IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO HIDROGEOMORFOLÓGIOS NO AMBIENTE URBANO DE CAMAQUÃ-RS 1
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- Amélia Silva Ferrão
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1 IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO HIDROGEOMORFOLÓGIOS NO AMBIENTE URBANO DE CAMAQUÃ-RS 1 OLIVEIRA, Edson Luis de Almeida2; BRASIL, Thais de Vargas3 1 Trabalho de Pesquisa _ IFSul Campus Camaquã Professor IFSul Campus Camaquã/ Doutorando em Geografia (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil 3 Aluna do Curso de Controle Ambiental - IFSul Campus Camaquã, Camaquã, RS, Brasil edsonluis.oliveira@gmail.com; thaisvargasbrasil@gmail.com 2 RESUMO As modificações antrópicas sobre o espaço natural causam impactos ambientais como inundações, enxurradas, erosões, escorregamentos. Esses eventos naturais originaram áreas denominadas de risco, pois oferecem perigo às pessoas. À medida que esse tipo de problema evolui, é necessário o melhor entendimento de como, quando e a quem afetam esses processos. Tendo em vista esses fatores e motivos, o projeto Investigação e Mapeamento das Áreas de Risco Hidrogeomorfológicos do Ambiente Urbano de Camaquã-RS, utilizou a metodologia que consistiu no levantamento primário e secundário sobre os eventos/acidentes que ocorreram no espaço urbano, bem como a aplicação de um questionário em um assentamento urbano subnormal. Assim, procura-se oferecer subsídios teóricos/práticos para auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas que tenham por objetivo a gestão e o gerenciamento das áreas de risco na zona urbana da cidade. Palavras-chave: Áreas de Risco; Dinâmica Fluvial; Camaquã-RS. 1. INTRODUÇÃO A cidade de Camaquã localiza-se na porção sul do Estado do Rio Grande do Sul, com um população de de acordo com dados do IBGE (2011). A constituição geológica do município é bem diversificada, na Zona Alta no município, encontram-se as rochas graníticas do complexo Canguçu (IBGE, 1986), essas formações são constituídas por granitos heterogêneos e rochas metamórficas de texturas diversificadas. Essas litologias constituem a porção norte do município, a serra do Cerro Negro com altitudes de no máximo 450m é marcante na paisagem. Na direção sul encontram-se sedimentos coluviais na base das vertentes, constituindo rampas um tanto arenosas e cascalhentas provenientes de sedimentos, provavelmente do final do Terciário (Graxaim) e início do Quaternário, quando o nível do mar alcançava a borda das colinas. Esses sedimentos, depositados em forma de leques aluviais, compõem o produto de uma dissecação erosiva intensa e de uma dinâmica fluvial antiga (CUNHA et al, 2000).
2 Conforme CUNHA et al (op.cit, p.9) As partes baixas planas são formadas por sedimentos marinhos argilosos do Pleistoceno, com sucessivos recuos e transgressões no nível do mar, marcados por diferenças altimétricas normalmente com deposições arenosas nas bordas de cada nível sedimentar. De acordo com os autores a precipitação média anual é de mm, sendo a média mínima de mm (junho, agosto e dezembro) e a média máxima de 156 mm (fevereiro). Os picos de chuvas, no entanto, concentram-se em outubro (primavera), com 170 mm, e em fevereiro (verão), com 156 mm. Como muitas cidades brasileiras, Camaquã enfrenta problemas associados as áreas de risco a dinâmica fluvial. O objetivo deste trabalho é o de identificar as situações de risco a dinâmica fluvial na área urbana, para isso foi realizado um inventário sobre os eventos/acidentes que atingiram a cidade junto ao Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã, um questionário foi aplicado em um assentamento subnormal nas margens do Arroio Duro, canal fluvial que drena a maior parte da área urbana do município, com o objetivo de conhecer a realidade socioeconômica da população residente. 2. METODOLOGIA Os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho seguiram inicialmente o levantamento de dados secundários sobre conceitos relacionados a áreas de risco, vulnerabilidade, desastres naturais. Realizou-se o inventário junto ao Núcleo de Pesquisas Históricas de Camaquã sobre os eventos/acidentes mais significativos que atingiram a área urbana de Camaquã-RS, bem como a coleta de coordenadas geográficas dos locais onde ocorrem situações de inundações/alagamentos no espaço urbano. Os dados primários forma obtidos através de um questionário aplicado em um assentamento subnormal na margem direita do Arroio Duro. 3. RESULTADOS Os principais processos da dinâmica fluvial causadores de danos a infraestrutura e inclusive a probabilidade de provocar perdas de vidas nas áreas urbanas são as inundações, enchentes, enxurradas e alagamentos. A inundação conforme Amaral & Ribeiro
3 (2009) constitui-se em um: evento natural que ocorre com periodicidade nos cursos d água, frequentemente deflagrados por chuvas fortes e rápidas ou chuvas de longa duração. Conforme Pinheiro (2007, p.96) Enchente e cheia são sinônimos e representam o mesmo fenômeno. As enchentes ocorridas em pequenas bacias são chamadas popularmente de enxurradas e, se, ocorrem em áreas urbanas, elas são tratadas como enchentes urbanas. As enxurradas constituem-se de escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais.é comum a ocorrência de enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos d água com alto gradiente hidráulico e em terrenos com alta declividade natural (AMARAL & RIBEIRO, 2009). Já os alagamentos são acúmulo momentâneo de águas em determinados locais por deficiência no sistema de drenagem (op. cit). Os trabalhos de campo foram fundamentais para a compreensão da vulnerabilidade dos habitantes que estão inseridos em áreas de risco a dinâmica fluvial. A Figura 1 representa área onde foi aplicado o questionário junto a assentamento subnormal na margem direita do Arroio Duro. Pode-se constatar a baixa renda dos moradores, conforme Figura 2. Figura1: Margens do Arroio Duro
4 Figura 2: Renda média mensal dos moradores Este trecho do canal foi retificado, o que altera substancialmente os processos hidrológicos, pois a erosão das margens e o perigo de solapamento destas também são um problema enfrentado pelos moradores (Figura 3). Figura 3: Moradia na margem do Arroio. A reparo na moradia; B- novo processo de subsidência danificando a estrutura. A falta de saneamento é um problema enfrentado pelos moradores que acabam despejando o esgoto direto no arroio (Figura 4).
5 Figura 4: Destino do esgoto das residências As áreas onde ocorrem os alagamentos, provocados por fortes e frequentes chuvas, atingem setores da cidade de relevo plano e com baixa declividade, ruas com drenagem pluvial urbana ineficiente. Ocorrem em diversos pontos do núcleo urbano, inclusive em áreas centrais e nobres, provocando prejuízos para comerciantes e moradores. Através de documentos e reportagens constatou-se que houve frequentes enchentes e alagamentos na cidade, nos anos de 1992, 1995 e 1996 e em 2012 com danos e perdas que geraram um custo muito alto de reparação e, principalmente, afetaram diretamente as pessoas de baixa renda. Assim como em qualquer lugar do mundo, a cidade de Camaquã-RS não está livre de desastres e eventos naturais, conforme Figuras 5 e 6. Figura 5: Enxurrada na área central da cidade (jan/2012) Fonte:
6 Figura 6: Alagamento na rua Presidente Vargas, área central da cidade (jan/2012) Fonte: 5. CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos, pode-se constatar que os principais problemas associados a dinâmica fluvial afetam áreas de relevo plano, onde houve a canalização da microdrenagem urbana, que em função da expansão do tecido urbano incrementou o fluxo de água para os dutos subterrâneos que não dão vazão aos picos de chuva, provocando alagamentos. As margens ocupadas do Arroio Duro são áreas onde existe o risco de solapamento, que colocam em risco as moradias aí construídas, que devido ao seu baixo padrão construtivo são mais vulneráveis aos processos erosivos. Assim pretende-se construir um banco de dados georreferenciados para auxiliar nas atividades de gerenciamento de áreas de risco, bem como elaborar um material informativo de apoio as atividades de planejamento e gestão de áreas de risco, bem como informar a população sobre o perigo de habitar essas áreas. REFERÊNCIAS AMARAL, R. do & RIBEIRO, R. R. Inundação e Enchentes. In: TOMINAGA, L. K. SANTORO, J. & AMARAL, R.(Orgs). Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo : Instituto Geológico, p
7 CUNHA, N. G. da.; SILVEIRA, R. J. C. da; MENDES, R.G; SILVA, M.G; PEREIRA, M.R; Estudo dos solos do município de Camaquã-RS. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. (Embrapa Clima Temperado. Circular Técnica, 18) IBGE. Folha SH. 22 Porto Alegre e parte das folhas SH. 21 Uruguaiana e SI. 22 Lagoa Mirim: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da terra. Rio de Janeiro, p. 6 mapas. (Levantamento de Recursos Naturais, 33) IBGE. Sinopse do Censo Demográfico Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, Rio de Janeiro, 2011 PINHEIRO, A. Enchente e Inundação. In: SANTOS, R. F. Dos (Org). VULNERABILIDADE AMBIENTAL: Desastres naturais ou fenômenos induzidos? Brasília, Ministério do Meio Ambiente, (95-106)
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