Apelação Cível em Mandado de Segurança n , de Lages Relator: Juiz Rodrigo Collaço

Documentos relacionados
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Agravo de Execução Penal n , de Curitibanos Relator: Desembargador Ernani Guetten de Almeida

Apelação / Reexame Necessário n de Balneário Camboriú Relator: Desembargador Luiz Fernando Boller

18 a CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA APELAÇÃO CÍVEL N o 11496/08 RELATOR : DES.JORGE LUIZ HABIB

ACÓRDÃO. São Paulo, 17 de dezembro de Venicio Salles Relator Assinatura Eletrônica

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Registro: ACÓRDÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO

Apelação Cível n , da Capital Relator: Des. Henry Petry Junior

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Rebouças de Carvalho RELATOR Assinatura Eletrônica

MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE

@ (PROCESSO ELETRÔNICO) IM Nº (Nº CNJ: ) 2018/CÍVEL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Tribunal de Justiça de Santa Catarina

Apelação ns , , CDA , de Joinville Relator: Desembargador Francisco Oliveira Neto

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOREIRA DE CARVALHO (Presidente) e OSWALDO LUIZ PALU.

Apelação Cível n de São João Batista Relator: Desembargador Luiz Fernando Boller

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Apelante: PETROGOLD Distribuidora de Derivados de Petróleo LTDA. Apelado: Estado do Rio de Janeiro

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

O Vice-Prefeito e o desempenho de funções no Poder Executivo: atuação, responsabilidade, subsídio, o acúmulo, férias e 13º salário.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores TORRES DE CARVALHO (Presidente) e ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 5ª Câmara de Direito Público

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PARECER Nº É o relatório.

Apelação Criminal n , de Blumenau Relator: Desembargador Rui Fortes

SENTENÇA. Diretor de Pessoal da Polícia Militar do Estado de São Paulo e outro

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos de apelação cível nº , em que é apelante Camila Vitoria Oliveira Batista da Silva.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

MS Nº DV/M 377 S P 05 MANDADO DE SEGURANÇA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SOUZA NERY (Presidente sem voto), EDSON FERREIRA E SOUZA MEIRELLES.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DO PARANÁ

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MARTÔNIO PONTES DE VASCONCELOS

Nº COMARCA DE ERECHIM A C Ó R D Ã O

Apelação Cível n , da Capital Relator: Desembargador Luiz Fernando Boller

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. 2ª Turma Cível. Órgão

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul 13 de dezembro de 2016

14ª Sessão Ordinária do(a) 4ª TURMA SUPLEMENTAR

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ANDERSON BAGE FONTOURA A C Ó R D Ã O

146 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL MANDADO DE SEGURANÇA Nº

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Documento assinado digitalmente, conforme MP n /2001, Lei n /2006 e Resolução n. 09/2008, do TJPR/OE. Página 1 de 6

A assinatura do autor por ANTONIO CARLOS CHOMA:8838 é inválida

ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL. EXERCÍCIOS ESPECIAIS 2ª FASE XXV EOAB Junho de 2018 GABARITO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Ministério Público do Estado do Amazonas Procuradoria Geral de Justiça 2ª Procuradoria de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JARBAS GOMES (Presidente) e MARINO NETO. São Paulo, 10 de maio de 2012.

Impetrado : Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho - RO

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO Nº COMARCA DE CAMPINA DAS MISSÕES E.J.K. APELANTE.. H.S.K. APELANTE.. A.J. APELADO.. LFBS Nº /CÍVEL

EMENTA ACÓRDÃO. Decide a Sexta Turma, por unanimidade, negar provimento à apelação. Sexta Turma do TRF da 1ª Região

<^22^ I llllll Hlll '''"IJ * PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Nº COMARCA DE SÃO GABRIEL A C Ó R D Ã O

LFBS Nº (Nº CNJ: ) 2016/CÍVEL

Agravo de Instrumento n , de Porto União Relator: Desembargador Luiz Fernando Boller

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

APELAÇÃO CÍVEL Nº , DA 9ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL N /DF Processo na Origem:

@ (PROCESSO ELETRÔNICO) SBN Nº (Nº CNJ: ) 2018/CRIME

Gabinete do Desembargador Carlos Escher

SENTENÇA. A inicial veio instruída com documentos de fls. 29/54.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

A C Ó R D Ã O Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE MARIOM DE MATTOS VEIGA BANCO IBI S A - BANCO MULTIPLO ASSOCIACAO COMERCIAL DE SAO PAULO APELADO

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 8785/2004 CLASSE II COMARCA DE SINOP APELANTE: BRASIL TELECOM S. A.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL n /0-00, da Comarca de CAMPINAS, em que é recorrente o

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores COSTA NETTO (Presidente) e ALEXANDRE LAZZARINI.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

RIO GRANDE ENERGIA S A

2. Caso em que a família aduz não reunir condições para controlar, tratar ou submeter o filho a tratamento voluntário (fl. 2, verso).

COMARCA DE PORTO ALEGRE Nº (Nº CNJ: ) P.R.M... S.G.F... APELANTE APELADO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Gabinete Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis APELAÇÃO CÍVEL Nº ( )

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

(G) Mandado de Segurança nº fls. 1

Transcrição:

Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 2011.083244-9, de Lages Relator: Juiz Rodrigo Collaço CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - ACUMULAÇÃO REMUNERADA DE CARGOS NA SAÚDE - TÉCNICA DE ENFERMAGEM - INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS - ART. 37, INC. XVI, ALÍNEA 'C', DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - JORNADA SEMANAL DE 70 HORAS - COMPROMETIMENTO DA QUALIDADE E DA SEGURANÇA DO SERVIÇO PÚBLICO - ORDEM DENEGADA - SENTENÇA MANTIDA 1. Não havendo compatibilidade de horários no exercício cumulativo das atribuições dos dois cargos privativos de profissionais de saúde, correta é a decisão administrativa que obriga a servidora a exercer o direito de opção por um ou outro cargo. 2. O exercício de uma jornada semanal de 70 horas, principalmente para um profissional de saúde, coloca em risco a qualidade e a segurança do serviço público, em clara afronta ao princípio da eficiência previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 2011.083244-9, da comarca de Lages (Vara da Fazenda Ac. Trabalho e Reg. Públicos), em que é apelante Rita Janine Perim de Oliveira, e apelado Município de Lages: A Quarta Câmara de Direito Público decidiu, por votação unânime, desprover o recurso. Custas legais. Participaram do julgamento, realizado em 19 de julho de 2012, os

Excelentíssimos Desembargadores José Volpato de Souza (Presidente) e Jaime Ramos. Florianópolis, 20 de julho de 2012 Rodrigo Collaço RELATOR

RELATÓRIO Trata-se de apelação interposta por Rita Janine Perim de Oliveira contra sentença (fls. 259/261) que denegou a ordem no mandado de segurança impetrado contra ato do Prefeito do Município de Lages, para convalidar o processo administrativo que apurou a indevida acumulação de cargos públicos diante da incompatibilidade dos horários de exercício de dois cargos privativos de profissional de saúde. Nas suas razões, a apelante sustenta a compatibilidade de horários dos dois cargos privativos de profissional de saúde ocupados, ressaltando que a Constituição Federal não impõe um limite à jornada semanal, podendo, como no presente caso, chegar a 70 horas semanais. Cita diversos precedentes jurisprudenciais para reafirmar que o cargo municipal era exercido durante o dia e o estadual exclusivamente à noite. Requer, ao final, a concessão dos benefícios da justiça gratuita e, também, a reforma da sentença. O recurso foi devidamente processado na origem (fls. 342/345). Com a ascensão dos autos, a douta Procuradoria-Geral de Justiça, por parecer da lavra do Excelentíssimo Doutor Plínio César Moreira, opinou pelo conhecimento e desprovimento do recurso.

VOTO Na atenta análise dos pressupostos de admissibilidade recursal, convém conceder à impetrante os benefícios da justiça gratuita, isentando-a do recolhimento do preparo, diante da hipossuficiência econômica revelada nos documentos juntados recentemente ao processo. No mérito, discute-se a acumulação remunerada de dois cargos públicos privativos de profissional de saúde quando não há compatibilidade de horários. A impetrante ocupava o cargo de Técnica de Enfermagem no Município de Lages e, ao mesmo tempo, exercia as mesmas atribuições junto ao Estado de Santa Catarina, desempenhando as suas funções como Técnica de Enfermagem no Hospital Tereza Ramos. Em maio de 2010, o Prefeito Municipal editou a Portaria n. 802/2010 para apurar as faltas injustificadas então ocorridas nos últimos dois meses e, ainda, a acumulação indevida de cargos diante da incompatibilidade de horários (fl. 38). No processo administrativo ficou comprovado que, no exercício dos dois cargos, a apelante cumpria uma jornada semanal de 70 horas com sobreposição de horários. A apelante não contesta a jornada semanal então apurada, mas defende que as atribuições de cada cargo eram exercidas em horários distintos: nos períodos matutino e vespertino dedicava-se ao cargo municipal, enquanto no período noturno ao cargo estadual. De fato, a Constituição Federal, a partir da Emenda Constitucional n. 34/2001, passou a permitir a acumulação de dois cargos privativos de profissionais de saúde, desde que haja compatibilidade de horários (art. 37, inc. XVI, alínea "c", da CF). Segundo precedente desta Corte, "a acumulação de cargos, funções e empregos públicos, constituindo-se em uma exceção ao princípio da igualdade e implicando em um privilégio a determinadas categorias funcionais, deverá ser sempre alvo de interpretação restritiva, vedada qualquer ampliação ao texto constitucional que a autoriza" (AC n. 1996.008407-0, de Pinhalzinho, rel. Des. Trindade dos Santos). No presente caso, a prova pré-constituída juntada na petição inicial, consistente nos cartões-ponto de cada cargo, revela que a impetrante exercia as atribuições dos dois cargos no mesmo horários, ou seja, das 7h às 19h (fls. 41/43). Uma "declaração" trazida aos autos em grau recursal, e que não preenche os requisitos impostos pelo art. 397 do Código de Processo Civil para ser conhecida como documento novo, confirma esta jornada semanal sobreposta, embora afirme que "a servidora vem atuando somente no período noturno, conforme acordo fixado entre servidores e coordenação" (fl. 296). Logo, por não se identificar a compatibilidade de horários no exercício

cumulativo das atribuições dos dois cargos privativos de profissionais de saúde, correta é a decisão administrativa que obrigou a servidora a exercer o direito de opção por um ou outro cargo (fls. 162/163). Outros precedentes trilharam o mesmo entendimento: "APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA - PROFESSORA MUNICIPAL COM JORNADA DE 20 HORAS SEMANAIS - APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO PARA OUTRO CARGO DE PROFESSOR DE 20 HORAS SEMANAIS - CLASSIFICAÇÃO EM POSIÇÃO QUE ULTRAPASSA O NÚMERO DE VAGAS ABERTAS PELO EDITAL - ABERTURA DE VAGA - OPÇÃO PELA ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS - SUBSISTÊNCIA DE ÚLTIMA VAGA EM TURNO INCOMPATÍVEL COM A JORNADA JÁ EXERCIDA PELA IMPETRANTE - IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DOS DOIS CARGOS DE PROFESSOR EM RAZÃO DA INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS - POSSE INDEFERIDA - AUSÊNCIA DE ATO ILEGAL DA AUTORIDADE IMPETRADA - DIREITO LÍQUIDO E CERTO INEXISTENTE - ORDEM LIMINARMENTE DENEGADA. A Constituição Federal permite a cumulação de dois cargos de professor, desde que haja 'compatibilidade de horários' (art. 37, XVI, 'a'). Assim, não tem direito líquido e certo à posse a professora municipal com carga horária de 20 horas, aprovada em novo concurso para cargo e jornada idênticos, cujo horário de trabalho na nova função é incompatível com o que já exerce e não há possibilidade de opção por outra vaga, ante o preenchimento de todas as existentes, por candidatos melhor classificados no certame e, portanto, detentores do direito de preferência na escolha" (ACMS n. 2010.071635-5, de Bom Retiro, rel. Des. Jaime Ramos, Quarta Câmara de Direito Público, j. 6.4.2011). "ADMINISTRATIVO ACUMULAÇÃO DE CARGOS PROFESSOR E ASSISTENTE TÉCNICO PEDAGÓGICO INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS IMPOSSIBILIDADE SEGURANÇA DENEGADA A Constituição da República veda 'acumulação remunerada de cargos públicos', salvo, entre outras hipóteses, 'a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico' quando houver 'compatibilidade de horários' (art. 37, inciso XVI, alínea 'b')" (MS n. 2008.065554-8, da Capital, rel. Des. Newton Trisotto, Grupo de Câmaras de Direito Público, j. 4.11.2009). Ademais, como bem alertado pelo Procurador de Justiça Plínio Cesar Moreira, o exercício de uma jornada semanal de 70 horas, principalmente para um profissional de saúde, inclusive coloca em risco a qualidade e a segurança do serviço público (fl. 358), em clara afronta ao princípio da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal). Em caso idêntico, já decidiu este órgão julgador: "ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL - APELAÇÃO CÍVEL EM

MANDADO DE SEGURANÇA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM - CUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS - ÁREA DA SAÚDE - POSSIBILIDADE SE HOUVER COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS - JORNADA EXTENUANTE QUE PODE PREJUDICAR A EFICIÊNCIA - SEGURANÇA DENEGADA. 'Embora a acumulação de cargos de profissionais da saúde seja permitida pela Constituição Federal (art. 37, XVI, 'c',), é inconcebível o exercício simultâneo de dois cargos de enfermeiro, cuja jornada resulta em 70 (setenta) a 80 (oitenta) horas semanais, haja vista a incompatibilidade de horários, e também em razão do desgaste físico da função, que demanda especial dedicação e zelo com os pacientes enfermos' (TJSC, MS n. 2005.032286-0, Rel. Des. Cid Goulart)" (ACMS n. 2011.078396-4, de Guaramirim, rel. Des. Jaime Ramos). Com estas considerações, a sentença de improcedência deve ser integralmente mantida.