ANÁLISE ECONÔMICA DA (FERT)IRRIGAÇÃO E COBERTURA PLÁSTICA NA VITICULTURA DA SERRA GAÚCHA 1

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Transcrição:

ANÁLISE ECONÔMICA DA (FERT)IRRIGAÇÃO E COBERTURA PLÁSTICA NA VITICULTURA DA SERRA GAÚCHA 1 R. O. C. Monteiro 2 ; P. F. C. Monteiro 3 ; C. Rusin 4 RESUMO: Períodos recentes de estiagem na Serra Gaúcha têm incentivado os fruticultores a se interessarem pela adoção de sistemas de irrigação e fertirrigação. A falta de dados técnicoeconômicos que auxiliem na decisão de adquirir um sistema de irrigação ou não, tem dificultado a escolha e a decisão dos fruticultores. Este trabalho se propõe a realizar um estudo da viabilidade econômica do emprego da irrigação, da fertirrigação e da cobertura plástica em pomares de uva de mesa na Região da Serra Gaúcha, considerando as características regionais produtivas, as condições climáticas e os sistemas de irrigação utilizados. Concluiu-se que o preço de aquisição do sistema de irrigação e o tamanho da área a ser cultivada com uva de mesa com cobertura plástica deve ser analisado com maior ênfase pelos fruticultores em função da variação significativa na necessidade de incremento de produtividade para tornar economicamente viável a viticultura de mesa. PALAVRAS-CHAVE: uva de mesa; produtividade; preço de aquisição. ECONOMIC EVALUATION OF THE IRRIGATION, FERTIGATION AND PLASTIC COVER ON THE TABLE GRAPE IN SERRA GAUCHA REGION SUMMARY: Recent drought periods in Serra Gaúcha Region became farms interested in irrigation and fertigation systems adoption. There s a lack of technical and economic irrigation data to assist farms. This paper intends to study of the economic viability of irrigation, fertigation and plastic cover in table grapes fields in Serra Gaúcha Region, considering climatic conditions and irrigation systems used. It was concluded that the purchase price of the irrigation system and the size of area to be planted with table grapes with plastic cover should be analyzed with greater emphasis by fruit growers due to the significant variation in need to increase table grape yield to become economically viable. KEYWORDS: table grape; yield; purchase price. 1 Financiado pela FAPERGS 2 EngºAgrº, Dr., Prof. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS-BG), Osvaldo Aranha 540 CEP 95700-000, Bento Gonçalves-RS. Fone (54) 8116.1738. email: rodrigo.monteiro@bento.ifrs.edu.br; 3 EngºAgrº, Pós-Doutoranda na UFRGS, Escola de Agronomia, Porto Alegre, RS; 4 Graduanda do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura, IFRS-BG, Bento Gonçalves, RS

R. O. C. Monteiro et al. INTRODUÇÃO Em regiões mais úmidas, caso da Serra Gaúcha, a irrigação se dá de forma suplementar a precipitação pluvial, possibilitando uma melhor distribuição de umidade no solo ao longo do ano. Nesta região a cultura da videira encontra clima favorável para o seu desenvolvimento, mas o suprimento de água é importante para uma produção de melhor qualidade e de maior constância. Não somente a irrigação, mas a fertirrigação em videira pode proporcionar uma melhor distribuição da produção, em relação ao cultivo sem estas tecnologias, onde se nota picos de frutificação. A uva de mesa produzida nesta região é praticamente em sua totalidade realizada em sistemas protegidos com cobertura plástica. Estes sistemas de cultivo se dão numa condição microclimática diferente da condição natural em ambiente aberto (Chavarria et al., 2009a; Chavarria et al., 2009b; Mota et al., 2008). A interceptação de boa parte da chuva pela cobertura plástica e a mudança, principalmente, da temperatura e da umidade relativa do ar sob o plástico acentua a necessidade da implantação de sistemas de irrigação nestas condições. Períodos recentes de seca no estado do Rio Grande do Sul, especialmente na Serra Gaúcha, juntamente com as preocupações sobre o abastecimento de água, tem incentivado os fruticultores a se interessarem pela adoção de sistemas de irrigação e fertirrigação localizados e eficientes no uso da água. A falta de estudos de pesquisa sobre demanda hídrica, manejo, frequência de aplicação de água e fertilizantes, dentre outros, em ambiente protegido e, associado a falta de informação técnica confiável quanto as características e funcionalidades dos sistemas, a alta variação nos preços dos equipamentos, a diversidade de equipamentos, o desconhecimento da qualidade e da vida útil dos mesmos e a falta de dados técnico-econômicos que auxiliem na decisão de adquirir um sistema de irrigação ou não, tem dificultado a escolha e a decisão dos fruticultores. FRIZZONE (1995) lembra que a irrigação e a fertirrigação são fatores tecnológicos que demandam alto investimento inicial, com alto custo operacional devido ao gasto com energia para bombeamento da água e, em alguns casos, gastos com mão-de-obra especializada para a manutenção e manejo dos equipamentos. Relatos bibliográficos e obtidos diretamente com os produtores sobre os ganhos produtivos proporcionados pela irrigação e fertirrigação em pomares de uva de mesa são bastante animadores, todavia, a análise da relação custo/benefício deve ser considerada, evitando-se assim frustrações de ordem financeira. Por conseguinte, este trabalho teve como objetivo estudar a viabilidade econômica do emprego da irrigação, da fertirrigação e da cobertura plástica em pomares de uva de mesa na Região da Serra Gaúcha, considerando as características regionais produtivas, as condições climáticas e os sistemas de irrigação utilizados. MATERIAL E MÉTODOS Para a análise da viabilidade econômica, trabalhou-se com valores médios obtidos junto aos fruticultores e técnicos da EMATER-RS nas principais regiões produtoras de uva de mesa da Serra Gaúcha, como Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Farroupilha, os quais, em parte, podem ser visualizados na Tabela 1. Dados médios do pomar de uva de mesa utilizados neste estudo serão apresentados no evento. Tabela 1. Dados médios do projeto de irrigação em uva de mesa utilizados no estudo da viabilidade econômica. Bento Gonçalves-RS, 2012.

R. O. C. Monteiro et al. Caracterização do Sistema de Irrigação e Fertirrigação Unidade Valor 1 Potência do sistema de irrigação cv ha -1 1,0 Preço de aquisição do sistema de irrigação com e sem motor elétrico US$ ha -1 2.500,00-7.500,00 Vida útil do sistema de irrigação anos 5,0-15,0 Tempo de operação do sistema de irrigação h dia -1 0,5-1,0 Tempo de irrigação no período com tarifa de energia reduzida h dia -1 0,0 Período de operação do sistema de irrigação meses ano -1 3,0-5,0 Custo do sistema de injeção de fertilizantes US$ ha - 500,00 Custo da água US$ m -3 0,0 Taxa anual de juros % 12,0 Caracterização do equipamento com motor elétrico Custo da energia instalada US$ kw -1 2,5 Custo da energia consumida 2 US$ kw -1 h -1 0,13972 Custo de aquisição da rede elétrica 3 US$ km -1 3.900,00 Comprimento da rede elétrica km 0,04 Redução na tarifa de energia 4 % 70,0 1 valores expressos em dólares e dólar quando da realização deste estudo = R$ 1,75; 2- http://www.rge-rs.com.br/serviccedilosonline/tarifas/tabid/75/language/pt-r/default.aspx; 3 rede trifásica 37,5 KVA; 4 DNAEE - Portaria 105 de 02 a 08 de outubro de 2002 e Resolução da Aneel 207/2006. Considerou-se que o emprego da irrigação, da fertirrigação e da cobertura plástica em videiras de mesa somente será economicamente viável se o incremento de produtividade for suficiente para gerar uma receita líquida maior que o incremento de custo anual do projeto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como esperado, o preço de aquisição do equipamento de irrigação, que está diretamente relacionado à qualidade do material empregado, ao grau de automatização do sistema e às características específicas de cada projeto, influenciou o incremento de produtividade (IP) (%) necessário para viabilizar a irrigação e a cobertura plástica na produção de uva de mesa Itália, variedade utilizada como referência neste estudo (Figura 1A). Considerando que a produtividade estava relacionada aos primeiros anos produtivos da cultura, verifica-se na Figura 1A que o IP necessário para se viabilizar a irrigação e a cobertura plástica alcançou valores de até 53,7%, ou seja, um acréscimo de cerca de 8 mil kg de uva. Este incremento foi resultado da condição mais extrema, ou seja, equipamento de irrigação com o maior custo de aquisição e cultura no primeiro ano de produção (correspondente ao segundo ano de cultivo). Todavia, se for considerado a produtividade provável quando a cultura atinge a estabilidade de produção e o custo mais baixo de aquisição, até mesmo o mais alto, o IP necessário para viabilizar a irrigação e a cobertura plástica nesta cultura passa a ser relativamente moderado, variando de 29,0 a 33,5%.

Incremento de produtividade (%). Incremento de produtividade (%). R. O. C. Monteiro et al. US$2.500,00/ha US$3.500,00/ha US$4.500,00/ha US$5.500,00/ha US$6.500,00/ha US$7.500,00/ha 5 anos de vida útil 8 anos de vida útil 12 anos de vida útil A B Figura 1. Variação da necessidade de incremento de produtividade com o preço do equipamento de irrigação (A) e com a vida útil do equipamento (B). Bento Gonçalves-RS, 2012. Da mesma forma, a vida útil do equipamento de irrigação também influenciou o IP (Figura 1B). A vida útil do equipamento fez com que o IP alcançasse valores ao redor de 51,0%. Quando comparados os equipamentos com vida útil de 5, com os de 8 e com os de 12 anos, os IP foram 3,3 e 1,8% maiores, respectivamente. Por conseguinte, isto mostra que nem sempre é economicamente viável optar por equipamentos de menor custo de aquisição e vida útil. Além disso, deve-se considerar que um equipamento com preço muito baixo pode possuir partes de baixa qualidade, que exigem manutenções ou substituições frequentes, apresentando baixa eficiência e uniformidade de distribuição de água, assim como tubulações de menor diâmetro, que provocam maior perda de carga e consumo de energia. Mesmo com o acréscimo no custo de aquisição com a adoção da fertirrigação, em virtude da estrutura necessária para a injeção de fertilizantes e mão de obra qualificada para seu manejo correto, o IP (%) necessário para viabilizar a fertirrigação e a cobertura plástica foi inferior (30,4%) quando comparado com a adoção da irrigação e da cobertura plástica (30,8%) (Figura 2A), devido a redução no custo de adubo e na extinção da mão de obra para sua aplicação. Optou-se por analisar, ainda, a uva fertirrigada sem bombeamento, devido a topografia regional e por ser uma prática recorrente entre os irrigantes de uva de mesa (Figura 2A). A avaliação mostra que, no período de estabilidade de produção, o IP para viabilizar esta condição não atinge os 30%. A redução não é tão significativa comparado com sistema bombeado, pois mesmo em sistemas sem bombeamento elétrico há a necessidade da compra de tubulações e de acessórios e que, neste caso, por se tratar de sistema de irrigação localizado e estar situado em condições topográficas que contribuem no fornecimento de energia ao sistema, são conjuntos de baixa relação de potência/área. Comparando-se uma área de 1ha de uva de mesa fertirrigada com cobertura plástica a outra de 4ha com as mesmas práticas, foi possível observar uma redução significativa média de 27,2% na necessidade de IP(%) necessário para viabilizá-los economicamente, quando optado passar de 1ha para 4ha de cultivo. Isto demonstra a alta rentabilidade da viticultura de mesa, pois o incremento de receita líquida com o aumento de área é superior ao incremento nos custos totais anuais. A cultura em início de atividade produtiva, cultivada em 1 ha, necessita de 48,7% de IP (7.300 kg) para tornar viável economicamente a adoção da fertirrigação e da cobertura plástica. Numa área de 4ha, entretanto, esta necessidade de IP cai para 38,3% (5.700 kg por ha) para tornar a atividade economicamente viável.

Incremento de produtividade (%). Incremento de produtividade (%). R. O. C. Monteiro et al. Uva Irrigada Uva Fertirrigada Uva Fertirrigada sem Bombeamento A 1 ha fertirrigado 4 ha fertirrigado B 20,0 Produtividade sem fertirrigação (Mg ha -1 ano -1 ) Figura 2. Variação da necessidade de incremento de produtividade para uva de mesa irrigada, fertirrigada e uva fertirrigada sem bombeamento com energia elétrica (A), e numa área de 1 ha comparada a uma área de 4 há (B). Bento Gonçalves-RS, 2012. CONCLUSÕES Diante as características da região em que este trabalho foi realizado concluiu-se que o preço de aquisição do sistema de irrigação e o tamanho da área a ser cultivada com uva de mesa com cobertura plástica deve ser analisado om maior ênfase pelos fruticultores em função da variação significativa na necessidade de incremento de produtividade para tornar economicamente viável a viticultura de mesa. AGRADECIMENTOS À FAPERGS (processo 10/0228-6) pelo suporte financeiro. REFERÊNCIAS CHAVARRIA, G.; CARDOSO, L. S.; BERGAMASCHI, H.; SANTOS, H. P. dos; MANDELLI, F.; MARODIN, G. A. B. Microclimate of vineyards under protected cultivation. Ciência Rural, Santa Maria, v.39, n.7, p.2029-2034, 2009. CHAVARRIA, G.; SANTOS, H. P. dos; MANDELLI, F.; MARODIN, G. A. B.; BERGAMASCHI, H.; CARDOSO, L. S. Yield potential of grapevine cultivated under plastic cover. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.24, n.2, p.141-147. FRIZZONE, J.A. Aspectos econômicos da irrigação do feijão. Piracicaba: Preços Agrícolas, n. 105, p.6-7, 1995. MOTA, C. S.; AMARANTE, C. V. T. do; SANTOS, H. P. dos; ZANARDI, O. Z. Vegetative growth and yield of 'Cabernet sauvignon' grapevine under overhead plastic covering. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.30, n.1, p.148-153, 2008. DNAEE - Portaria do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, Nº105 de 02 a 08 de outubro de 2002.