CORRECÇÃO DE EXAME DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL ESTÁGIO 2012/2013 JULHO 2012 Fundamente sempre na lei as suas respostas. I MANUEL ALMEIDA, solteiro, maior, residente em Vila Nova de Gaia, pretende contrair um empréstimo bancário para aquisição de uma habitação própria, onde passará a residir com carácter de permanência. Após uma aturada busca de mercado, encontrou um apartamento do seu agrado, no Porto, pelo preço de 150.000. Também já escolheu o banco onde se vai financiar e a favor do qual constituirá hipoteca sobre o referido apartamento. a) - Diga em que consiste a garantia hipotecária, distinguindo-a do penhor. (2 VALORES) Garantias das Obrigações (arts.-601 e ss do CC) Diferença entre garantias reais e garantias pessoais. Hipoteca arts.-686 e ss do CC Penhor art.-666 e ss do CC b) Dois dias antes da data agendada para a outorga dos contratos de compra e venda e de mútuo com constituição de hipoteca, o MANUEL foi convocado para uma reunião inadiável da sua empresa, que se realizará fora do país, exactamente no mesmo dia e hora previstos para a celebração dos aludidos contratos. O MANUEL não pode faltar à referida reunião, mas também não pretende adiar a compra do apartamento. Que pode ele fazer para ultrapassar este problema? (1 Pode, através de procuração - a formalizar por instrumento publico notarial ou documento particular autenticado - conceder poderes a um terceiro para que este, em seu nome e representação, outorgue os referidos contratos. Arts.-258 e ss do CC;
Art.-1157 e ss do CC; c)- Imagine que MANUEL ALMEIDA vive com a sua mãe. Por tal motivo, o que ele pretende é adquirir o apartamento, ficando constituído a favor de sua mãe o direito de usufruto sobre o mesmo. Partindo do principio que o financiamento bancário seria igualmente possível, diga se, no que diz respeito à constituição da hipoteca, e na perspectiva do banco, haveria alguma cautela adicional a ter? E se em vez do direito de usufruto, estivéssemos perante o direito de habitação? (2 VALORES) A hipoteca pode ser constituída não só sobre o direito de propriedade, mas também sobre outros direitos reais, ditos menores v. art.-688 do CC, Neste caso, para que o credor hipotecário ficasse cabalmente assegurado, a hipoteca deveria incidir sobre, por um lado, a raiz ou nua propriedade da fracção a constituir pelo MANUEL ALMEIDA - bem como sobre o direito de usufruto de que a usa mãe fosse titular, o que exigiria a intervenção desta, nessa qualidade, no respectivo contrato de constituição de hipoteca - v art.- 1444, nº.-1 parte final do CC. Já no que diz respeito a um hipotético direito de habitação, a oneração não seria possível v art.-1488 do CC. Donde, nesta última hipótese, a ser constituída apenas hipoteca sobre a raiz ou nua propriedade do imóvel, o credor hipotecário ficaria com uma posição mais fragilizada. d)- Apesar de faltar apenas pagar cerca de 28.000 do empréstimo contraído, o MANUEL ALMEIDA entrou em incumprimento para com o banco, estando já esgotadas todas as hipóteses de negociação e acordo, por desinteresse do MANUEL. Não restando ao banco outra alternativa senão o recurso à via judicial para cobrança deste seu crédito, será que poderá ser desde já instaurada uma acção executiva? Porquê? (1 Sim. Preenchimento dos pressupostos processuais específicos da acção executiva: (a) titulo executivo (art.-45, nº.-1; art.-46, nº.-a, al. b) do CPC); (B) certeza, exigibilidade e liquidez da obrigação exequenda (arts.-.-802 a 805 do CPC); e)- Contra quem deverá ser instaurada essa acção, para a hipótese de o MANUEL ter adquirido sozinho o apartamento, ficando titular, em pleno, do
respectivo direito de propriedade? E se tiver sido constituído direito de usufruto a favor de sua mãe? (1 Trata-se de uma questão de legitimidade processual. No primeiro caso, a acção seria instaurada apenas contra o MANUEL (art.-55 nº.-1 do CPC). No segundo caso, seria instaurada também contra a sua mãe (art.-56, nº.-2 do CPC). f)- Será que o banco poderia estar patrocinado nessa acção por solicitador? E o MANUEL? (2 VALORES) O banco, pelo menos à partida e para efeitos de instauração da execução, sim, atento o valor da execução (inferior a 30.000 ) art.-60, nº.-1, 1ª parte e nº.- 3 do CPC. Já o MANUEL teria de estar obrigatoriamente representado por advogado, pelo menos se pretendesse deduzir oposição à execução art.-60, nº.-1, 2ª parte do CPC. Nada impedira, porém, que o MANUEL estivesse simultaneamente representado por Solicitador, podendo este, inclusive, elaborar e apresentar no processo requerimentos, desde que nos mesmos não se levantassem quaisquer questões de direito (art.-32, nº.-2 do CPC). g)- Qual a comarca territorialmente competente para instaurar esta acção? (1 art.-94, nº.-1 e 2 do CPC explicitação, h)- Suponha que o MANUEL, à revelia do banco, tinha constituído uma 2ª hipoteca sobre o apartamento a favor do seu amigo BENJAMIM, para garantia de um empréstimo de 25.000 que este lhe concedera. Entretanto, o MANUEL casara com a BEATRIZ no regime da comunhão de adquiridos. Diga quem e/ou que entidades terão de ser citadas para esta acção, quando, por quem e para que efeitos. (3 VALORES)
- Executado MANUEL previamente à penhora para, querendo, deduzir oposição á execução art.-812-c, art.-812-f nº.-1, art.-864 nº.-1 e 2; art.-813 nº.-1; - Mulher BEATRIZ art.-864, nº.-1, 2, 3 al. a), art.-864-a e art.-825 do CPC; art.- 1682-A do CC (para as finalidades referidas no art.-864-a do CPC ou, sendo o caso, para dizer se aceita a comunicabilidade da divida); - Credor Hipotecário BENJAMIM art.-864, nº.-1, 2 e nº.-3 al. b); art.-865 e ss do CPC (para reclamar créditos); - Credores referidos no nº.-4 do art.-864 do CPC; art.-865 e ss do CPC (para reclamarem créditos); Todas as citações deverim ser efectuadas pelo Agente de Execução respectivo art.-808 do CPC; II Imagine que, enquanto solicitador, tinha sido contactado por FERNANDO BARREIRAS para reclamar junto do seu vizinho GUILHERME MARTINS o pagamento do valor de 2.500, correspondente aos danos causados por este último nas janelas da moradia de férias do FERNANDO, situada em Faro, quando estava a fazer a poda das árvores do seu jardim. Não tendo sido possível chegar a acordo com o GUILHERME, terá de instaurar contra este a competente acção judicial. O FERNANDO reside no Porto. a)- De que tipo de acção se trata e qual a respectiva forma de processo? (1 Acção Declarativa de Condenação com forma de Processo Comum Sumaríssimo art.-4, nº.-1 e 2 al. b) e arts.-460, 461 e 462 do CPC; b)- Qual o Tribunal territorialmente competente para instaurar esta acção? (1 art.-74, nº.-2 do CPC local onde ocorreram os factos danosos (Faro); c)- Se o GUILHERME for citado por carta registada com aviso de recepção recebida pela sua empregada no dia 13. de Julho de 2012, até quando poderá
apresentar a sua contestação? prazo. (2 VALORES) Explicite e fundamente a contagem deste A citação considera-se efectuada a 13-07 (art.-233, nº.-1, 2 al. b), e 4, art.-236 nº.-2, art.-238, nº.-1 e art.-241 do CPC). Esse dia não entra na contagem do prazo, que apenas começará a contar no dia seguinte, 14/07 (apesar de ser sábado) art.-144 do CPC e art.-279 al. b) do CC; Prazo dilatório 5 dias (art.-145 nº.-1 e 2 ; art.-252-a nº.-1, al. a) do CPC); Prazo peremptório 15 dias (art.--794 do CPC); Os dois prazos contam-se como um só art.-148 do CPC; A contagem interrompe em férias (16-07 a 31-08) art.-144 nº.-1 do CPC; art.- 12 da LOFTJ e art.-12 da NLOFTJ; Logo, o prazo para contestar terminará em 18-09-2012. d)- Suponha que, entretanto, perdeu todo o contacto com o FERNANDO, tendo este deixado de corresponder às suas chamadas, não lhe fornecendo os elementos necessários para o poder continuar a patrocinar. Que poderá fazer? Elabore o respectivo requerimento. (3 VALORES) Renúncia ao r mandato judicial que o FERNANDO lhe conferira(art.-39 do CPC); (Elaborar requerimento)