DIREITO ADMINISTRATIVO Profº Cyonil Borges: (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 11 - Quanto à organização administrativa brasileira, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta. I. A administração pública federal brasileira indireta é composta por autarquias, fundações, sociedades de economia mista, empresas públicas e entidades paraestatais. II. Diferentemente das pessoas jurídicas de direito privado, as entidades da administração pública indireta de personalidade jurídica de direito público são criadas por lei específica. III. Em regra, a execução judicial contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA enquanto autarquia federal está sujeita ao regime de precatórios previsto no art. 100 da Constituição Federal, respeitadas as exceções. IV. A Caixa Econômica Federal enquanto empresa pública é exemplo do que se passou a chamar, pela doutrina do direito administrativo, de desconcentração da atividade estatal. V. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS enquanto autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social está subordinada à sua hierarquia e à sua supervisão. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas os itens IV e V estão corretos. c) Apenas os itens III e IV estão corretos. d) Apenas os itens II e III estão corretos. e) Apenas os itens II e V estão corretos. Comentários: Item I - ERRADO. A administração indireta é composta de autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas. Mais recentemente, com a alteração do Código Civil de 2002, houve a inserção das associações públicas, entidades com a natureza autárquica. Portanto, incorreto o item quanto às entidades paraestatais. Item II - CERTO. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público e, portanto, criadas por lei específica. Já as pessoas de direito privado têm apenas o ato de instituição autorizado por lei. Item III - CERTO. A execução é feita por meio de precatórios, haja vista a impenhorabilidade dos bens públicos. Item IV - ERRADO. A criação da administração indireta é feita por meio do processo descentralização, daí a incorreção do quesito. Item V - ERRADO. O INSS está, de fato, vinculado ao Ministério da Previdência, no entanto, como integrante da administração indireta, não está subordinado ao Ministério, mas sim vinculado, daí a incorreção do item. Gabarito preliminar: item D.
(Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 12- São elementos nucleares do poder discricionário da administração pública, passíveis de valoração pelo agente público: a) o sujeito e a finalidade. b) a forma e a competência. c) a conveniência e a oportunidade. d) a competência e o mérito. e) a finalidade e a forma. Comentários: o poder discricionário é o que garante ao administrador opções, margem de flexibilidade, quanto ao conteúdo, objeto e o motivo do ato. Essa flexibilidade é entendida como mérito administrativo, o qual, por sua vez, traduz-se por conveniência e oportunidade, daí a correção do item C. Gabarito preliminar: item C. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 13- Quanto à competência para a prática dos atos administrativos, assinale a assertiva incorreta. a) Não se presume a competência administrativa para a prática de qualquer ato, necessária previsão normativa expressa. b) Com o ato de delegação, a competência para a prática do ato administrativo deixa de pertencer à autoridade delegante em favor da autoridade delegada. c) A competência é, em regra, inderrogável e improrrogável. d) Admite-se, excepcionalmente, a avocação e a delegação de competência administrativa pela autoridade superior competente, nos limites definidos em lei. e) A definição da competência decorre de critérios em razão da matéria, da hierarquia e do lugar, entre outros. Comentários: Alternativa A - CORRETA. Apesar de assinalado pela banca como correta, a alternativa padece de impropriedade. De acordo com os ensinamentos da Profª e autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, há que se lembrar da possibilidade de omissão do legislador quanto à fixação da competência para a prática de determinados atos. A rigor, não havendo lei, entende-se que competente é o Chefe do Poder Executivo, conclui a ilustre autora. Portanto, haja vista a inexistência de indicação bibliográfica e que os candidatos apoiam-se na doutrina majoritária e mais moderna, parece-nos mais plausível a anulação da presente questão. Alternativa B - INCORRETA. O presente quesito foi apresentado como resposta, no entanto, a redação é, no mínimo, ambígua. A banca quis se referir à perda da competência ou à outorga do exercício da competência? Por exemplo: quando o Presidente da República delega ao Ministro da Fazenda o provimento
para cargos de Auditor, o Presidente da República perde a competência? Obviamente não. No entanto, perde a competência para praticar? Sim, a não ser que delegue com reserva de poderes (que não é a regra) ou que revogue a delegação ou que avoque a competência delegada. Enfim, a redação oferece-nos dois caminhos de interpretação, portanto, incompatível com provas de natureza objetiva, decorrendo daí a necessidade de anulação da questão, especialmente ao lermos o 3º do art. 14 da Lei 9.784/99 ("As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado"), inequívoca prova de que, ao delegar, a autoridade não é perdida, mas a prática do ato fica temporariamente afastada. Alternativa C - CORRETA. Indiscutivelmente correta. Segundo os dizeres a competência, além de irrenunciável, é improrrogável. Alternativa D - CORRETA. Discordo do gabarito da ilustre banca. De acordo com a Lei de Processo Administrativo Federal (Lei nº 9.784/1999), a avocação - como ato de trazer para si a competência do subordinado - é excepcional, como dispõe o art. 15 da Lei, vejamos: "Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior". Já, ao se referir à delegação, o legislador enfaticamente destaca que "um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares (...)", transmitindo a ideia de que a delegação é regra e não precisa encontrar-se estabelecida (delimitada) em lei. Inclusive, ao lermos os comentários da autora e Profª Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autora registra que o poder de delegar é inerente à organização hierárquica, para concluir que a regra é a possibilidade de delegação, a exceção é a impossibilidade. Portanto, cabe a anulação da questão, pela existência de, no mínimo, duas alternativas incorretas. Alternativa E - CORRETA. Conforme ensinamentos da autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, além da matéria, território, a competência pode levar em conta critérios hierárquico, de tempo e de fracionamento, logo, correto o quesito. Gabarito preliminar: item B. Parecer: anulação, existência de duas opções incorretas. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 14- "Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos". Esta é a previsão do caput do art. 175 da Constituição Federal. Sobre os serviços públicos, no ordenamento jurídico brasileiro, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correspondente. ( ) Sob o critério formal, serviço público é aquele disciplinado por regime de direito público. ( ) Segundo o critério material, serviço público é aquele que tem por objeto a satisfação de necessidades coletivas. ( ) O critério orgânico ou subjetivo classifica o serviço como público pela pessoa responsável por sua prestação, qual seja, o Estado. ( ) A concessão e a permissão transferem a titularidade de um serviço público a quem aceitar prestá-lo, mediante licitação.
( ) Enquanto a permissão de serviço público, diante de sua precariedade, ocorre necessariamente por prazo determinado, a concessão pode ocorrer por prazo indeterminado. a) V, F, V, F, F b) V, V, V, F, F c) F, F, V, V, F d) V, V, V, F, V e) F, V, F, F, V Comentários: Item IV - ERRADO. A concessão é um processo de colaboração, de delegação, em que o Estado não perde a titularidade, transfere-se tão-somente a execução, daí a incorreção do quesito. Item V - ERRADO. A permissão é contrato de adesão e de natureza precária e dotado de revogabilidade, por esse motivo, não é fixado, costumeiramente, prazo, para que, a qualquer momento, o contrato possa ser "revogado" (nos dizeres da Lei). Já as concessões são marcadas por certa definitividade, com prazos fixos, sendo ilícitas contratações por prazos indeterminados, daí a incorreção do item. Gabarito preliminar: item B. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 15- Relacione as formas de provimento de cargo público, previstas no art. 8o da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, às suas respectivas características. Ao final, assinale a opção correspondente. 1. nomeação 2. promoção 3. readaptação 4. reintegração 5. recondução ( ) é caracterizada pelo retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado quando inabilitado em estágio probatório relativo a outro cargo ou quando o anterior ocupante é reintegrado. ( ) é o ato administrativo que materializa o provimento originário. Pode-se dar em comissão ou em caráter efetivo, dependendo, neste último caso, de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. ( ) é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. ( ) é caracterizada pelo retorno do servidor estável a seu cargo anteriormente ocupado, ou cargo resultante de sua transformação, após ter sido invalidada sua demissão, com ressarcimento de todas as vantagens.
( ) é a forma de provimento pela qual o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em classe mais elevada. a) 1, 2, 3, 4, 5 b) 2, 3, 5, 1, 4 c) 4, 1, 5, 3, 2 d) 3, 4, 2, 1, 5 e) 5, 1, 3, 4, 2 Comentários: questão relativamente simples, porque centrada em conceitos batidos da Lei nº 8.112/1990. (5) Recondução - é caracterizada pelo retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado quando inabilitado em estágio probatório relativo a outro cargo ou quando o anterior ocupante é reintegrado (1) Nomeação - é o ato administrativo que materializa o provimento originário. Pode-se dar em comissão ou em caráter efetivo, dependendo, neste último caso, de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. (3) Readaptação - é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. (4) Reintegração - é caracterizada pelo retorno do servidor estável a seu cargo anteriormente ocupado, ou cargo resultante de sua transformação, após ter sido invalidada sua demissão, com ressarcimento de todas as vantagens. (2) Promoção - é a forma de provimento pela qual o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em classe mais elevada. Gabarito preliminar: item E. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 16- Vigora atualmente no ordenamento jurídico brasileiro, quanto à responsabilidade civil do Estado: a) a teoria da irresponsabilidade do Estado. b) a teoria da culpa administrativa. c) a teoria da responsabilidade subjetiva. d) a teoria da responsabilidade objetiva. e) a teoria do risco integral. Comentários: questão direta. Nos termos do art. 37, 6º, da CF/1988, vigora, entre nós, a responsabilidade objetiva do Estado, conhecida doutrinariamente como risco administrativo, daí a correção do item D.
Gabarito preliminar: item D. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 17- Não se inclui na competência do Tribunal de Contas da União, determinada pela Constituição Federal, enquanto órgão auxiliar do Congresso Nacional na realização do controle externo da administração pública federal: a) revogar os atos administrativos em que se constate ilegalidade de que resulte prejuízo ao erário, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. b) julgar as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público. c) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município. d) julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta. e) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário. Comentários: literalidade do texto constitucional. Tribunal de Contas da União não tem competência para anular ou revogar atos alheios, pode sim SUSTÁ-LOS, daí a incorreção da alternativa A. Gabarito preliminar: item A. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 18- Os "Crimes contra a Administração Pública" são tratados no Título XI do Código Penal Brasileiro. Em seu Capítulo I, foram tipificados os "Crimes praticados por Funcionários Púbicos contra a Administração em geral ". Não se inclui entre as condutas previstas neste Capítulo: a) acumular, mediante remuneração, cargos, empregos ou funções públicas, excetuadas as hipóteses permitidas constitucionalmente. b) extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. c) dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. d) apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. e) exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Comentários: a única conduta extravagante ao Código Penal e constante da Lei 8.112/1990 é a acumulação de cargos, portanto, incorreta a alternativa A.
Gabarito preliminar: item A. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 19- Quanto à disciplina da Lei de Improbidade Administrativa - Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992, é incorreto afirmar: a) considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no art. 1o da Lei. b) tratando-se de penalidades personalíssimas, em nenhuma hipótese, poderá o sucessor ser alcançado por sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa. c) o Supremo Tribunal Federal excluiu da sujeição à Lei de Improbidade Administrativa os agentes políticos que estejam sujeitos ao regime de crime de responsabilidade. d) ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano e, no caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio. e) aplicam-se também as disposições da Lei de Improbidade Administrativa, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. Comentários: questão relativamente simples. O erro é que o sucessor responderá pela reparação até o limite da herança transmitida, daí a incorreção do item B. Gabarito preliminar: item B. (Esaf - AFRFB - Auditor/2009) 20- João pretende fazer um requerimento, de seu interesse, junto à unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil em sua cidade. Conforme o que determina a Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, assinale a opção que relata a correta conduta. a) Tratando-se de uma situação urgente, João protocolou seu requerimento num domingo, pela manhã, junto ao segurança do prédio em que funciona a Receita Federal do Brasil em sua cidade, conforme a exceção legal para as hipóteses de emergência. b) O servidor da Receita Federal do Brasil negou-se a receber o requerimento de João alegando a ausência de reconhecimento de sua firma pelo cartório competente. c) Tendo comparecido na data, hora e local marcados, João alegou a nulidade absoluta da intimação. A autoridade competente, assim, declarou nulo o ato e determinou que a intimação fosse realizada novamente. d) Após o transcurso de 15 (quinze) dias do protocolo de seu pedido, João recebeu a intimação para o seu próprio comparecimento à sede do órgão naquele mesmo dia, com um prazo de 3 (três) horas para a apresentação.
e) Tendo em mãos os documentos originais, João solicitou ao servidor da Receita Federal do Brasil que autenticasse as cópias que apresentava, tendo sido seu pedido deferido. Comentários: simples leitura do art. 22, 3º, da Lei 9.784, de 1999, que menciona a possibilidade de a autenticação de documentos exigidos em cópia pelo órgão administrativo, daí a correção do item E. Gabarito preliminar: item E.