AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS POR ADOLESCENTES DE FORMIGA MG E SUA RELAÇÃO COM FATORES SOCIOECONÔMICOS

Documentos relacionados
CONSUMO ALIMENTAR DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE PALMAS TO

CONSUMO ALIMENTAR DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO BÁSICA 1

HÁBITOS ALIMENTARES DE ACADÊMICOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

3. Material e Métodos

Os escolares das Escolas Municipais de Ensino Fundamental

Avaliação do Consumo Alimentar de Escolares da Rede Publica de Ensino Fundamental de Piracicaba

PERFIL NUTRICIONAL E CONSUMO DE AÇÚCAR SIMPLES COMO FATOR DE RISCO NO DESENVOLVIMENTO DE OBESIDADE INFANTIL

O comportamento alimentar e as rejeições e aversões alimentares de estudantes adolescentes de escolas públicas e privadas de Teresina-PI.

CONSUMO ALIMENTAR DE ESCOLARES DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ZONA RURAL DA CIDADE DE GUAXUPÉ-MG RESUMO

PERCEPÇÃO ACERCA DO CONSUMO DE PRODUTOS HORTIFRUTÍCOLAS PELOS ACADÊMICOS DA UFFS CAMPUS CERRO LARGO

Co-orientadora Profa. Dra. da Faculdade de Nutrição/UFG,

PERFIL ALIMENTAR DE ADULTOS E IDOSOS QUANTO O CONSUMO HABITUAL DE VERDURAS, LEGUMES E FRUTAS 1

Introdução. Nutricionista FACISA/UNIVIÇOSA. 2

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE CARNES E HORTALIÇAS NO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES

INQUÉRITOS NACIONAIS DE SAÚDE E NUTRIÇÃO. Profa Milena Bueno

Erly Catarina de Moura NUPENS - USP

Consumo de Hortaliças em Belém do Pará

ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COM AS CRIANÇAS D E UM CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CARÁTER FILANTRÓPICO DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO SC

Prevalência de sobrepeso e/ou obesidade infantil na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ

TÍTULO: INGESTÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS RICOS EM SÓDIO E ADIÇÃO DE SAL ÀS PREPARAÇÕES PRONTAS

AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO, QUALIDADE DO CARDÁPIO E PESQUISA DE SATISFAÇÃO DE CLIENTES EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

QUANTO CUSTA PARA AS FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA OBTEREM UMA DIETA SAUDÁVEL NO BRASIL?

UNISC- UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL CURSO DE NUTRIÇÃO. Caroline Taiane Thumé QUALIDADE DA DIETA E FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE OS HÁBITOS ALIMENTARES DOS USUÁRIOS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO (RU) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

PERFIL NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS QUE FREQUENTAM OS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE JANDAIA DO SUL PR

V CONGRESSO SUDESTE DE CIÊNCIAS DO ESPORTE

AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS SUPÉRFLUOS NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

Inquérito Alimentar. Profa. Assoc. Regina Mara Fisberg 2012

CONSUMO DE LEITE POR INDIVÍDUOS ADULTOS E IDOSOS DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

NAE Campus São Paulo

AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES E CUIDADO DA SAÚDE DE ESCOLARES DE UMA REDE PÚBLICA DE ENSINO EM RECIFE- PERNAMBUCO

HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DA REDE LICEU DE ENSINO DA CIDADE DE FORTALEZA, CEARÁ

PERFIL DIETÉTICO DE USUÁRIOS DE RESTAURANTE SAUDÁVEL EM APUCARANA PR

Fome Oculta. Helio Vannucchi Divisão de Nutrologia 2017

ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES 1

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

INVESTIGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM UNIVERSITÁRIOS

TÍTULO: ANÁLISE DO CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE DE GORDURAS E FATORES QUE INFLUENCIAM SUAS ESCOLHAS

CONSUMO ALIMENTAR DAS MULHERES DO CENTRO DE MELHOR IDADE E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (OSTEOPOROSE)

HÁBITO ALIMENTAR E O ESTADO DE SAÚDE DO IDOSO FLÁVIA CARINA SILVA; ANA HELENA GOMES ANDRADE

Grãos integrais no Plano de Ação europeu sobre Alimentação e nutrição

Importância da Atividade Física na Redução de Gastos Publicos com o Tratamento da Diabetes Mellitus em Escolares do Ensino Fundamental

CONSUMO ALIMENTAR E FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM ESTUDANTES DE UMA FACULDADE PARTICULAR DE JOÃO PESSOA-PB

AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE MULHERES QUE REALIZAM MASSAGENS COM FINALIDADE DE EMAGRECIMENTO

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE JOÃO PESSOA - PB

REVISTA BRASILEIRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - ISSN X VOL. 2, Nº 01, 2015

Alimentação saudável para o sobrevivente de câncer. Nutr. Maria Emilia de S. Fabre

Alimentação Responsável A responsabilidade social dos fornecedores de alimentos e refeições

CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS NO LANCHE DE ESCOLARES 1 CONSUMPTION OF PROCESSED AND ULTRAPROCESSED FOODS IN THE SCHOOL BOARD

CONSUMO DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS E COM ALTO TEOR DE LIPIDEOS POR ESTUDANTES DE NIVEL SUPERIOR

ANÁLISE DOS HÁBITOS ALIMENTARES DE UNIVERSITÁRIOS DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ EM APUCARANA-PR

AVALIAÇÃO IMC E DE CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE DE PROTEÍNA, VITAMINA C E MAGNÉSIO POR ESCOLARES

TÍTULO: ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO QUESTIONÁRIO HOLANDES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Unidade: APLICAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO PLANEJAMENTO DE DIETAS. Unidade I:

COMPOSIÇÃO DAS LANCHEIRAS DE ALUNOS DE UMA ESCOLA PARTICULAR DE APUCARANA PR BARBARA CRISTINA HAUPTMANN FRANCO DE SOUZA 1 ; TATIANA MARIN, 2

ABRANGÊNCIA METODOLOGIA

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

ANALISE E IDENTIFICAÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO INFANTIL DA CIDADE DE GUAXUPÉ/MG RESUMO

ESTADO NUTRICIONAL DE COLABORADORES DE REDE HOTELEIRA

1º DIA - 13 DE AGOSTO - TERÇA-FEIRA

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN ATENDIDOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO CLÍNICO E EDUCACIONAL EM HORIZONTE CE

COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ESCOLARES EM RELAÇÃO A FRUTAS E HORTALIÇAS 1

ESTUDO ANTROPOMÉTRICO E NUTRICIONAL DE ACADÊMICOS RECÉM-INGRESSOS NO CURSO DE FARMÁCIA DA FAMETRO

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

ANÁLISE COMPARATIVA DE SOBREPESO E OBESIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA PARTICULAR E UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA.

Incentivo à Alimentação Saudável. Julho de 2016

PERFIL ALIMENTAR E ANTROPOMÉTRICO EM PRÉ - ESCOLARES DA REDE PRIVADA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS DE PERCEPÇÃO FAMILIAR SOBRE A SUFICIÊNCIA E O TIPO DOS ALIMENTOS CONSUMIDOS E RENDA E IDADE

PESQUISA DA INGESTÃO DE FIBRA ALIMENTAR E DE GORDURA PELOS ALUNOS DO ENSINO TÉCNICO EM ALIMENTOS DO IFSULDEMINAS - CÂMPUS MUZAMBINHO

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE IDOSOS ASSISTIDOS POR CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

HÁBITOS ALIMENTARES: INQUÉRITO ALIMENTAR DE ACADÊMICOS DE NUTRIÇÃO DA REGIÃO DO CARIRI

PERSONAL DIET, INTERVENÇÃO NUTRICIONAL EM ÂMBITO DOMICILIAR: RELATO DE CASOS

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL E AUTOESTIMA EM ADOLESCENTES ESCOLARES

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DE ADOLESCENTES

INSATISFAÇÃO CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

EXCESSO DE PESO, OBESIDADE ABDOMINAL E NÍVEIS PRESSÓRICOS EM UNIVERSITÁRIOS

SOBREPESO E OBESIDADE

PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE CAMBIRA- PR

HÁBITOS ALIMENTARES DE HIPERTENSOS QUE FREQUENTAM UMA UBS DA CIDADE DE JANDAIA DO SUL /PR

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

Especial Online RESUMO DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO. Nutrição ISSN

Trabalho desenvolvido na disciplina de estágio em saúde coletiva I do curso de nutrição da Unijuí. 2

Perfil de Hábitos Alimentares e IMC dos Alunos dos Cursos de Educação Física e Tecnologia da Informação

NASCIMENTO, Edson; COSTA, Samanda; ARAÚJO JÚNIOR, Bernardo; SILVA, Marynara; GONÇALVES, Ana; SILVA, Mayke

CATEGORIA/ ÁREA DE PESQUISA: Nível Superior (BIC) / Ciências biológicas e da saúde (b) OBJETIVOS

CONSUMO E PADRÃO ALIMENTAR DE ESCOLARES DE UMA ESCOLA PRIVADA 1

AUTOR(ES): LUIS FERNANDO ROCHA, ACKTISON WENZEL SOTANA, ANDRÉ LUIS GOMES, CAIO CÉSAR OLIVEIRA DE SOUZA, CLEBER CARLOS SILVA

Graduanda do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 2

SEGUNDO RELATÓRIO 2007 AICR/WCRF

Nutrição Aplicada à Educação Física. Cálculo da Dieta e Recomendações dietéticas. Ismael F. Freitas Júnior Malena Ricci

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: NUTRIÇÃO INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E PERFIL ALIMENTAR DE IDOSOS SUBMETIDOS A CIRURGIAS EM UM HOSPITAL PÚBLICO NA CIDADE DE JOAO PESSOA - PB

Avaliação nutricional e percepção corporal em adolescentes de uma escola pública do município de Barbacena, Minas Gerais

Segurança Alimentar e Obesidade

Transcrição:

ISSN 0103-4235 Alim. Nutr., Araraquara v. 21, n. 2, p. 291-296, abr./jun. 2010 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS POR ADOLESCENTES DE FORMIGA MG E SUA RELAÇÃO COM FATORES SOCIOECONÔMICOS Keila Lopes MENDES* Leandro Pena CATÃO** RESUMO: Atualmente a população adolescente tem passado por uma transição nutricional que aumenta consideravelmente a prevalência da obesidade. Dentre as causas, encontra-se uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras. Diante disso, este trabalho teve por objetivo analisar o consumo de frutas, legumes e verduras por adolescentes do município de Formiga MG, à luz da influência dos fatores socioeconômicos. Trata-se de um estudo observacional e transversal, realizado com 139 adolescentes entre 10 e 16 anos, de ambos os gêneros, regularmente matriculados em duas Escolas Municipais. A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário socioeconômico, aplicado aos pais dos adolescentes, e um questionário de frequência de consumo alimentar, aplicado aos adolescentes. O consumo adequado de frutas deveria ser de 2,5 a 5,4 porções e o de legumes e verduras de 3,5 a 5,4 porções ao dia. Ao consumo foram relacionadas as variáveis: sexo, renda per capita e local de moradia. Constatou-se que a maioria dos adolescentes tinha um baixo consumo de frutas (79,1%), legumes e verduras (75,6%) e o consumo adequado de frutas ocorria apenas em 14,2% dos entrevistados e o de legumes e verduras em 13,4%. As variáveis sexo, local de moradia e renda per capita tiveram associação estatisticamente significante a este consumo. Concluiu-se que o consumo de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes de Formiga MG é baixo e com pouca freqüência, sendo que além da questão nutricional, também estão envolvidos os fatores econômicos e sociais. PALAVRAS-CHAVE: Transição nutricional; consumo alimentar; adolescentes; frutas e hortaliças. INTRODUÇÃO Atualmente a população adolescente tem passado por transformações em seus hábitos alimentares que tem diminuído o consumo de cereais e de vegetais (frutas, legumes e verduras) ao passo em que tem aumentado consideravelmente o de alimentos ricos em gorduras e açúcares, com alta densidade energética. Este fenômeno, denominado transição nutricional, tem como consequência a ampliação da prevalência da obesidade, considerada uma verdadeira epidemia. 13 Dentre as causas mais comuns da obesidade nesta faixa etária destaca-se uma alimentação pobre em frutas, legumes e verduras (FLV). Sabe-se que é de extrema importância que o adolescente tenha um consumo adequado de alimentos vegetais, pois frutas, legumes e verduras são ricos em fibra alimentar, micronutrientes e vários fatores nutricionalmente essenciais, como os compostos bioativos. São fontes de diferentes tipos de vitaminas como os carotenóides, ácido fólico (vitamina B9) e o ácido ascórbico (vitamina C). Além disso, são ricos em potássio, contêm quantidades adequadas de magnésio, cálcio, ferro e elementos-traço, que dependem da qualidade do solo no qual são produzidos. 4,8,10,14 Segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Relatório Mundial da Saúde apresentado em 2003, a baixa ingestão de frutas, legumes e verduras está entre os 10 principais fatores de risco que contribuem para mortalidade no mundo, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, e alguns tipos de câncer. 6,8,9 A Organização Mundial da Saúde 22 recomenda o consumo de, pelo menos, 400 g de frutas, legumes e verduras por dia ou cinco porções destes alimentos ao dia ou cerca de 7% a 8% do valor calórico de uma dieta de 2.200kcal/ dia, para redução do risco de desenvolvimento de câncer e prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes tipo II e obesidade. 1,4, 9 O Ministério da Saúde do Brasil recomenda o consumo diário de no mínimo três porções de frutas e três porções de legumes e verduras em seu Guia Alimentar, 4 salientando a importância de diversificar o consumo desses alimentos nas refeições no decorrer da semana. Diante disso, este trabalho teve por objetivo descrever e analisar o consumo de frutas, legumes e verduras por adolescentes do município de Formiga MG à luz da influência dos fatores socioeconômicos sobre este consumo. * Instituto Federal Minas Gerais Ensino Básico, Técnico e Tecnológico 39705-000 São João Evangelista MG Brasil. E-mail: keila.mendes@ifmg.edu.br. ** Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Universidade do Estado de Minas Gerais Campus Universitário Jardim Belvedere 35501-170 Divinópolis MG Brasil. 291

MATERIAL E MÉTODOS Realizou-se um estudo transversal, observacional e de natureza quantitativa com adolescentes escolares na faixa etária entre 10 e 16 anos, de ambos os gêneros, regularmente matriculados nas séries finais (6ª a 9ª) do Ensino Fundamental de duas Escolas Municipais de Formiga MG. O número total de alunos matriculados nestas séries, obtido junto a Secretaria Municipal de Educação, em novembro de 2008, foi de 1150 alunos. A fim de calcular o tamanho da amostra, estipulou-se que o fenômeno verificado seria a ocorrência do consumo adequado de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes, fixando este valor em 15%, de acordo com resultados obtidos em estudos semelhantes. 20 Para este cálculo, utilizou-se a fórmula para populações finitas, 16 apresentada abaixo, onde n= tamanho da amostra, 2 = nível de confiança escolhido (95%), p= percentagem com a qual o fenômeno se verifica (15%), q= percentagem complementar (100-p), N= tamanho da população (1.150) e e 2 = erro máximo permitido (5%): n = 2. p. q. N e 2 (N-1) + 2 p.q Com base nesta fórmula, chegou-se a um tamanho amostral de 133 alunos, com intervalo de confiança de 95% e erro máximo de 5%. As duas escolas foram contatadas para explicação dos objetivos da pesquisa, agendamento das datas e cronograma da coleta de dados. No que se refere à participação dos alunos, foi feito um convite para todos os alunos das duas escolas, matriculados da 6ª a 9ª série do Ensino Fundamental. A coleta de dados ocorreu entre os meses de fevereiro e abril de 2009. O primeiro contato com os alunos foi feito em sala de aula, com a explicação dos objetivos da pesquisa e a entrega de uma carta aos pais, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e de um questionário com questões socioeconômicas, como renda familiar, número de habitantes no domicílio (para o cálculo da renda familiar per capita) e moradia na zona urbana ou rural do município. Estes formulários deveriam ser preenchidos pelos pais e/ou responsáveis e devolvidos à pesquisadora em até uma semana. Num segundo momento, foi verificada a lista dos adolescentes cujos pais assinaram o TCLE e responderam ao questionário socioeconômico e de consumo alimentar. Estes foram entrevistados individualmente em espaço reservado em cada escola, durante o período de aula, por meio de um questionário estruturado, tendo como duração média 15 minutos. Foram coletadas informações sobre o consumo alimentar de frutas, legumes e verduras e os fatores que o influenciam, conforme a metodologia adotada por Toral et al. 16 O consumo de frutas, legumes e verduras foi avaliado, respectivamente, por meio das seguintes perguntas: Com que frequência você consome frutas ou suco de frutas natural? e Com que frequência você consome verduras e legumes? O adolescente foi orientado a optar por uma das cinco alternativas: consumo diário, semanal, mensal, raramente e nunca. Caso o consumo fosse diário, semanal ou mensal, o participante deveria responder sobre o número de vezes por dia, semana ou mês em que consumia o citado alimento e, em seguida, quantas porções do mesmo eram habitualmente consumidas em cada vez. 16 Para facilitar o entendimento dessa questão e a obtenção de uma resposta adequada, o adolescente era informado sobre o conceito de porção, sendo dados alguns exemplos de porção de frutas, legumes e verduras, com base no Guia alimentar para a população brasileira. 4 Em seguida, foi calculado o consumo médio de porções diárias de frutas, bem como o de legumes e verduras. 16 O consumo médio de porções diárias, assim obtido, foi comparado às recomendações de consumo de frutas, legumes e verduras sugeridas pela Pirâmide Alimentar proposta por Philippi et al. 15 Sugere-se como adequado o consumo de 4 a 5 porções diárias de legumes e verduras e de 3 a 5 porções diárias de frutas. Por questões metodológicas, foi considerada uma casa decimal para o número de porções consumidas: estabeleceu-se que a classificação Consumo Adequado em relação a frutas seria de 2,5 a 5,4 porções e para os legumes e verduras, de 3,5 a 5,4 porções. 16 O consumo inferior ao adequado foi classificado como Baixo Consumo e o superior às porções descritas anteriormente como Consumo Elevado. Após essa classificação, o consumo de frutas, legumes e verduras foi relacionado às variáveis sexo, renda per capita (calculada dividindo a renda familiar pelo número de membros da família) e local de moradia (zona urbana ou rural). Para a análise estatística foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado com um nível de significância de 5%, com o auxílio do programa de computador BioEstat versão 5.0, a fim de avaliar se existia relação entre as variáveis socioeconômicas e o consumo de frutas e hortaliças. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Educacional de Divinópolis (FUNEDI / UEMG) em 18/12/2008, através do Parecer nº 36/2008. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram pesquisados 139 adolescentes, sendo 72 do sexo feminino (51,8%) e 67 do sexo masculino (48,2%). A mediana da idade foi de 13 anos, sendo que a mínima foi de 10 anos e a máxima de 16 anos. Sobre a frequência do consumo de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes, observou-se que a maioria relatou um consumo diário (46,8% para frutas e 51,8% para legumes e verduras) e semanal (46,8% para frutas e 37,4% para legumes e verduras). 292

Tabela 1 Distribuição percentual da frequência do consumo de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes entrevistados, de acordo com o gênero. Formiga, 2009. Frutas Legumes e verduras Frequência de Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total consumo P P n % n % n % n % n % n % Diário 30 44,8 35 48,6 0,11 65 46,8 26 38,8 46 63,9 0,004* 72 51,8 Semanal 34 50,7 31 43 65 46,8 29 43,3 23 31,9 52 37,4 Mensal 0 0 5 6,9 5 3,6 2 3 1 1,4 3 2,1 Raro 2 3 1 1,4 3 2,1 7 10,4 0 0 7 5 Nunca 1 1,5 0 0 1 0,7 3 4,5 2 2,8 5 3,6 Total 67 100 72 100 139 100 67 100 72 100 139 100 * diferença estatisticamente significativa (p<0,05), segundo o Teste do Qui-Quadrado. Resultados semelhantes foram encontrados por Salles-Costa, 17 em Duque de Caxias RJ, que observou o consumo regular (consumo diário de pelo menos 5 vezes por semana) de frutas em 53% e o de verduras em 65% da população. Isto também foi visto por Vieira et al., 21 em estudo com adolescentes de uma universidade pública brasileira, no qual foi verificado que aproximadamente 72% dos pesquisados mencionaram consumir hortaliças cinco ou mais vezes na semana. Em oposição, Castañola et al., 6 pesquisando adolescentes da área metropolitana de Buenos Aires Argentina, observaram que quase 70% dos adolescentes não ingeriam porção alguma de hortaliças e frutas, cerca de 28% somente uma ou duas porções ao dia e apenas 1% ingeriam cinco ou mais porções por dia. O consumo infrequente foi visto também por Nunes et al., 12 em Campina Grande PB, onde 4,5% dos adolescentes não consumiam frutas diariamente, e por Silva et al., 18 em Fortaleza CE, onde apenas 34,3% e 47,6% dos adolescentes consumiam frutas e hortaliças/ folhosos, respectivamente. Analisando a frequência por sexo, observou-se que para o consumo de frutas a maioria das adolescentes relatou consumo diário (48,6%), enquanto nos adolescentes do sexo masculino o maior consumo se deu na frequência semanal (50,7%), porém esta diferença não foi estatisticamente significativa. Já para o consumo de verduras, o sexo feminino novamente relatou em sua maioria um consumo diário (63,9%), enquanto no masculino esse consumo era na maioria das vezes semanal (43,3%), sendo estatisticamente significante (p= 0,004). Estes dados nos sugerem que o consumo de legumes e verduras é diferente entre os sexos, sendo mais frequente no feminino que no masculino. Resultado semelhante ao encontrado neste estudo foi visto por Carvalho et al., 5 em estudo com adolescentes de um colégio particular de Teresina PI, onde a frequência de consumo de hortaliças folhosas foi maior entre as meninas (56,55%) do que entre os meninos (52,04%). Em estudo com a população adulta da cidade de São Paulo, Figueiredo et al. 7 observaram que o consumo diário de frutas foi maior entre as mulheres (51,7%) e que o consumo diário de legumes foi duas vezes maior entre as mulheres do que entre os homens, sendo significante estatisticamente, assemelhando-se ao encontrado neste estudo. Sobre o consumo de porções diárias de frutas, legumes e verduras, observou-se que o consumo médio de frutas foi de 1,74 porções diárias, com desvio-padrão de 2,13, variando de 0,06 a 12 porções diárias. Já o consumo de legumes e verduras variou de 0,06 a 8 porções por dia, tendo como média 2,06 porções ao dia e desvio-padrão de 1,95. Estes resultados se assemelham aos encontrados por Toral, 19 em que uma amostra de adolescentes escolares de Piracicaba SP demonstrou que o consumo médio de frutas e hortaliças foi de 2,3 e 2,4 porções diárias, respectivamente. Comparando este consumo às recomendações baseadas na Pirâmide Alimentar, observou-se que a maioria dos adolescentes tinha um baixo consumo destes alimentos (79,1% para frutas e 75,6% para legumes e verduras). O consumo adequado de frutas foi verificado apenas em 14,2% dos entrevistados e o de legumes e verduras em 13,4%. Já o consumo elevado (superior às recomendações), foi verificado em 6,7% para frutas e 11% para legumes e verduras. Isto nos mostra que a maioria da população estudada apresenta um consumo de frutas, legumes e verduras inferior às recomendações. Estes resultados se assemelham aos encontrados por Toral et al. 16 em adolescentes de São Paulo, onde apenas 12,4% e 10,3% consumiam frutas e verduras, respectivamente, conforme o recomendado pela Pirâmide Alimentar, sendo que o consumo inferior a uma porção diária representava 50% em relação ao consumo de frutas e 38,9% para verduras. Em outro estudo, realizado em Piracicaba SP, Toral 19 observou que cerca de 45% dos adolescentes não atingiram a recomendação mínima de consumo de duas porções de frutas e de duas porções de hortaliças ao dia, percentual bem inferior ao encontrado neste estudo, que foi de 79,1% para frutas e 75,6% para legumes e verduras. Sabe-se que a baixa ingestão de frutas, legumes e verduras está entre os 10 principais fatores de risco que contribuem para mortalidade no mundo, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis e alguns tipos de câncer. 23 Além disso, a escassez desses alimentos pode provocar deficiências de vitaminas e minerais, constipação intestinal e, indiretamente, excesso de peso. Diante disso, é 293

de extrema importância que o adolescente tenha um consumo adequado desses alimentos. Na tentativa de explicar os determinantes do consumo de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes, foram associadas a este as variáveis sexo, renda per capita e local de moradia, conforme apresentado na (Tabela 2). Ao analisar este consumo por sexo, observou-se que para as frutas o maior percentual de baixo consumo foi no masculino (81,2%), enquanto o consumo adequado foi semelhante entre os sexos (14,1% e 14,3%, masculino e feminino, respectivamente) e o elevado maior no sexo feminino (8,6%), porém não houve diferenças significantes. Já para o consumo de legumes e verduras, o baixo consumo foi maior no sexo masculino (80,7%) e o consumo adequado no feminino (21,4%), sendo estas diferenças significantes (p= 0,012). Vale destacar que o sexo masculino apresentou ainda o maior percentual de consumo elevado (15,8%), sendo também significante estatisticamente (p= 0,006). Isto nos confirma que o consumo de legumes e verduras é diferente entre os sexos, sendo que no sexo feminino o consumo ocorre dentro das recomendações e no masculino o consumo fica aquém ou além destas. Em oposição a estes resultados, Toral et al., 16 em estudo com adolescentes de São Paulo, observaram diferença significativa entre o consumo de frutas de acordo com o sexo, onde o sexo masculino consumia mais porções diárias de frutas que o feminino. O mesmo não foi observado em relação ao consumo de verduras, apesar das meninas terem apresentado consumo maior desses alimentos. O maior consumo de frutas, legumes e verduras pelo sexo feminino pode ser correlacionado à maior preocupação com a imagem corporal e com a prática de dietas. Sobre este assunto, Braggion et al. 3 afirmam que as adolescentes têm medo de engordar e em consequência desejam um controle do seu peso, chegando a omitir refeições importantes, como o café da manhã ou o jantar e tendo grande preferência por alimentos mais saudáveis quando comparadas aos meninos, estabelecendo grande relação com o peso e aparência corporal, maior frequência de dietas e desordens alimentares. Sobre a relação entre local de moradia e consumo de frutas, legumes e verduras, verificou-se que o baixo consumo e o consumo adequado de frutas foram maiores pelos adolescentes que moravam na zona urbana (81,5% e 16%, respectivamente), já o consumo elevado de frutas foi maior pelos que moravam na zona rural (13,7%), sendo estatisticamente significante (p= 0,05). Sobre o consumo de legumes e verduras, o baixo consumo foi semelhante entre os dois grupos, o consumo adequado foi maior na zona urbana (15,6%) e o consumo elevado maior na zona rural (14,6%), não havendo diferenças significativas. Estes dados mostram que os moradores da zona urbana, em comparação com os da zona rural, apresentam maior percentual de consumo adequado de frutas, legumes e verduras. Semelhantemente ao encontrado neste estudo, Jaime & Monteiro, 10 em pesquisa realizada com a população adulta brasileira, verificaram que o consumo de frutas, legumes e verduras foi maior nas áreas urbanas do que nas áreas rurais. Porém, os resultados sugerem que os moradores da zona rural têm um maior consumo de frutas, legumes e verduras que os da zona urbana, sendo este consumo superior às recomendações. Isto pode ser devido ao fato de que grande parte dos moradores da zona rural fazem o cultivo destes alimentos em suas propriedades, o que os faz ter um maior acesso a estes e, com isso, um maior consumo destes alimentos. Tabela 2 Associação das variáveis socioeconômicas ao consumo de frutas, legumes e verduras. Formiga, 2009. Frutas Legumes e verduras Variáveis Baixo Consumo Consumo Baixo Consumo Consumo Consumo Adequado Elevado Consumo Adequado Elevado n % n % n % n % n % n % Sexo Masculino 52 81,2 9 14,1 3 4,7 46 80,7 2 3,5 9 15,8 Feminino 54 77,1 10 14,3 6 8,6 50 71,4 15 21,4 5 7,1 Moradia Zona urbana 66 81,5 13 16 2 2,5 58 75,3 12 15,6 7 9,1 Zona rural 38 74,5 6 11,8 7 13,7 36 75 5 10,4 7 14,6 Renda per capita <¼ SM* 39 81,2 7 14,6 2 4,2 38 80,8 2 4,2 7 14,9 ¼ <½ SM 36 72 8 16 6 12 34 69,4 9 18,4 6 12,2 ½ <1 SM 18 81,8 4 18,2 0 0 15 78,9 4 21 0 0 1 SM 2 100 0 0 0 0 1 100 0 0 0 0 * Salário mínimo. 294

Quanto à influência da renda familiar per capita sobre o consumo, verificou-se que para as frutas o maior percentual de baixo consumo se deu no grupo de maior renda per capita (100%), o consumo adequado foi maior no grupo com renda entre ½ a 1 salário mínimo (18,2%) e o consumo elevado no grupo que ganhava entre ¼ a ½ salário mínimo per capita (12%), não havendo diferenças significativas. Já para o consumo de legumes e verduras o baixo consumo foi mais prevalente no grupo com maior renda per capita (100%), o consumo adequado maior no grupo com renda entre ½ a 1 salário mínimo (21%) e o elevado maior no grupo que tinha renda inferior a ¼ do salário mínimo (14,9%), havendo diferença significativa (p= 0,017). Estes resultados também foram paradoxais, pois o esperado é que com o aumento de renda haja um aumento no consumo de frutas, legumes e verduras, o que, em parte, não foi visto neste estudo, pois o grupo que tinha o mais baixo consumo era o que tinha maior renda. Todavia, o resultado encontrado para o consumo de legumes e verduras nos mostra que este foi proporcional à renda, ou seja, quanto maior a renda, maior o consumo. A explicação para estes resultados pode estar ligada à cultura alimentar da sociedade atual, em que as famílias com maior renda per capita tem maior disponibilidade e acesso a alimentos ricos em açúcares e gorduras (industrializados), tornando o consumo de frutas, legumes e verduras menor. De acordo com Martins et al., 22 embora a renda familiar seja fator prioritário na aquisição de alimentos, já que qualquer aumento de ingresso leva à ingestão de maior quantidade de alimentos, a alta renda não resulta necessariamente em dieta equilibrada, como o visto neste estudo. De acordo com Barreto & Cyrillo, 2 para elevar o consumo destes produtos, o aumento da renda seria um incentivo econômico mais adequado que a redução dos preços relativos, pois a participação deste grupo nos gastos domiciliares é maior para as classes de renda mais elevadas, mesmo quando seus preços relativos estão em declínio. CONCLUSÃO Concluiu-se que o consumo de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes de Formiga MG é baixo e pouco frequente, sendo influenciado pelo sexo, local de moradia e renda per capita. Isto sinaliza que não apenas a questão nutricional está envolvida, mas também os fatores econômicos, sociais e culturais. Diante disso, o conhecimento do consumo alimentar dos adolescentes de Formiga - MG irá contribuir para a execução de trabalhos de educação nutricional com esses indivíduos, abordando todos os fatores envolvidos multidisciplinarmente, a fim de obter êxito e resultados positivos no consumo destes alimentos. MENDES, K. L.; CATÃO, L. P. Evaluation of consumption of fruits, vegetables and greens by adolescents of Formiga MG and its relation to social and economical factors. Alim. Nutr., Araraquara, v. 21, n. 2, p. 291-296, abr./jun. 2010. ABSTRACT: Currently the adolescent population has been passing by a nutritional change in which growth of the prevalence of obesity. Amongst the causes, it is found an alimentation poor in fruits, vegetables and greens. Thus, this paper aims to analyze the consumption of fruits, vegetables and greens by adolescents in the city of Formiga MG, based on the influence of economical and social factors. This paper is a transversal and observational survey carried out with 139 adolescents between 10 and 16 years old, of both genders, regularly enrolled in two Municipal Schools in Formiga MG. The data collection took place by a questionnaire social economical, answered by their parents, and about feeding consumption, applied to adolescents. The proper consumption of fruit should be 2.5 to 5.4 servings and the proper consumption of vegetables and greens 3.5 to 5.4 servings a day. The variables gender, income per capita and place of habitation were associated to this consumption. It is found out that most of the adolescents had a low consumption of fruits (79.1%), vegetables and greens (75.6%) and the proper consumption of fruits occurred only in 14,2% of the interviewed ones and that of vegetables and greens in 13.4%. The variables gender, place of habitation and income per capita had a statistically significant association of this consumption. It is concluded that the consumption of fruits, vegetables and greens by the adolescents of Formiga MG is low, infrequent and not only the nutritional issue is involved but also the economical and social factors. KEYWORDS: Nutritional transition; feed consumption; adolescents; fruits and greens. REFERÊNCIAS 1. ANDRADE, S. C. Índice de qualidade da dieta e seus fatores associados em adolescentes do Estado de São Paulo. 2007. 101 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. 2. BARRETTO, S. A. J.; CYRILLO, D. C. Análise da composição dos gastos com alimentação no Município de São Paulo (Brasil) na década de 1990. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n.1, p. 52-59, 2001. 3. BRAGGION, G. F.; MATSUDO, S. M. M.; MATSUDO, V. K. R. Consumo alimentar, atividade física e percepção da aparência corporal em adolescentes. Rev. Bras. Ciênc. Mov., Brasília, v. 8, n.1, p. 15-21, jan. 2000. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, DF, 2005. 236p. (Série A - Normas e Manuais Técnicos). 5. CARVALHO, C. M. R. G. et al. Consumo alimentar de adolescentes matriculados em um Colégio Particular de Teresina, Piauí, Brasil. Rev. Nutr., Campinas, v. 14, n. 2, p. 85-93, maio/ago. 2001. 295

6. CASTAÑOLA, D. J.; MAGARIÑOS, M.; ORTIZ, S. Patrón de ingesta de vegetales y frutas en adolescentes en el área metropolitana de Buenos Aires. Arch. Argent. Pediatr., v. 102, n. 4, p. 265-270, 2004. 7. FIGUEIREDO, I. C. R.; JAIME, P. C.; MONTEIRO, C. A. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos da cidade de São Paulo. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 5, p. 777-785, out. 2008. 8. GOMES, F. S. Frutas, legumes e verduras: recomendações técnicas versus constructos sociais. Rev. Nutr., Campinas, v. 20, n. 6, p. 669-680, dez. 2007. 9. JAIME, P. C.; MONTEIRO, C. A. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, supl., p. 19-24, 2005. 10. JAIME, P. C. et al. Educação nutricional e consumo de frutas e hortaliças: ensaio comunitário controlado. Rev. Saúde Pública, v. 41, n. 1, p. 154-157, 2007. 11. MARTINS, I. S.; CAVALCANTI, M. L. F.; MAZZILLI, R. N. Relação entre consumo alimentar e renda familiar na cidade de Iguape, S. Paulo (Brasil). Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 11, p. 27-38, 1977. 12. NUNES, M. M. A.; FIGUEIROA, J. N.; ALVES, J. G. B. Excesso de peso, atividade física e hábitos alimentares entre adolescentes de diferentes classes econômicas em Campina Grande-(PB). Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 53, n. 2, p. 130-134, mar./abr. 2007. 13. OLIVEIRA, C. L.; FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência uma verdadeira epidemia. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., São Paulo, v. 47, n. 2, p. 107-108, 2003. 14. PADILLA, S. G.; ARAYA, M. R. Factores socio culturales asociados al consumo de frutas en una población adulta costarricense. Rev. Costarric. Salud Pública, San José, v. 12, n. 23, p. 31-38, dez. 2003. 15. PHILIPPI, S. T. et al. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev. Nutr., Campinas, v. 12, n. 1, p. 65-80, jan.-abr. 1999. 16. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Altas, 1985. 287p. 17. SALLES-COSTA, R. Avaliação alimentar em Duque de Caxias (RJ). Estudos Avançados, São Paulo, v. 21, n. 60, p. 135-142, ago. 2007. 18. SILVA, A. R. V. et al. Hábitos alimentares de adolescentes de escolas públicas de Fortaleza, CE, Brasil. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 62, n. 1, p. 18-24, jan.-fev. 2009. 19. TORAL, N. Estágios de mudança de comportamento e sua relação com o consumo alimentar de adolescentes. 2006. 142 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. 20. TORAL, N. et al. Comportamento alimentar de adolescentes em relação ao consumo de frutas e verduras. Rev. Nutr., Campinas, v. 19, n. 3, p. 331-340, maio/jun. 2006. 21. VIEIRA, V. C. R. et al. Perfil socioeconômico, de saúde e nutrição de adolescentes recém-ingressos em uma Universidade Pública brasileira. Rev. Nutr., Campinas, v. 15, n. 3, p. 273-282, 2002. 22. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diet, nutrition and the prevention of chronic disease. Geneva, 2003. 160p. 23. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Shaping the future: the world health report. Geneva, 2003. 187p. 296