RELATÓRIO DA DIREÇÃO Cumprindo com o determinado no art.º 40.º, alínea b) e para os fins estabelecidos no art.º 36.º, alínea b) dos Estatutos, vem a Direção apresentar aos Senhores Associados o Relatório e Contas da Gerência, referente ao ano de 2015. 1. INTRODUÇÃO Como é do conhecimento dos senhores associados a gestão da Casa de Repouso dos Motoristas de Portugal e Profissões Afins teve dois períodos de gestão, marcantes e completamente diferentes um do outro. O primeiro período teve início no mês de Janeiro e terminou no dia 15 de Julho com a tomada de posse da atual direção. Consideramos que foi um período negro, pautado pela inércia e gestão inoperante que teve por consequência o avolumar dos já graves problemas financeiros e outros, com o consequente adiamento de pagamento a fornecedores, à Segurança Social, aos trabalhadores e a outras entidades privadas que recorreram à via judicial para valer os seus direitos. Verificouse inércia na renegociação com a banca, em relação ao terceiro empréstimo, agravando-se o risco de no curto prazo, não ser possível o cumprimento das obrigações financeiros da Instituição, pondo em causa até a sua própria sobrevivência. Verificou-se inercia na introdução de procedimentos importantes e imprescindíveis na gestão dos Utentes, na gestão dos funcionários e colaboradores bem como no 1
funcionamento regular da Casa, na manutenção dos equipamentos, etc. Tal situação obrigou a que se procedesse à destituição dos membros da direção que restaram e à eleição de uma nova direção para completar o mandato da direção anterior. Entrou-se, assim, no segundo período de gestão da Casa de Repouso, com a atual Direção. A atual Direção estando consciente dos problemas que afetavam a Casa, querendo saber o que tinha herdado da gestão anterior, fez um levantamento exaustivo da situação financeira da instituição, tendo chegado à conclusão de que, à data de 15 de Julho de 2015, a divida e compromissos à banca, fornecedores, funcionários, Segurança Social e outros, rondava o milhão e quarenta e cinco mil euros. Tendo posto mãos à obra no sentido de inverter a situação negativa onde a Casa de Repouso estava mergulhada, e na sequência das cinco ações inspetivas de fiscalização e de vistoria, realizadas de Agosto a Dezembro à Casa de Repouso, nas quais foi solicitada vária documentação: identificação dos corpos gerentes, licença de utilização das instalações, mapa do quadro de pessoal, atas da Direção e da Assembleia Geral, recibos de vencimento dos trabalhadores, mapas diversos, listagem de utentes da ERPI, do SAD e do CD, de entre outros, a Direção da Casa de Repouso implementou uma série de medidas, destacando-se algumas: Procedeu ao ajustamento e alteração do Regulamento Interno da resposta social (ERPI); Procedeu à alteração dos horários das refeições; 2
Introduziu a obrigatoriedade da diferenciação dos baldes e de esfregonas para utilização nas áreas distintas de higienização; Solicitou orçamentos para aquisição de 10 aparelhos de electrocussão de insectos; Dotou o lava mãos do gabinete médico e de enfermagem de torneira de comando não manual; Procedeu à reformulação do plano de higienização de todo o edifício; Introduziu medidas no transporte das roupas sujas dos quartos até à lavandaria; Solicitou orçamentos para a introdução de sistema de higiene e limpeza das roupas na lavandaria; Implementou regras e novos procedimentos de transporte de resíduos orgânicos para o contentor do lixo camarário; Solicitou orçamentos para aquisição de redes mosquiteiras para colocação em diversas janelas do edifício; Solicitou orçamentos para substituição de todos os estrados de madeira dos polibans por estrados em material liso, lavável e imputrescível; Substituiu todas as esponjas para higienização individual dos utentes uma esponja para cada um, devidamente identificadas; Implementou medidas para que a medicação não estivesse acessível aos utentes; Solicitou orçamentos para colocação de mais contentores de recolha de resíduos hospitalares; 3
Adquiriu equipamento próprio para resguardar os talheres utilizados na alimentação; Adquiriu cacifos para os vestiários das Ajudantes de Ação Direta; Iniciou obras de requalificação da casa de banho e vestiários das Ajudantes de Ação Direta, para colocação de poliban com duche; Etc. Fora da área das ações de fiscalização e no sentido da resolução de assuntos pendentes, a Direção: Procedeu à alteração dos estatutos e aprovação em Assembleia Geral; Renegociou o terceiro empréstimo com o Banco Millennium, no sentido de baixar a taxa de juro e de manter uma prestação igual até ao final do contrato de empréstimo; Rescindiu e renegociou diversos contratos de prestação de serviços e de avença; Contratou o aluguer de uma máquina fotocopiadora/impressora a cores; Mandou atualizar o programa informático e operativo dos serviços administrativos; Mandou cancelar o sistema de videovigilância com uso e visualização particular; Fez o levantamento dos recursos humanos existentes; Completou o quadro de pessoal, rescindiu e contratou novos funcionários; 4
Atribuiu e disciplinou competências e métodos de funcionamento; Procedeu à alteração de horários de trabalho; Agilizou, acelerando a entrada de utentes em ERPI, Centro de Dia e no Apoio Domiciliário; Alterou normas de funcionamento, introduzindo a obrigatoriedade do lanche e da ceia para os utentes; Diversificou e aumentou a qualidade da alimentação dos utentes e dos funcionários; Mandou proceder a grande limpeza no jardim e espaços exteriores; Disciplinou os espaços e tratamento de animais, nomeadamente, dos gatos que abundavam e circulavam nas instalações do LAR; Mandou efetuar diversas obras de reparação e manutenção no interior do edifício, tornando possível a habitabilidade de um dos quartos que se encontrava fechado há largos meses; Na cozinha, mandou reparar a máquina de lavar loiça, a fritadeira, a trituradora industrial e a pequena; Na lavandaria mandou reparar as duas máquinas industriais de lavar roupa; Adquiriu uma trituradora industrial e uma pequena e mandou para reparação duas trituradoras industriais; Mandou para reparação uma arca congeladora de 600 litros; 5
Os itens acima indicados foram as primeiras medidas que a Direção implementou para colmatar lacunas básicas, fundamentais imprescindíveis e necessárias para manter em funcionamento as respostas sociais prestadas: Estrutura Residencial Para Idosos (ERPI), Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) e Centro de Dia (CD). Não pretendendo alterar a estrutura dos Relatórios de anos anteriores, bem pelo contrário, querendo mesmo reforça-la, salientamos que com as medidas já introduzidas de redução da despesa e do aumento da receita, a nossa instituição carece de recursos financeiros para garantir a sua sustentabilidade. De realçar que as vagas não ocupadas durante grande parte do ano contribuíram para a queda das receitas, tendo esta situação sido invertida já no final do ano, ou seja, a ocupação em 100% foi atingida apenas no mês de Dezembro. Convém referir que a política de redução de custos, terá de se manter, com a renegociação dos contratos com as operadoras de telecomunicações, dos seguros e no aproveitamento da eficiência energética. Pois é nosso entendimento que não há muito por onde se possa renegociar ou cortar! Dever-se-á ter em conta uma maior e melhor rentabilização dos recursos humanos existentes, tornando-os mais eficientes e competentes. Por outro lado é imperioso encontrar outras formas de financiamento, por forma a minorar os custos de exploração, em especial, com o pagamento dos empréstimos bancários que 6
foram contraídos aquando da construção das novas infraestruturas de modificação e ampliação do LAR. No decurso dos poucos meses da sua gestão, e dada a situação politica vivida no país, a Direção da Casa de Repouso não achou oportuno nem conveniente dirigir-se ao Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa, no sentido de saber o ponto da situação em relação à verba respeitante ao pagamento das despesas com a construção e ampliação das novas instalações. A Direção entende que deverá efetuar tais diligências após aprovação do Orçamento de Estado para 2016. Estamos plenamente convictos de que a Casa de Repouso dos Motoristas de Portugal e Profissões Afins, está no rumo certo e que os desafios que se nos deparam serão ultrapassados pela vontade, capacidade e tenacidade de cada um e de todos em conjunto. De seguida poderão os senhores associados verificar as ações desenvolvidas pelos vários setores, bem como apreciar o relatório de contas do ano de 2015. 2. SECTOR ASSISTENCIAL É prática habitual da nossa Instituição nunca deixar de atender e auxiliar quem nos procura, de forma a responder às suas necessidades. Nesse aspeto realçamos um particular que ocorreu na véspera do Natal, em que a Casa não recusou o acolhimento de um individuo nas suas instalações, dando-lhe todo o apoio e conforto, higiene, comida, roupa e cama lavada, abrigando-o, contrariando regulamentos e assumindo os riscos. 7
Tem-se verificado um crescente número de pedidos para Apoio Domiciliário e constatado que muitos não aderem ao serviço ou desistem por dificuldade no seu pagamento. Em relação à resposta social de Centro de Dia, cada vez há mais utentes com maiores limitações motoras o que trás mais desafios para garantir a prestação do serviço de qualidade que estes utentes merecem. 3. RECURSOS HUMANOS Com a introdução das medidas atrás mencionadas, nomeadamente, com a contratação de novos funcionários e com mais qualificação, a Instituição possui um rácio de trabalhadores por sector acima do que é exigido legalmente, reconhecendo a Direção que terá de haver um esforço no reforço da formação dos funcionários no futuro próximo, atendendo a que tem existido uma grande lacuna na área da formação, nos vários setores. Realçamos que dada a situação financeira existente existiram casos pontuais de incumprimento no pagamento atempado dos salários aos funcionários, pelo que expressamos um voto de agradecimento ao Pessoal, pela compreensão manifestada nestas e noutras situações. Acreditamos que estas situações anómalas sejam debeladas no mais curto espaço de tempo possível, desde que haja colaboração e empenho de todos, em especial dos funcionários que são parte fundamental para o sucesso. 8
4. FORMAÇÃO Nesta área não foi possível cumprir a Lei em vigor, em especial neste último ano, dadas as circunstâncias vividas na Instituição. Como acima já se disse a Direção sente que há lacunas nesta área e sabendo que as ações de formação contribuem significativamente para uma melhoria contínua do desempenho profissional do pessoal, com reflexos positivos na Instituição, terá de proceder no futuro próximo a um grande investimento na formação dos funcionários. 5. ANIMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL Os nossos Técnicos de Serviço Social e Animação Cultural, com base num plano anual de atividades traçado, procuraram cumprir e adequar diferentes iniciativas às caraterísticas específicas de cada utente, para que todos tivessem oportunidade de participar nos eventos realizados interna e externamente. Consideramos que os nossos utentes tiveram oportunidade de usufruir de um bom programa variado de atividades de animação e recreativo. Nesse sentido, recomendamos a leitura do relatório anexo, elaborado pelos responsáveis. 9
6. CONCLUSÃO Estamos convictos de que o já descrito seja suficiente para o esclarecimento aos senhores associados do que foi possível ser feito no ano em apreço. Reafirmamos que todos juntos, com o apoio de cada um, levaremos por diante esta grande e nobre missão. Por último queremos agradecer a valiosa colaboração das Entidades, Empresas e/ou Pessoas Singulares que a seguir mencionamos: Ao Senhor Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social; À Senhora Presidente do Instituto de Segurança Social, IP; Ao Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa, a todos os seus técnicos que connosco têm trabalhado; À Câmara Municipal de Loures; À Junta de Freguesia da União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação; Ao Banco Alimentar Contra a Fome de Lisboa; Ao Banco dos Bens Doados; 10
À Entrajuda; À Paróquia de Camarate, nomeadamente ao seu pároco Rev. Pe. António Alexandre, e seu coadjutor, o Rev. Pe. João Boaventura, pela constante participação na componente religiosa e atenção dada aos nossos utentes; À Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Camarate; À Antral, o nosso agradecimento pela quota mensal que atribui à nossa Instituição; À Federação do Táxi; Às Cooperativas de Táxis: Autocoope; Teletáxis e Retális; A todas as demais empresas e pessoas singulares, o nosso vivo reconhecimento, por todas as ajudas que nos prestaram, quer em valores monetários, quer em géneros ou outras atenções; Ao pessoal do Quadro, e Colaboradores, o nosso agradecimento pelo profissionalismo demonstrado no exercício das suas funções e pela dedicação que dispensaram aos utentes e que em muito contribuíram para o prestígio da nossa Instituição; 11
Queremos agradecer aos Senhores Residentes, pela forma positiva com que encararam as mudanças operadas na Instituição nos últimos meses, e que, embora com as dificuldades que lhes são reconhecidas, desempenham tarefas que muito nos ajudam no quotidiano. Bem hajam! Por fim, convidamos a Magna Assembleia, num gesto de reconhecida e pública homenagem, a um minuto de silêncio em memória de todos os nossos associados, residentes e beneméritos falecidos no ano de 2015. A Direção encara o futuro da Instituição de uma forma muito positiva. Continuando a fazer jus à História desta Casa sexagenária, com o esforço de todos, com grande disciplina e rigor, trabalhamos para que possamos atingir os objetivos a que nos propusemos. A terminar, colocamos o presente Relatório, e as Contas de Gerência, à consideração e consequente aprovação desta Magna Assembleia. A DIREÇÃO 12