Reformas, Endividamento Externo e o Milagre Econômico (1960-1973) GIAMBIAGI; VILLELA CASTRO; HERMANN (2011 cap. 3 e 4)
Passagem de um sistema democrático para um regime militar autoritário. Entre 1964-73 houve três mandatos de presidentes militares: marechal Humberto Castello Branco (1964-66), general Arthur da Costa e Silva (1967-69) e general Emílio Garrastazu Médici (1969-73). Após 1963 o país passou a enfrentar a primeira grande crise econômica em sua fase industrial: queda dos investimentos e da taxa de crescimento da renda; inflação acelerada.
Indicadores (1961-1965)
Crise dos anos 1960 Conjunturais Instabilidade Políticas Política econômica recessiva de combate a inflação Estruturais Crise do populismo Estagnação pelo resultado do PSI (reserva de mercado) Crise endógena típica de uma economia em fase de industrialização. Inadequação institucional.
Golpe militar de 1964 (1967) Autoritarismo Marechal Castello Branco http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo_legenda/442b0 2cf6ea5ddab95b220281426a4a0.jpg Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) Mentores: Roberto Campos e Octavio Gouvea Bulhões
PAEG (1964-66): Cenário Diagnóstico Econômico e Estratégia de Estabilização De 1963 e até o início de 1964, a economia brasileira operou em verdadeiro estado de estagflação estagnação da atividade econômica, acompanhada de aumento da inflação. Entre 1957 e 1962 houve um crescimento real médio do PIB brasileiro foi de 8,8% aa. Em 1963 o PIB cresceu apenas 0,6% enquanto a inflação (IGP) elevou-se da média de 32,5% aa. para 79,9% nesse mesmo ano (1963). Desafio: debelar a inflação e retomar o crescimento por meio de uma reforma estrutural (fiscal e financeira). PAEG Programa de Ação Econômica do Governo
PAEG (1964-66): Diagnóstico e Estratégia de Estabilização Diagnóstico inflacionário PAEG 1. Os déficits públicos. 2. A expansão do crédito às empresas. 3. Os aumentos salariais por cima dos ganhos de produtividade. Estes elementos provocariam a expansão dos meios de pagamento, causando, dessa forma, a propagação da inflação (PAEG, 1964, p. 28).
Principais Medidas PAEG 1. Ajuste fiscal com base em metas de aumento da receita e de contenção de gastos governamentais. 2. Orçamento monetário prevendo taxas decrescentes de expansão dos meios de pagamentos. 3. Política de contenção do crédito do setor privado. 4. Mecanismo de correção salarial. Indicador METAS DO PAEG 1964 1965 1966 Receita da União 15% 58% - Despesas da União -27% 42% - Déficit da União -62% 3% - M1 e crédito privado 70% 30% 15% Inflação 70% 25% 10% Crescimento PIB - - 6%
Objetivos do PAEG 1. Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico. 2. Conter o processo inflacionário. 3. Atenuar os desequilíbrios setoriais. 4. Aumentar o investimento e o emprego. 5. Corrigir a tendência de desequilíbrio externo.
(a)medidas de combate a inflação do PAEG i. Medidas gradualistas no sentido de atenuála ao longo de três anos. evitar uma crise de estabilização. (b) Reformas Institucionais do PAEG i. Reforma tributária. ii. Reforma monetária-financeira. iii. Reforma da política externa.
os militares assumiram o poder em 1964 com a missão de salvar o país do caos econômico e político. O PAEG era parte da estratégia de estabilização
Reformas estruturais (1964-1967) Em 1964 foi criado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, que substituiu o regime de estabilidade de emprego, então vigente, entendido como um entrave institucional ao aumento do emprego e do crescimento econômico. http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,fgts-completa-50- anos,12484,0.htm
A Reforma Tributária Aumento da arrecadação do governo (via aumento da carga tributária da economia) e a racionalização do sistema tributário. Estratégia: redução dos custos operacionais da arrecadação eliminando os impostos de pouca relevância financeira, e definir uma estrutura tributária capaz de incentivar o crescimento econômico. O êxito pode ser atribuído ao ambiente político da época, onde a sociedade não manifestou resistência.
Medidas da Reforma Tributária 1. Arrecadação dos impostos pela rede bancária. 2. Extinção dos impostos sobre profissões e diversões públicas. 3. Criação do ISS (municipal). 4. Implementação do ICMS. 5. Ampliação da base de incidência do IR da PF. 6. Mecanismos de insenção e incentivos a atividades consideradas prioritárias pelo governo aplicações financeiras para estimular a poupança e investimentos em capital fixo em regiões e setores específicos. 7. Criação do Fundo de Participação dos Estados e Municípios.
Impactos da Reforma Tributária 1. Crescimento passou de 16% PIB (1963) para 21% em 1967. 2. Beneficiou as classes de renda mais alta (poupadores) 3. Maior parte da arrecadação veio dos impostos indiretos penalizando as classes mais baixas. 4. Limitado o direito dos estados e municípios de legislarem sobre a tributação.
Reforma Financeira Até 1960 o SFB era constituído por bancos comerciais privados e financeiras, caixas econômicas federais e estaduais e bancos públicos. segmento de longo prazo. Objetivo central: dotar o SFB de fontes e mecanismos de financiamento para sustentar o processo de industrialização em curso sem gerar inflação. Arranjo institucional com a criação do Banco Central do Brasil (BACEN) como executor da política monetária e do Conselho Monetário Nacional (CMN) com funções normativa e reguladora do SFB.
Modelo de Financiamento Bancos de investimento provendo financiamento de longo prazo, intermediários na colocação de títulos no mercado de capitais e emprestadores finais em menor escala. Bancos públicos crédito no longo prazo. Criação de mecanismos de proteção do retorno real dos ativos, bem como incentivo a demanda, durante o período de transição da baixa inflação. Ampliação do grau de abertura da economia ao capital externo, capital de risco e empréstimos.
Economia Brasileira [1964 1967] O PAEG não cumpriu as metas estabelecidas de inflação que alcançou 92% em 1964; 34% em 1965 e 39% em 1966. O ajuste fiscal também não foi cumprido a risca. A política salarial foi restritiva: os salários reais só poderiam ser elevados pelo aumento da produtividade e aceleração do desenvolvimento. (*) Eliminar a instabilidade dos salários reais sem, todavia, elevar a média dos mesmos (PAEG, 1964, p. 34).
Resultados do PAEG As pressões inflacionárias foram combatidas por meio das políticas monetária, fiscal e salarial restritivas. Por outro lado, o sucesso do plano foi comprometido pelo aumento dos impostos, tarifas públicas, câmbio e juros (aperto monetário) criação da correção monetária (ativos e contratos em geral). O PAEG contribuiu para ajuste fiscal e das contas externas (cenário internacional favorável). O principal resultado da reforma financeira foi a criação de um mercado de dívida pública que financiou o déficit do governo sem emissão de moeda.
MILAGRE ECONÔMICO [1968 1973] Nos governos Costa e Silva e Médici, e com o ministro da Fazendo Antônio Delfim Netto, o país obteve as maiores taxas de crescimento do PIB com relativa estabilidade de preços. A taxa de investimento, que ficou estagnada, em torno de 15% do PIB no período de 1964-67, subiu para 19% em 1968 e encerrou o período do milagre em pouco mais de 20%. O crescimento do período de 1968-73 retomou e complementou o processo de difusão da produção e consumo de bens duráveis, iniciado com o Plano de Metas.
Indicadores Macroeconômicos (1964-1967) e (1968-1973)
Gênese Delfim Netto na pasta da Fazenda: 1. Controle da inflação na componente custo. 2. Políticas de retomada do crescimento. 3. Estratégia de manter as diretrizes do PAEG. 1967 Controles de preços Comissão Interministerial de Preços (tabelar preços públicos e privados). Os juros cobrados pelos bancos comerciais foram tabelados pelo BACEN. 1968 Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico. Investimentos públicos em infra sem comprometer o ajuste fiscal em andamento (fontes de financiamento que não recursos orçamentários).
Restrições aos direitos e à liberdade dos cidadãos
Política Econômica no período do Milagre Economia durante o Milagre?