4 Descrição da Simulação

Documentos relacionados
Efeitos da Ionosfera de Baixas Latitudes no GPS SBAS (Global System Positioning Space Based Augmentation System)

Posicionamento com GNSS em Cenários de Multi-Constelação

GPS. Dinâmica e Controle de Veículos Espaciais Profa. Dra. Claudia Celeste. Lívia Denardi Samir Vaz da Rocha

Redes de Comunicações Via Satélite. Prof. Gilson Alves de Alencar

GBAS. Geodésia II Eng. Cartográfica Prof. Dra. Daniele Barroca

GA112 FUNDAMENTOS EM GEODÉSIA. Capítulo O fenômeno das marés terrestres

Copyright LTG 2016 LTG/PTR/EPUSP

Sistemas de coordenadas e elementos orbitais

O PROBLEMA DE DOIS CORPOS

4.1 INTRODUÇÃO Geodésia Celeste - Objetivo científico e operacional Métodos geométricos e dinâmicos

SISTEMAS CELESTES. GA116 Sistemas de Referência e Tempo

Energia Solar. Samuel Luna de Abreu. Introdução à Energia Solar

Movimentos Aparentes

Cobertura terrestre. Visada do satélite, Visada da estação e Período de eclipse do satélite CTEE 1

2. Órbitas e Navegação de Satélites

GLONASS Sistema idêntico ao GPS, mas projetado e lançado pela Rússia.

Observação: i.e. é abreviação da expressão em latim istum est, que significa isto é.

Energia Solar Térmica. Prof. Ramón Eduardo Pereira Silva Engenharia de Energia Universidade Federal da Grande Dourados Dourados MS 2014

Observação: i.e. é abreviação da expressão em latim istum est, que significa isto é.

Geodésia II. Gabriel Oliveira Jerez Prof. Dra. Daniele Barroca Marra Alves

Órbitas dos Satélites GNSS

CÁLCULO DO TEC EM TEMPO REAL

5 Equacionamento do Filtro de Kalman

Escolas Secundárias de S. João da Talha Casquilhos e Miguel Torga

Considerando a variação temporal do momento angular de um corpo rígido que gira ao redor de um eixo fixo, temos:

Capítulo 3 Análise de Resultados Numéricos das Medidas

5 Análise para antenas em espiras inclinadas em relação ao eixo da ferramenta

Movimento Circular e Uniforme

Monitoramento da Ionosfera em Tempo Real utilizando dados da Rede GNSS Ativa do Estado de São Paulo

Navegação Aérea - PP

Paulo J. S. Gil. Cadeira de Satélites, Lic. Eng. Aeroespacial

Forma e Dimensões da Terra Prof. Rodolfo Moreira de Castro Junior

P1 CORREÇÃO DA PROVA. GA116 Sistemas de Referência e Tempo

XXV Congresso Brasileiro de Cartografia - Curitiba - PR - Brasil, 21 a 24 de agosto de 2011

FIS-14 Lista-01 Novembro/2017

O BeiDou é constituído por 3 componentes: espacial, controlo terrestre e utilizador.

Rotor Não Axissimétrico

Mecânica I (FIS-14) Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá Sala 2602A-1 Ramal 5785

MOVIMENTO ROTACIONAL DE SATÉLITES ARTIFICIAIS

Sistema de Posicionamento por Satélite (GPS)

Tópicos Especiais em Física. Vídeo-aula 3: astronomia esférica 25/06/2011

GA119 MÉTODOS GEODÉSICOS

4 Resultados Numéricos

Sistema de Navegação Global por Satélite

Geodésia II - Astronomia de Posição: Aula 07

Movimentos da Terra. Planetas e sistemas planetários (AGA0502) Enos Picazzio - IAGUSP

SISTEMAS DE REFERÊNCIA Coordenadas celestiais e terrestres

Unidade 1. Viagens com GPS. Sistema de Posicionamento Global. Movimentos na Terra e no espaço MOVIMENTOS NA TERRA E NO ESPAÇO

Unidade 1 de FQA Nível 2. GPS e MCU. Satélites e Movimento Circular Uniforme. GPS - Sistema de Posicionamento i Global. Coordenadas e Relógios

GA119 MÉTODOS GEODÉSICOS

GA119 MÉTODOS GEODÉSICOS

Astronomia de Posição: Aula 06

MESTRADO INTEGRADO EM ENG. INFORMÁTICA E COMPUTAÇÃO 2011/2012. EIC0010 FÍSICA I 1o ANO 2 o SEMESTRE

FERRAMENTAS PARA VISUALIZAÇÃO DE MAPAS GLOBAIS DO VTEC DA IONOSFERA

Mecânica I (FIS-14) Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Pelá Sala 2602A-1 Ramal 5785

Oceanografia por Satélites

Física 1. Rotação e Corpo Rígido Resumo P3

Álgebra Linear I - Aula 3. Roteiro

Olimpíada Brasileira de Física a Fase Gabarito Comentado para a prova de 3º ano

LISTA DE EXERCÍCIOS Nº 10. 2) O que ocorre com o ioiô inicialmente estacionário da Figura 2 se este é excitado por uma força (a) F 2, (b)

Satélites Geoestacionários e GPS 16 de Novembro de 2006

Introdução: Tipos de Coordenadas

3. Achar a equação da esfera definida pelas seguintes condições: centro C( 4, 2, 3) e tangente ao plano π : x y 2z + 7 = 0.

Sugestão de resolução do Teste Intermédio de Janeiro de 2008

Sistema. de Referência. Equador

Lista 8 : Cinemática das Rotações NOME:

Sistemas de coordenadas e tempo

11/11/2013. Professor

PLANEJAMENTO FORRAGEIRO: medição e mapeamento de áreas

Segundo Exercício de Modelagem e Simulação Computacional Maio 2012 EMSC#2 - MECÂNICA B PME 2200

26/10/2012. Professor

Apresentação Outras Coordenadas... 39

Origem. Segmentos do Sistema. Segmento Espacial. Órbita. Satnav Sistema de Navegação por Satélite. Sistema de Posicionamento Global (GPS)

5 de setembro de Gabarito. 1) Considere o ponto P = (0, 1, 2) e a reta r de equações paramétricas. r: (2 t, 1 t, 1 + t), t R.

1ª Prova de Física I - FCM0101

Aula 1: Conceitos Introdutórios. EAC-066: Geodésia Espacial

Interferometria de imagens SAR

FEP-111 Fisica I para Oceanograa. Márcio Katsumi Yamashita. Lista de Exercícios 6 Gravitação

Unidade 1 de FQA 11.º Ano. Satélites e Movimento Circular Uniforme. GPS - Sistema de Posicionamento i Global. Coordenadas e Relógios

P3 MECÂNICA NEWTONIANA A (FIS 1025) 18/11/2011

Referências Bibliográficas

Unidade 1 de Física do 11º ano FQA 1 V I A G E N S C O M G P S

Thainara Munhoz Alexandre de Lima Thamires Gil Godoy

LECTURE NOTES PROF. CRISTIANO. Movimento em 3 dimensões. Posição e vetor Velocidade

TOPOGRAFIA MEDIDAS E REFERÊNCIAS: FORMA DA TERRA

PROCESSO SELETIVO TURMA DE 2016 FASE 1 PROVA DE FÍSICA E SEU ENSINO

DADOS GEORREFERENCIADOS

GE G O E D O É D S É I S A I A E S E P S A P C A I C A I L A

d) [1,0 pt.] Determine a velocidade v(t) do segundo corpo, depois do choque, em relação à origem O do sistema de coordenadas mostrado na figura.

ESTUDO DOS PARÂMETROS IONOSFÉRICOS SOBRE A REGIÃO DE ANOMALIA EQUATORIAL PARA OS ANOS DE 2000, 2001 E 2005

4 Validação da simulação

a) (1.0) Calcule o vetor força resultante sobre a carga +Q e desenhe-o no gráfico (deixe o resultado em função da constante k).

(") ; b) ρ b1b2 = 0,5; ρ b1b3 = 0,5; ρ b1b4 = 0

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA PRESSÃO DE RADIAÇÃO SOLAR PARA SATÉLITES GPS

3 Relações. 4 Velocidade Escalar. 5 Velocidade Angular. 6 Período. 7 Frequência. 8 Função Horária. 9 Aceleração Centrípeta

Álgebra Linear I - Aula 2. Roteiro

Física I para a Escola Politécnica ( ) - P3 (24/06/2016) [16A7]

EAC-082: Geodésia Física. Aula 3: Introdução à Teoria do Potencial Gravidade e Gravimetria

Telecomunicações Ltda. Quarta parte. Clovis Almeida

4.1. Validação da análise de fluxo e transporte de soluto no meio fraturado

Transcrição:

45 4 Descrição da Simulação 4.1. Introdução O SBAS ( Satellite Based Augmentation Sstems ) é constituído de estações de referência, que fornecem dados de posicionamento dos satélites GPS e relativos à troposfera, ionosfera, multipercurso, ruído e interferência. Essas informações da rede de estações de referência são enviadas às estações mestras, onde são aplicados algoritmos de correção, sendo os resultados enviados via satélite para os usuários do sistema, contendo correções relativas: à troposfera, à ionosfera, ao tempo do sistema e à localização dos satélites GPS; visando maior precisão de posicionamento. O trabalho simula apenas os efeitos da ionosfera sobre o GPS e o SBAS, desconsiderando outros mencionados anteriormente (capítulo 3) que também podem afetar os desempenhos dos sistemas. Para tanto, utiliza um modelo de dinâmica orbital, que determina as posições dos satélites da constelação GPS em qualquer instante de tempo, a fim de saber quais satélites estão visíveis às estações de referência, no território brasileiro, e a aviões em seu espaço aéreo. Utiliza, ainda o modelo PIM ( Parameterized Ionospheric Model ) da ionosfera [11],[12] para a obtenção de valores de TEC oblíquos e verticais. Considera-se que estes modelos produzem valores corretos das variáveis que representam. Isto é, que as posições dos satélites GPS previstas pelo modelo de dinâmica orbital e os valores de TEC oblíquos e verticais fornecidos pelo PIM são exatos. A seguir, os diversos módulos componentes do modelo serão descritos mais detalhadamente. A linguagem FORTRAN 77 foi utilizada para implementar o modelo em computador. 4.2. Constelação GPS Diversos modelos poderiam ser utilizados para representar as posições dos satélites GPS em cada passo da simulação. O mais preciso seria, possivelmente, aquele que utiliza as efemérides presentes nas mensagens de

46 navegação transmitidas periodicamente pelo próprio GPS. Poder-se-ia, também, adotar o modelo SDP8, que utiliza arquivos NORAD de duas linhas. Este modelo está descrito na referência [10]. Para a presente aplicação, as principais desvantagens destes modelos seriam: (1) a necessidade de armazenamento e leitura de uma grande quantidade de dados de efemérides; e (2) desenvolvimento de procedimentos para gerenciar informações relativas a satélites que entraram ou saíram de serviço. No presente trabalho, será suposta uma constelação GPS nominal, formada por 24 de satélites distribuídos em 6 planos orbitais uniformemente espaçados (com 4 satélites por plano) e inclinados de 55 o. As órbitas são circulares (excentricidade nula) com raios iguais a 26559.800 km. As longitudes dos nós ascendentes e as anomalias médias dos satélites na época 01 de julho de 1993 00:00:00 UTC ( Coordinated Universal Time ) estão apresentadas na tabela 4.1. Plano Orbital Nó Ascendente (Ω) Anomalia Média (M) 1 A1 272.847 268.126 2 A2 272.847 161.786 3 A3 272.847 11.676 4 A4 272.847 41.806 5 B1 332.847 80.956 6 B2 332.847 173.336 7 B3 332.847 309.976 8 B4 332.847 204.376 9 C1 32.847 111.876 10 C2 32.847 11.796 11 C3 32.847 339.666 12 C4 32.847 241.556 13 D1 92.847 135.226 14 D2 92.847 265.446 15 D3 92.847 35.156 16 D4 92.847 167.356 17 E1 152.847 197.046 18 E2 152.847 302.596 19 E3 152.847 333.686 20 E4 152.847 66.066 21 F1 212.847 238.886 22 F2 212.847 345.226 23 F3 212.847 105.206 24 F4 212.847 135.346 Tabela 4.1 Constelação GPS, 1º de julho de 1993, 00:00:00 UTC [13]

47 Inicialmente, a posição (a, θ ) ou (x'', '') de cada satélite no seu plano orbitalem função do tempo t é determinada por intermédio das equações 2π x = a cosθ ; = a sinθ ; θ = θo + ( t to ) (4.1) T Nestas equações, a é o raio da órbita (km), θ o é a anomalia média na época inicial t o, sendo T = 2π (a 3 /m) 1/2 = 9.952004586 x 10-3 a 3/2 o período da órbita (s) e m = GM T = 398600.5 km 3 /s 2 (G é a constante gravitacional e M T é a massa da Terra). Em seguida, a posição (x', ', z') de cada satélite em função do tempo t no sistema de coordenadas inerciais mostrado na Figura 4.1 é determinada pela transformação x cosω = sinω z 0 - cosi sinω x cosi cosω sini (4.2) Nesta expressão, i é a inclinação do plano orbital (ângulo entre este plano e o plano equatorial da Terra) e Ω é a longitude do seu nó ascendente. O nó ascendente é o ponto da linha dos nós (interseção do plano orbital com o plano equatorial da Terra) no qual o satélite passa do hemisfério Sul para o Norte. Figura 4.1 Orientação de uma órbita e posição de um satélite no sistema inercial.

48 Finalmente, a posição (x,, z) de cada satélite em função do tempo t em um sistema de coordenadas fixo com a Terra é obtida a partir da posição (x', ', z') resultante da expressão anterior através da rotação em torno do eixo comum z = z x cosα = - sinα z 0 sinα cosα 0 0 x 0 1 z (4.3) Nesta expressão, tem-se α ( ωt ω )( t t ) (4.4) = + Ω o ω Τ = 7.292115856 x 10-5 rad/s é a velocidade angular de rotação da Terra e ω Ω é a velocidade angular da precessão dos nós ascendentes, devida ao formato não esférico da Terra e seus efeitos sobre o seu campo gravitacional. Este parâmetro é calculado a partir da expressão 6 3. 5 ω = 2. 0183 10 ( R a ) cos i (4.5) Ω T sendo R T = 6378.137 km o raio da Terra e o resultado expresso em rad/s. Portanto, neste sistema de coordenadas, os planos orbitais (fixos no sistema inercial) possuem uma rotação em torno do eixo z no sentido oposto ao da rotação da Terra, com a velocidade angular (ω Τ + ω Ω ). Maiores informações podem ser encontradas na referência [14]. 4.3. PIM Para determinar o TEC (Conteúdo Eletrônico Total), é necessário um modelo que represente a ionosfera equatorial e a plasmasfera, pois os satélites GPS estão localizados a 20200 km de altura acima da superfície da Terra. O modelo PIM foi utilizado por reunir as duas características citadas acima. O modelo PIM é bastante versátil: determina o TEC vertical, a partir de pares de latitude e longitude e o TEC oblíquo a partir do azimute e da elevação, em conjunto com a latitude e a longitude do ponto de observação na Terra.

49 Pode-se ainda, escolher entre coordenadas geográficas ou geomagnéticas e utilizar modelos globais ou regionais de ionosfera (para o Brasil, Pacífico, EUA). Alguns parâmetros relevantes são levados em consideração para o cálculo do TEC, como: ano (1800-2100); dia (1-365(366)); hora e os minutos; índices de atividade solar (em termos de F 10.7 ou do número de manchas solares SSN, podendo-se utilizar apenas uma das duas variáveis, pois a partir de F 10.7 obtémse SSN e vice-versa); atividade magnética K p ; e orientação dos componentes e z do campo magnético interplanetário (IMF B e IMF B z ). O PIM é baseado em soluções numéricas para as equações diferenciais parciais que descrevem aformação e a evolução da ionosfera. É integrado por quatro modelos físicos: (1) para a camada F em baixas latitudes (LOWLAT), (2) para a camada F em médias latitudes (MIDLAT); (3) para a camada E em médias e baixas latitudes (ECSD); e (4) para as camadas E e F em altas latitudes (TDIM). Os perfis verticais de densidade de elétrons e íons resultantes dos modelos físicos são representados por combinações lineares de funções ortogonais empíricas, cujos coeficientes são agrupados em bancos de dados correspondentes a valores discretos de parâmetros geofísicos, de latitude e longitude magnéticas, assim como para valores discretos de tempo universal UT. Adicionalmente, os bancos de dados consideram as estações do ano (equinócio de março, que também representa o de setembro, e solstícios de junho e dezembro). Durante as simulações, os bancos de dados apropriados são utilizados para, em conjunto com a família de funções ortogonais empíricas, reconstruir perfis verticais de densidade de elétrons e íons. Os perfis correspondentes a conjuntos de valores intermediários de parâmetros geofísicos são obtidos por intermédio de interpolação que utiliza perfis reconstruídos diretamente a partir dos bancos de dados. Maiores detalhes sobre o PIM podem ser encontrados nas referências [11] e [12]. O programa que representa o modelo foi adquirido na página http://www.cpi.com. 4.4. SBAS - Funções das Estações de Referência e das Estações Mestras As estações de referência do SBAS têm, entre outros, os objetivos de medir o TEC oblíquo ao longo dos percursos aos satélites GPS visíveis e de enviar os resultados às estações mestras. Estes percursos podem ser

50 visualizados na figura 4.2. No modelo de simulação, esta função é implementada, inicialmente, pela determinação do azimute e da elevação de cada satélite visível a partir de cada estação de referência. Em seguida, estes dados são utilizados na determinação dos valores de TEC oblíquo ao longo dos percursos correspondentes pelo PIM ( Parameterized Ionospheric Model ). Figura 4.2 Determinação do ponto de penetração (reproduzida da referência [17]). As estações-mestre do SBAS têm, entre outros, os objetivos de: (1) processar os dados das estações de referência de modo a definir valores de TEC vertical nos vértices de uma grade regular que, nas latitudes iguais ou inferiores a 55 o (norte ou sul), tem espaçamento de 5 o em latitude e longitude; e (2) transmitir estas informações às aeronaves, usando mensagens de formato padronizado, por intermédio das estações terrenas e dos satélites geoestacionários. No modelo de simulação, a primeira função é implementada, inicialmente, pela determinação do ponto de penetração (PP) em uma altura de referência da ionosfera (tipicamente igual a 350 km [13]) de cada percurso entre uma estação de referência e um satélite GPS visível. Em seguida, o valor do TEC vertical no ponto de penetração é determinado pela multiplicação do valor do TEC oblíquo no percurso pelo fator de correção da equação (2.20). Finalmente, o conjunto de posições dos pontos de penetração e dos valores correspondentes de TEC vertical é utilizado para determinar os valores de TEC vertical nos vértices da grade (PG pontos da grade). Este cálculo é realizado por intermédio de interpolação bilinear, ilustrada na figura 4.3. Serão considerados válidos os valores de TEC vertical correspondentes a pontos da grade internos a, pelo menos, um conjunto de quatro ou três pontos

51 de penetração dispostos conforme mostram as figuras 4.3(a) e 4.3(b). Por outro lado, os valores de TEC vertical correspondentes aos demais pontos da grade serão considerados inválidos e não serão utilizados nos demais cálculos. A figura 4.3(c) demonstra um destes casos. (a) (b) (c) Figura 4.3 Representação gráfica da validação dos pontos da grade: (a) válido, (b) válido e (c) não válido. O modelo de simulação supõe que os valores válidos de TEC vertical nos pontos da grade são transmitidos sem erros às aeronaves. Deve-se observar que os valores exatos de TEC vertical nos pontos da grade podem ser fornecidos pelo PIM. Desta forma, o modelo de simulação pode determinar os erros resultantes do cálculo dos valores de TEC vertical nos pontos da grade a partir dos valores de TEC oblíquo nos pontos de penetração pelo processo descrito acima. 4.5. Erros na Localização de Aeronaves A partir das informações fornecidas pelo SBAS, processadores a bordo de uma aeronave devem estimar as correções dos valores de pseudo-distância a cada satélite visível medidos pelo seu receptor GPS. Conforme indicado na equação (3.13), quando os erros nas pseudo-distâncias introduzidas pela ionosfera diminuem ( ρ 0), os erros de posicionamento também diminuem ( x 0). No modelo de simulação, o processamento a bordo de uma aeronave é implementado, inicialmente, pela determinação dos valores de TEC oblíquo em todos os percursos entre a aeronave e cada um dos satélites GPS visíveis. Estes valores são determinados diretamente por intermédio do PIM, a partir da posição da aeronave e do azimute e da elevação de cada satélite GPS visível. Os valores obtidos, multiplicados pela constante 40,3/f 2, fornecem as componentes

52 do vetor de retardos ρ, na ausência das correções fornecidas pelo SBAS. A aplicação da equação (3.13) a este vetor produz os erros de posicionamento x, também na ausência das correções fornecidas pelo SBAS. Em seguida, o valor do TEC vertical no ponto de penetração PPA de cada percurso aeronave-satélite é estimado a partir dos valores de TEC vertical nos pontos da grade PG obtidos pelo SBAS. Este cálculo também é realizado por intermédio de interpolação bilinear. As formas de interpolação implementadas utilizam as seguintes configurações [13]: 1. Quatro PGs, definindo uma célula de 5ºx5º em volta do PPA; 2. Senão, três PGs, definindo um triângulo de 5ºx5º ao redor do PPA, conforme indica a figura 4.4(a); 3. Senão, quatro PGs, definindo uma célula de 10ºx10º em volta do PPA, sendo selecionada a primeira célula definida; 5. Senão, três PGs, definindo um triângulo de 10ºx10º em volta do PPA, sendo selecionado o primeiro triângulo definido; Senão, a correção não está disponível. (a) (b) Figura 4.4 Exemplo de grades triangular: (a) 5ºx5º e (b) 10ºx10º (reproduzida da referência [13]). A formulação matemática da interpolação que utiliza quatro pontos da grade para determinar o retardo ionosférico vertical τ v ( φ, λ ), onde φ e λ representam a latitude e a longitude do PPA, respectivamente, é determinada pela função: τ ( φ, λ ) = W ( x, ) τ (4.6) v 4 i= 1 i vi

53 Na equação (4.6), as funções de ponderação são definidas a partir da equação geral f ( x, = x (4.7) eτ vi é o retardo ionosférico no vértice i (i = 1,, 4) da célula da grade que contém o PPA, conforme indicado na figura 4.5. Neste caso, as equações de são as seguintes: W i = f ( x, ) (4.8) 1 = f (1 x, ) (4.9) 2 = f (1 x,1 ) (4.10) 3 = f ( x,1 ) (4.11) 4 λ = λ λ 1 (4.12) φ = φ φ 1 (4.13) λ x = (4.14) λ 2 λ 1 φ = (4.15) φ 2 φ 1

54 Figura 4.5 Definição de algoritmo para interpolação bilinear utilizando quatro pontos da grade (reproduzida da referência [13]). Para a interpolação que utiliza três pontos da grade, conforme indicado na figura 4.6, são usadas as seguintes equações: τ ( φ, λ ) = W ( x, ) τ (4.16) v 3 i= 1 i vi = f (1, ) (4.17) 1 = f (1,1 x ) (4.18) 2 = f (,1) (4.19) 3 x

55 Figura 4.6 Definição de algoritmo para interpolação bilinear utilizando três pontos da grade (reproduzida da referência [13]). Os valores de TEC vertical nos pontos de penetração PPA obtidos por intermédio de interpolação bilinear são divididos pelo fator de correção (2.20), produzindo valores de TEC oblíquo nos correspondentes percursos aeronavesatélite. A multiplicação dos resultados pela constante 40.3/f 2 produz as componentes do vetor de correções dos retardos ρ c fornecidas pelo SBAS. Deve-se observar que, na presente simulação, quando a correção não está disponível, a componente correspondente é nula. Aplica-se, então, a equação (3.13) ao vetor diferença ( ρ- ρ c ) para estimar os erros de posicionamento na presença das correções fornecidas pelo SBAS. Finalmente, deve-se salientar que as componentes verticais dos erros de posicionamento podem ser positivas ou negativas. Por outro lado, as componentes horizontais são combinadas por intermédio da equação E hrz + 2 2 2 = x (4.20) que fornece um resultado sempre positivo.

56 4.6. Arquivos de Entrada e Dados Os seguintes arquivos de dados de entrada são utilizados pelo programa de simulação: SbsGpPim.ctr arquivo de entrada, contendo o intervalo de tempo de simulação, número de passos da simulação, início e final da grade e o nome de arquivos de dados (satélite-base-avião); Arquivo Ngso.mss contém os dados referentes às órbitas dos satélites; Arquivos Estref.ent (estações) e Avioes.ent (aviões) contêm latitude, longitude e altitude do conjunto de estações de referência e de usuários, respectivamente; Arquivo KP9603.ent contém mês, dia, ano e os valores do índice magnético Kp de 3 em 3 horas; Arquivo FSMM27.ent contêm mês, dia, ano e os valores do índice F10.7 obtidos por intermédio de média móvel de 27 dias aplicada aos valores diários correspondentes.