Outras doenças graves



Documentos relacionados
Doenças infecciosas da criança

Infecções respiratórias agudas e meningite

Doenças diarreicas. A diarreia é mais frequente e perigosa em crianças menores de 5 anos, principalmente

Doenças da boca. O cuidado dos dentes e das gengivas é importante porque:

Porque é importante aprender os primeiros socorros?

Sintomas e doenças comuns

Sintomas e doenças comuns

Doenças crónicas. Os idosos

Doenças da pele. Se um problema da pele é grave ou se piora apesar do tratamento, enviar o doente para uma unidade sanitária com mais recursos.

Doenças dos olhos. 2. Mancha acinzentada na córnea, com olho avermelhado ao redor da córnea e com dor (úlcera de córnea).

Saúde mental. Saúde mental significa a sensação de bem-estar emocional, quando se fala em felicidade, alegria de viver, prazer e satisfação.

Estilos de vida saudáveis

Uso correcto dos antibióticos

= + 3. h t t. h t t. h t t. h t t MATEMÁTICA

Instituto de Higiene e Medicina Tropical/IHMT. Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento/FLAD. Fundação Portugal - África

PROCESSO SELETIVO 2006/2 UNIFAL 2 O DIA GABARITO 1 13 FÍSICA QUESTÕES DE 31 A 45

MÉTODO MARSHALL. Os corpos de prova deverão ter a seguinte composição em peso:

Higiene e saúde ambiental

exercício e o preço do ativo são iguais, é dito que a opção está no dinheiro (at-themoney).

Escola E.B. 2,3 / S do Pinheiro

Febre e malária. Febre. z constipações z gripe z bronquite aguda z otite z amigdalite z infecções urinárias z hepatite z brucelose

As causas das doenças

CAL. 6T63 ÍNDICE PORTUGUÊS. Português. n HORA/CALENDÁRIO Ponteiros de 24 horas, horas, minutos e pequeno dos segundos

Passos para se proteger do Ébola enquanto aguarda por assistência Documento para a Guiné-Bissau

Gripe Proteja-se! Faça Chuva ou faça Sol, vacine-se a partir de Outubro e até ao final do Inverno. Consulte o seu médico

2014 AEA International Holdings Pte. Ltd. All rights reserved. 1

Universidade Federal de Lavras

Cartilha. Doenças e Complicações. de Verão. Queimaduras solares. Desconforto. Micoses. Coceira. Desidratação. Fungos. Infecções. Ardência. Manchas.

12 Integral Indefinida

Escola Secundária Dom Manuel Martins

Agente Infectante. Vetor / Transmissão. Doença. Sinais e Sintomas Hemorragias na pele, no nariz e em outros locais. Febre, fraqueza, dores musculares.

Aula - 2 Movimento em uma dimensão

Função definida por várias sentenças

Saúde da criança ALIMENTAÇÃO ADEQUADA HIGIENE VACINAÇÕES

O curativo do umbigo

OS AMIGOS DO PRÉ NATAL O pré natal é muito importante para a saúde da mãe e do bebê.

Gripe H1N1 ou Influenza A

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

8 passos da consulta da criança para o APE

TEMA 003 CONHEÇA E PREVINA AS DOENÇAS DO INVERNO

Doenças do recém-nascido e doenças congénitas

Bursite do Olécrano ou Bursite do Cotovelo

Primeiros Socorros Volume I

VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO

Podem ser portadores e formar uma rede de transmissão. Não, porque contêm químicos e está clorada.

Campo magnético variável

Como cuidar de um doente

Cólera e Escarlatina

N DO. Bairro Distrito/ Povoado Telefone. mãe pai irmão(ã) outro. chás comprimidos sonda coquetéis injetáveis não sabe

Apresentação. O que é Dengue Clássica?

ESSE MATERIAL FOI CRIADO E DESENVOLVIDO POR

O curativo do umbigo

Secretaria Regional da Saúde. Gripe A (H1N1) Informação para as Escolas, Colégios e ATL s

Espaço SENAI. Missão do Sistema SENAI

Vacinação para o seu filho do 6º ano do ensino básico (P6) Portuguese translation of Protecting your child against flu - Vaccination for your P6 child

Infecção Por Enterovirus

Informação e Recomendações para Escolas. Segundo a Direcção-Geral de Saúde Ano lectivo 2009/2010

HOSPITAL DE CLÍNICAS UFPR

Entenda o que é o câncer de mama e os métodos de prevenção. Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

VAMOS FALAR SOBRE. AIDS + DSTs

Principais formas de cancro na idade adulta

Primeiros socorros Material a ter na caixa de primeiros socorros:

DOENÇAS CARDÍACAS NA INSUFICIÊNCIA RENAL

Informações ao Paciente

GESTÃO DE RISCOS PARA CASOS DE DVE. Maria Inês Pinheiro Costa

Informações Básicas sobre o Novo Tipo de Influenza

VIVER BEM OS RINS DO SEU FABRÍCIO AGENOR DOENÇAS RENAIS

A doença por Ébola, de que se trata?

DENGUE. Jamila Rainha Jamila Rainha é cientista social e consultora de Pesquisa /

NOSSA SAÚDE. Ministério da Educação e Cultura. Com o apoio do povo do Japão

Inimigo N 1 AGORA E TODO MUNDO CONTRA O MOSQUITO

Doenças Respiratórias O QUE SÃO E COMO AS PREVENIR?

Curso de preparação para a prova de matemática do ENEM Professor Renato Tião

Física Fascículo 01 Eliana S. de Souza Braga

Guia de Recursos e Atividades

Eliminação da Lepra ComoProblema de Saúde Pública

Com base no enunciado e no gráfico, assinale V (verdadeira) ou F (falsa) nas afirmações a seguir.

Estando o capacitor inicialmente descarregado, o gráfico que representa a corrente i no circuito após o fechamento da chave S é:

Figura 1 Carga de um circuito RC série

A INTRODUÇÃO DA VACINA DPT - HEPATITE B

Gripe: o que você pode fazer. Cuidados em casa

truta - sapos - rãs - tartaruga - serpente - garça - andorinha - morcego - macaco

CAPÍTULO 9. y(t). y Medidor. Figura 9.1: Controlador Analógico

GRIPE sempre deve ser combatida

2 Conceitos de transmissão de dados

DORES DE CABEÇA E ENXAQUECA Sex, 28 de Agosto de :57 - Última atualização Sáb, 21 de Agosto de :16

Como lidar com os problemas de deglutição após um Acidente Vascular Cerebral (AVC)

1.5.2 Avaliar a Amamentação

FEBRE AMARELA: Informações Úteis

A FÁBULA DO CONTROLADOR PID E DA CAIXA D AGUA

GFI Física por Atividades. Caderno de Trabalhos de Casa

PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES DENGUE

Praticando vitalidade. Sedentarismo. corra desse vilão!

Transcrição:

Ouras doenças graes CAPÍTULO 23 As doenças descrias nese capíulo são difíceis de raar sem ajuda do clínico. Algumas precisam de medicamenos especiais, que não se enconram disponíeis nas onas rurais. Os remédios caseiros não conseguem curar esas doenças. Se um doene ier uma desas doenças, dee ser obserado por um clínico. Quano mais cedo receber ajuda, maior é a probabilidade de se curar. Ouras doenças mencionadas em ouros capíulos do liro podem ambém ser graes e precisar de ajuda do clínico. Téano O éano ocorre quando uma bacéria que ie no solo penera no corpo araés duma ferida. As feridas profundas ou sujas são as mais perigosas. Feridas que possuem mais risco de causar éano: picadas por espinho farpas, ou pregos ferimenos por faca ou bala furar as orelhas com agulhas sujas As úlceras crónicas, maequenha, e raamenos radicionais feios com maerial não eseriliado podem ambém proocar éano. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 455

Causas do éano no recém-nascido A bacéria que prooca o éano pode enrar araés do cordão umbilical do recém-nascido. A possibilidade de éano é maior quando: o cordão é corado com um insrumeno conaminado. o cordão é amarrado com um fio sujo. são colocadas subsâncias no cordão, por exemplo cina, fees de animais, ec. Sinomas e sinais: Uma ferida (aenção, às ees pode não ser isíel). Dificuldade e mal-esar ao engolir. O queixo fica rígido (maxilas cerradas), e depois os músculos do pescoço e de ouras pares do corpo ambém ficam rígidos. Espasmos dolorosos do queixo e finalmene do corpo odo. Moer ou ocar na pessoa pode desencadear espasmos como ese: O ruído súbio ou a lu fore ambém podem causar os espasmos. Em recém-nascidos: o lacene chora e mama normalmene nos primeiros dias. Os primeiros sinais de éano neonaal aparecem geralmene enre o 3º e o 12º dias depois do nascimeno. O bebé chora coninuamene e é incapa de chupar. O bebé maném a boca fechada e não consegue abri-la. Todo o corpo fica rígido e há crises de espasmos. Às ees a área umbilical esá suja ou infecada. 456 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Noifi cação Todos os casos de éano deem ser noificados araés do sisema de igilância epidemiológica, especificando-se se é um caso de éano neonaal ou ouro. EXEMPLO DE DEFINIÇÃO DE CASO DE TÉTANO NEONATAL Doença do recém-nascido que se inicia enre os 3º e o 28º dias de idade, com hisória de incapacidade de mamar, seguida de rigide e espasmos musculares, e frequenemene, more. EXEMPLO DE DEFINIÇÃO DE CASO DE OUTRO TÉTANO O doene apresena dificuldade em abrir a boca, seguida de espasmos musculares. Frequenemene precedido por uma ferida. Traameno: O que faer quando há sinais de éano: O éano pode lear à more. Dee-se ransferir o doene ao aparecer o primeiro sinal. Se houer alguma demora na ransferência, faer o seguine: Se conseguir ober, injecar soro anieânico (er pág. 742). Seguir fielmene odas as precauções para a injecção de anioxinas (er pág. 129). Dar meronidaol (er pág. 702) ou penicilina crisalina (er pág. 695) ou procaína (er pág. 696). Laar a ferida com basane água correne e sabão, endo o cuidado de reirar oda a sujidade. Sempre que o doene consiga engolir, dar líquidos nuriios em goles pequenos e frequenes. Para conrolar as conracções, dar diaepam (er pág. 727). Tocar e moimenar o doene o menos possíel. Eiar barulho e lu inensa. Maner o doene irado de lado para eiar a obsrução das ias respiraórias. Nos recém-nascidos, colocar uma sonda nasogásrica e alimenar o bebé com o leie exraído do peio da mãe. É muio imporane começar a raar o éano ao primeiro sinal. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 457

Preenção: Mesmo nos melhores hospiais, muios doenes com éano morrem. É mais fácil preenir o éano do que raá-lo. A acina é a proecção mais segura conra o éano. Tano as crianças como os adulos deem ser acinados. A acinação anieânica da gráida e das mulheres em idade féril eia o éano no recém-nascido. Quando se em uma ferida, limpá-la e omar as medidas de profilaxia conra o éano como esá descrio na pág. 262. Em recém-nascidos: Laar as mãos com água e sabão anes de corar e amarrar o cordão umbilical. Amarrar o cordão umbilical com pinças eseriliadas ou fios limpos e eseriliados. Corar o cordão umbilical com uma lâmina noa ou com ouro insrumeno corane eseriliado. Maner o cordão exposo ao ar ou cobero só com roupa limpa. Não amarrar nem aplicar ligaduras. Não aplicar subsâncias no cordão. Se o cordão ficar sujo, laar com água e sabão e secar bem com um pano ou oalha limpos. O cordão dese bebé foi manido seco e enilado. ELE ESTÁ SADIO. O cordão dese bebé foi manido muio aperado, cobero e húmido. ELE MORREU DE TÉTANO. AVISO: Não se esqueça de noificar odos os casos de éano. 458 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Raia A raia é geralmene causada pela mordedura dum cão raioso. Os morcegos e ouros animais (por exemplo, gaos, acas, cabrios, manguços, macacos, e raposas) ambém podem ransmiir a raia. Além da mordedura, a raia ambém se pode ransmiir, embora seja mais raro, araés da salia do animal doene de raia, quando o animal lambe pele lesada, feridas aberas, a boca ou os olhos. Sinomas e sinais: NO ANIMAL: Comporameno esranho algumas ees rise, irrequieo, ou irriáel. O animal selagem muda de comporameno, parecendo domesicado, podendo enrar nos quinais ou nas casas. Espuma pela boca, não consegue comer ou beber. Algumas ees o animal fica brao (louco) e pode morder qualquer pessoa ou qualquer coisa que eseja pero dele. NA PESSOA: Dor e formigueiro na área da mordedura. A pessoa fica alera e exciada, e pode parecer hisérica. Podem ocorrer aaques de furor. Dificuldade ao engolir. Fica mais agiada quando lhe oferecem água para beber (hidrofobia). Quando a more se aproxima, respiração irregular, conulsões (aaques) e paralisia. Os primeiros sinomas aparecem enre 10 dias e 7 anos após a mordedura (geralmene, de 3 a 8 semanas). Depois do início da doença, nenhum raameno conhecido pela ciência médica pode salar a ida da pessoa com raia. Traameno: O objecio é aliiar o sofrimeno do doene. Aconselha-se doses alas de diaepam (er pág. 727) ou ouro calmane disponíel. O risco de apanhar raia dum doene é muio pequeno. Mesmo assim, os rabalhadores de saúde e a família deem omar cuidado para não serem mordidos, ou erem conaco com a salia do doene, deem usar aenais, luas, óculos e máscaras. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 459

Noifi cação Todos os casos suspeios de raia deem ser noificados araés do sisema de igilância epidemiológica. Exemplo de defi nição do caso Considera-se caso de raia quando, após uma mordedura de um animal, o doene apresena os seguines sinomas: dor e formigueiro na área da mordedura, ansiedade, irriabilidade, mal-esar geral, medo de água. A doença lea inariaelmene à more. Preenção: No caso de qualquer mordedura ou arranhão de animais: Em casa: Laar imediaamene a ferida com basane água correne e sabão, repeindo por duas ees Eliminar compleamene o sabão com abundane água Se possíel, desinfecar com álcool a 70% ou com inura de iodo Não fechar o ferimeno; deixálo ao ar lire Lear a pessoa mordida imediaamene à unidade saniária mais próxima Na unidade saniária: Laar a ferida com basane água correne e sabão, durane pelo menos 5 minuos Eliminar compleamene o sabão com abundane água Desinfecar a ferida com álcool a 70% (er pág. 738) ou com inura de iodo (er pág. 741) Não suurar a ferida Adminisrar profilaxia anieânica (er pág. 262) Traar com anibióicos se a ferida esier infecada (er pág. 254) Em odos os casos de mordedura, escoriações, arranhões, e lambidelas na pele lesada, na boca ou nos olhos, ransferir o doene para uma unidade saniária onde a acina ani-rábica eseja disponíel. Uma lambidela em pele não lesada não precisa de acinação, mesmo se o animal esá com raia. 460 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Amarrar ou colocar o animal numa jaula por 10 dias se não em sinais de raia. AVISO A laagem imediaa da ferida suspeia com abundane água e sabão é a medida mais imporane para a preenção da raia humana. Suspeia dum caso de raia animal Sempre que se suspeia que um animal em raia dee-se: eiar agarrá-lo ou manipulá-lo. aisar imediaamene o seriço de eerinária, a auoridade local e/ou a polícia. procurar capurar o animal e manê-lo em obseração durane 10 dias. caso iso não seja possíel, o animal dee ser abaido, assim como ouros animais eenualmene mordidos por ele. Se o animal morrer ou for abaido, dee-se enidar esforços para confirmar ou excluir a raia. Para al, o cérebro do animal suspeio dee ser enregue ou eniado para um seriço de eerinária. O animal ou a cabeça deem ser eniados denro dum saco plásico, numa caixa isoérmica com gelo ou acumuladores. O enio dee ser acompanhado por uma Ficha do Regiso que coném informação relacionada com: 1. Idenificação e descrição complea do animal. 2. Idenificação da residência do dono, caso exisa. 3. Descrição dos sinais imporanes da doença. 4. Circunsâncias da mordedura e capura. A caixa dee ser fechada, selada e idenificada com um aiso e só deerá ser abera à chegada, nos seriços de eerinária: AVISO Coném maerial infecado perigoso! Por faor NÃO ABRIR a caixa! OUTRAS DOENÇAS GRAVES 461

Preenção da raia animal: Vacinar odos os cães e gaos Eiar que os cães saiam de casa ou do quinal Se lear o cão a passear, ele dee ir preso com uma coleira e rela, ou com uma corda Eliminar os animais sem dono Eiar possuir macacos ou ouros animais selagens como animais de esimação Maner as crianças longe de qualquer animal que pareça doene ou enha comporameno esranho Capurar e obserar durane 10 dias os animais domésicos que ierem mordido alguém, ou que sejam suspeios de raia Comunicar o comporameno anormal de qualquer animal às auoridades eerinárias Febres irais Esas são doenças causadas por ários ipos de írus e que são muias ees confundidas com a malária. Eses írus são ransmiidos por mosquios do ipo Aedes, diferenes dos que ransmiem a malária. Esas doenças surgem muias ees em epidemias (quando muias pessoas adoecem ao mesmo empo), geralmene durane a esação quene, da chua. Febre de chikungunya e dengue (febre quebra-ossos) Embora a febre de chikungunya (chingwinwinya, na língua maconde) muias ees não seja grae, pode confundir-se com a dengue, que pode ser grae. A chikungunya é frequene e às ees surge em epidemias. Uma oura que pode causar epidemias é a febre de dengue. Sinomas e sinais: O doene sene-se muio mal Febre ala e súbia Dores inensas no corpo, cabeça e gargana Poliarrie (dores nas ariculações) que pode persisir por meses Náusea e dores abdominais Erupção na pele Em alguns casos pode haer hemorragias debaixo da pele (manchas pequenas na pele) ou graes hemorragias inernas. 462 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Preenção: Veja as medidas do conrole dos mosquios e proecção pessoal na pág. 210. Traameno: Não há raameno para eses írus, mas a doença desaparece por si Repouso, beber basanes líquidos, omar paraceamol (mas NUNCA AAS) para a febre e dor Em caso de hemorragia grae, raar o choque (er pág. 243) Noifique odos os casos de febre com hemorragia, e odas as epidemias. Marburg e ébola Esas doenças são causadas por írus e proocam muios óbios. São muio conagiosas e ocorrem em epidemias. Transmissão: A ransmissão fa-se por conaco direco de pessoa a pessoa e araés da reuiliação de agulhas não eseriliadas. Sinomas e sinais: Na fase inicial os sinomas são semelhanes aos de uma gripe, malária ou gasroenerie: Depois: O doene sene-se muio mal Confusão menal Febre ala e súbia Dores de cabeça e gargana Dores musculares Náusea e ómios Erupção que se inicia na face e pescoço e se esende depois aos membros Hemorragias generaliadas Diarreia OUTRAS DOENÇAS GRAVES 463

Traameno: Noificar imediaamene e chamar apoio, sempre, mesmo que haja um único caso de febre com hemorragias. Não ransferir o doene sem auoriação pode espalhar a doença. Isolar o doene e usar luas, aenais, máscaras, proecores oculares e boas, para proecção pessoal. Não há raameno para eses írus Repouso, beber basanes líquidos, omar paraceamol (mas NUNCA AAS) para a febre e dor. Em caso de óbio, não deixe a família ocar no corpo. Use as mesma precauções que usou para cuidar do doene. Sempre que suspeiar dum caso de febre hemorrágica, isolar o doene e usar proecção indiidual. Preenção Usar sempre as medidas de biossegurança (er capíulos 8 e 9). Febre ifóide A febre ifóide é uma infecção causada por bacérias da espécie Salmonelas. Caraceria-se por sinomas gasroinesinais e gerais. Transmissão: Transmie-se das fees para a boca araés dos alimenos ou água conaminados. É uma doença perigosa. 464 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Sinomas e sinais: Primeira semana: Dor de cabeça, fraquea, mal-esar Febre, que sobe um pouco cada dia aé chegar a 40º ou mais A pulsação é mais lena do que esperado em relação à febre presene Tosse seca Prisão de enre, por ees diarreia Segunda semana: Fraquea, apaia, perda de peso Febre ala, pulsação relaiamene lena Terceira semana: Febre ala, fraquea Confusão (o doene não pensa claramene e di coisas sem senido) Complicações como hemorragia inesinal e perfuração do inesino (abre-se um buraco no inesino, causando perionie (er pág. 263) Quara semana Se não há complicações a febre e ouros sinomas desaparecem lenamene. Por ees, as complicações, como hemorragia inesinal e perfuração do inesino, podem aparecer mais arde. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 465

Traameno: Transferir para uma unidade saniária com mais recursos. Dar cloranfenicol anes de ransferir (er pág. 700). Se não há cloranfenicol, use ampicilina (er pág. 698), ou amoxicilina (er pág. 697), ou corimoxaol (er pág. 699). Aliiar a febre. Adminisrar líquidos. Preenção: Para preenir a febre ifóide, dee-se omar odos os cuidados para eiar a conaminação da água e alimenos com fees humanas. Seguir as regras de higiene pessoal e saneameno indicadas no capíulo 11. Casos de febre ifóide muias ees ocorrem depois duma cheia ou oura caásrofe, e nessas ocasiões deem ser omados cuidados especiais com a higiene. Mesmo depois de recuperar da febre ifóide, algumas pessoas são poradoras da doença e podem ransmii-la aos ouros. Por esse moio, qualquer pessoa que já ee febre ifóide dee er muio cuidado com a higiene pessoal e precisa de seguimeno e raameno se for necessário. Tifo O ifo é uma doença parecida com a febre ifóide. É ransmiido pela picada de: piolho carraça pulga do rao 466 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Sinomas e sinais: Febre com calafrios. Dores de cabeça e dores generaliadas. Alguns dias depois (4º a 7º) surge uma erupção de manchas pequenas que começam no ronco e depois se alasram a odo o corpo excepo roso, palma das mãos e plana dos pés. Traameno: Se houer suspeia dum caso de ifo, ransferir o doene para uma unidade saniária com mais recursos. Preenção: Maner a higiene pessoal. Despiolhar com regularidade. Tomar as medidas conra raos e pulgas, como indicado para a pese (er pág. 468). Febre reumáica Esa doença ocorre em crianças e adolescenes. Geralmene começa aproximadamene 20 dias depois da pessoa conrair uma infecção na gargana proocada pelo esrepococo ou, mais raramene, após infecção na pele. Sinomas e sinais (geralmene 3 ou 4 esão presenes): Febre. Dor nas ariculações, principalmene nos pulsos, ornoelos, joelhos e cooelos. As ariculações ficam inchadas e, muias ees, quenes. Caroços debaixo da pele. Nos casos mais graes, fraquea, respiração difícil, e, às ees, dor no peio. Se suspeiar de febre reumáica, ransfira o doene para uma unidade saniária com mais recursos. Há risco de doença permanene do coração. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 467

Preenção: Para eiar a febre reumáica, dee raar-se a infecção esrepocócica logo no início com penicilina (er pág. 693). Uma e diagnosicada a febre reumáica pela primeira e, a criança dee iniciar um programa de profilaxia de noos aaques de febre reumáica aé pelo menos aos 21 anos de idade, ou mais empo, se ier lesões cardíacas. A profilaxia fa-se com penicilina benaínica (er pág. 696) ou com fenoximeilpenicilina oral (er pág. 694). Tripanossomíase (doença do sono) É uma infecção perigosa proocada por parasias de nome Tripanossoma, ransmiida dos animais selagens e gado boino para o homem, pela mosca sé-sé. Iso ocorre em algumas onas rurais. Sinomas e sinais: Febre crónica irregular, inchaço dos gânglios linfáicos do pescoço, axilas e irilha. Isso pode ocorrer durane semanas ou anos. Dores de cabeça e ariculares. Numa fase mais adianada, o doene apresena apaia, alerações do comporameno e finalmene sono profundo e prolongado durane o dia. Todos os casos que não forem raados acabam em more. No caso de suspeia de ripanossomíase, ransferir o doene para uma unidade saniária com mais recursos para diagnósico e raameno. Preenção: Exisem armadilhas próprias para conrolar a mosca sé-sé. Se elas consiuem um problema na sua comunidade, peça ajuda às auoridades eerinárias. Pese A pese é causada por uma bacéria. A pessoa é infecada pela picada da pulga do rao. 468 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Sinomas e sinais: febre eleada dores de cabeça e musculares aumeno e dor dos gânglios linfáicos, frequenemene na irilha. Por ees os gânglios drenam pus. Raramene, surgem casos de pneumonia grae ou pese generaliada, sem aumeno dos gânglios. A more pode ocorrer com frequência nos casos não raados. AVISO: Se houer suspeia de um caso de pese, noificar com urgência. Pode ser o início duma epidemia. Exemplo de defi nição de caso Febre ala e mal-esar geral, aumeno e dor dos gânglios linfáicos: irilha, axilas ou pescoço. Traameno: É imporane iniciar o raameno logo que seja possíel com um anibióico: Esrepomicina (que pode ser disponibiliada durane a epidemia. Seguir as insruções das auoridades saniárias). Genamicina (er pág. 701). Cloranfenicol (er pág. 700). Doxiciclina (er pág. 701). Drenar os abcessos sempre que for necessário e dar paraceamol ou AAS oral em SOS. O doene dee ser inernado no hospial ou no local organiado pelas unidades saniárias. O doene e os seus objecos pessoais deem ser desinfesados com o insecicida recomendado pelas auoridades saniárias. Isolar o doene com pneumonia aé complear dois dias de raameno com anibióico. Os rabalhadores de saúde deerão proeger-se com máscaras. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 469

Medidas durane uma epidemia Tomar as medidas gerais indicadas para o conrolo das epidemias (er capíulo 14). As medidas específicas de conrolo são organiadas pelas auoridades compeenes: Desinfesar os conacos com o insecicida recomendado. Quimioprofilaxia, durane 7 dias, aos familiares e aos rabalhadores de saúde: doxiciclina (er pág. 701), ou corimoxaol (er pág. 699). O conrolo das pulgas do rao é prioriário. Só se dee começar com a eliminação dos raos quando as pulgas esierem conroladas, caso conrário as pulgas podem salar dos corpos dos raos para as pessoas. Pela mesma raão, não se dee pegar em raos moros. Preenção: Conrolar os raos, manendo o ambiene limpo, sem lixo. Brucelose (febre ondulane) Esa é uma doença causada por uma bacéria de nome Brucella. Transmissão: A ransmissão fa-se de animal ao homem, araés do leie não paseuriado ou não ferido ou ao comer deriados do leie, como o queijo de acas ou cabras infecadas por Brucella. A bacéria da brucelose ambém pode enrar no corpo araés dos arranhões ou feridas na pele ou por inalação, em pessoas que rabalham com gado, cabras ou porcos. Eie a brucelose: nunca beba leie não raado 470 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Sinomas e sinais: A brucelose pode começar com febre e calafrios, mas muias ees começa lenamene, com cansaço progressio, fraquea, perda de apeie, dores de cabeça, suores, irriabilidade, aumeno dos gânglios linfáicos cericais ou axilares e algumas ees dores nas ariculações. A febre pode ser baixa ou ala. Na brucelose crónica, a febre pode desaparecer por ários dias e olar depois. Sem raameno, a brucelose pode durar ários anos e lear a complicações, paricularmene nas ariculações ou ossos. Traameno: Se suspeiar de brucelose, ransferir o doene para uma unidade saniária com mais recursos, porque é fácil confundir esa doença com ouras. Preenção: Beber leie de aca apenas se ier sido ferido ou paseuriado. Não comer queijo feio com leie que não foi ferido ou paseuriado. Ter cuidado ao lidar com o gado, cabras, e porcos, em especial se ier cores ou arranhões. Cooperar com os inspecores que fiscaliam os animais, para se er a cerea de que os mesmos esão sadios. Cegueira dos rios (oncocercose) Esa doença é um ipo de filáriase que foi ulgar em algumas pares de África, mas já esá sendo eliminada. A infecção é causada por pequenos ermes que são ransmiidos de pessoa a pessoa por pequenas moscas-preas que se reproduem em correnes de águas rápidas. Os ermes são injecados na pessoa pela picada da mosca-prea. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 471

Sinomas e sinais: Caroços debaixo da pele. Eses caroços (não causam dor, e êm 2 a 3 cm de amanho) conêm os ermes já crescidos, e produem as laras que se alasram exensiamene pela pele e ecidos. Comichão Engrossameno da pele MOSCA-PRETA amanho real A pele orna-se, a pouco e pouco, cada e mais enrugada, como a pele do idoso. Podem aparecer manchas e pinas brancas na perna, muias ees chamadas de pele de leopardo. Em ceros casos há uma dermaie seca generaliada (pele escamosa e áspera) nos membros inferiores e nádegas. As laras podem chegar aos olhos, principalmene quando exisem nódulos na cabeça. Isso causa irriação nos olhos e, eenualmene, a cegueira. É por essa raão que chamam à oncocercose a cegueira dos rios Se há suspeia de oncocercose, ransferir o doene para uma unidade saniária com mais recursos. Um pedaço de pele pode ser analisado ao microscópio e as laras serão isíeis. Traameno: O raameno precoce pode eiar a cegueira. O raameno dee começar logo que surgem os primeiros sinomas. Não se dee esperar que os sinais nos olhos apareçam, pois o raameno orna-se enão mais difícil. O raameno feio no início eia a cegueira e ambém ajuda a limiar a ransmissão da doença. 472 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Paralisia dos membros Há muias causas de paralisia, nos adulos e nas crianças. Anigamene, uma das causas mais frequenes de paralisia era a poliomielie (pólio). Felimene, esa já esá sendo erradicada no mundo araés de acinação. Por isso, é imporane maner a igilância porque ainda podem aparecer casos. Nos casos de paralisia: Dee-se pergunar se a paralisia começou de repene (aguda) ou se foi gradual. Depois, obserar o doene para er se a paralisia é : desigual. flácida (os músculos apresenam-se flácidos (moles) e os reflexos dos joelhos esão ausenes). espásica (os músculos apresenam-se conraídos e rígidos e os reflexos esão aumenados). Nas crianças com menos de 15 anos: A paralisia flácida de início súbio pode ser deida a poliomielie e dee ser classificada como uma paralisia flácida aguda (PFA). A paralisia deida à poliomielie é aguda (começa de repene). Os sinomas iniciais da doença são: febre, cansaço, dores de cabeça, ómios, e dores dos membros. Às ees há rigide de nuca. Não há perda de sensibilidade. Para se er a cerea de que já não exise poliomielie, odos os casos suspeios de paralisia flácida aguda (PFA) deem ser conduidos à unidade saniária mais próxima. Na unidade saniária, as inesigações e a noificação do caso deem ser iniciadas o mais bree possíel, incluindo a colheia de 2 amosras de fees, de preferência denro dos primeiros 14 dias depois do início da paralisia. As amosras de fees podem ainda ser colhidas aé 60 dias depois do início da paralisia. Um exame de seguimeno para definir a paralisia residual dee ser feio 60 dias após o início da paralisia. Noifi cação Todos os casos de PFA e poliomielie deem ser noificados. Defi nição de caso de PFA Todos os doenes com idade inferior a 15 anos que apresenam uma PFA, e não se enconra oura causa de paralisia. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 473

Poliomielie Todos os casos de PFA que apresenam pelo menos uma das seguines caracerísicas: Sequelas físicas aos 60 dias Vírus de pólio isolado nas fees Óbio, sobreudo se ocorreu nos primeiros 10 dias após o início da paralisia ou se a criança ee problemas respiraórios Perda de seguimeno do caso Nesa fase, em que a poliomielie esá a ser erradicada, um caso de poliomielie represena uma epidemia. Dee ser considerada suspeia de poliomielie qualquer criança com menos de 15 anos de idade com paralisia flácida aguda (PFA). Ouras causas de paralisia Trombose (AVC), mais frequene nos adulos. A paralisia é desigual Uma lesão da coluna (muias ees uberculose) Uma doença do sisema neroso Kono: paralisia espásica e igual, nas áreas onde a mandioca é o alimeno de base Transferir odos os doenes com paralisia para uma unidade saniária com mais recursos: 1. Pode ser uma PFA que precisa de ser noificada. 2. Pode ser deida a uma doença que pode ser raada, por exemplo uberculose da coluna. 3. O doene precisa de reabiliação física. 474 OUTRAS DOENÇAS GRAVES

Traameno: Não exise medicameno específico conra a paralisia. Conudo, muias ees, pare ou oda a força muscular perdida ola lenamene. Para o início do raameno, dar paraceamol para aliiar a dor e colocar compressas quenes nos músculos doloridos. Maner os membros em posição de conforo e eiar conracuras e escaras. Com cuidado, esicar os braços e pernas para que o doene fique deiado o mais direio possíel e omar as medidas indicadas para preenir escaras. Exercie o ombro, leanando o braço para cima e para rás da cabeça e laeralmene o mais longe possíel. Exercie o cooelo, genilmene, raendo a mão para o mais próximo possíel do ombro. Exercie o joelho, leanando a anca e aproximando-a do peio e laeralmene o mais longe possíel. Preenção: Para a preenção de kono: Recomendar uma diea ariada Processar a mandioca amarga para irar o cianeo (er pág. 166) NOTA: Assegurar que as crianças sejam acinadas conra a pólio, ao nascimeno e aos 2, 3, e 4 meses de idade. Colaborar com as campanhas de acinação. OUTRAS DOENÇAS GRAVES 475

Reabiliação física A pessoa que ficou incapaciada deido à paralisia dee er uma alimenação ariada e equilibrada e faer exercícios para foralecer os músculos. Ajudar a pessoa a aprender a caminhar da melhor forma possíel. Arranjar duas aras como esas para se apoiar. Aparelhos para as pernas, muleas e ouros ipos de apoio podem ajudar a pessoa a andar e podem eiar deformidades. Paralisia da face Se uma pessoa joem ou de meia-idade de repene fica com um lado do roso paralisado, sem qualquer ouro sinal de rombose, proaelmene esá com uma paralisia passageira do músculo do roso (paralisia de Bell). Geralmene desaparece por si própria num período de semanas ou meses. A causa quase sempre é desconhecida. Não é necessário nem exise raameno. Se o olho não fecha compleamene, colocar um penso à noie para eiar que o olho fique seco. A face ambém pode ficar paralisada deido a um AVC. Insufi ciência renal aguda Manifesa-se por o doene urinar uma quanidade pequena de urina. É reersíel ou irreersíel, dependendo da rapide com que se inicia o raameno. É deida a árias causas: Dificuldade na circulação do sangue para os rins, como aconece, por exemplo, na malária, hemorragia, cólera e diarreia. Doenças do rim. Obsrução das ias urinárias: aumeno da prósaa, cancro, pedras nos rins. AVISO: Os doenes com insuficiência renal aguda deem ser ransferidos com urgência para uma unidade saniária com mais recursos. 476 OUTRAS DOENÇAS GRAVES