria sucroalcooleira estimada da safra 2012/13 é de 572,05 milhões de toneladas, quantidade 1,97% superior à safra anterior (Gráfico 7). 11

700.000.000 600.000.000 500.000.000 Toneladas 400.000.000 300.000.000 200.000.000 100.000.000 0 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 Norte/Nordeste Centro-Sul Brasil Gráfico 7: Produção de cana-de-açúcar no Brasil - 2007/2008 a 2012/2013 toneladas Fonte de dados brutos: MAPA (2010) - elaborado pela autora O volume produzido no país divide-se regionalmente na seguinte proporção: 6,99% na região Norte/Nordeste e 93,1% na região Centro/Sul. Na região Centro/Sul o aumento na produção foi de 7,5% comparada às safras 2011/12 e 2012/13. No Norte/Nordeste houve redução de 39,4%, conforme dados do mesmo gráfico. Verifica-se que o maior volume produzido corresponde à safra de 2010/11, quando novas usinas entraram em funcionamento em alguns estados do Centro-Sul, havendo aumento da área cultivada (SALVADOR, 2010). As quedas registradas posteriormente devem-se, principalmente, a fatores climáticos (SAFRA, 2011). Considerando ainda a safra 2012/13, o estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar car do Brasil, seguido pelos estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná com participações de 8,9%, 8,1% e 7,2%, respectivamente (ÚNICA, s/d). Produzir açúcar ou etanol? Devido à capacidade da maioria das usinas brasileiras de processamento de canamix de produção é determinado pela rentabilidade do produto. A flexibilidade dessas plantas de-açúcar em produzir açúcar e álcool em suas instalações, o 12

industriais para produzir qualquer dos dois produtos permite ajustar o mix de produção segundo as flutuações do mercado internacional (CANA, s/d). 70% 60% 50% 40% 30% álcool açúcar 20% 10% 0% 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 Gráfico 8: Mix de produção açúcar e álcool no Brasil - safras selecionadas. Fonte de dados brutos: (BNDES, 2010); (CEPEA, 2012); (MAPA, 2010) De acordo com o Gráfico 8, os maiores percentuais da cana foram destinados para a produção de etanol em 2009/2010 e 2010/2011. Segundo Campos (2010), por terem origem da mesma matéria-prima, os mercados do açúcar e do etanol estão sempre estreitamente relacionados. Assim, quando o preço do açúcar se eleva, o mix de produção privilegia o açúcar e, ao mesmo tempo, reduz a oferta de etanol. A queda na oferta do biocombustível pressiona a elevação também do seu preço. O aumento do preço do etanol acaba por favorecer o aumento da produção e pressionando a inversão do processo. Entre abril e dezembro de 2012, o açúcar apresentou remuneração média 41% superior ao álcool hidratado e 28% superior ao álcool anidro (CEPEA, 2012). Remuneração do açúcar branco é 25% melhor que o etanol (XAVIER; ROSA, 2012). A CADEIA PRODUTIVA DA CANA-DE-AÇÚCAR A cadeia produtiva da cana-de-açúcar açúcar compreende atividades que se estendem desde o cultivo da planta até o consumo final de açúcar e álcool, passando pelos 13

elos de processamento dos citados produtos e derivados, pesquisa, serviços, transporte, comercialização no mercado interno e externo, conforme ilustra a Figura 1. A montante, a cadeia está fortemente ligada à produção agrícola, nas atividades de plantio e colheita da cana-de-açúcar e as atividades que derivam da utilização destes (reparos, manutenção), conforme Sebrae (2008). Na estrutura da cadeia central, em que ocorrem as atividades que se estendem desde o plantio da cana-de-açúcar até a obtenção dos produtos finais, verifica-se que da moagem surgem dois grupos empresariais. O primeiro, voltado para a produção de açúcar e álcool em que se encontram as grandes e médias empresas. O segundo grupo, composto predominantemente de micro e pequenas empresas, muitas vezes artesanal, produz mercadorias como a rapadura, aguardente e melaço (SEBRAE, 2008). 14

Figura 1: Cadeia produtiva sucroalcooleira. Fonte: Sebrae (2008) Um dos aspectos que se destaca nesse elo da cadeia está nos avanços tecnológicos, tanto no mercado quanto nos processos produtivos, sobretudo de processos de aproveitamento dos subprodutos (bagaço e palha de cana) (SEBRAE, 2008, p.11). O bagaço é utilizado para geração de energia nas próprias usinas. Atualmente o aproveitamento do bagaço torna as usinas autossuficientes em energia e ainda geram excedentes (SILVA; STRACHMAN, 2013). A produção de etanol, pelo aproveitamento de resíduos, tem sido o foco de atenção das grandes empresas no mundo. Pesquisas em torno do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar avançaram e plantas pilotos ou de demonstração já 15

estão em funcionamento ou em construção no Brasil e em outros países (FIORAVANTE, 2011; UMA PLANTA, 2010; COM R$ 600 MI, 2012). Portanto, a cadeia produtiva, de onde se produz o etanol de segunda geração ou o etanol celulósico, ganha mais um elo a partir do bagaço. A comercialização e distribuição dos produtos oriundos da cadeia principal para o mercado consumidor e as atividades que se servem destes (adubo orgânico, bioenergia, gás carbônico, indústria de papel, indústria de alimentos e alcoolquímica) formam a cadeia a jusante. É importante considerar que a cana-de-açúcar, o principal insumo da cadeia, por ser um produto agrícola, está exposta a intempéries do clima, problemas sanitários e à sazonalidade, que interferem diretamente na oferta final. Dada a dimensão da produção nacional e levando-se em conta que o Brasil é o maior exportador mundial de açúcar variações na oferta interferem no mercado internacional da mesma forma que podem impactar sobre a produção de outros derivados como o etanol (VIAN, s/d). Características da cadeia brasileira de cana-de-açúcar No Brasil, grande parte das usinas fabricam ambos os produtos em proporção alicerçada nas indicações de mercado. Mas existem usinas que produzem apenas açúcar e destilarias que só produzem álcool (SEBRAE, 2008). A característica das usinas brasileiras que as possibilita produzir álcool ou açúcar ou ambos advém das políticas estabelecidas nos anos 1970, quando foram criados programas que permitiram a criação de um modelo de indústria mista capaz de destinar parte do caldo da cana-de-açúcar para a produção de açúcar e parte para a fabricação de álcool, sem similar em outros países produtores de cana-de-açúcar (CONAB, 2012, p.9). No Brasil, diferentemente do padrão internacional, são as próprias usinas que produzem a maior parte da cana-de-açúcar que processam. Somente um terço é adquirido de terceiros (CONAB, 2012). As usinas são as proprietárias das terras em que produzem sua matéria-prima, adotam o sistema de arrendamento ou ainda realizam contratos com produtores especializados. Não existe venda no mercado spot (produtores procurando as usinas para venda do produto após a colheita) (NEVES et al., 1998). Um dos aspectos que caracteriza a indústria sucroalcooleira no Brasil está no elevado número e dispersão da capacidade de moagem da cana-de-açúcar. De acordo com a CONAB (2012), mesmo quando se trata das maiores unidades, estas representam uma pequena fração do total de cana-de-açúcar processada. Isso 16

ocorre porque existe um limite da capacidade de produção, que depende da disponibilidade da matéria-prima no entorno da unidade de processamento, dentro de uma determinada distância que não onere excessivamente o custo de transporte da cana para a usina. Coforme dados estimados pela CONAB (2012), a distância média percorrida pela cana do ponto de colheita até a indústria é de 24,97 quilômetros a região Centro- Sul e de 20,4 quilômetros na região Norte-Nordeste. Os pontos mais distantes de recepção, acima de 40 quilômetros, representam uma pequena fração do total. É importante ressaltar que a cana deve passar pela moagem até 36 horas após a colheita, sob o risco de perda de qualidade, tornando a matéria-prima menos produtiva (NEVES et al., 1998; RANGEL et al, 2008). Usinas e destilarias no Brasil Existem no Brasil 401 unidades produtoras cadastradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2012. Verifica-se redução de 19 unidades entre 2009 e 2012 (Tabela 2). Região/Estado Número Usinas/Destilarias 2009 2012 Norte 5 5 Acre 0 1 Amazonas 1 1 Pará 1 1 Rondônia 1 1 Tocantins 2 1 Nordeste 77 75 Alagoas 24 24 Bahia 3 6 Ceará 2 2 Maranhão 4 4 Paraíba 9 9 Pernambuco 24 20 Piauí 1 1 Rio Grande do Norte 4 4 Sergipe 6 5 Centro Oeste 54 66 Goiás 29 34 Mato Grosso do Sul 14 21 Mato Grosso 11 11 Sudeste 250 224 Espírito Santo 6 5 17

Minas Gerais 37 43 Rio de Janeiro 7 4 São Paulo 200 172 Sul 34 31 Paraná 33 30 Rio Grande do Sul 1 1 Brasil 420 401 Tabela 2: Usinas e destilarias cadastradas no Brasil, por Unidade da Federação 2012. Fonte: (MAPA, 2012); (USINAS, 2009) Apenas os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais aumentaram o número de usinas no período considerado. Entretanto, o estado de São Paulo continua a abrigar o maior número de usinas, embora tenha ocorrido redução de quatro unidades. Contudo, ainda concentra 48% das usinas nos dois anos selecionados. Com relação à distribuição regional, observa-se que a queda na quantidade de usinas ocorreu com maior intensidade no Sudeste em benefício da região Centro- Oeste (Gráfico 9). 2009 Sul 8% Norte 1% Nordeste 18% Centro Oeste 13% Sudeste 60% 18

2012 Sul 8% Norte 1% Nordeste 19% Sudeste 56% Centro Oeste 16% Gráfico 9: Usinas e destilarias cadastradas no Brasil 2009 e 2012: Distribuição % por região. Fonte de dados brutos: 2012 (MAPA, 2012). 2009 (USINAS, 2009) - elaborado pela autora Em 2009, a região Sudeste concentrou 60% das usinas brasileiras contra 56% em 2012, enquanto a região Centro-Oeste aumentou sua participação de 13% para 16% e o Nordeste de 18% para 19%, nos mesmos anos, respectivamente. As demais regiões não alteraram suas participações. Considerando as macrorregiões brasileiras, o Centro-Sul conta com 321 usinas de álcool e açúcar. Processou 494,9 milhões/toneladas de cana-de-açúcar (safra 2011/2012), representando 88% do total brasileiro. O Norte Nordeste reúne 80 usinas e processou 66,1 milhões/toneladas de cana-de-açúcar, 12% do total (Tabela 3). Região Número de % Moagem de cana-deaçúcar % usinas Centro-Sul 321 80% 494.937.656 88% Norte/Nordeste 80 20% 66.056.134 12% Brasil 401 100 560.993.790 100 Tabela 3: Número de usinas no Brasil e moagem de cana-de-açúcar (2011/2012) em toneladas. Fonte de dados brutos: SAFRA (2011); MAPA (2012) - elaborado pela autora A assimetria entre o número de usinas e a capacidade de moagem da cana-deaçúcar indica que as instalações localizadas no Nordeste brasileiro são de menor porte. Conforme MAPA (2012), no que se refere aos tipos das usinas brasileiras, a maior parte que produz álcool e açúcar (292 unidades ou 72,8%) é mista. Do total, 95 19

unidades (23,7%) produzem apenas etanol e 10 (2,5%) produzem apenas açúcar, em 2012, conforme Gráfico 10. Etanol 37% Mistas 59% Açúcar 4% Gráfico 10: Distribuição por tipo de indústria em 2012. Fonte de dados brutos: MAPA (2012) - elaborado pela autora Álcool ou etanol? O álcool etílico é também conhecido como etanol e pode ser obtido da cana-deaçúcar, beterraba, mandioca, milho, madeiras, entre outras matérias-primas. O álcool produzido pelas usinas possui duas formas: o álcool anidro e o álcool hidratado. O álcool ainda pode se destinar à indústria química e farmacêutica (SEBRAE, 2008). A diferença entre os produtos reside no seu teor de pureza. O álcool etílico hidratado possui 96% de pureza e 4% de água (96% GL). O álcool anidro possui pureza de 99,95% com 0,05 de água e é considerado isento de água. A gasolina vendida nos postos de abastecimento brasileiros contém álcool anidro cuja porcentagem de mistura é definida por lei (ÁLCOOL, s/d). Atualmente, adiciona-se 20% de etanol à gasolina. Há previsão para se elevar esse percentual para 25% a partir do mês de abril/2013, quando se inicia a nova safra. Espera-se se que essa elevação da quantidade de álcool na gasolina reduza a necessidade de importação de combustível (ROSA et al., 2013). O ETANOL SEGUNDA GERAÇÃO O desenvolvimento dos biocombustíveis se evidencia na medida em que o aquecimento global, devido às emissões de gases de efeito estufa, tem sido 20

apontado como o grande causador das mudanças climáticas no mundo. A necessidade de redução de emissão de gases de efeito estufa e do imperativo de menor dependência de combustível fóssil de fonte não renovável tem se tornado alvo de governos e de empresas em muitos países. Ao mesmo tempo, começou a ser questionada a dependência da produção do etanol de primeira geração da produção agrícola, a necessidade de incorporação de áreas agricultáveis, competindo com a produção de alimentos e pressão sobre áreas de preservação florestal. Diante do dilema, pesquisas foram direcionadas para a obtenção de biocombustível de segunda geração. A corrida pela busca de novas formas de produção de biocombustíveis se intensificou no mundo, utilizando diversas fontes de biomassa: gramíneas, sorgo, batata doce, tabaco e entre outros. Tecnologias aprovadas e testadas em laboratório começam a ser colocadas em plantas pilotos em diversos países (FAPESP, 2007). Obtido pelo aproveitamento de resíduos, a segunda geração de etanol tem como trunfo o fato de não competir com a produção de alimentos e não necessitar de mais áreas agricultáveis (NYKO et al., s/d). O etanol de segunda geração é também conhecido como etanol celulósico. O porquê do etanol de segunda geração Em razão das questões como os efeitos nocivos do uso do combustível fóssil e por tratar o petróleo uma energia não renovável, esforços são realizados pelo mundo afora para o aproveitamento de resíduos, principalmente agrícolas, como a palha e o bagaço da cana-de-açúcar, sabugo do milho e a palha, palha de trigo e restos da madeira para a produção do etanol de segunda geração. Nyko et al. (s/d), aponta o fato de que, considerando os aspectos demográficos e de renda para as próximas décadas, há uma expectativa no aumento de demanda por alimentos, assim como para o consumo de combustíveis. Levando-se em conta as dificuldades para a obtenção do petróleo, a necessidade de produção de combustíveis alternativos, como o biocombustível e de alimentos, pode-se levantar um elemento complicador nas expectativas futuras. Além de maior produtividade, a produção de alimentos precisa de maiores áreas agricultáveis, o que é também imprescindível para os biocombustíveis de primeira geração. Além disso, discute-se o fato de que a produção da biomassa de origem agrícola para conversão em biocombustíveis também desloca outras culturas agrícolas para zonas de importante valor ambiental. 21

Apesar da produção de etanol de primeira geração ter incorporado progressos constantes, tanto na fase agrícola quanto industrial, a tecnologia de produção do biocombustível empregada atualmente está chegando aos seus limites teóricos. As expectativas de ganhos em eficiência dos processos de produção de etanol de primeira geração atuais chegam a 4%, no máximo (considerando que as perdas na lavagem da cana, no tratamento do caldo e na destilação e no vinhoto que chegam ao mínimo até 2015 e a eficiência na extração e o rendimento da fermentação, ao máximo). As estimativas de ganhos das novas tecnologias de segunda geração são de 50%, no mínimo (NYKO et al., s/d). Portanto, para que a ascensão dos biocombustíveis não implique na invasão de áreas para a produção de alimentos, mesmo considerando o longo prazo, e ainda contribua para a reversão da situação de aquecimento global, torna-se imprescindível que a produtividade seja elevada. O etanol de segunda geração muda o padrão tecnológico, oferecendo uma possível resposta. Qual é o desafio? O etanol que se produz atualmente é chamado de primeira geração porque é produzido a partir de matérias-primas como a cana-de-açúcar e o milho, principalmente. No caso da cana, esta é processada obtendo-se o caldo que é fermentado para a fabricação do etanol. Somente 1/3 da energia contida na matéria-prima (aquela que é extraída do caldo) é aproveitada (UMA PLANTA, 2010). O bagaço da cana-de-açúcar, que contém grande quantidade de celulose, figura como um dos que possui os melhores atributos para essa finalidade. Resultados de pesquisa com duas variedades mostraram que a quantidade de bagaço pode variar 205,3 kg/ha a 264,1 kg/há, segundo as diferentes épocas do ano (NETO et al., 2011). A quantidade de bagaço, resultante da moagem da cana para a produção de álcool ou açúcar, pode variar sensivelmente dependendo dos cultivares, do comportamento da safra e das condições edafoclimáticas. Em pesquisa realizada para três cultivares, a produção de bagaço variaram de 238,5 a 306,3 quilos por tonelada de cana-de-açúcar (ROSA et al., 2012; NETO et al. 2011). Conforme Alcarde (2013) a quantidade de bagaço oriundo da extração de calda pelas moendas depende do teor da fibra processada. Apresentam 46% de fibra e 50% de umidade, em média, resultando em cerca de 280 quilogramas de bagaço por tonelada de cana moída. 22

Da cana-de-açúcar, além do bagaço, a palha pode ser utilizada para a produção de etanol. Para cada tonelada de cana-de-açúcar colhida são geradas cerca de 140 kg de palha seca (SUPERBIA; PAULA, 2011). Da palha seca, 50% a 60% são reirados do campo (A LUZ, 2012). Tradicionalmente, a colheita da cana-de-açúcar é realizada de forma manual, após a queima para a eliminação da palha, facilitando assim o corte pelos trabalhadores. No entanto, em razão de problemas ambientais, sociais e econômicos essa prática vem sendo substituída pela colheita mecanizada. A queima da cana-de-açúcar, como método de despalha, segue legislação específica, seja de âmbito federal, estadual e municipal. A eliminação gradual da queimada da cana-de-açúcar deve seguir o decreto federal nº 2.661 de 08/07/1998. Os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, estabeleceram normas específicas para erradicar gradualmente a queimada. Nos estados das regiões Norte e Nordeste não existem legislações para regulamentar a prática (MORAES, 2007). A biomassa lignocelulósica é o recurso biológico mais abundante da terra. Mas a obtenção do etanol a partir dessas matérias-primas de forma economicamente viável ainda é um desafio, embora tecnologias tenham sido desenvolvidas em empresas de vários países (SANTOS et al. 2012). Os lignocelulósicos são materiais fibrosos encontrados na biomassa vegetal, termo este usado para designar a matéria orgânica presente nas espécies vegetais e os seus resíduos. São exemplos de biomassa lignocelulósica: bambu, juta, rami, produtos agrícolas e seus resíduos como o bagaço da cana-de-açúcar, palha de milho e de arroz (CASTRO, 2001). A importância da enzima Para se conseguir obter etanol da biomassa lignocelulósica é necessário fazer açúcar da celulose para transformá-lo em etanol. Aí está o problema: converter a celulose existente nas diversas matérias-primas em açúcares. Para tanto, são necessárias enzimas (microrganismos) para a conversão da celulose em açúcares. Fermenta-se o açúcar e se obtém o álcool. A tecnologia já existe em laboratórios em que o mecanismo funciona adequadamente. A questão está na contaminação que as enzimas sofrem na produção em grandes volumes. A contaminação acaba por diminuir a capacidade de conversão e o rendimento torna-se baixo. Muitas enzimas criadas em laboratórios sequer sobrevivem aos ataques de outros microrganismos existentes na natureza (ENTREI, 2012). Portanto, o sucesso da produção do etanol celulósico em escala comercial depende, principalmente, da eficiência de tais enzimas. 23

A Novozymes, empresa de origem dinamarquesa, é a líder mundial em bioinovação. Utiliza recursos da biotecnologia, engenharia genética, química proteica avançada e engenharia proteica para obtenção de seus produtos. Fornece, atualmente, enzimas para várias indústrias. Possui instalações na Europa (Dinamarca e Suécia), Américas (Estados Unidos e Brasil) e na Ásia (China e Japão) para produção e pesquisa e desenvolvimento. No Brasil, a unidade de produção está situada em Araucária (PR) (NOVOZYMES, s/d). A tecnologia enzimática para a produção de etanol de segunda geração da Novozymes será utilizada em plantas de usinas em construção na China, na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil (MILENA, 2012). INICIATIVAS MUNDIAIS NA PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO Pesquisas já são realizadas no mundo em busca do aproveitamento de resíduos (de qualquer matéria-prima que contenha celulose) para a produção de etanol. Em laboratórios os processos já foram validados, mas o grande desafio está na sua aplicação para produção em escala comercial (PETROBRÁS, 2012; MILENA, 2012; MOURA, 2012; OSCAR, 2012). Existem, atualmente, cerca de 60 plantas industriais de etanol celulósico no mundo, das quais a maior ainda se encontra em fase de teste. Apenas 17 são comerciais (OSCAR, 2012). A Beta Renewables é a líder na corrida dos biocombustíveis celulósicos no mundo e faz parte do grupo italiano M & G (Gruppo Mossi & Ghisolfi, maior fabricante mundial de PET). Recentemente, a empresa italiana anunciou acordo com a dinamarquesa Novozymes, maior produtora de enzimas para a fabricação de etanol celulósico a partir de resíduos agrícolas e matérias-primas celulósicas (BETA, 2012). Acredita-se que a produção em larga escala de etanol celulósico comece a decolar. Nos últimos cinco anos, a Beta Renewables investiu US$ 200 milhões para desenvolver enzimas (PROESA) competitivas em termos de custo. Serão estas enzimas usadas na maior planta de produção de etanol celulósico do mundo, em Crescentino (Itália). A planta terá produção inicial de 50 milhões de litros de etanol por ano, utilizando palha de trigo e outros resíduos locais de origem não alimentar (BETA, 2012). A Poet é a maior produtora de etanol dos Estados Unidos. Iniciou suas atividades em 1983 produzindo etanol em pequena escala em Wanamingo (Minnesota). 24

Realiza pesquisas em etanol celulósico desde 2001. Em 2008, iniciou-se sua produção em planta piloto, criando-se o Project Liberty (THE, s/d). O projeto Liberty almeja a produção de etanol celulósico em escala comercial. Utilizará sabugo de milho, folhas, cascas e caules para a produção de etanol. A planta utilizada será acoplada a já existente POET Biorefining, uma produtora de etanol a partir de milho. O projeto é uma joint venture entre a POET Biorefining e a Royal DSM (uma multinacional holandesa que realiza pesquisas, entre outras áreas, biocombustíveis). Espera-se produzir entre 20 a 25 milhões de galões de combustível. Um dos maiores investidores do projeto é o departamento de energia dos Estados Unidos, que lhe forneceu US$ 100 milhões. O estado de Iowa também tem um papel importante nessa empreitada, tendo fornecido US$ 20 milhões (THE, s/d). Estados Unidos, assim como a União Europeia, contam com forte apoio financeiro e institucional do estado no fomento para a pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) de acordo com Nyko et al (s/d). A produção do etanol de segunda geração é ainda um risco que muitas empresas não estão dispostas ou preparadas para assumir. Conforme Rampton (2012), em outubro de 2012, a BP (British Petrolum) desistiu do projeto de construção de usina de etanol na Flórida (EUA) a partir de gramíneas (sorgo) e bagaço. Em abril, a Iogen e a Shell haviam renunciado aos planos de construção de uma usina de etanol produzidos a partir da palha e resíduos. Produção em escala comercial Segundo o relatório publicado recentemente pela Advanced Ethanol Council (EUA), a indústria de etanol celulósico chegou à fase em que pode ser explorado em escala comercial. A enzima necessária para a produção do etanol está sendo produzida por menos de U$ 2 o galão, indicando queda de 80% na última década (AEC, 2013). Atualmente existem projetos para produção de etanol celulósico nos Estados Unidos, Canadá, China, Dinamarca, Itália, Alemanha e Espanha. Estão sendo desenvolvidos unidades e projetos em mais de 20 estados somente nos Estados Unidos (AEC, 2013; NOVACANA, 2013). O relatório, cujo propósito não foi de contemplar todos os projetos de etanol de segunda geração existentes no mundo ou mesmo nos Estados Unidos, não cita o Brasil. Os projetos elencados são aqueles em consonância com RFS (Renewable Fuel Standard) (AEC, 2013). 25

A RFS faz parte da política energética dos Estados Unidos. Entre outras medidas, estabelece metas mínimas de consumo de biocombustíveis utilizados para o transporte no país, que não contempla somente de biocombustíveis convencionais como também os celulósicos. As metas de consumo indicam estímulo ao biocombustível de segunda geração em detrimento do etanol convencional de milho (NYKO et al, s/d). As indústrias elencadas pelo citado relatório são as seguintes: Abengoa Bioenergy, American Process, Beta Renewables, Clariant, Enerkem, Fiberight, Fulcrum, Inbicon, Ineos Bio, Iogen, Kior, Lanzatech, Mascoma, Poet-Dsm, Zeachem. Dez empresas já possuem usinas de demonstração e cinco já estão em fase de exploração comercial em funcionamento ou o farão em breve. Diversos tipos de resíduos são utilizados, entre os quais, a palha de trigo e milho, misturas de madeira, lixo urbano, materiais de carbono, resíduos de milho, palha de trigo (AEC, 2013). As unidades piloto, de demonstração ou comerciais, estão localizadas nos Estados Unidos e Europa, principalmente. A Lanzatech, empresa de Chicago (EUA), que produz combustível e produtos químicos sustentáveis do lixo, instalou uma unidade demonstração na China, em Shangai. Está presente também na Nova Zelândia e Índia (AEC, 2013). A Iogen possui um projeto de produção de etanol celulósico no Brasil, em Piracicaba (SP). Desde o final 1970 a Iogen, com sede em Otawa (Canadá) investe em tecnologia para produção de etanol celulósico. Entre seus investidores estão a Royal/Dutch Shell, Goldman Sachs, Petro Canada e Volkswagen (AEC, 2013). O Brasil na corrida internacional para o desenvolvimento do etanol de segunda geração O Brasil é o maior produtor de etanol de cana-de-açúcar do mundo, detém a liderança na tecnologia de produção em toda a cadeia produtiva. Os custos de produção são inferiores se comparados aos seus concorrentes e estudos são realizados por instituições de pesquisa, ensino e em empresas privadas (FAPESP, 2007). Quando se trata de etanol de primeira geração o Brasil ocupa, sem dúvida, posição confortável face aos demais países devido ao conhecimento acumulado de quase quatro décadas. Desde a criação do Proálcool, tornou-se importante trunfo brasileiro no cenário internacional. Empresas multinacionais procuram formas de associar-se às brasileiras como meio de queimar etapas no campo de apropriação de novas tecnologias e de um novo produto. No caso específico do etanol de 26

primeira geração as empresas internacionais vieram objetivamente aprender no Brasil (BENETTI, 2009, p.10). O Brasil foi o maior produtor de etanol no mundo até 2004, quando foi suplantado pelos Estados Unidos que utilizam o milho, principalmente, para obter o combustível (NATURAL RESOURCES CANADA, 2004). No que se refere ao etanol de segunda geração, a empresa brasileira GraalBio surge como a primeira fábrica de etanol celulósico no hemisfério Sul. A GraalBio começa a operar em 2014 com capacidade de produção de 82 milhões de litros por ano em São Miguel dos Campos (AL). Os investimentos nas indústrias deverão totalizar R$ 350 milhões que, em parte, será financiada pelo BNDES. O banco deverá deter 15% das ações (COM, 2012). A mesma enzima (PROESA) que será utilizada pela M & G em Crescentino, na Itália, será utilizada pela brasileira GraalBio. A Beta Renewables fornecerá equipamentos para o tratamento da material celulósico (BETA, 2012). Outra empresa brasileira que toma iniciativa na corrida para a produção de etanol de segunda geração é a Raízen. Empresa oriunda de joint-venture entre a brasileira Cosan e a americana Shell atua nos mercados de combustíveis e energia. Possui alianças com a canadense Iogen e a americana Codexis nas áreas de biotecnologia (PESQUISA, s/d). A Raízen possui uma planta piloto no Canadá que produz dois milhões de litros anuais de etanol de segunda geração (PESQUISA, s/d). Seguindo caminho distinto, o Centro de Tecnologia Canavieira CTC começou a investir em etanol celulósico em 2006, valendo-se de desenvolvimento de uma tecnologia que permite a integração com a estrutura já existente nas usinas (NOVO, s/d). O CTC foi fundado em Piracicaba (SP) em 1969 por iniciativa de um grupo de usinas da região. Em 2004 foi reestruturado e transformado em sociedade anônima para se tornar centro de referência em pesquisas em tecnologia da cadeia de canade-açúcar (NOVO, s/d). O CTC investe na produção de etanol de segunda geração a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. A Novozymes e a Andritz participam do projeto desenvolvido pelo centro de pesquisa. A primeira planta deve entrar em funcionamento em 2014 em escala semi-industrial e, comercialmente, até 2018 (ETANOL, s/d). A Andritz, empresa de origem austríaca, atua nos segmentos da indústria hidroelétrica, papel e celulose, aço, alimentação animal e de produção de biomassa (ANDRITZ, s/d). 27

O CTC ainda realiza estudos para o projeto Biomassa do CTC. Tem como objetivo aumentar o volume de biomassa da cana-de-açúcar para produção de etanol de segunda geração e para alimentar seu próprio processo e também para vender no mercado, inclusive internacional. No futuro, prevê-se que à biomassa da cana poderá ser juntada a resíduos urbanos e industriais para geração de energia (ETANOL, 2013a). O Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes) desenvolve pesquisas há oito anos para geração de etanol de segunda geração. Realizou parcerias com instituições científicas e empresas no país e no exterior. Em planta de demonstração na Blue Sugars Corporation, nos Estados Unidos, uma das parceiras da estatal, chegou-se a um rendimento de 300 litros de etanol por tonelada de bagaço seco (PETROBRÁS, 2012). O Brasil possui vantagens importantes em relação a outros países, pois conta com a biomassa da cana-de-açúcar. Entretanto, muitos países realizam esforços para avançar nas pesquisas para desenvolver tecnologias que lhes possibilitem a produção do etano de segunda geração. NYKO et al, (s/d), ao elencar instituições que realizam trabalhos de pesquisas e desenvolvimento em etanol de segunda geração no Brasil, observaram que a maior parte se concentra em etapas do processo de produção. Os mesmos autores afirmam que a planta-piloto de hidrólise enzimática do Cenpes pode ser considerada a mais avançada iniciativa do Brasil. Algumas possibilidades A produção brasileira de cana-de-açúcar foi de 572.049 mil toneladas de cana-deaçúcar em 2012. Considerando a produção de bagaço, conforme Alcarde (2013), a produção de palha seca, de acordo com Superbia e Paula (2011), e a parte que é retirada do campo (A, 2012), a produção é de 160.174 mil toneladas de bagaço; 80,09 mil toneladas de palha, das quais 40,01 mil toneladas são retiradas do campo. Portanto, somente para o ano de 2012, pode-se estimar a produção de 200.214 mil toneladas de resíduos provenientes do bagaço e da palha da cana-deaçúcar. No entanto, é necessário enfatizar que parte da palha e do bagaço é utilizada pelas próprias usinas para alimentar caldeiras entre outras aplicações. O uso do bagaço e palha gera uma competição no uso dos resíduos. Por outro lado, admitindo-se que cada tonelada de cana-de-açúcar produz 85 litros de álcool (RODRIGUES, 2010) e que a possibilidade de se produzir o etanol de 28

segunda geração aumenta em até 50% a produção (NYKO et al, s/d), teríamos, então, 128 litros que seriam obtidos por tonelada da matéria-prima. Para além do etanol de segunda geração A primeira geração de etanol, que já é explorada comercialmente, é obtida pela extração do caldo dos colmos da cana-de-açúcar. A segunda geração provém da hidrólise do resíduo, o bagaço. Hoje, estudos vão além, utilizando-se enzimas de microrganismos. São as chamadas terceira geração de etanol. Outros avanços levam ao etanol de quarta geração, que compreende uma integração de todas as gerações, utilizando-se uma matéria-prima geneticamente modificada que estariam aptas a fazer modificações na parede celular que fariam o processo de terceira geração mais eficiente (BUCKERIDGE et a, s/d; GLOBO UNIVERSIDADE, 2012; EUA, 2009). Portanto, trata-se de uma perspectiva interdisciplinar para se avançar no processo de produção de etanol, em que os saberes das diversas áreas de conhecimento partem em busca de uma solução para um objeto de pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS E AÇÕES RECOMENDADAS A cana-de-açúcar está presente desde os primórdios da economia brasileira quando o açúcar servia para abastecer o mercado externo. Hoje, desempenha importante papel no segmento do agronegócio brasileiro e mundial. Não por acaso o mundo volta seus olhos para o Brasil quando se trata de agronegócio e, especificamente, da produção de etanol. São mais de 620 milhões de toneladas de cana-de-açúcar produzidas somente em 2012, maior produtividade mundial, 37 milhões de toneladas de açúcar, 23 milhões de m³ de etanol e grande potencial de produção de bagaço somente da cana. Existe ainda imensa quantidade de inúmeros outros resíduos não alimentares disponíveis. O Brasil ainda conta com 401 usinas de processamento de cana-de-açúcar, a maioria com dupla aptidão: produzem álcool e açúcar. A quantidade de um produto ou outro é uma questão estratégica de mercado. Conta ainda com o trunfo em relação ao etanol de primeira geração derivado da cana em relação ao do milho, explorado pelos norte-americanos. Não compete com a produção de um alimento, são menos poluentes do que os combustíveis tradicionais e ainda gera muito mais energia do que emprega em seu ciclo produtivo. 29

A experiência acumulada em quase quatro décadas, desde o Proálcool, coloca o Brasil em posição de vantagem perante os concorrentes internacionais quando se trata do etanol de primeira geração. Ou seja, o Brasil esteve à frente de todos os países do mundo quando se tratava de etanol obtido do caldo cana-de-açúcar. Mas, a atual rota do etanol de primeira geração atinge seus limites teóricos tecnológicos e naturais. Limites naturais porque a falta de perspectivas de aumento da produtividade ou a incorporação de terras agricultáveis esbarram em obstáculos que vão desde a pressão sobre as reservas naturais de elevado valor ambiental até a competição com produção de alimentos, cuja necessidade aumenta pela evolução demográfica e econômica mundial. Limites tecnológicos, porque a eficiência industrial disponível já atingiu o máximo ou quase, devido à minimização das perdas no processo industrial e a maximização dos ganhos na extração do caldo e do rendimento da fermentação, conforme comentado anteriormente. Surgem então os biocombustíveis de segunda geração. Se os biocombustíveis aparecem como alternativa para amenizar os problemas do efeito estufa decorrente do aquecimento global, reduzindo, ao mesmo tempo, a dependência do petróleo, os de segunda geração, contam com uma grande vantagem: são gerados a partir de uma ampla gama de resíduos subutilizadas, se considerado o potencial de aproveitamento. No Brasil contamos com as iniciativas como a GraalBio, o Centro de Tecnologia Canavieira, a Petrobrás e universidades. Ainda não alcançaram a produção em escala comercial, embora haja expectativas para o ano de 2014. A tecnologia da GraalBio, que aproveita as estruturas existentes das usinas sucroalcooleiras, pode contribuir para alavancar a produção brasileira de etanol celulósico. O Brasil desempenhou importante papel na evolução dos biocombustíveis no mundo, principalmente, no que se refere ao etanol da cana-de-açúcar. Mas, hoje, os olhares se voltam para os Estados Unidos que, recentemente, anunciaram ao mundo a produção de etanol de segunda geração em escala comercial. O desafio de produção de enzimas capazes de liberar o açúcar presente nos resíduos em escala comercial parece suplantado. Apesar das tecnologias terem sido desenvolvidas em empresas e instituições de pesquisa de países diversos, os Estados Unidos tomaram a frente no etanol celulósico. Iniciam sua produção em escala comercial em dezenas de usinas espalhadas pelo território estadunidenses e em outros países como estratégia de negócios e de joint-ventures em pesquisa em desenvolvimento de produtos. Sem sombra de dúvida, a criação de mais um elo na cadeia produtiva da cana-deaçúcar, por meio do aproveitamento do bagaço, resultará em inúmeras 30

interconexões na própria cadeia principal como a montante e a jusante, alterando o fluxo produtivo dando maior destaque à cadeia no conjunto do agronegócio brasileiro. Enquanto a corrida tecnológica para a produção de etanol de segunda geração continua, a ciência se debruça sobre as possibilidades do etanol de terceira geração e mais além, de quarta geração. FONTES A LUZ da palha da cana. Revista Cana Sustantivo Feminino in: Universoagro. 07 set. 2012. Disponível em: <http://www.uagro.com.br/editorias/agroenergia/energia-eletrica/2012/09/07/aluz-da-palha-da-cana.htm>. Acesso em: 16 jan. 2013. ADECOAGRO. Research Report. 2011. 66 p. Disponível em <http://s3.amazonaws.com/zanran_storage/bidhitter.com/contentpages/24966810 15.pdf#page=65> Acesso em: 19 jan. 2013. AEC - Advanced Ethanol Council. Cellulosic Biofuel Industry Progress Report 2012-2013. EUA. 2013. Disponível em <http://ethanolrfa.3cdn.net/d9d44cd750f32071c6_h2m6vaik3.pdf> Acesso em 25 jan. 2013. AGÊNCIA EFE. Brasil está entre os principais produtores de biocombustíveis do mundo. Biodieselbr.com. 30 mar. 2011. Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/noticias/em-foco/brasil-produtores-biocombustiveismundo-300311.htm>. Acesso em: 16 jan. 2013. ALCARDE, A. R. Outros Produtos. Embrapa Cana-de-Açúcar. Brasília. [s/d]. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-deacucar/arvore/contag01_108_22122006154841.html >. Acesso em: 15 jan. 2013. ÁLCOOL Etílico e Álcool Metílico. Uol, Única e MSPC in: Udop. [s/d]. Disponível em: <http://www.udop.com.br/index.php?item=noticias&cod=75845#nc>. Acesso em: 16 jan. 2013 ANDRITZ. About us. [s/d]. Disponível em: <http://www.andritz.com/>. Acesso em: 25 jan. 2013. BARROS. G. S. C; ADAMI, A. C. O. Exportações do agronegócio batem novo recorde em 2012, mesmo com queda de preços. CEPEA-ESALQ/USP. Piracicaba. 22 jan. 2013. Disponível em <http://www.cepea.esalq.usp.br/comunicacao/cepea_exportagro_2012.doc> Acesso em: 15 jan. 2013. BENETTI, M. D. A internacionalização recente da indústria de etanol brasileira. Revista FEE. Porto Alegre. 2009. Disponível em: <http://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/viewfile/2220/2620>. Acesso em: 20 jan. 2013. 31

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