RESOLUÇÃO CIRÚRGICA E RETROOBTURAÇÃO COM MTA DE UM GRANULOMA PERIAPICAL SOUZA, Aline Cecília Paiva de; Unitri, (alinececiliaodonto30@hotmail.com) FARIA, Rodrigo Antônio de; Unitri (drigofaria@hotmail.com) GOMES, Júlio Bisinotto Gomes; Unitri (julio@dentalhall.com.br) Resumo: A cirurgia paraendodôntica é uma resolução cirúrgica, que é realizada quando o tratamento endodôntico não conseguiu resolver o problema dentário e a lesão periapical não regridiu. É realizada no ápice dental e somente indicada após outras tentativas conservadoras de tratamento terem sido executadas. É muito importante além de remover a lesão apical, fazem também a apicectomia, visando uma maior eliminação de microrganismos ali presentes. Este trabalho objetiva apresentar uma revisão de literatura de cirurgia paraendodôntica e apresentar um relato de caso clínico. Paciente E.A.N. O, leucoderma, gênero feminino, 44 anos de idade, procurou atendimento no Centro Universitário do Triângulo em dezembro de 2011, com a queixa principal: tem uma bolha na minha gengiva que há três anos, vai e volta, e sai pus (SIC). No exame clínico intra oral foi observado a presença de uma fístula na região de fundo de saco de vestíbulo, próxima ao elemento dentário 16 (primeiro molar superior direito). O dente 16 apresentava restauração indireta satisfatória que havia sido realizada há 10 anos. Na interpretação radiográfica foi confirmado que a fístula era correspondente ao elemento dentário 16 e que na região periapical havia a presença de uma área radiolúcida, difusa e circunscrita ao ápice da raiz mésio vestibular compatível a uma lesão periapical. Apesar do retratamento endodôntico ser uma opção viável, a paciente optou pela cirurgia paraendodôntica para remoção da lesão periapical, apicectomia e retrobturação com MTA. O pó do MTA endurece na presença de umidade, pois é constituído de partículas hidrofílicas e é radiopaco devido a substância óxido de bismuto que foi acrescentado com essa finalidade. O ph inicial de 10,2, sendo que, três horas a mistura, o ph aumenta para 12,5 e após permanece constante com alto potencial indutor de formação de tecido meralizado. O paciente encontra-se em proservação há aproximadamente 8 meses, com características clínicas e radiográficas satisfatórias, evidenciando a reparação dos tecidos periapicais. De acordo com a literatura e com a proservação do caso descrito no presente trabalho, pode-se concluir que a cirurgia paraendodôntica é uma opção conservadora muito eficaz principalmente quando se utiliza coadjuvante o MTA como material de escolha na retroobturação endodôntica. Palavras-chave: cirurgia paraendodôntica, retroobturação, MTA
INTRODUÇÃO Paciente E.A.N. O, leucoderma, gênero feminino, 44 anos de idade, procurou atendimento no Centro Universitário do Triângulo em dezembro de 2011, com a queixa principal: tem uma bolha na minha gengiva que há três anos, vai e volta, e sai pus (SIC). No exame clínico intra oral foi observado a presença de uma fístula na região de fundo de saco de vestíbulo, próxima aoelemento dentário 16(primeiro molar superior direito). Foi necessário realizar um rastreamento radiográfico com o cone guta-percha, o qual foi desinfetado com solução aquosa de clorexidina 2 % por 5 minutos. Na interpretação radiográfica foi confirmado que a fístula era correspondente ao elemento dentário 16 e que na região periapical havia a presença de uma área radiolúcida, difusa e circunscrita ao ápice da raiz mésio vestibular compatível a uma lesão periapical. O dente 16 apresentava restauração indireta satisfatória que havia sido realizada há 10 anos. Apesar do retratamentoendodôntico ser uma opção viável, a paciente optou pela cirurgia paraendodônticapara remoção da lesãoperiapical, apicectomia e retrobturação (Figura 1). Figura 1 Aspecto clínico da fístula na mucosa vestibular do 16. Para sua realização foi solicitado uma Tomografia como exame complementar para o auxílio do planejamento cirúrgico (Figura 2). Figura 2: Imagem tomográfica evidenciando lesão periapical à raiz MV. Antes do procedimento cirúrgico foi realizada a antissepsia da cavidade bucal com clorexidina a 0,12% por um minuto. Com o campo estéril foram realizadas as anestesias terminais infiltrativas para bloqueio dos nervos
alveolar superior médio, nervos alveolar superior posterior e nervo palatino maior do lado direito, com solução anestésicalidocaína a 2% com adrenalina 1: 100.000. Após a área da cirurgia ser anestesiada, foi feito uma incisão de Neumann, descolamento total do retalho, ostectomia para acesso ao ápice da raiz mésio-vestibular do 16 com broca esférica número 2 em baixa rotação com irrigação abundante (Figura 3). Figura 4 Apicectomia em 45 Figura 5 - Retrobturação com material MTA Figura 3 Descolamento total do retalho e ostectomia Após a loja cirúrgica foi preenchida com coágulo e para finalizar foi feito a sutura do acesso com fio reabsorvível (Catgut 4.0) (Figura 6). Seguido de curetagem apical para remoção da lesão com a colher de dentina e cureta de Lucas, apicectomiaem 45 (Figura 4), para melhor visualização da raiz a ser retrobturada com material MTA (Figura 5). Figura 6- Sutura com fio reabsorvível
Logo a seguir, foi realizada uma radiografia periapical para documentação do caso. (Figura 7). Figura 7: Imagem radiográfica logo após a cirurgia parendodôntica. O material resultante da biópsia excisional foi encaminhado para o Laboratório de Patologia Bucal da Universidade Federal de Uberlândiapara análise histopatológica cujo diagnóstico foi de granuloma dentário (Figura 8). mg de Dipirona Sódica de 6 em 6 horas durante dois dias ou enquanto a dor persistisse, 100 mg de Nimesulida de 12 em 12 horas durante 7 dias, 500 mg de Amoxicilina de 8 em 8 horas durante 7 dias. A consulta para controle clínico foi realizada após dois meses demonstrando a cicatrização do tecido gengival e integridade da mucosa vestibular. No exame radiográficoobservou-se início de reparo ósseo na região periapical da raiz mésio-vestibular do elemento 16 (Figura 9). Figura 9 Imagem radiográfica periapical realizada 2 meses após a cirurgia parendodôntica. DISCUSSÃO Figura 8 Material para exame histológico Após a realização da cirurgia foi prescrito a medicação sistêmica: 500 Segundo Neville et al.,(2009) as lesões inflamatórias periapicais resultam da presença de microrganismos ou de seus produtos tóxicos no canal radicular, nos tecidos apicais ou em ambos. O sucesso do tratamento depende da redução e do controle destes organismos. Quando a lesão
periapical for diagnosticada, deve-se fazer a remoção da causa a qual está levando a inflamação com reabsorção óssea periapical. Se o retratamento não for aconselhável e os sinais e sintomas permanecerem, deve-se optar pela cirurgia paraendodôntica, pois esta é um importante procedimento conservador para a resolução da doença do periápice. Segundo Zuolo Ferreira e Gutmann (2000), existem várias modalidades de cirurgias paraendodônticas, todas com o mesmo objetivo, que consistem em eliminação do agente etiológico da doença periapical. As técnicas conhecidas são denominadas de Cirurgia de urgência. Cirurgia exploratória e/ ou reparadora, cirurgia corretiva e Cirurgia apical. A Cirurgia apical é indicada quando há insucesso endodôntico em dentes que estão com lesão no ápice, quando o acesso ao ápice via canal for inviável, podendo este ser por diversos fatores, como calcificações pulpares, instrumentos fraturados no interior do canal radicular, ou pela existência de pinos intra-radiculares ou próteses fixas adaptadas. A cirurgia apical consiste em curetagem apical, apicectomia e obturação retrógrada. A curetagem periapical é um procedimento muito importante, pois consiste na remoção do tecido patológico que estão infectados, contaminados e necróticos é ideal realizá-lo quando ocorre extravasamento de material obturador endodôntico, deve ser realizado com muita precisão. Preferencialmente deve fazer uma análise histopatológica da lesão removida pela curetagem, para obter um diagnóstico da doença. Já a apicectomia tem por finalidade remover o ápice radicular. Segundo (PURICELLI, 1992), é necessário a remoção de 3 mm do ápice, pois nessa medida poderão estar presentes deltas apicais e canais secundários ou iatrogênias endodônticas, impedindo que o agente causador seja eliminado. A apicectomia é tradicionalmente realizada com bisel de 30º ou 45º, pois a maior vantagem dessa técnica é que proporciona uma maior facilidade de visualização do extremo apical e o acesso direto ao forame. Após a realização da apcectomia é necessário fazer a retrobturação retrógrada, e os materiais mais utilizados são: amálgama de prata, gurta-percha, cimento de óxido de zinco e eugenol, cimentos de ionômero de vidro, cimentos endodônticos e Agregado Trióxido Mineral (MTA). Esses materiais devem ser biocompatíveis, insolúveis, radiopaco, capacidade antimicrobiana e facilidade de inserção. É muito importante ressaltar que o material obturador de escolha, objetiva a vedação total do ápice. Dentre os materiais obturadores que está sendo mais utilizado para retrobturação apical é o MTA, que apresenta uma história clínica de sucesso. Estudos recentemente comprovaram que o MTA tem merecido maior destaque, o qual foi desenvolvido na Universidade de Loma Linda
Califórnia, Estados Unidos. Em 1993, Lee et al. Publicaram o primeiro trabalho científico sobre o MTA. Segundo Lee et al, o pó do MTA endurece na presença de umidade, pois é constituído de partículas hidrofílicas e é radiopaco devido a substância óxido de bismuto que foi acrescentado com essa finalidade. O ph inicial de 10,2, sendo que, três horas a mistura, o ph aumenta para 12,5 e após permanece constante. Segundo Torabinejadet et al., o MTA possui diversas vantagens quando comparado com outros materiais citados acima. De acordo com Hollandet al., o MTA induz a formação dento-alveolar de modo eficiente. CONCLUSÃO: De acordo com a literatura e com a proservação do caso descrito no presente trabalho, pode-se concluir que a cirurgia paraendodôntica é uma opção conservadora muito eficaz principalmente quando se utiliza coadjuvante o MTA como material de escolha na retroobturação endodôntica.
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