ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

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Transcrição:

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS MÓDULO 3 - ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL Indicadas como apoio à análise das demonstrações financeiras, estes cálculos permitem comparações, tendências e ilações de bom senso para melhor interpretar outros indicadores. 3.1 Análise horizontal A análise horizontal é o método que possibilita estabelecer as proporções entre cada elemento em análise, de um exercício social, e o mesmo elemento ou informação em outros exercícios, através da evolução percentual que permite a comparação por tendências positivas ou negativas. O exemplo poderá ser observado nas demonstrações financeiras da Indústria de Correias, que está na página seguinte, e será objeto de consulta para as próximas análises e considerações: No exemplo utilizado, a base ou exercício social tomado como início da análise é o ano de 2003, sendo os demais necessários para estabelecer-se a seqüência horizontal de evolução. O analista poderá estabelecer as relações entre um ano e o outro imediatamente anterior, fazendo-o separadamente da forma seguinte:

Estoques em 2004, fazendo-o separadamente da forma seguinte: Tal processo, entretanto, aumentará significativamente o trabalho de cálculos, não proporcionando uma posição estática, rápida e visual que o método sugere. Passaremos a comentar as situações mais significativas deste exemplo, utilizando as mesmas informações, e considerando-se, neste período, a inflação acumulada medida pelo INPC-IBGE, neutralizando-se o efeito da perda do poder aquisitivo da moeda:

Interpretação: a participação dos estoques cresceu ao longo dos três exercícios sociais muito além da inflação do período. Espera-se que os recursos disponíveis para a empresa também tenham seguido o mesmo ritmo de crescimento Duplicatas a receber Interpretação: o crescimento nesta conta praticamente acompanhou a conta estoques, e é facilmente entendido, pois, se os estoques crescem, é porque a demanda por faturamento realmente ocorreu Interpretação: trata-se de um crescimento muito acima da inflação, certamente motivado pela necessidade de melhoria e modernização no parque fabril. Interpretação: crescimento mais modesto, exceção em 2004, que extrapolou o índice de inflação acumulado, o mesmo que ocorreu na conta estoques, da qual é originária.

Interpretação: crescimento também muito acima da inflação, e que acompanhou as principais contas até então analisadas. Interpretação: a princípio, deveria ser a condutora das demais contas. Entende-se que, se o faturamento crescer, todas as outras contas deveriam acompanhá-lo. Não é bem assim que se espera. Algumas contas podem acompanhar o crescimento do faturamento; outras seria interessante que se retraíssem para um melhor resultado financeiro. Interpretação: demonstra uma total falta de sintonia com o faturamento, em especial o ano de 2004, que apresentou uma redução. Observamos também que 2005 ficou bem abaixo do crescimento do faturamento, o que é algo muito positivo. Interpretação: o que se espera deste grupo de contas é que seu crescimento seja menor que o do faturamento, o que aconteceu de modo favorável. Interpretação: seu resultado é uma conseqüência da expectativa que se criou ao verificarmos as contas anteriores. Cresce o faturamento, reduzem-se os custos e as despesas, e como conseqüência o lucro líquido foi melhor em 2005. Como vantagens, podemos avaliar as contribuições da análise horizontal pelo seguinte: demonstra evoluções e possibilita admitirem-se tendências; é contrastante e também comprovadora das informações obtidas pela análise vertical, ao mesmo tempo; é complementar à análise vertical.

Como desvantagens, podemos relacionar os seguintes pontos da análise horizontal: se as informações não estiverem corrigidas pela inflação do período, ou apresentadas em moeda constante, são extremamente difíceis as comparações e estas se tornam praticamente inválidas em alguns casos; suas informações, muitas vezes, não são claras, permitindo muitas suposições. 3.2 Análise vertical A análise vertical é o método que possibilita estabelecer as proporções entre cada elemento em análise e seu todo, tratando-se, pois, de uma medida percentual que permite a comparação entre demonstrações financeiras da mesma empresa ou de empresas concorrentes, reduzindo-se os valores em moeda de magnitudes diversas a uma medida única: a participação percentual. A título de exemplo, como poderá ser observado nas demonstrações financeiras da empresa Correias S.A., apresentamos um de seus cálculos: No exemplo utilizado, o todo é o total do ativo e o total do passivo no Balanço Patrimonial e, quando utilizarmos as informações da Demonstração do Resultado, o todo será o valor da Receita Bruta de Vendas, ou também a Receita Líquida de Vendas, conforme interpretações nos países de primeiro mundo. Há casos de analistas que preferem praticar a análise vertical, partindo também dos grupos, em especial quando as informações são do Balanço Patrimonial. Nestes casos, são usados os grupos: ativo circulante, ativo realizável a longo prazo, ativo permanente, e os demais do passivo, ao contrário da forma mais tradicional que compara os itens com o total de todos os itens (ativo ou passivo). A interpretação que fazemos do resultado anterior é a de que a conta Estoques, em 2005, representava 18,69% do total do ativo total, ou da soma de recursos disponíveis na empresa. Passaremos a comentar as situações mais significativas do exemplo, na tentativa de justificar as diferenças entre o método de análise horizontal e da análise vertical, e a contribuição de ambos para a análise das demonstrações financeiras: Interpretação: observa-se uma certa normalidade na participação da conta estoques em relação ao ativo (soma dos recursos) o que, de certa forma, nos leva a entender que ocorre uma política determinada neste aspecto.

Interpretação: a exemplo do que ocorreu com os estoques, também notamos uma normalidade na aplicação destes recursos. Interpretação: ocorreu um decréscimo em 2004 e um acréscimo significativo em 2005, certamente motivado pela aquisição de máquinas e equipamentos destinados à modernização, tão importante no mundo de hoje. Interpretação: nesta conta há uma certa irregularidade em sua participação em relação aos recursos movimentados, certamente por mudança nos prazos médios de aquisição das matérias primas, o que poderá ser confirmado quando analisarmos o ciclo financeiro. Interpretação: este grupo de contas é reflexo dos lucros ou prejuízos, como também das movimentações de capital, por adição ou distribuição de lucros ou dividendos. Podemos observar uma certa regularidade e uma melhoria em 2005 pelo excelente resultado obtido pela empresa. Interpretação: de uma participação em 2003 sobre o faturamento, ocorreu uma notável queda nos anos seguintes, o que privilegiou o lucro líquido ao final dos respectivos exercícios.

Interpretação: houve um acréscimo desfavorável em 2004, mas uma excelente recuperação em 2005, motivada por uma análise mais detalhada, pela ocorrência de um excelente volume de receitas financeiras, o que colaborou para a diminuição desta participação. Interpretação: como conseqüência, o lucro líquido teve um excelente desempenho, com crescimento em relação à receita bruta de vendas, de forma excepcional.