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UNIDADE 5 Arte como expressão o abstrato e os elementos visuais O que é arte abstrata? Às vezes conhecida como aquela obra que até uma criança de 3 anos faz, no entanto há cerca de um século artistas são consagrados com este por meio deste gênero artístico. O que faz destas obras serem arte? Vamos estudar alguns artistas que se utilizaram do abstrato para se expressarem. Arte abstrata ou abstracionismo, também chamada de "arte nãorepresentacional" ou " não-figurativa", é a pintura, escultura, gravura, arte gráfica, arte digital, ou outras técnicas, em que não há figuração ou formas concretas reconhecíveis, ou ainda, formas de arte não regidas pela imitação do mundo. Não se trará de um movimento que apresenta um mero "distanciamento das aparências", pois esta já era uma forte tendência em muitos dos movimentos artísticos modernos, do início do século XX, como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Futurismo. Esses movimentos proporcionaram tal distanciamento da aparência natural das coisas, que em suas obras essas coisas tornavam-se praticamente irreconhecíveis, em processo de abstração. Porém, ainda assim, eram obras que representavam algo visível, do mundo concreto. Na arte abstrata, ao contrário desses movimentos citados acima, a expressão está na forma, cor, textura, linha, ritmo - inteiramente livres de qualquer influência de objetos da realidade - e não nas figuras do mundo concreto. Sendo assim, sobre o abstracionismo, afirma-se que: Em acepção específica, o termo liga-se às vanguardas européias das décadas de 1910 e 1920, que recusam a representação ilusionista da natureza. A decomposição da figura, a simplificação da forma, os novos usos da cor, o descarte da perspectiva e das técnicas de modelagem e a rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz, aparecem como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo. Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna, a partir da década de 1930, um dos eixos centrais da produção artística no século XX. (ITAÚ CULTURAL)

O artista precursor do abstracionismo foi o russo Wassily Kandinsky (1866-1944), que por volta de 1910 passou a pintar quadros puramente abstratos, trazendo em suas obras as duas principais vertentes de todo movimento abstracionista: a primeira, inclinada ao percurso da emoção, ao ritmo da cor e à expressão de impulsos individuais; e a segunda, mais afinada com os fundamentos racionalistas das composições cubistas, o rigor matemático e a depuração da forma, aparece descrita como abstração geométrica. O movimento de Kandinsky em direção à abstração inspira-se na música e na defesa de uma orientação espiritual da arte. Em 1911, escreveu o livro Sobre o espiritual na arte, no qual apontou correspondências simbólicas entre os impulsos interiores e a linguagem das formas e cores. Outro importante artista que se destacou na Arte Moderna foi Piet Mondrian (1872-1944). Foi um pintor holandês, que depois de participar do movimento cubista, continuou simplificando as formas de suas representações até conseguir um resultado, baseado nas proporções matemáticas ideais, chegando ao abstracionismo geométrico. Para tanto, o artista se Pintor e escritor Kandinsky formou-se em Direito e Economia. Seu interesse pela pintura veio do impacto que lhe causou a exposição de 1895, dos Impressionistas franceses, apresentada na Rússia. Viajou a Paris em 1896, decidido a dar início a seus estudos artísticos, aos trinta e um anos de idade. Seguiu para Munique onde, sob a tutela de Anton Azbé, estudou pintura por dois anos, prosseguindo, em seguida, os estudos com o professor da Academia de Munique, Franz von Stuck. Kandinsky recebeu nesta época influências dos trabalhos de Gauguin, dos Nabis e de Seurat. utiliza, como elemento base, a superfície plana, retangular, linhas e formas retas, e apenas as cores vermelha, azul e amarela, e também a preta e a branca. Essas superfícies coloridas são distribuídas e justapostas buscando uma arte pura. Para Mondrian, o papel do artista é revelar essa essência oculta das coisas, na harmonia universal. Afirma que as coisas, possuem uma essência que está além da sua aparência, seja esta coisa uma casa, árvore ou paisagem, e todas essas coisas, em sua essência, estão em harmonia no universo. Em sua obra, Mondrian

procura o equilíbrio e a harmonia na composição, livrando-se de todo excesso de cor, linha ou forma. O professor tem como possibilidade de conteúdo todas as modalidades da arte figurativa, tais como figura humana, paisagem, natureza morta, etc. Porém, a sugestão didática que trazemos neste módulo tem em vista tratar o abstrato, nas artes visuais, como um também importante conteúdo a ser aprendido pelos alunos. É certo que nos anos iniciais deve-se valorizar a expressividade do desenho da criança, inclusive o figurativismo para longe dos estereótipos. É importante que o aluno saiba diferenciar uma representação figurativa de uma abstrata. As composições abstratas têm um enorme potencial expressivo, que permite a representação do universo interior através das cores, manchas, texturas e formas orgânicas. SUGESTÕES DE PROPOSTAS PRÁTICAS COMPOSIÇÃO ABSTRATA ORGÂNICA LÍRICA A partir das composições abstratas de Kandinsky, crie a sua fazendo sobreposição de linhas, formas, cores e superfícies. Varie as formas em diferentes proporções e cores, buscando harmonia, ritmo e equilíbrio. Material: papel liso A3 ou A4, recortes de papel colorido liso, cola bastão e tesoura. COMPOSIÇÃO ABSTRATA GEOMÉTRICA A partir das composições abstratas geométricas de Mondrian, crie a sua fazendo sobreposição de superfícies quadradas. Material: papel branco liso A4, pedaços quadrados de papel liso nas cores branca, preta, vermelha, azul e amarela e cola bastão. Variação: Utilize outra forma como padrão para a composição, por exemplo, somente círculos, ou triângulos, ou ainda, formas irregulares. Também pode ser

utilizadas outras cores, seguindo padrões: cores primárias, secundárias, quentes e frias. PAINEL TRIDIMENSIONAL ABSTRATO Crie uma composição abstrata tridimensional, utilizando como suporte um painel de papel. Material: papel liso A3 ou maior, recortes de papel colorido liso, papel Sulfite 180g/m 3, cola bastão e tesoura. Procedimento: Com pedaços de papel colorido, recorte formas geométricas de diferentes cores e tamanhos. Com papel Sulfite 180g/m 3 recorte faixas de 2cm de largura e qualquer altura, entre 6 e 18 cm. Dobre cada faixa na altura, em três partes, formando um U. Na primeira parte, em um extremo, cole uma das figuras geométricas. A terceira parte, o outro extremo da faixa, cole no painel. Depois de todas as figuras coladas, o painel terá um relevo, com diferentes alturas para diferentes formas geométricas. REFERÊNCIAS ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ITAÚ CULTURAL. Enciclopédia de artes visuais. Disponível em: www.itaucultural.org.br TATIT, Ana. MACHADO, Maria Silvia M. 300 propostas de artes visuais. São Paulo: Loyola, 2003.

UNIDADE 6 Caminhos e possibilidades da arte contemporânea Neste módulo vamos trazer alguns artistas contemporâneos e suas obras para esclarecer e aprofundar algumas questões da arte nos dias de hoje. Conforme foi visto nos módulos anteriores, a arte contemporânea agrega tanto os meios tradicionais, quanto novos meios, valorizando muito mais um conceito como arte, do que propriamente o rigor técnico. A tecnologia, o corpo e o espaço são meios, formas e conteúdos presentes na arte da atualidade. Alguns temas também são recorrentes na contemporaneidade, relacionados à memória, à percepção, à representação de imagens, seja do mundo das artes ou dos meios de comunicação, por exemplo, revelando grandes coisas que surgem de simples elementos usados no cotidiano. Neste sentido, trataremos das obras de artistas com propostas e visibilidades completamente diferentes, porém tratam de coisas pequenas que podem ser grandes, conforme são olhadas, manipuladas e elaboradas. Estes artistas são: Vik Muniz, Helio Leites e Christo & Jeane-Claude O primeiro artista a ser abordado é o Vik Muniz (1961-), um dos mais conhecidos e renomados mundialmente na atualidade. Brasileiro, nascido em São Paulo, vive e trabalha em Nova Yorque. Faz uso de diversas técnicas e emprega com freqüência em suas obras, materiais inusitados como açúcar, chocolate líquido, doce de leite, catchup, gel para cabelo, lixo, confetes, poeira, etc. Fotográfa seus desenhos de materiais efêmeros como forma de registro de sua obra. Todavia, estas fotografias acabam sendo a própria obra, pois quando convidado a expor os seus desenhos, o artista dá a estas fotografias um tratamento que simula um caráter de realidade às imagens originárias de sua memória. São as fotografias que são

expostas e vendidas, e não os desenhos. Com esta proposta, Vik fez trabalhos inusitados, como uma Monalisa usando manteiga de amendoim e geléia como matéria prima, o retrato de Freud com calda de chocolate, entre tantos outros. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Nessas séries, as fotografias, em edições limitadas, são o produto final do trabalho. Sua obra também se estende para outras experiências artísticas como a earthwork e as questões envolvidas no registro dessas criações. (ITAÚ CULTURAL) classificatórias de meios expressivos. Em 2010, foi lançado um documentário intitulado Lixo Extraordinário, sobre o trabalho de Vik Muniz com catadores de lixo da vila Gamacho, em Duque de Caxias, cidade da área metropolitana do Rio de Janeiro. O segundo artista é o Hélio Leites, também brasileiro, de Curitiba. Embora ele trabalhe com artesanato, seu trabalho está muito mais ligado com a contação de histórias, do que propriamente com as artes visuais. Mas conforme já foi salientado anteriormente, a arte contemporânea não está preocupada com estas diferenciações Hélio Leites, denominado button-maker-performer-graphic-designermultimedia man (Homem botão artesão performer - desenhista gráfico designer - multimídia), dedica-se a tantas atividades que com diferentes nomenclaturas que lhe são designadas, mas que mantém como a apropriação e transformação de objetos do cotidiano e o uso do próprio corpo como suporte expressivo.

O artista transforma utensílios e os chama de inutensílios, cria um mundo imaginário em miniatura com materiais do cotidiano, como botões, caixas e palitos de fósforo, conta-gotas, latas de sardinha, sapato velho, etc. A partir destes objetos criados por ele, conta suas próprias histórias. O casal Christo e Jeanne-Claude são parceiros na arte desde quando se conheceram em Paris, em 1958. Logo se apaixonaram e começaram a trabalhar juntos e mudaram seu nome artístico para Christo e Jeanne-Claude. Christo é búlgaro e Jeane-Claude é francesa. Christo é seu primeiro nome deke, e é o único que ele usa. Jeanne-Claude é o primeiro nome dela. No entanto, seu filho Cyril usa o primeiro nome de Christo como seu nome legal último: Cyril Christo, nascido 11 de maio, 1960. O empacotamento de objetos, edifícios, espaços e monumentos tornou-se a marca do casal de artistas, ganhando grande projeção no mundo da arte com as suas intervenções em grandes escalas na paisagem e espaço urbano. Os seus trabalhos vão além do objeto artístico, envolvendo todo o espaço e paisagem ao redor. Embalar algo significa estruturá-lo, no caso destas obras, estruturar ao olho humano, focalizando a sua forma e ambientando ao local inserido. A ideia é perceber melhor as coisas, como funciona a composição das formas, como é estruturado um tal formato. Seus trabalhos não tem como durar para sempre, porque não deixa de ser uma interferência ao local situado. Seu registro é feito em fotografias e a obra em si pode durar no máximo algumas semanas, pois o principal objetivo é fazer com que as pessoas percebam algo que não percebiam naquele espaço antes da intervenção dos artistas. O processo artístico de Christo e Jeanne-Claude é muitas vezes taxado de misterioso, todavia fazem constantemente palestras e respondem a perguntas, em museus, faculdades, universidades e escolas de todo o mundo. É provável que nenhum outro artista leciona tanto como eles fazem. A arte contemporânea é de extrema importância em sala de aula como conteúdo do ensino da arte, ou seja, pode e deve ser ensinada. Para tanto é preciso compreendê-la e livrar-se de preconceitos em torno parâmetros tradicionalistas da arte. David Thistlewood defende que:

A combinação de conceitos dês-construídos provenientes de várias fontes, e suas re-construções como construções originais, são atividades que oferecem direto acesso às imediatas preocupações das vanguardas. Deste exercício nós podemos extrair princípios de profunda significação socioeconômica e cultural, como também fazer uso disto para efetuar uma re-construção das nossas próprias suposições culturais. (2005, p.125) Sendo assim, o trabalho didático com a arte contemporânea deve disponibilizar o debate sobre temas variados da atualidade ou te outras áreas que não sejam artísticas. Deve abrir-se para as formas expressivas mais variadas, tomando como meio o mundo, suas coisas e fenômenos. REFERÊNCIAS ITAÚ CULTURAL. Enciclopédia de artes visuais. Disponível em: www.itaucultural.org.br THISTLEWOOD, David. Arte Contemporânea na educação: construção, desconstrução, re-construção, reações dos estudantes brasileiros e britânicos ao contemporâneo. In: BARBOSA, A. M. (org) Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. http://www.christojeanneclaude.net/