ESTUDO DE CASO: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DOS ASPECTOS PSICOMOTORES RELACIONADOS À APRENDIZAGEM

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Transcrição:

ESTUDO DE CASO: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DOS ASPECTOS PSICOMOTORES RELACIONADOS À APRENDIZAGEM Keila Roberta Torezan Renata Andrea Fernandes Fantacini Maria Amélia Almeida Eixo Temático: 1) Práticas Pedagógicas Inclusivas Palavras-Chave: Psicomotricidade, Esquema Corporal, Dificuldade de Aprendizagem Introdução As queixas de problemas de dificuldade de aprendizagem e baixo rendimento escolar são vindouras tanto dos ambientes escolares quanto dos familiares de crianças que apresentam essas características. Os problemas relacionados à aquisição da leitura e escrita atingem, severamente, cerca de 5% a 10% das crianças nos primeiros anos do Ensino Fundamental e, de forma leve, 25% dos alunos neste nível escolar. (CAPOVILLA, CAPOVILLA, TREVISAN e REZENDE, 2006; FERREIRA, NASCIMENTO, APOLINÁRIO e FREUDENHEIM, 2006). Segundo Rosa Neto, Amaro, Prestes e Arab (2011), a dificuldade de aprendizagem pode ocorrer devido à interação de uma série de fatores que resultam no baixo aproveitamento acadêmico. Nos últimos anos, alguns estudos têm apontado que existe uma relação bastante estreita entre o desenvolvimento das capacidades motoras e o desempenho no processo de aprendizagem escolar da leitura e escrita. (AMARO, 2010; BRUSAMARELLO, CAMPOS, CORAZZA e XAVIER, 2008; AMARO, XAVIER, CORAZZA, BRUSAMARELLO e ROSA NETO, 2009; BERESFORD QUEIROZ e NOGUEIRA, 2002; FERREIRA, 2007, FREITAS, 2008). As questões que relacionam o corpo, a aprendizagem e o conhecimento têm recebido atenção pois o ser humano tem necessidade de compreensão da tomada de consciência do seu próprio corpo e do que está a sua volta. E essa tomada de consciência se dá a partir do corpo e de seu movimento (ROCHA, 2009).

Rosa Neto et al. (2004) afirma que a atividade motora é de extrema importância para o desenvolvimento global da criança, principalmente no que diz respeito às dificuldades de aprendizagem. Segundo Beresfor et al. (2002) os componentes da aprendizagem motora exercem influência na aquisição das habilidades de aprendizagem, principalmente a noção corporal, tempo e espaço, especialmente nos anos anteriores a idade escolar. Articulando as questões que envolvem o desenvolvimento motor e a aprendizagem, Goretti (2015) explica que, desde o nascimento é o corpo que proporciona um salto no desenvolvimento infantil. Além disso, para chegar a uma coordenação motora fina, necessária à construção da escrita, a criança precisa desenvolver a motricidade ampla, organizar seu corpo, ter experiências motoras que estruturem sua imagem e seu esquema corporal. Segundo Rosa Neto, Costa e Poeta (2013), há uma relação entre a organização da motricidade e das funções vitais de aprendizagem e adaptação ao mundo. Desta forma, estabelece-se uma relação entre o desenvolvimento motor e as dificuldades de aprendizagem e abre-se um leque para se pensar em possibilidades de intervenção cada vez mais adequadas para a educação e reeducação motora de crianças com dificuldades de aprendizagem. Entendendo que a sociedade exige das pessoas o domínio da leitura e da escrita, o saber ler e escrever toma uma dimensão que vai além da sala de aula, pois o ato de ler e escrever insere e adapta o indivíduo na sociedade e o fato de o sujeito não ter o domínio da leitura e da escrita exclui-o, primeiramente na escola e, depois, em todo o seu meio social. Sendo a psicomotricidade a área que se ocupa do corpo em movimento e que o corpo é um dos instrumentos mais poderosos que o sujeito tem para expressar conhecimentos e reconhecendo a importância das capacidades motoras para o desenvolvimento da criança, em especial o esquema corporal, o objetivo deste estudo foi verificar como um trabalho de desenvolvimento psicomotor (em especial o esquema corporal e a organização espacial) interfere na aquisição do domínio da escrita de uma criança com comprometimentos motores. Método Participou da pesquisa uma adolescente de 14 anos com uma síndrome não conhecida, mas que apresentava como característica a deficiência intelectual e comprometimento motor. A participante apresenta dificuldades de aprendizagem.

A coleta de dados aconteceu na casa da participante. Foram realizados 19 encontros, sendo 4 para a linha de base, 12 para as sessões de intervenção e 3 para as sessões de follow up. Entre as sessões de intervenção e follow up houve um intervalo de 21 dias. Considerando-se o esquema corporal como ponto de partida para a aprendizagem, definiu-se a seguinte pontuação para a linha de base: 0- Não representa a figura humana 1- Representa a figura humana só com a cabeça bem definida 2- Representa a figura humana com a cabeça e tronco bem definidos 3- Representa a figura humana com a cabeça, tronco e membros superiores bem definidos 4- Representa a figura humana com a cabeça, tronco, membros superiores e membros inferiores bem definidos. Ainda para a linha de base, usamos como critério de mensuração da escrita e sua organização espacial a seguinte pontuação: 0- Não apresenta sequencia correta de letras na formação de palavras, não apresenta organização 1- Apresenta sequencia correta de letras na formação de palavras, não apresenta organização 2- Apresenta sequencia correta de letras na formação de palavras, apresenta organização 3- Apresenta sequencia correta de letras na formação de palavras, apresenta organização espacial, apresenta organização textual (título, parágrafo, pontuação, letra maiúscula) Análise de dados Esta foi uma pesquisa qualitativa experimental que usou o delineamento AB. Segundo Birbrauner et al (1974), apud Almeida (2010), este é o tipo de delineamento mais básico, no qual o sujeito é o seu próprio controle. Assim sendo, A refere-se à fase de linha de base e B refere-se à fase de intervenção. Resultados e Discussão Nas sessões de linha de base constatou-se que a participante apresentava desorganização espacial tanto em desenhos, quanto na escrita e organização no caderno. Observando as sessões da linha de base apresentadas no gráfico 1, verificamos que a adolescente não possui um esquema corporal bem estruturado. Foram iniciadas as atividades sobre o corpo: reconhecimento das partes do corpo, comparação de figuras e desenhos com o próprio corpo, colagem das partes do corpo, funções das partes do corpo. A medida que íamos trabalhando com as partes do corpo e suas funções, também fizemos atividades de escrita como produção de texto, leitura e reprodução de histórias lidas, ditado, etc. Ao longo das intervenções, pudemos verificar que a adolescente obteve um

avanço bastante significativo. À medida que ia entendo melhor sobre o corpo humano e suas representações, sua escrita ia evoluindo a olhos vistos. Ao considerarmos que a adolescente havia adquirido o conhecimento a que nos propusemos auxiliá-la, nos afastamos por 21 dias. Após corridos os 21 dias, voltamos para verificar se o conhecimento adquirido se mantinha. Para tal verificação, foram propostas basicamente as mesmas atividades. Verificamos que, tanto a escrita e sua organização quanto o esquema corporal se mantiveram, não houve regresso. O gráfico do Delineamento AB nesta pesquisa apresenta-se da seguinte forma: Gráfico 1: esquema corporal 4 3 2 1 0 Gráfico 2: escrita e organização espacial 4 3 2 1 0 Durante este trabalho, foi possível observarmos de que modo as condições motoras interferem na aprendizagem. Á medida que íamos inserindo as atividades e ajudando-a a se organizar no espaço, ela respondeu de forma bastante positiva. Pudemos constatar que as questões motoras e noção corporal interferem na aprendizagem e que é necessário se levar em conta essa condição para a elaboração de atividades. Considerações finais Considerando que no Brasil, ainda são escassos os estudos articulando o desenvolvimento motor e as dificuldades de aprendizagem e a importância, no nosso meio, de estudos que visem programas de intervenção para se tentar minimizar a situação de fracasso dos jovens na sala de aula, este estudo de natureza experimental, procurou buscar recursos que possam ser aplicáveis à nossa realidade e que possam

servir de apoio para professores da Educação Fundamental tanto do ensino regular quanto do ensino especializado. Questões envolvendo a psicomotricidade e a construção do conhecimento devem ser pensadas e aproveitadas a todo instante. Para isso o educador deve trabalhar as possibilidades de novas construções que os alunos com necessidades educacionais especiais venham a realizar. A inovação pedagógica de hoje deve atingir a diversidade de alunos. Inclua-se na inovação pedagógica a psicomotricidade e sua relação com a aprendizagem. Esperamos que o estudo contribua para o entendimento dos aspectos motores relacionados à aprendizagem, mais especificamente da aprendizagem da escrita e das percepções dos professores relativas ao uso de estratégias no ensino de desenvolvimento motor e escrita que possam influenciar de forma positiva o desempenho acadêmico dos alunos. Referências AMARO, K.N. Intervenção motora para escolares com dificuldade de aprendizagem. Dissertação de Mestrado, Universidade do estado de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina. 2010. AMARO, K. N., XAVIER, R. F. C, CORAZZA, T. D. M., BRUSAMARELLO, S, & ROSA NETO, F. Desenvolvimento motor em escolares com dificuldade de aprendizagem.rev. Digital EFDeportes, 14(133), 1-1, 2009. BERESFORD, H., QUEIROZ,M., NOGUEIRA, A.B. Avaliação das relações cognitivas e motoras na aquisição instrucional das habilidades para a aprendizagem da língua escrita. Rev. Ensaio: avaliação política pública educacional, 10(37), 493-502, 2002. CAPOVILLA, A.G.S., CAPOVILLA,F.C., TREVISAN, B., e REZENDE, M. C.A. Natureza das dificuldades de leitura em crianças brasileiras com dislexia do desenvolvimento. Revista Acolhendo a Língua Portuguesa: A alfabetização em foco, 1(1), p.6-18. 2006. FERREIRA, M. E. C., O enigma da inclusão: das intenções às práticas pedagógicas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.33, n.3, p. 543-560, set./dez. 2007. FERREIRA, L.F., NASCIMENTO, R.O., APOLINÁRIO, M.R., FREUDNHEIM, A.M. Desordem da coordenação do desenvolvimento motriz, 12(3), 283-292, 2006. FREITAS, N.K. Esquema corporal, imagem visual e representação do próprio corpo: questões teórico-conceituais. Ciências e Cognição, 13(3), 318-324, 2008. ROCHA, I. P. Consciência corporal, esquema corporal e imagem do corpo. Corpus et Scientia, vol. 5, n. 2, p. 26-36, setembro 2009. ROSA NETO, F., AMARO, K. N., PRESTES, D. B., ARAB, C. O esquema corporal de crianças com dificuldade de aprendizagem. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 15, Número 1, 15-22, Janeiro/Junho de 2011.