Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte Suprimento de boro e zinco a cafeeiros por meio da inserção de comprimidos na base do tronco Roberto Jitsuo de França Sakano (1), Yonara Poltronieri Neves (2), Herminia Emilia Prieto Martinez (3), Junia Maria Clemente (4) (1) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, roberto.sakano@ufv.br; (2) Pesquisadora/Bolsista BIP FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG, ypoltronieri@epamig.br; (3) Professora UFV - Viçosa, MG, herminia@ufv.br; (4) Bolsista CNPq/UFV - Viçosa, MG, junia.clemente@ufv.br INTRODUÇÃO Os micronutrientes são tão importantes para a nutrição das plantas quanto os macronutrientes, embora as plantas não necessitem destes micronutrientes em grandes quantidades. A ordem de acúmulo de micronutrientes em cafeeiro, segundo Catani et al. (1967), é Fe>Mn>B>Zn>Cu>Mo, o que permite inferir que os maiores problemas estão relacionados com B e Zn, uma vez que os solos brasileiros apresentam teores elevados de Fe e Mn. As formas usuais de fornecimento dos micronutrientes são via solo ou por meio de pulverizações foliares. Entretanto, existem algumas limitações ao uso eficiente desses micronutrientes pelo cafeeiro. Ademais, a baixa mobilidade do B e do Zn no floema faz com que esses elementos tenham que ser fornecidos de três a quatro vezes ao longo do período de crescimento, onerando o custo da lavoura cafeeira especialmente nas regiões montanhosas. Uma alternativa ao problema exposto é a aplicação de fertilizantes no caule das plantas. O objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade do suprimento de B e Zn, por meio da inserção de comprimidos, contendo sais desses nutrientes, na base do tronco de cafeeiros e, assim, estudar a produção, o conteúdo foliar de B e Zn e a atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e polifenol oxidase (PPO) nas folhas de Coffea arabica.
EPAMIG. Resumos expandidos 2 MATERIAL E MÉTODO O experimento foi conduzido em uma lavoura de Coffea arabica L. cv. Catuaí Vermelho IAC-99, em área da Universidade Federal de Viçosa (UFV), situada a 581 m de altitude, 20 45 Sul e 42 51 Oeste. O solo é do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo. O clima é do tipo Cwa, segundo Köppen, com temperatura e precipitação média anual de 19,4º C e 1.221,4 mm, respectivamente. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados com cinco tratamentos e cinco repetições. Cada parcela foi constituída de 18 plantas, em espaçamento de 3x1 m, dispostas em três fileiras, sendo a parcela útil constituída das quatro plantas da parcela central. Os tratamentos estudados foram: sem fornecimento de B e Zn; pulverização foliar com ácido bórico e sulfato de Zn aplicados nas concentrações de 0,4%; comprimido contendo sais de B; comprimido contendo sais de Zn; comprimido contendo sais de B e sais de Zn. Os comprimidos foram implantados na haste ortotrópica do cafeeiro a 10 cm de altura em relação à superfície do solo. A colheita dos frutos de café foi feita por derriça manual em pano, quando as plantas apresentavam, aproximadamente, 95% de frutos cerejas. Para a determinação das concentrações foliares de B e Zn foram coletadas folhas novas do ápice dos ramos produtivos localizados em altura mediana nas plantas. Os teores de B foram determinados por digestão via seca, seguida de dosagem com azometina-h base (MALAVOLTA; VITTI; OLIVEIRA, 1997). Os teores de Zn foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTIC CHEMISTS, 1975) no extrato da digestão nítrico-perclórica (JOHNSON; ULRICH, 1959). Para cada determinação bioquímica foram realizadas coletas periódicas de três discos foliares nas folhas novas do ápice dos ramos produtivos localizados em altura mediana na planta. A atividade da enzima polifenoloxidase foi determinada segundo o método descrito por Mazzafera e Robinson (2000). A avaliação da atividade da SOD foi realizada segundo Giannopolitis e Ries (1977). Os dados coletados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção de café cereja não diferiu entre os tratamentos estudados no primeiro ano agrícola (safra 2010/2011), sendo a média de produção de 3,63 kg/planta (Tabela 1), o equivalente de produtividade média de 50,41 sacas de café beneficiado por hectare. O efeito do B e Zn na produção de Coffea arabica é bastante conhecido na literatura, no entanto, a produção de café é fortemente influenciada pela bienalidade, característica da cultura, que, a princípio, pode ter mascarado o efeito dos tratamentos estudados. Quanto aos conteúdos foliares de B e Zn, observa-se que no tratamento com o fornecimento via pulverização foliar, os valores, de forma geral, aumentaram após as pulverizações e tornaram a diminuir com o decorrer do tempo, igualando-se ao tratamento sem fornecimento de B e Zn (Tabela 2 e 3). Já onde o fornecimento foi por meio da inserção de comprimidos, na maioria das épocas de amostragem, os valores foram superiores ao tratamento sem fornecimento de B e Zn, isto sugere maior regularidade no fornecimento desses elementos (Tabela 2 e 3). Quanto à atividade da SOD e PPO, os tratamentos não diferiram estatisticamente em todas as épocas, quando foram feitas as coletas. Os micronutrientes são exigidos em pequenas quantidades, assim é possível que as plantas tivessem reservas internas suficientes para a atividade das enzimas. Para melhor avaliação das atividades, serão necessárias análises adicionais ao longo do ciclo do cafeeiro. CONCLUSÃO O fornecimento de B e Zn via comprimido, inserido no tronco, aumentou o conteúdo desses elementos nas folhas, e esses permaneceram relativamente estáveis ao longo do tempo. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas.
EPAMIG. Resumos expandidos 4 REFERÊNCIAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 12. ed. Washington, 1975. 1094 p. CATANI, R.A. et al. A concentração e a quantidade de micronutrientes e de alumínio no cafeeiro, Coffea arabica, L., variedade Mundo Novo (B. Rodr.) Choussy) aos dez anos de idade. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, v.24, p.97-106, 1967. GIANNOPOLITIS, C.N.; RIES, S.K. Superoxide dismutases - I: occurrence in higher plants. Plant Physiology, v.59, n.2, p.309-314, Feb. 1977. JOHNSON, C. M.; ULRICH, A. Analytical methods for use in plants analyses. Davis: University of Califórnia-Agricultural Experimental Station, 1959. p.32-33. (University of Califórnia. Agricultural Experimental Station. Bulletin, 766). MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 319p. MAZZAFERA, P.; ROBINSON, S.P. Characterization of polyphenol oxidase in coffee. Phytochemistry, v.55, p.285-296, 2000. Tabela 1 - Produção e produtividade de grãos de cafeeiros submetidos aos diferentes tratamentos Produção (kg/planta) Produtividade (saca/ha) Sem fornecimento de Zn 3,47 a 48,2 a Pulverização foliar 3,56 a 49,5 a Comprimido contendo sais de B 3,83 a 53,2 a Comprimido contendo sais de Zn 3,83 a 53,2 a Comprimido contendo sais de B e Zn 3,47 a 48,2 a CV (%) 26,73 26,73
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte 5 Tabela 2 - Conteúdo foliar de B (µg) em folhas jovens de cafeeiros submetidos aos diferentes tratamentos, antes da aplicação dos tratamentos (0) até os 180 dias após o início do experimento Dias após a instalação do experimento 0 30 60 90 120 150 180 Sem fornecimento de Zn 3,4 a 2,1 b 38,7 b 29,3 b 43,8 b 63,0 b 46,4 a Pulverização foliar 3,9 a 3,4 b 63,6 a 36,6 b 66,5 a 84,4 b 67,7 a Comprimido contendo sais de B 5,4 a 46,4 a 33,5 b 70,6 a 59,0 a 125,4 ab 56,3 a Comprimido contendo sais de Zn 6,6 a 3,7 b 46,0 b 28,2 b 44,0 b 99,1 b 69,0 a Comprimido contendo sais de B e Zn 7,0 a 49,6 a 32,4 b 65,1 b 53,5 ab 168,6 a 51,5 a CV (%) 25,06 13,90 24,25 17,16 19,04 43,28 32,74 Tabela 3 - Conteúdo foliar de Zn (µg) em folhas jovens de cafeeiros submetidos aos diferentes tratamentos antes da aplicação dos tratamentos (0), até os 180 dias após o início do experimento Dias após a instalação do experimento 0 30 60 90 120 150 180 Sem fornecimento de Zn 10,1 a 15,0 b 14,5 b 14,9 b 19,4 a 5,1 a 11,0 b Pulverização foliar 12,2 a 28,4 a 24,3 a 13,2 b 23,0 a 13,5 a 19,8 a Comprimido contendo sais de B 11,3 a 31,5 a 20,5 ab 14,4 b 14,7 a 10,7 a 20,0 a Comprimido contendo sais de Zn 11,7 a 29,9 a 18,5 ab 20,4 a 14,8 a 11,0 a 21,3 a Comprimido contendo sais de B e Zn 11,5 a 33,0 a 14,7 b 17,8 ab 14,3 a 11,4 a 21,0 a CV (%) 26,09 18,04 23,36 21,06 37,54 54,64 22,21