TÍTULO: AVALIAÇÃO DAS FIBRAS COLÁGENAS I E III EM FERIDAS CUTÂNEAS TRATADAS COM A ESPÉCIE BYRSONIMA CRASSIFOLIA

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Transcrição:

TÍTULO: AVALIAÇÃO DAS FIRAS COLÁGENAS I E III EM FERIDAS CUTÂNEAS TRATADAS COM A ESPÉCIE YRSONIMA CRASSIFOLIA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS IOLÓGICAS E SAÚDE SUÁREA: MEDICINA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP AUTOR(ES): ADRIANA CRISTINA VIANNA ALVARENGA, ANA KAROLINA GONÇALVES FERREIRA ROMANO ORIENTADOR(ES): DOROTY MESQUITA DOURADO COLAORADOR(ES): MARIA HELENA FERMIANO

1. Resumo A pele é um órgão complexo e sujeito a múltiplas injúrias. Além dos componentes celulares, também é composta pela matriz extracelular com abundância de colágeno. O objetivo deste trabalho foi avaliar e quantificar o reparo tecidual de ferida cutânea induzida no grupo experimental comparado ao controle; investigar a síntese de colágeno tipo I e III em modelo de cicatrização utilizando pomada à base de yrsonima crassifolia. Neste estudo f o r a m utilizados camundongos Swiss, machos, provenientes do biotério da Universidade Anhanguera-Uniderp/Campo Grande/MS, sadios e em condições sistêmicas satisfatórias. As folhas da planta foram coletadas no pantanal de Aquidauana-MS, e transportadas ao Laboratório de Morfologia Vegetal da Universidade Anhanguera Uniderp, catalogadas, registradas e incorporadas ao acervo. Após secagem em estufa, as folhas foram separadas, trituradas, tamisadas e utilizadas para preparo do extrato metanólico. A elas foi incorporado veículo à base de Gel Carbopol (70%), originando pomada na concentração de 3%. Os animais foram divididos aleatoriamente em seis grupos contendo cinco animais em cada um: G1 (controle), G2 (carbopol), G3 (laser), G4 (pomada a base de. crassifólia 3%), G5 (pomada 3% e laser) e G6 (carbopol e laser). Após 7 dias de experimento realizou-se a eutanásia utilizando-se 50 mg/kg de pentobarbital sódico, via intraperitoneal, em dose letal. As lâminas histológicas foram coradas com hematoxilina-eosina e picrosirius-red, para análise histológica e quantificação do colágeno. A meta principal deste projeto foi apontar a ação farmacológica da planta na indução de síntese de colágeno durante a cicatrização, de modo que possa representar objeto de desenvolvimento de medicamentos para a atividade cicatrizante. Palavras-chave cicatrização; pele; colágeno; planta medicinal. 2. Introdução A pele é um órgão complexo e sujeito a múltiplas injúrias. As interações celulares e moleculares são as responsáveis por coordenar respostas às agressões externas (OGGIO et al, 2009). Além dos componentes celulares, a pele também é composta por componentes fibrosos: matriz extracelular (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2013). O colágeno é a proteína mais abundante na matriz extracelular e no tecido conjuntivo, havendo, no mínimo, 16 tipos de colágeno. Dentre estes, 80-

90% correspondem aos tipos I, II e III, os quais têm como função essencial permitir resistência e flexibilidade (ZIPURSKY et al, 2000). A disposição dos tipos de colágeno é bastante variável nos tecidos; a derme e os ossos possuem abundância de colágeno tipo I; as cartilagens de colágeno tipo II; e os vasos sanguíneos contêm majoritariamente colágeno tipo III (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2013). Enquanto o colágeno tipo I é o principal componente das fibras colágenas, o colágeno tipo III tem se mostrado importante na regulação inicial do processo de reparo (IRK & MAYNE, in LUM, 2011). Aliado a isso, o colágeno tipo I caracteriza-se por ser espesso e fortemente birrefringente, em contrapartida, o tipo III é mais delgado, menos birrefringente (KIERSZEMAUM, 2008). A cicatrização é uma cascata celular e bioquímica que leva a restauração da integridade estrutural do tecido. Sem ela, toda ferida seria uma porta de entrada para infecções. Atualmente, os conhecimentos sobre o processo de cicatrização devem-se aos avanços na biologia molecular e celular, e qualquer alteração que ocorra durante o reparo potencialmente influi neste processo. O reparo tecidual passa pelas seguintes etapas básicas: fase inflamatória, fase proliferativa, e fase de maturação (MORIYA; TAZIMA; VICENTE, 2008). A cicatrização possui fases bem estabelecidas e com uma sucessão de eventos fixa, suscetível a fatores intrínsecos e extrínsecos. Entre os metabólitos atuantes no reparo tecidual, destacam-se os taninos, com a ação captadora de radicais livres; tripterpenóides e flavonóides com ação adstringente e microbicida e os saponinos com ação antioxidante e antibiótica. Os esteróides e os polifenóis são responsáveis por reduzir a necrose e aumentar a vascularização através da inibição/redução da peroxidação lipídica (JAIN et al, 2011). A utilização de extratos herbais geralmente é feita com o objetivo de inibir o sangramento das feridas, a proliferação de microorganismos e abreviação da duração do processo de reparo (JAIN et al, 2011). Os dois primeiros objetivos são determinantes para prevenir a falha no reparo tecidual e o último é essencial para a recuperação precoce da função estrutural. Estes aspectos são importantes, considerando que na cicatrização de feridas a acurácia da regeneração é trocada pela velocidade de reparo (MORIYA; TAZIMA; VICENTE, 2008). Além dos fatores supracitados, plantas e medicamentos podem ser efetivos não apenas em função de sua ação farmacológica, mas em função do significado cultural que lhes é atribuído. Adicionalmente, deve-se recordar que as práticas

relacionadas ao uso popular de plantas medicinais são as que muitas comunidades têm como alternativa viável para o tratamento de doenças ou manutenção da saúde (FADINI et al, 2011). Neste estudo, especial enfoque foi dado à fase de maturação cicatricial. Esta fase envolve, necessariamente, a agregação do colágeno tipo III, para formação estrutural de colágeno tipo I. Consequentemente, o colágeno tipo I é encontrado em fibras espessas, e o tipo III nas fibras com espessura delgada. Portanto, o período de turnover do colágeno tipo I é maior. A ausência/ diminuição dos níveis do colágeno tipo III ocasiona redução dos níveis do colágeno tipo I (KONG et al, 2013). Em relação à planta escolhida para este estudo, o gênero yrsonima é muito utilizado na etnobotânica. As folhas são aplicadas contra febre, em úlceras, como diurético, como antiasmático e em infecções de pele (AGUIAR; AVID, DAVID, 2005). A yrsonima crassifolia é distribuída em diversas regiões da América do Sul e Central, havendo relatos de seu uso para fins terapêuticos desde a época préhispânica (ALMEIDA et al., 1998). Sua casca e folhas são usadas no tratamento de tosse, problemas gastrintestinais, infecções de pele e mordidas da serpente (AMARQUAYE et al., 1994; MARTÍNEZ-VÁZQUEZ et al., 1999). Vários estudos relatam que a partir de. crassifolia foram isolados compostos voláteis dos frutos, e também glicolipídeos, triterpenos, ácidos triterpênicos, catequinas e flavonoides das folhas (AMARQUAYE et al., 1994; RASTRELLI et al., 1997). 3. Objetivos Avaliar e quantificar o reparo tecidual de ferida cutânea induzida no grupo experimental comparado ao grupo controle. Investigar a síntese de colágeno tipo I e III em modelo de cicatrização utilizando pomada à base de yrsonima crassifolia. 4. Metodologia Este trabalho foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa Animal (CEUA) da Anhanguera Educacional Valinhos/SP, aprovado com o parecer de número: 2883. Animais Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizados 60 camundongos Swiss machos, entre 1-9 meses, provenientes do biotério da Universidade

Anhanguera-Uniderp/Campo Grande/MS, sadios e em condições sistêmicas satisfatórias. Os animais foram mantidos em gaiolas, com quatro animais cada uma, tratados com alimentação balanceada Nuvital e água ad libitum antes e durante todo o período experimental, exceto por 12 horas antes do procedimento cirúrgico. Planta As folhas de yrsonima crassifolia foram coletadas no pantanal de Aquidauana-MS, transportadas ao Laboratório de Morfologia Vegetal da Universidade Anhanguera Uniderp, catalogadas, registradas e incorporadas ao acervo. Preparo do extrato As folhas após secagem em estufa (40º C) foram separadas, trituradas, tamisadas e utilizadas para preparar os extratos metanólicos. Após evaporação do solvente parte do extrato foi utilizada para o ensaio biológico e parte para o fracionamento químico. O solvente foi evaporado e o extrato bruto metanólico seco foi utilizado para preparar o extrato aquoso, cuja técnica de obtenção foram estabelecidas a partir de dados da comunidade local. Esta inclui incorporação do extrato bruto a um veículo à base de Gel Carbopol (70%), em uma concentração de 0,3% de ativo (extrato bruto) e 97% do veículo. Lesões cutâneas As lesões cutâneas foram induzidas por meio de PUNCH, com 5 mm x 2 mm de espessura na coxa direita do animais. O preparo pré-cirúrgico consistiu em jejum alimentar de 12h, pesagem pré-anestésica e administração de pentobarbital sódico (10mg/kg) via intraperitoneal (i.p.). Após isso, os camundongos foram posicionados em decúbito ventral sobre prancha de madeira com imobilização dos membros ao plano da mesa usando fita adesiva. O sítio da lesão foi tricotomizado e, em seguida foi removida área circular de pele na região dorso-lateral do plano sagital mediano direito. Grupos Os animais foram então, divididos aleatoriamente em 6 grupos contendo cada um 5 indivíduos. G1: Grupo Controle: tratado topicamente com solução salina 0.9%;

G2: tratado com carbopol; G3: tratado com laser com de potência de 100mW; G4: pomada a base de. crassifolia na concentração de 3% de extrato bruto; G5: pomada 3%+ laser; G6: tratado com carbopol e laser. O animais foram tratados por 7 dias e mantidos sob as mesmas condições ambientais. Após esse período, ocorreu a eutanasia com 50 mg/ kg de pentobarbital sódico, via i.p., em dose letal. Após a eutanásia, os animais foram congelados a -30ºC, para posterior descarte em contêiner. O sítio da lesão foi excisionado, e os fragmentos foram fixados em formol a 10%, por um período mínimo de 24 horas. Em seguida, foram incluídos em parafina, e cortados de forma transversais, semi-seriados, com 5 micrômetros de espessura. Os cortes foram corados pelas técnicas de hematoxilina e eosina, e picrosirius-red para análise histológica e quantificação do colágeno através de microscopia óptica. 5. Desenvolvimento Este trabalho foi desenvolvido em total conformidade com a metodologia acima descrita. 6. Resultados Através da leitura das lâminas coradas com HE bem como por meio da observação diária da evolução das feridas, pôde-se observar que todos os grupos evoluíram com formação de crosta. Entretanto, aqueles tratados com a pomada à base de. crassifolia, evoluíram mais rapidamente em comparação aos demais grupos. Este achado pode ser observado nas figuras a seguir. A

Figura 1: G1 camundongos tratados com solução salina 0,9%. Fig. A: roxo: colágeno tipo I; rosa: colágeno tipo II. Fig. : vermelho: colágeno tipo I; verde: colágeno tipo II. Objetiva: 20. PH. A Figura 2: G2 controle carbopol. Fig. A: roxo: colágeno tipo I; rosa: colágeno tipo II. Fig. : vermelho: colágeno tipo I; verde: colágeno tipo II. Objetiva: 20. PH. A Figura 3: G3 laser. Fig. A: roxo: colágeno tipo I; rosa: colágeno tipo II. Fig. : vermelho: colágeno tipo I; verde: colágeno tipo II. Objetiva: 20. PH

A Figura 4: G4 pomada a base de. crassifolia na concentração de 3%. Fig. A: roxo: colágeno tipo I; rosa: colágeno tipo II. Fig. : vermelho: colágeno tipo I; verde: colágeno tipo II. Objetiva: 20. PH A Figura 5: G5 pomada a base de. crassifolia na concentração de 3% e laser. Fig. A: roxo: colágeno tipo I; rosa: colágeno tipo II. Fig. : vermelho: colágeno tipo I; verde: colágeno tipo II. Objetiva: 20. PH A

Figura 6: G6 carbopol e laser. Fig. A: roxo: colágeno tipo I; rosa: colágeno tipo II. Fig. : vermelho: colágeno tipo I; verde: colágeno tipo II. Objetiva: 20. PH Em relação à quantificação do colágeno, até o momento foi possível estabelecer a porcentagem de colágeno em cada grupo. Devido ao status em andamento, ainda não houve a análise deste dado considerando os tratamentos de cada grupo. Esta deverá ocorrer ao longo dos próximos meses, com previsão de conclusão em setembro deste ano. 7. Considerações Finais A ocorrência de uma lesão cutânea desencadeia uma cascata de eventos celulares e bioquímicos que restauram as estruturas normais da pele. A recuperação da força tensil, essencial para reparo funcional, é dependente da fase de maturação cicatricial. Este achado vai ao encontro do estudo de outras pesquisas (ERTA et al 2009; LUM, 2011), onde estímulos mecânicos induzem a cicatrização. Evento iniciado com proliferação de fibroblastos, estimulados por fatores intrínsecos e sistêmicos (ERTA et al, 2009). Entre os metabólitos vegetais com ação reconhecida no processo de reparo tecidual, destacam-se os taninos, saponinos, esteroides tripterpenóides, flavonóides, e polifenóis (JAIN et al, 2011). Destes, os dois últimos já foram isolados na espécie. crassifolia. Diante disso, os achados até o presente momento corroboram com os demais trabalhos que utilizaram a espécie. crassifolia, e outros que estudaram seus componentes. Observou-se através deste estudo, que todos os animais submetidos às lesões de pele evoluíram para um processo de cicatrização fisiologicamente normal. Houve otimização desse processo nos animais tratados com pomada de yrsonima crassifola na concentração de 3%, tanto no grupo tratado exclusivamente com o extrato, quanto naquele tratado com a pomada 3% associado ao laser de baixa potência. 8. Fontes Consultadas AGUIAR, R.M.; AVID, J.P.; DAVID, J.M. Unusual naphthoquinones, catechin and triterpene from yrsonima microphylla. Phytochemistry, Salvador, v. 66, n. 19, p. 2388 92, 2005.

ALMEIDA, et al.. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: CPAC- Embrapa, 1998. AMARQUAYE, et al..new glycolipidfrom yrsonima crassifolia. Planta Medicinal, v. 60, n.1, p. 85-86, 1994. ERTA, et al.. Extracorporeal shock waves enhance normal fibroblast proliferation in vitro and activate mrna expression for TGF-β1 and for collagen types I and III. Acta Orthopaedica, v. 80, n.5, p. 612-17, 2009. OGGIO et al.. Estudo in vitro dos efeitos do bloqueador do canal de cálcio (verapamil) sobre a biossíntese e contração da matriz extracelular. Revista rasileira de Cirurgia Plástica, v.24, n.1, p. 91-5, 2009. LUM, S. R.. The collagen family. Cold Spring Harbor Laboratory Press, v. 10, n.3, p. 1-19, 2011. FADINI, et al.. Conhecimento Tradicional e o Uso de Plantas Medicinais na APA S Cantareira/SP e Fernão Dias/MG. Revista VITAS Visões Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade, v.11, n.1, p.1-25, 2011. JAIN, et al.. Practices in Wound Healing Studies of Plants. Evidence-ased Complementary and Alternative Medicine, Egito, v.11, p.1-17, 2011. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO J.. Histologia ásica. São Paulo: Guanabara Koogan, 2013. KIERSZEMAUM, A.L.. Histologia e iologia Celular: uma introdução à patologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. KONG, et al. Characteristics of aortic wall extracellular matrix in patients with acute myocardial infarction: tissue microarray detection of collagen I, collagen III and elastin levels. Oxford University Press, Cardio-Thoracic surgery, n.16, v.1, p.11-15, 2013.

MARTINEZ-VASQUEZ, et al.. Antimicrobial activity of yrsonima crassifolia (L.) H..K. J. Ethnopharmacology, v. 66, n. 1, p. 79-82, 1999. MORIYA, T.; TAZIMA, M. F. G. S.; VICENTE, Y. A. M. V. A. iologia da ferida e cicatrização. Simpósio: Fundamentos em clínica cirúrgica. Medicina, Ribeirão Preto, v.41, n.3, p. 259-64, 2008. RASTRELLI, et al.. Glycolipids from yrsonima crassifolia. Phytochemistry, Itália, v.45, n. 4, p. 647-650, 1997. ZIPURSKY, et al. Molecular Cell iology. Nova Iorque: W. H. Freeman, 2000.