Produção Primária Marinha, 2º semestre 2015 Protocolo para determinação do conteúdo pigmentar no fitoplâncton, por espectrofotometria

Documentos relacionados
PROTOCOLO DE MONITORIZAÇÃO

O QUE SE PRETENDE. 1. Seleccionar o material que permita extrair e separar os pigmentos fotossintéticos presentes nos cloroplastos a nível das folhas.

MF-612.R-3 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE NITRATOS EM SUSPENSÃO NO AR POR COLORIMETRIA

Prática 10 Determinação da constante de equilíbrio entre íons Fe 3+ e SCN -

SCIENCE ON STAGE 2 FESTIVAL NACIONAL WORKSHOP. Actividades laboratoriais com seres fotossintéticos e seus pigmentos. João Ricardo Soares

MICROSCOPIA DE EPIFLUORESCÊNCIA

RELAÇÃO ENTRE AS CONCENTRAÇÕES DE FÓSFORO TOTAL E DE CLOROFILA Α EM CURSOS DE ÁGUA DO ALTO RIO PARANÁ, ESTADO DE GOIÁS

DETERMINAÇÃO DO ESPECTRO DE ABSORÇÃO DE SOLUÇÕES AQUOSAS DE PERMANGANATO DE POTÁSSIO, CROMATO DE POTÁSSIO, DICROMATO DE POTÁSSIO E SULFATO DE COBRE

Introdução Algologia Aplicada. Trabalhos práticos. Ana Amorim Departamento de Biologia Vegetal

Departamento de Zoologia da Universidade de Coimbra

COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE PIGMENTAR NA COMUNIDADE DE MICROFITOBENTOS DO ESTUÁRIO DO TEJO

Metodologia Analítica

Agrupamento de Escolas de Bobadela Escola EBI de Bobadela. Preparação de soluções aquosas de sulfato de cobre

Nome:... Escola:... Prova Prática

Fotossíntese Reacção de Hill:

Determinação espectrofotométrica do pka do indicador vermelho de metilo

4006 Síntese do éster etílico do ácido 2-(3-oxobutil) ciclopentanona-2-carboxílico

4023 Síntese do éster etílico do ácido 2-cicclopentanona carboxílico a partir do éster dietílico do ácido adípico

USO DO MÉTODO ESPECTROFOTOMÉTRICO PARA A DETERMINAÇÃO DE ENXOFRE EM FERTILIZANTES.

Laboratório de Análise Instrumental

Doseamento do Fe 2+ por espectroscopia de absorção

Doseamento Espectrofotométrico de Crómio (VI) com Desenvolvimento de Cor pela Difenilcarbazida

ESTUDO DA ESTABILIDADE E PROPRIEDADES DE COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO

3. Metais Ambiente e Vida. A Cor nos Complexos Dulce Campos

Disciplina de BIOQUÍMICA do Ciclo Básico de MEDICINA Universidade dos Açores 1º Ano ENSINO PRÁTICO 7ª AULA PRÁTICA

Laboratório de Análise Instrumental

E SE UM BLOOM DE CIANOBACTÉRIAS TE BATESSE À PORTA?

ESTUDO DA FOTOSSÍNTESE COM ALGAS IMOBILIZADAS

Determinação da Entalpia de uma Reacção

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA CURSO DE QUÍMICA

Desenvolvimento de um método

FELIPE TEIXEIRA PALMA HOMERO OLIVEIRA GAETA JOÃO VICTOR FERRAZ LOPES RAMOS LUCAS MATEUS SOARES SABRINA LEMOS SOARES

SÍNTESE DO 1-BROMOBUTANO Procedimento experimental a microescala (adaptado de Williamson, Minard & Masters 1 )

MF-420.R-3 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE AMÔNIA (MÉTODO DO INDOFENOL).

BIOQUÍMICA EXPERIMENTAL

Prática de Ensino de Química e Bioquímica

2º ENSAIO INTERLABORATORIAL DE FITOPLÂNCTON Procedimento para a determinação do Biovolume

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Ano Lectivo 2010/2011. Unidade Curricular de BIOQUÍMICA II Mestrado Integrado em MEDICINA 1º Ano

Por que razão devemos comer fruta? Determinação da capacidade antioxidante da pêra abacate.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FENÓLICOS TOTAIS (FOLIN-CIOCALTEU) - ESPECTROFOTOMETRIA

Introdução. radiação ultravioleta SUBSTÂNCIA radiação fluorescente e visível excitação após a desativação λ i

Aula prática de Introdução à Biofísica AULA 11. FATORES FÍSICOS E QUÍMICOS QUE AFETAM A INTEGRIDADE DA MEMBRANA

2º Ensaio Laboratorial de Fitoplâncton 2010: Procedimento para determinação do Biovolume

Departamento de Zoologia da Universidade de Coimbra

MF-431.R-1 - MÉTODO TURBIDIMÉTRICO PARA DETERMINAÇÃO DE SULFATO

Adsorção de Azul de Metileno em Fibras de Algodão

Teoria da Prática: Transporte de Glicídios

Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Curso: FARMÁCIA Disciplina: Bioquímica Clínica Título da Aula: Funcionamento do Espectrofotômetro. Glicemia. Professor: Dr.

Análise de Fitoplâncton, Cianobactérias e Clorofila

Aprender a preparar soluções aquosas, realizar diluições e determinar suas concentrações.

Síntese do acetato de n-butilo ou etanoato de n-butilo

MONITORIZAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DO GLICOGÉNIO

Física e Química A. Nomes: N.º s : T.ª: Como neutralizar resíduos de ácidos/bases do laboratório de Química da escola?

LÍQUIDOS: DETERMINAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL. 1. Introdução

PESQUISA DE IÕES EM ADUBO QUÍMICO

Estudo de um Polimorfismo no Gene da Cadeia Pesada β da Miosina (CPβM)

Protocolo para análise de clorofila a e feopigmentos pelo método fluorimétrico (Fluorímetro TD-700).

AULA PRÁTICA Nº / Março / 2016 Profª Solange Brazaca DETERMINAÇÃO DE TANINOS

Relatório do 1º Trabalho de Química Orgânica

CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA ACTIVIDADE ANTIOXIDANTE DE VINHOS PORTUGUESES*

Preparação do cloreto de t-butila. Carina de Freitas Vellosa Daiane Cristina Romanini

PORCENTAGEM DE CIMENTO POR TITULAÇÃO QUÍMICA

Engenharia Biomédica. Relatório Cinética da Enzima Invertase

4001 Transesterificação do óleo de mamona em ricinoleato de metila

Detecção de proteínas. Proteínas são heteropolímeros de aminoácidos unidos por ligações peptídicas

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

Escola Secundária / 3º CEB da Batalha ACTIVIDADE LABORATORIAL DE FÍSICA E QUÍMICA A FORMAÇÃO ESPECÍFICA ENSINO SECUNDÁRIO. Ano de Escolaridade : 11

7. Resultados e discussão

2004 Redução diastereosseletiva de benzoina com boro-hidreto de sódio a 1,2-difenil-1,2-etanodiol

Linhas de orientação e princípios gerais de utilização e marcação do LC-MS

FELIPE TEIXEIRA PALMA HOMERO OLIVEIRA GAETA JOÃO VICTOR FERRAZ LOPES RAMOS LUCAS MATEUS SOARES SABRINA LEMOS SOARES

Determinação dos fluxos de nutrientes do sedimento para a água (sem influência da luz), efeito da bioturbação e análise granulométrica

Na figura 15 está apresentado um esquema da metodologia para a determinação de mercúrio total em tecidos da biota aquática.

4002 Síntese de benzil a partir da benzoína

Solubilidade de Fosfatos Naturais em Solução de Ácido Cítrico a 2%: Modificação nas condições de agitação (*)

1017 Acoplamento Azo do cloreto de benzenodiazônio com 2- naftol, originando 1-fenilazo-2-naftol

Protocolo de extração de DNA de tecido vegetal: (Doyle & Doyle, 1987)

2005 Síntese da acetonida do meso-1,2-difenil-1,2-etanodiol (2,2- dimetil-4,5-difenil-1,3-dioxolana)

PRODUTO DE SOLUBILIDADE

3005 Síntese de 7,7-diclorobiciclo [4.1.0] heptano (7,7- dicloronorcarano) a partir de ciclohexeno

3001 Hidroboração/oxidação de 1-octeno a 1-octanol

PURIFICAÇÃO DO CITOCROMO b 5 UTILIZANDO SISTEMAS DE DUAS FASES AQUOSAS 1. OBJECTIVO

Luís H. Melo de Carvalho Química Analítica II Luís H. Melo de Carvalho Química Analítica II

4028 Síntese de 1-bromodecano a partir de 1-dodecanol

Al 1.1 Amoníaco e compostos de amónio em materiais de uso comum

Espectrofotometria Molecular UV-VIS

SOLUÇÕES. 1. Concentração (C) 2. Concentração molar (M) C = massa de soluto / volume da solução. M = mol de soluto / volume de solução

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA UFJF QUI102 Metodologia Analítica

DETECÇÃO QUALITATIVA DE ARGILAS PREJUDICIAIS DO GRUPO ESMECTITA EM AGREGADOS UTILIZANDO AZUL DE METILENO

UTILIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS LABORATÓRIOS ESCOLARES

PROCEDIMENTOS PARA CÁLCULOS DE TEORES DE METABÓLITOS VEGETAIS BIB0315 METABÓLITOS VEGETAIS ANTONIO SALATINO 22/09/2016

II - ELECTROFORESE DE AMINOÁCIDOS

Soluções, concentrações e diluições

Graduação em Biotecnologia Disciplina de Proteômica. Caroline Rizzi Doutoranda em Biotecnologia -UFPel

QUÍMICA Tipos de soluções Edson Mesquita

Espectros de Absorção

REALIZAÇÃO EXPERIMENTAL - MICROESCALA (adaptada de Pike et al, Microscale Inorganic Chemistry, exp.16, p )

Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente 1º Ano/ 1º Semestre

Transcrição:

Produção Primária Marinha, 2º semestre 2015 Protocolo para determinação do conteúdo pigmentar no fitoplâncton, por espectrofotometria Introdução teórica A clorofila a, pigmento universalmente presente em todos os grupos taxonómicos de algas, é utilizada como índice de biomassa, tanto para microalgas em cultura, como para fitoplâncton e microfitobentos. A relação entre a clorofila a e os outros pigmentos fotossintéticos indica-nos, para o fitoplâncton, o tipo de populações dominante, e para as culturas, o estado fisiológico das células. Por exemplo, a proporção entre clorofila a e restantes pigmentos é superior para células jovens, e geralmente, tanto maior quanto menor for a intensidade luminosa a que a cultura estiver sujeita. O método espectrofotométrico para detecção dos pigmentos, foi desenvolvido por Richard e Thompson, 1952, e normalizado pela SCOR-UNESCO (Unesco,1966). Este método tem sofrido algumas modificações, nomeadamente no que se refere aos valores dos coeficientes de absorção específica dos pigmentos (ou seja, quantidade de luz absorvida por unidade de peso). Embora a acetona a 90% seja o solvente mais utilizado para o fitoplâncton, podem-se utilizar outros, tais como metanol, exano, dietiléter. Espectro de Absorvância da Clorofila a Absorvância 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 400 450 500 550 600 650 700 750 nm 1

A estrutura química da clorofila a é alterada por diversos processos biológicos e físico-químicos que conduzem a derivados fotossinteticamente inactivos, mas que absorvem luz no mesmo c.d.o. que a molécula-mãe, de acordo com o esquema seguinte: Clorofila a - fitol Clorofilide a -Mg Feofitina a Feoforbide a Todos estes compostos apresentam um espectro de absorção muito semelhante (em acetona a 90%, os picos da clorofila a são 664 e 430 nm e a feofitina a e feoforbide a a 667 e 410 nm); no entanto, a clorofila a tem um coeficiente específico de absorção superior ou seja, absorve maior quantidade de luz por unidade de peso. Baseando-se nesta característica, Lorenzen (1967) desenvolveu um método simples de distinguir, por espectrofotometria, a clorofila a dos seus derivados. Adicionando ácido diluído a uma solução contendo clorofila a, esta perde o átomo de Mg e transforma-se em feofitina a. A solução sofre uma redução na absorvância, que é proporcional à relação clorofila a / feofitina a pré-existente; a redução tem o valor máximo de 0.56, ausência de feofitina a, e mínimo de 1, ausência de clorofila. Note-se que com este método se podem distinguir os compostos com Mg, clorofila a e clorofilide a, dos compostos sem Mg, feofitina a e feoforbide a, os quais se designam globalmente por feopigmentos. Não existe nenhum método que, por espectofotometria, isole a clorofilide a (Lorenzen & Jeffrey, 1980). O único método para separar todos estes compostos é por cromatografia. Note-se também que a designação feoforbide a engloba vários compostos (distinguíveis apenas por cromatografia), que se vão transformando uns nos outros, até finalizarem num composto incolor. Apesar desta desvantagem, Lorenzen & Jeffrey (1980) aconselham este método para amostras em que a percentagem de formas degradadas da clorofila a seja elevada, nomeadamente para águas estuarinas. O objectivo deste protocolo é aprender a medir a clorofila a por espectrofotometria, estimando a sua concentração por duas formas diferentes de cálculo. Uma que tem em conta os feopigmentos (Lorenzen 1967) e outra que tem em conta os 2

outros dois tipos de clorofila, Chl b e Chl c, que nos dão indicação sobre o tipo de comunidades presentes. Descrição do Método de Extracção e Leitura no Espectrofotómetro A extracção dos pigmentos é realizada em acetona aquosa a 90%, a frio (-20ºC), no escuro, durante 18 a 24 horas. Para a determinação da clorofila a por este método, a absorvância do extracto é lida a 664 nm (pico da clorofila a) e a 750 nm (representa o valor da turbidez), antes e depois da adição de 12 µl de HCl a 0.5M por ml de solvente. O volume de amostra e o volume de acetona devem ser de modo a permitir que a absorvância do extracto a 664 nm se situe entre os limites de absorvância 0.05 e 0.8. Para obter informação acerca do tipo de comunidades presentes, podem-se determinar as concentrações em clorofila b e clorofila c, registando-se para este efeito a absorvância a 647 e 630nm. Note-se que a determinação dos três tipos de clorofila por espectrofotometria é pouco precisa, sendo aconselhável, para este objectivo, a análise dos pigmentos por cromatografia. MATERIAL - Dispositivo de filtração: rampa de filtração. - Filtros tipo Whatman GF/F, de 0,7µm de poro, aproximadamente, e diâmetro 47 mm. - Pinça. - Tubos de centrífuga de 10 ou 15 ml. - Vareta de vidro para macerar os filtros. - Papel de alumínio. - Centrífugadora de bancada - Espectrofotómetro UV/VIS - cuvettes de vidro. - Kleenex. - Esguicho de água destilada. - Acetona 90% v/v. PROTOCOLO - Filtração da amostra de água a analisar. O volume a filtrar depende da concentração da amostra. Para amostras de águas costeiras, deve ser de 1L a 1,5L. 3

- Filtros são dobrados com a pinça (evitar tocar com os dedos) e introduzidos nos tubos de centrífuga. Os tubos são rolhados, envoltos em papel de alumínio e, se a extracção não se efectua de imediato, guardados no congelador (podem ficar até 6 meses sem alteração da amostra). -Processo de extracção: introduzir 2ml de acetona a 90% no tubo. Macerar cuidadosamente o filtro com a vareta de vidro, até que este se desfaça completamente. Adicionar o volume restante de acetona de modo a perfazer o total de 6 ml. Este processo deve ser feito com o tubo envolto em papel de alumínio, dado que os pigmentos são fotolábeis. Os tubos são colocados no congelador (-20ºC) durante 24h. Caso a leitura não seja feita nas 24h seguintes, as amostras podem manter-se no congelador durante alguns dias/semanas. - Imediatamente antes da leitura no espectrofotómetro, os tubos são agitados vigorosamente e em seguida centrifugados a 3000rpm, durante 10min, numa centrifugadora de bancada. - Leitura no espectofotómetro: acertar o zero do aparelho com acetona a 90%, ler cada amostra nos seguintes c.d.o.: - Ler a absorvância a 750 nm. Esta leitura poderia ser suprimida, acertanto-se o zero a 664 nm; no entanto, a leitura a 750 nm serve de teste em relação à existência de poeiras em suspensão: se o valor obtido é superior a 0.015-0.020, deve fazer-se nova pipetagem ou centrifugar de novo o extracto. - Ler a absorvância a 664, 647 e 630nm. - Adicionar 12 µl de HCL a 0.5M por ml de extracto, agitando em seguida. - Ler de novo a absorvância a 664 e 750 nm. - Entre cada amostra lavar as cuvettes com acetona, água destilada e algumas gotas da amostra seguinte. CÁLCULOS Cálculo da concentração em clorofila e feopigmentos As concentrações de clorofila a e feofitina a são determinadas com base nas seguintes fórmulas (Lorenzen, 1967): clorofila a µg L -1 ) = A x K (A 664 A 664a ) v V L feofitina a µg L -1 ) = A x K [R (A 664a ) (A 664 )] v V L em que: v = volume de acetona usado para a extracção (ml) V = volume de água filtrado (l) L = passo óptico da cuvette A = 11.4 (L -1 mg cm), o que corresponde ao inverso de E (sendo E o coeficiente de extinção para a clorofila a em acetona a 90%, a 664 nm, 87.67 Lg -1 cm -1 ) 4

R = valor máximo da razão 664/664 a, na ausência de feopigmentos, 1.8. (Note-se que este valor varia ligeiramente segundo os autores, devendo ser determinado experimentalmente, com clorofila a pura) K = factor destinado a restabelecer a concentração inicial em clorofila a a partir da redução da absorvância, = R/ (R-1), ou seja, 2.25. Cálculo das concentrações em Clorofila a, b e c. Se, em alternativa, o objectivo for conhecer a concentração das três clorofilas principais, a, b, e c, utilizam-se as seguintes equações (Jeffrey & Humphrey, 1975): Para calcular a concentração do pigmento na água µg L -1 (ou mg m -3 ), o resultado de cada equação anterior é ponderado pelo volume do solvente de extracção, pelo passo da cuvette e pelo volume filtrado: [Chla] = (11.85A 664 1.54A 647 0.086A 630 ) x vol acet (ml) / (filtered vol (L) x path of cuvette (cm)) [Chlb] = 21.03A 647 5.43A 664 2.66A 630 x vol acet (ml) / (filtered vol (L) x path of cuvette (cm)) [Chlac] = 24.52A 630 1.67A 664 7.60A 647 x vol acet (ml) / (filtered vol (L) x path of cuvette (cm)) Notas sobre as unidades A constante 11,4 da fórmula de Lorenzen 1967 ou a constante 11,85 de Jeffrey & Humphrey 1975 anexa à absorvência da clorofila a correspondem ao inverso de α, o coeficiente de extinção para a clorofila a. De notar que estas constantes têm como unidade (L -1 mg cm), o que corresponde ao inverso de E (sendo E o coeficiente de extinção para a clorofila a em acetona a 90%, a 664 nm, 87.67 Lg -1 cm -1 ) O valor de α pode ser procurado na bibliografia, varia ligeiramente consoante os autores. Na fórmula de Lorenzen, é usado o coeficiente de extinção para a clorofila a em acetona a 90%, a 664 nm, 87.67 Lg -1 cm -1, para a fórmula de Jeffrey é usado 83,822, ou seja, 1*1000/11,93 =83,822. Logo, as unidades de 11,85 são: mg l -1 cm (reparem que o no numerador aparece o factor 1000 para passar de g a mg) A absorvância não tem unidades. 5

Assim, Clorofila a = [11,85(mg l -1 cm )A664] *vol acetona (ml) Vol filtrado (L) * 1 (cm) Em relação às unidades: mg L -1 cm * 10-3 L = mg * 10-3 = µg L -1 L* cm L BIBLIOGRAFIA Jeffrey, S.W. & Humphrey, G. F. 1975. New spectrophotometric equations for determining chlorophylls a, b, c 1, and c 2 in higher plants, algae and Natural phytoplankton. Biochem. Physiol. Pflanzen, 167, p. 191-194. Jeffrey, S.W., R.F.C. Mantoura & S.W. Wright. 1997. Phytoplankton pigments in oceanography. Monographs on oceanographic methodology. Unesco publishing. Lorenzen, C. J. & Jeffrey, S.W. 1980. Determination of chlorophyll in seawater. Report of intercalibration tests. Unesco Technical papers in marine science. 35, 21p. Unesco, 1966. Determination of photosynthetic pigments in seawater. Report of the SCOR-UNESCO working group 17. Monographs on Oceanographic Methodology,69p. 6