RISCOS A INUNDAÇÃO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB Juliana Gomes e Sousa Miguel; Djailson Bezerra Felix (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, Avenida Primeiro de Maio, 720 Jaguaribe, João Pessoa PB, 58015-435, juliana.gs.miguel@gmail.com); RESUMO O processo de industrialização e o crescimento urbano trouxeram consigo um aumento significativo e desordenado da imigração do meio rural para o urbano causando diversos problemas, dentre eles a falta de estrutura urbana, habitações irregulares, ineficácia de drenagem, entre outros. O mapa de riscos a inundação é de uma extrema importância para que se tenha um controle, planejamento e prevenção contra possíveis desastres causados pelo acúmulo da água da chuva, como enxurradas e inundações. A cidade de João Pessoa PB possui uma área de 210,6 km², mediante analise do resultado dos modelos que deu origem ao mapa de inundação da cidade, suas áreas de inundação correspondem com as áreas de alagamentos que ocorre em alguns bairros do município de João Pessoa. Palavras-chave: Industrialização, Imigração, Urbanização, Inundação, Mapa de Risco. INTRODUÇÃO Com o inicio do processo de industrialização houve uma grande imigração da população da zona rural para a zona urbana, principalmente nos fins da década de 40 e inicio da década de 50. Com a intensidade do processo de urbanização, nos países subdesenvolvidos, não houve um planejamento, nem uma preparação na estrutura do espaço geográfico para receber uma mudança tão grande. Portanto, essa rápida urbanização, trouxe consigo diversos problemas como o mau uso e ocupação do solo, por habitações em áreas irregulares (morros, encostas, margem de córregos e rios), desmatamento, entre outros problemas causados. A água da chuva passa por diversos caminhos quando chega ao solo, podendo ser retida pelo mesmo, absorvida pela vegetação, evaporada ou poderá correr pela superfície até a região mais baixa. As inundações ocorrem quando o solo e a vegetação não conseguem mais absorver toda a água. São causadas principalmente pela ineficácia de drenagem e a construção de centros urbanos em terrenos irregulares. Um dos principais pontos para ocorrer uma inundação são em áreas ribeirinhas, áreas que intensificam o escoamento superficial, refluxo de água através do sistema de esgoto e água pluvial, devido a grande quantidade de chuva.... verifica-se que uma determinada precipitação, que antes da urbanização não causaria grandes problemas, após a urbanização resulta em vazões muito maiores e inundações generalizadas, devido aos impactos hidrológicos citados, causados principalmente pela remoção da vegetação, pela impermeabilização e pela canalização da bacia, além dos aspectos qualitativos relativos ao carregamento de sedimentos, lixo e esgotos para os cursos de água (Gondim Filho 2004). A cidade de João pessoa localizada no litoral do estado da Paraíba possui uma altitude media em relação ao nível do mar de 37 metros, altitude máxima de 75 metros, predominando terrenos planos e suavemente planos, com o índice pluviométrico anual superior a 2 000 mm. Em relação ao processo de expansão da cidade de João pessoa, como em outras cidades, também apresentou- se de forma desordenada e vem agravando a cada ano. Os números de ocupações impróprias para a construção de moradias aceleram a degradação ambiental, assim como as ruas e calçadas com pavimentos diversos impedem que a água se infiltre no solo. Os problemas são oriundos da interação de conjuntos bem distintos, ou seja, o relevo cuja concavidade está aparente, mas num outro segmento é possível distinguir que há o estrangulamento do escoamento e, por fim, a precipitação de alta magnitude. Tais elementos estão acontecendo de forma simultânea causando os alagamentos. (Sobreira et al. 2012). 674
O mapa de inundação é um documento importante para a construção do plano diretor de uma cidade, pois mostra os principais pontos de riscos para que assim seja evitado diversos problemas, realizando as medidas de prevenção ou ate mesmo a solução para os devidos problemas referentes aos pontos demarcados. O objetivo do trabalho foi à produção de um mapa, utilizando dados necessários para mostrar as possibilidades de ocorrer inundações ou até alagamentos em determinadas áreas da cidade de João Pessoa PB, possibilitando o reconhecimento das áreas e posteriores medidas preventivas quando a alagamentos e inundações. Tabela 1 Determinação dos Pesos Estatísticos. Fonte: Santos, et al. 2010. ArcGis 9.3 total: aplicações para dados espaciais, 126. Alegre ES: CAUFES MATERIAL E MÉTODOS O seguinte artigo foi produzido no ArcMap que pertence ao software ArcGis, utilizando o sistema de referencia SIRGAS 2000 UTM zona 25 s. Os dados criados, foram FATORES Tipo de Solo Uso do solo Altitude Declividade Pesos Tipo de solo 1/16 = 0,33/9,33 = 0,20/4,53 = 0,14/1,68= 0, 0553 0,0625 0, 0357 0,441 0, 0852 Uso do solo 3/16 = 1/9, 33 = 0,33/4,53 = 0,20/1,68 = 0, 1175 0,1875 0, 1075 0,0753 0,1193 Altitude 5/16 = 3/9, 33 = 1/ 4,53 = 0,33/ 1,68 = 0, 2622 0.3125 0, 3214 0,2206 0,1988 Declividade 7/16 = 5/ 9,33 = 3/ 4,53 = 1/1, 68 = 0, 5650 0.4375 0,5357 0, 6618 0, 5966 produzidos através da ferramenta analise espacial( Spatial Analyst), onde possui diversos meios para realizar o trabalho. Os dados da demarcação da área de João pessoa, assim como os dados sobre o tipo de solo, foram adquiridos no sitio da AESA. A altimetria de João Pessoa foi adquirida através da carta SB-25-Y-C, do sítio da EMBRAPA. O modelo cobertura vegetal foi produzida no próprio software através das ferramentas disponíveis. Através da carta SB-25-Y-C, o município de João Pessoa foi extraído por mascara (Extract by Masc), para obter os dados de altimetria. As imagens matriciais como, as curvas de níveis e declividade, foram calculadas através da opção Surface Analysis também pertencente à ferramenta analise espacial. O shape uso do solo, referente à cobertura vegetal, foi feito através de uma imagem de satélite, onde vários pontos foram demarcados, usando a ferramenta Editor localizada no menu principal ( Main Menu) do ArcMap, para que houvesse a criação de polígonos referente as áreas que possuem água, mata densa, vegetação rala, área urbana e solo exposto. Todas as imagens matriciais foram reclassificadas através da opção Reclassify, atribuindo valores referentes a cada imagem numa escala de 0 a 10. Na criação do mapa de risco de inundação da cidade de João Pessoa, houve a determinação dos pesos estatísticos de cada modelo, mostrados na tabela 1. Portanto, com o auxilio da ferramenta analise espacial, na opção Raster Calculator, a conclusão do mapa final, se deu a partir de uma formula matemática com os resultados de cada modelo, chamado álgebra de mapas : 0,5650*declividade + 0,2622*altitude + 0,1175*uso do solo + 0,0553*tipo de solo. 675
RESULTADOS E DISCUSSÃO As características que foram levadas em conta durante a produção do mapa Ricos a Inundação, que será mostrado mais adiante, foram classificados com notas baixas e altas de acordo com a gravidade do risco. No mapa de altimetria que foi usado na álgebra de mapas, à altura foi à característica que foi pontuada no caso de lugares mais altos da carta altimetrica de João Pessoa ficaram com uma nota mais baixa, pois são menos propícios a inundação do que lugares mais baixos onde a água se acumula com mais facilidade. Já no mapa de tipos de solo ( figura 1), levou-se em conta a capacidade de percolação da água onde o solo indiscriminado de mangue recebeu maior nota por ser um solo já com grande acumulo de água, e o solo areia quartzosas marinhas distróficas recebeu menor nota por ter a maior capacidade de percolação de água. Figura 1: Tipos de Solo O mapa de cobertura vegetal mostrado na figura 2 foi classificado da seguinte forma, áreas de mata densa receberam menor nota, pois o solo é protegido e à uma cobertura vegetal significativa que auxilia na drenagem da água do solo, outra categoria que foi gerada no mapa, foi a vegetação rala, com a classificação próxima da vegetação densa. As três categorias seguintes ficaram com as notas mais altas, que foram área urbana, água e solo exposto. Sendo área urbana o de maior nota, pois via de regra são áreas pavimentadas de uso comercial ou residencial, tendo a maior parte do seu solo impermeabilizado, por construções e a pavimentação, tornando-se assim áreas com mais susceptibilidade a inundação, já na categoria água foram demarcadas as áreas com formações naturais ou artificiais lagos, lagunas e rios que durante o período de chuva eventualmente pode ocorrer alagamentos entorno do perímetro destas formações dai a necessidade de representa-las no mapa de inundação e a categoria solo exposto que representa as áreas mais afetadas pela erosão. Durante o estudo do mapa de riscos a inundação (figura 3), observou-se que a área destacada de vermelho e cor amarelada corresponde às áreas mais susceptíveis a enchentes na cidade de João Pessoa sendo a área correspondente à cor vermelha mais susceptível a inundação. 676
Figura 2 - Cobertura Vegetal. Figura 3 - Mapa de Riscos a Inundação. Mediante analise do resultado da álgebra de mapas, ou seja, a mescla de características adquiridas pela produção de mapas independentes gerando um novo mapa chamado Riscos a Inundação, visto na figura 3, consta-se a veracidade do mesmo, pois as suas áreas de inundação correspondem com as áreas de alagamentos que ocorre em alguns bairros do município de João Pessoa, citados na tabela 2. As inundações urbanas têm se configurado como uma das grandes preocupações para a população mundial. No Brasil as inundações causam perdas de 1 bilhão de dólares por ano, principalmente, em razão da ocupação desordenada das margens de rios e impermeabilização do solo de bacia em drenagem urbana. Entre as medidas de controle de inundação, o mapeamento de áreas de riscos se destaca como uma importante ferramenta, fortemente embasada no reconhecimento dos aspectos físico-ambientais e de uso e ocupação do solo das áreas afetadas. 677
Tabela 2 - Áreas Propicias a Inundação. Fonte: Rosa, et al. 2012 Logradouro Bairro Av. Tito silva Miramar R. Francisco Porfírio Mangabeira Rua São Pedro Mandacaru Av. Sanhauá Varadouro Av. Sergio guerra Bancários R. Paulo Roberto de Souza Bessa CONCLUSÃO Diante desta problemática vê-se a necessidade de políticas publicas para a resolução do problema, tais como já existentes em alguns países. Podemos citar como medidas que podem ser adotadas, calçadas ecológicas que permitem que a água da chuva possa ser infiltrada por ela, projeto de arborização eficiente, pois como bem sabemos as árvores tem como um de seus pontos positivos a absorção da água presente no solo, mediante isto podemos dizer que áreas bem arborizadas são menos susceptíveis a inundações e campanhas de sensibilização ambiental para com a população, no tocando a destinação do lixo no meio urbano, como bem sabemos a má destinação acarreta entupimento de bueiros causando ainda mais problemas para a população, que além das inundações pode ocorrer à transmissão de doenças por esta água contaminada com o lixo. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Instituto Federal da Paraíba IFPB pelas oportunidades e ao professor Carlos Lamarck Guimarães, que nos auxiliou no desenvolvimento dos dados deste trabalho. REFERÊNCIAS Aesa, disponível em: <http://www.aesa.pb.gov.br/geoprocessamento/geoportal/shapes.html>. Acesso em 29 abril 2016. Embrapa, disponível em:<http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/>. Acesso em 29 abril 2016. Rosa, P.R.O.; Sobreira, L.C.; Rosa, C.R.; Nascimento, M.O.T.; Pazera, E. 2012. Distribuição das Áreas de Inundação na Cidade de João Pessoa Paraíba: esboço de análise geográfica. Relatório de pesquisa. Santos, A.R.; Louzada, F.L.R.O.; Eugenio, F.C. 2010. ArcGis 9.3 total: aplicações para dados espaciais. 2º edição. Alegre ES: CAUFES,184 p.santos, J.A. 2007. Análise dos riscos ambientais relacionados às enchentes e deslizamentos na favela São José, João Pessoa PB. 117 f. Dissertação apresentada na Universidade Federal da Paraíba-UFPB parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia. Silva, L.P. 2007. Modelagem e geoprocessamento na identificação de áreas com risco de inundação e erosão na bacia do rio cuia. 118 f. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Mestre. 678