Utilização da internet: uma prática relativamente recente



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Transcrição:

2. PRÁTICAS E MOTIVAÇÕES DE USO DA INTERNET Utilização da internet: uma prática relativamente recente A utilização da internet pelos portugueses é, na maioria dos casos, relativamente recente. Cerca de 60% declararam ter usado pela primeira vez este recurso após 1998; enquanto 23% referem que esse dia ocorreu entre 1996 e 1998. É bastante residual o número de utilizadores mais antigos, sendo contudo de notar que uma percentagem não negligenciável (12%) não consegue situar no tempo o seu primeiro contacto com a internet, pelo que o grupo dos utilizadores mais antigos poderá ser eventualmente ligeiramente superior. Quadro 2.1 Data da primeira utilização da internet Ano em que utilizou pela primeira vez a internet n % antes de 1995 26 3,7 de 1996 a 1998 164 23,4 a partir de 1999 424 60,7 Ns/nr 86 12,3 Total 699 100,0 Internet e correio electrónico: a maioria utiliza ambos Em Portugal, a grande maioria dos utilizadores da internet fazem também uso do correio electrónico. Não chega a 30% o peso relativo dos cibernautas que não recorre às funcionalidades do e-mail, restringindo o seu uso da plataforma web à consulta de sítios ou chats. Nesse sentido, um pouco mais de 1

70% dos utilizadores da internet usam tanto a internet como o correio electrónico, sendo bastante residual o número daqueles que usam em exclusivo o correio electrónico, não acedendo a qualquer outro tipo de funcionalidades. Quadro 2.2 Utilização da internet e/ou correio electrónico Utiliza ou já utilizou a internet e/ou o correio electrónico (email)? n % Sim, só a internet 193 27,1 Sim, só o correio electrónico (email) 12 1,6 Sim, ambos 507 71,2 Total 711 100,0 A utilização da internet como prática quase quotidiana A frequência de ligação à internet é, em média, relativamente elevada entre aqueles que se declaram utilizadores deste recurso: 36% referem utilizálo todos os dias, 25% 1 a 2 vezes por semana e 20% 3 a 4 vezes por semana. São apenas cerca de 18% aqueles que declaram utilizações mais esporádicas (uma vez por mês ou menos). De registar ainda que é totalmente insignificante o número de declarações de abandono do uso da internet. O acesso ao correio electrónico obedece a padrão semelhante, indicando que as duas operações estão claramente associadas (como é aliás apontado no ponto anterior). 2

Quadro 2.3 Frequência de utilização de internet e correio electrónico Frequência de utilização de internet Frequência de utilização de correio electrónico (email) n % n % Todos os dias 252 36,0 193 37,3 3 ou 4 vezes por semana 137 19,7 114 22,0 1 ou 2 vezes por semana 175 25,0 111 21,4 Pelo menos uma vez por mês 75 10,7 60 11,6 Menos do que uma vez por mês 61 8,7 40 7,8 Total 699 100,0 518 100,0 Entre os utilizadores regulares, o tempo de ligação semanal à internet é relativamente diversificado, registando-se ainda assim alguma incidência nos escalões mais elevados (correspondentes a uma maior intensidade na utilização dos recursos web). Cerca de 16% não chegam a estar ligados mais de uma hora semanal, quase 30% referem entre 1 a 3 horas de ligação e 16% entre 3 a 5 horas. Mas, em conjunto, os utilizadores que declaram mais de 5 horas semanais de ligação à internet representam quase 38% do conjunto de respostas. Em termos médios, os utilizadores da internet despenderão semanalmente 6 horas e 30 minutos na internet, a maioria das quais dedicadas a pesquisas em sítios. A utilização do correio electrónico ocupa, em média, cerca de 2 horas e 40 minutos. Entre aqueles que usam o correio electrónico, 37% consultam-no todos os dias, 22% 3 a 4 vezes por semana e 21% 1 a 2 vezes na semana. São portanto apenas cerca de 19% os que declaram não aceder ao e-mail pelo menos uma vez por semana. 3

Quadro 2.4 Tempos de utilização da internet e do correio electrónico n % Até 1 hora 92 16,7 de 1,1 a 3 horas 163 29,6 Horas que passa por semana na internet Minutos por semana de utilização do correio electrónico de 3,1 a 5 horas 88 15,9 de 5,1 a 9 horas 81 14,7 de 9,1 a 15 horas 80 14,5 15,1 e + horas 48 8,7 Total 550 100,0 Até 30 minutos 86 21,0 De de 31 a 60 minutos 112 27,3 De 61 a 90 minutos 18 4,4 De 91 a 180 minutos 101 24,6 De 181 a 360 minutos 51 12,5 361 e + minutos 42 10,1 Total 411 100,0 Locais privilegiados de acesso: a casa e o local de trabalho / estudo Os espaços privilegiados para a utilização da internet são o local de trabalho, o domicílio e, no caso dos estudantes, a escola / universidade. Apenas cerca de ¼ dos utilizadores da internet declaram (também) aceder noutros locais, sendo de entre estes de destacar a casa de familiares ou amigos e, em menor escala, os cyber-cafés e outros locais públicos. Em qualquer destas situações trata-se de utilizações relativamente esporádicas e pouco demoradas (na maioria dos casos não mais do que uma hora). 4

Quadro 2. 5 Frequência de utilização da internet em diversos locais Em casa No trabalho Na escola/universi dade Em casa de amigos ou familiares Em locais públicos (bibliotecas/ museus) Em cybercafés n % n % n % n % n % n % Todos os dias 153 21,9 128 18,4 20 2,8 5 0,7 3 0,4 0 0,0 3 ou 4 vezes por semana 86 12,4 56 8,0 33 4,7 10 1,4 11 1,5 3 0,4 1 ou 2 vezes por semana 117 16,8 44 6,3 64 9,2 28 4,1 13 1,9 16 2,3 Pelo menos uma vez por mês 22 3,1 18 2,5 29 4,2 38 5,4 11 1,5 16 2,3 Menos do que uma vez por mês 18 2,5 11 1,5 30 4,3 59 8,4 21 3,0 22 3,1 Nunca 304 43,4 261 37,3 146 20,9 560 80,0 641 91,7 643 91,9 N.A. -- -- 183 26,1 377 54,0 -- -- -- -- -- -- Total 699 100,0 699 100,0 699 100,0 699 100,0 699 100,0 699 100,0 O acesso em casa ou no local de trabalho assume, pelo contrário, um carácter eminentemente quotidiano. De entre os que declaram utilizar a plataforma web no contexto doméstico, quase 40% fazem-no diariamente, não chegando a 10% aqueles que referem utilizações de uma ou menos vezes por mês. A regularidade de utilização no local de trabalho é ainda superior. Cerca de metade destes utilizadores refere acessos diários. Já entre os estudantes que declaram recorrer à internet a partir da escola / universidade, a frequência dessa prática é menor, na maioria dos casos de 1 a 2 vezes na semana. No que toca especificamente à utilização do correio electrónico, o padrão é mais uma vez bastante semelhante, sendo apenas de notar a ainda maior raridade dos acessos ao e-mail noutros contextos para além do doméstico, profissional ou escolar. O recurso a serviços WAP acesso à internet através do telemóvel é ainda muito pouco usual entre os portugueses. Declararam-no menos de 8% dos inquiridos, sendo que, entre os utilizadores frequentes deste tipo de funcionalidade, o tempo médio de acesso semanal por esta via é de cerca de 84 minutos. 5

As actividades na internet: informação e lazer Observando de forma mais pormenorizada o tipo de actividades desenvolvidas com recurso à internet ou ao correio electrónico, destaca-se desde logo a navegação sem objectivos concretos (65%). A consulta de bibliotecas, enciclopédias, etc. (48%), a participação em chats ou newsgroups (39%) e a consulta de notícias em particular na imprensa geral (39%), mas também na desportiva assume igualmente lugar de destaque. Ainda relativamente frequente é a utilização da plataforma web para o download de músicas e software de rede, bem como a pesquisa de informação, muito em especial sobre espectáculos, viagens, serviços públicos, cidades ou cursos de formação. A potenciação dos recursos da internet e do correio electrónico para estabelecer contactos com amigos, para jogar videojogos ou ainda para realizar operações bancárias, embora menos comum, é ainda de destacar. Já no que diz respeito a actividades como a procura de emprego ou casa, ou ainda a compra/reserva de bens e serviços através da internet, o grau de adesão dos cibernautas portugueses é mais reduzido (rondando em geral os 10%). É, aliás, bastante raro o recurso à internet a fim de participar num leilão ou comprar produtos alimentícios ou de limpeza, tal como também acontece no que toca à participação de concursos on line ou à realização de telefonemas através da internet. 6

Quadro 2.6 Actividades realizadas utilizando a internet ou o correio electrónico Actividades que realiza utilizando a internet ou o correio electrónico Sim Não Total n % n % n % Navegar pela internet sem objectivos concretos 454 64,9 246 35,1 699 100,0 Consultar bibliotecas, enciclopédias, dicionários atlas 335 47,9 365 52,1 699 100,0 Participar em chats ou "newsgroups" 278 39,8 421 60,2 699 100,0 Inteirar-se de notícias na imprensa geral 275 39,3 425 60,7 699 100,0 Descarregar músicas da internet 238 34,1 461 65,9 699 100,0 Pesquisar informação sobre espectáculos programados 215 30,7 485 69,3 699 100,0 Fazer download de software da rede 201 28,8 498 71,2 699 100,0 Inteirar-se de notícias desportivas 199 28,5 500 71,5 699 100,0 Pesquisar informação sobre viagens 199 28,4 501 71,6 699 100,0 Pesquisar informação sobre serviços públicos 197 28,2 502 71,8 699 100,0 Pesquisar informação sobre a sua cidade 196 28,0 504 72,0 699 100,0 Pesquisar informação sobre cursos de formação 173 24,7 527 75,3 699 100,0 Realizar operações com o seu banco 170 24,3 529 75,7 699 100,0 Contactar com amigos quando está desanimado 164 23,5 535 76,5 699 100,0 Combinar ou marcar saídas com amigos 163 23,3 536 76,7 699 100,0 Jogar videojogos pela internet 148 21,2 551 78,8 699 100,0 Transmitir cartões electrónicos de felicitações 131 18,8 568 81,2 699 100,0 Pesquisar informação sobre saúde 128 18,3 572 81,7 699 100,0 Pesquisar informação sobre a sua associação profissional 117 16,8 582 83,2 699 100,0 Transmitir fotografias suas ou da sua família 102 14,6 597 85,4 699 100,0 Procurar emprego 84 12,0 616 88,0 699 100,0 Comprar livros ou cd's 81 11,5 619 88,5 699 100,0 Comprar ou reservar entradas para espectáculos 73 10,4 627 89,6 699 100,0 Pesquisar informação política ou sindical 71 10,1 629 89,9 699 100,0 Ver sítios pornográficos de adultos 70 10,0 630 90,0 699 100,0 Pesquisar receitas de cozinha 70 10,1 629 89,9 699 100,0 Fazer reservas de viagens/alojamento/alugar um carro 66 9,5 633 90,5 699 100,0 Comprar outras coisas 64 9,1 636 90,9 699 100,0 Trabalhar a partir de casa 61 8,7 639 91,3 699 100,0 Comprar produtos informáticos 59 8,4 641 91,6 699 100,0 Procurar casa/apartamento 49 7,0 650 93,0 699 100,0 Telefonar através da internet 31 4,4 669 95,6 699 100,0 Comprar ou participar num leilão 24 3,4 676 96,6 699 100,0 Participar em cursos on line 22 3,1 677 96,9 699 100,0 Organizar as actividades das crianças 18 2,6 681 97,4 699 100,0 Comprar produtos alimentícios ou de limpeza 12 1,6 688 98,4 699 100,0 Pesquisar informação sobre homossexualidade 10 1,5 689 98,5 699 100,0 7

Em termos gerais, regista-se uma utilização da internet caracterizada quer por objectivos de ordem lúdica em muitos casos o contacto com outros cibernautas quer pela pesquisa de informação aos mais variados níveis, sendo neste âmbito de destacar o acesso a notícias veiculadas por outros meios de comunicação. O recurso à internet como primeira fonte de informação é relativamente frequente entre os utilizadores. Na resposta à pergunta Quando precisa de obter alguma informação recorre em primeiro lugar à internet?, quase metade dos inquiridos refere que tal acontece algumas vezes, sendo que 20% declara mesmo ser tal situação ainda mais frequente. Apesar disso, é igualmente de salientar que 30% raramente ou nunca recorre em primeiro lugar à internet em busca de informação. Por outro lado, embora se confirme o interesse de muitos dos utilizadores portugueses por sítios onde é possível consultar notícias veiculadas pela imprensa, não é muito frequente a pesquisa de notícias e dossiers suscitada pelo seu anúncio nos telejornais televisivos (68% raramente ou nunca o faz). Da mesma forma, mais de metade dos utilizadores da internet refere nunca ou raramente consultar informação on line sobre um tema ao qual tenham tido acesso na televisão e que lhe interesse. Os dados confirmam ainda que a maioria tende a não utilizar a internet ao mesmo tempo que vê televisão ou ouve rádio. Finalmente, merece atenção particular a consulta de páginas de instituições públicas, nomeadamente de organismos autárquicos e ministérios. Embora estes sejam citadas com alguma incidência entre os sítios mais recentemente visitados ou entre os favoritos, o acesso electrónico a este tipo de instituições por parte dos portugueses é bastante escasso. A esmagadora maioria dos utilizadores da internet afirma nunca ter visitado os sítios da sua Junta de Freguesia, da Câmara Municipal ou dos principais Ministérios (as percentagens variam entre os 84% e os 95%). Quando já o fizeram procuraram essencialmente pesquisar informação, tendo considerado útil a consulta. Raramente realizaram operações administrativo-comerciais por via electrónica, e muito menos participaram por este meio em decisões públicas. 8

Os sítios mais visitados: portais de aceso e motores de busca Não é portanto de estranhar que os sítios mais citados entre os favoritos e os visitados recentemente sejam maioritariamente, para além dos portais (como é o caso do Clix, do Hotmail ou do IOL), os motores de busca, em particular os nacionais, ou com hipótese de trabalho em português. Entre estes é de destacar o Sapo, de longe o mais referido de todos os sítios, ou ainda o Google e o Yahoo. Assumindo também algum relevo, entre as páginas mais referidas surgem ainda os sítios de outros media (televisão e imprensa escrita), de instituições públicas e de bancos, tal como os dados anteriormente avançados davam a entender. Neste âmbito é contudo de salientar que um número significativo de utilizadores não assinala os seus sítios favoritos ou aqueles que visitou mais recentemente, muito em especial quando lhes é solicitado, não uma primeira ou segunda escolha, mas já uma quarta ou quinta. Mais de 72% dos inquiridos não identificam um quinto site entre as suas últimas pesquisas e 83% não referem um quinto site que conste entre os seus favoritos. Familiaridade na utilização da internet, mais dificuldades da construção de páginas web A grande maioria dos utilizadores da internet declara dominar as suas principais funcionalidades. A generalidade afirma ser capaz de pesquisar informação (89%) e receber e enviar emails (87%), bem como, ainda que em menor escala, receber e enviar ficheiros através do correio electrónico (75%) e fazer downloads para o seu computador (71%). Já o mesmo não se passa com as ferramentas de construção de uma página web: cerca de 60% admite não ser capaz de construir um site na internet. 9

Quadro 2.7 Capacidade de utilizar diversas ferramentas da internet É capaz de Receber e enviar mensagens de correio electrónico (emails) Receber e enviar mensagens de correio electrónico (emails) com ficheiros em anexo Utilizar um motor de pesquisa ou de encontrar informações a partir de pesquisas na internet Descarregar ficheiros (fazer download's) da internet para o seu computador Construir uma página web (página na internet/site) É capaz Não é capaz Ns/Nr Total n % n % n % n % 607 86,7 76 10,8 17 2,4 699 100,0 524 74,8 143 20,4 33 4,7 699 100,0 624 89,2 60 8,6 15 2,2 699 100,0 499 71,4 175 25,0 25 3,6 699 100,0 238 34,0 421 60,2 41 5,8 699 100,0 Cerca de 16% dos utilizadores afirmam não sentir que necessitem de apoio no uso da internet e 19% referem resolver os problemas aí enfrentados de forma autónoma. Deste modo, cerca de 1/3 dos utilizadores não solicitam qualquer tipo de ajuda a respeito do funcionamento da web. Entre os restantes, quando necessitam de algum apoio, é na maioria dos casos aos amigos e colegas de trabalho ou estudo que recorrem. Professores ou técnicos de informática raramente são citados como fonte de ajuda. Língua de utilização: preferência pelo português Embora o grau de domínio de línguas estrangeiras por parte dos utilizadores seja bastante bom, a esmagadora maioria manifesta preferência pelo uso do português na utilização da internet, surgindo o inglês em segundo lugar e as outras línguas de forma muito marginal. Tal é particularmente notório no caso da troca de mensagens via correio electrónico e na participação em chats ou newsgroups, bem como ainda na escolha do idioma nas páginas visitadas. Uma incidência ligeiramente inferior é registada no que diz respeito à escolha da língua da homepage do browser de internet, mas tal diferença pode ser explicada essencialmente pela maior percentagem de inquiridos que não 10

souberam responder a esta questão (talvez por não terem um domínio claro da expressão utilizada). Tal incidência no português, que não é de estranhar, deixa antever que os contactos estabelecidos através da internet se dão, de forma privilegiada, entre pessoas com domínio da língua portuguesa, em detrimento de outras (por exemplo da língua inglesa); e que a própria informação consultada, trocada ou difundida se refere maioritariamente à realidade portuguesa ou está alojada em sítios em que a leitura em português é possível (como foi indicado pela análise anterior). Tal pode ser interpretado como algo redutor face a toda a informação disponível na internet a nível global. Quadro 2.8 Preferência pela língua de utilização Em geral, que idioma utiliza Português Inglês Outro Ns/Nr Total ou escolhe com mais frequência... n % n % n % n % n % Nas páginas de internet que visita Nas mensagens electrónicas que troca Nos chats ou newsgroups em que participa Na sua homepage do browser de internet 588 84,3 100 14,4 5,8 4,6 698 100,0 533 91,8 22 3,9 6 1,1 19 3,2 581 100,0 375 82,4 42 9,3 3,6 35 7,8 456 100,0 474 78,7 69 11,4 5,8 54 9,0 603 100,0 A internet e a pornografia: opiniões discordantes quantos às restrições de acesso A questão da pornografia na internet é uma das mais polémicas e exploradas no debate acerca das potencialidade e perigos deste novo recurso tecnológico. Os utilizadores portugueses (cerca de 75%) concordam que muita gente utiliza a internet para ver pornografia de adultos, sendo que 10% não têm uma opinião formada sobre o assunto ou não desejam responder. Na verdade, embora os sítios pornográficos não sejam praticamente citados como constantes entre os favoritos ou entre os mais recentemente visitados, cerca de 11

10% dos utilizadores da internet em Portugal admitem aceder a sítios pornográficos para adultos. No que toca à implementação de restrições no acesso a este tipo de conteúdos, as opiniões não são totalmente consensuais. Apesar da maioria (cerca de metade) defender a proibição do acesso à pornografia de adultos a menores de 18 anos, 25% consideram que todos são livres para ver o que desejam na internet e 18% manifestam posição contrária, advogando a proibição total da pornografia no espaço cibernautico. Apenas 5% não manifestam opinião sobre este tema. Motivos da utilização da internet no trabalho: questões profissionais mas também pessoais A utilização da internet no espaço de trabalho, suscitada em larga medida por motivos de ordem profissional, está longe contudo de se restringir a este tipo de objectivos. Segundo as declarações recolhidas entre os utilizadores, questões profissionais obrigam, de facto, a um intenso recurso à internet no contexto laboral. Cerca de 2/3 indicaram neste âmbito pelo menos um acesso diário, sendo que quase 1/4 afirmaram aceder mais de 5 vezes por dia à internet no local de trabalho por motivos profissionais (estes valores tendem ainda a aumentar ligeiramente quando se trata especificamente da utilização do correio electrónico). Muito raros são os que nunca o fazem, facto que poderá estar associado ao tipo de trabalho por estes desenvolvido e às competências por estes mobilizadas. 12

Quadro 2.9 Motivos profissionais e pessoais de utilização da internet no trabalho Mais de 5 vezes por dia Entre 1 e 4 vezes por dia Pelo menos uma vez por semana Pelo menos uma vez por mês Menos do que uma vez por mês Frequência de utilização de internet por motivos profissionais no trabalho Frequência de utilização de internet por motivos pessoais no trabalho Frequência de utilização de email por motivos profissionais no local de trabalho Frequência de utilização email por motivos pessoais no local de trabalho n % n % n % n % 60 23,5 21 8,3 56 26,4 8 3,7 99 38,5 66 25,6 83 39,3 64 30,5 58 22,6 69 26,8 40 18,9 58 27,3 18 7,2 21 8,0 13 6,0 20 9,5 11 4,4 26 10,2 7 3,2 14 6,6 Nunca 8 3,2 48 18,6 8 3,9 41 19,6 Ns/Nr 2 0,6 6 2,5 5 2,4 6 2,9 Total 256 100,0 256 100,0 211 100,0 211 100,0 Mas o uso no local de trabalho por motivos de ordem pessoal, embora menos intenso, é também bastante significativo. Não chegam a 20% os que afirmam nunca aceder no trabalho com objectivos extra profissionais. Pelo contrário, 27% referem fazê-lo pelo menos uma vez por semana e um número semelhante admite que tal acontece uma a quatro vezes no dia. Embora sejam as situações de acesso em casa aquelas que parecem, numa primeira análise, remeter para utilizações dos serviços disponíveis na internet mais diversificadas, na verdade dificilmente se destinguem práticas claramente diferenciadas consoante o local de acesso. E do outro lado... Motivos para a não utilização da internet: desconhecimento e falta de equipamento Não ser utilizador da internet não significa necessariamente um total desconhecimento sobre o tema; embora, na verdade, seja manifesta entre os não utilizadores uma significativa distância em relação a esta esfera. É bastante expressivo o facto de, entre estes, mais de 80% afirmarem nunca ter 13

pedido ou recebido alguma informação/documentação retirada da internet. No mesmo sentido, ao contrário do que se passa com a maioria dos utilizadores, os quais residem em geral com outras pessoas também elas frequentadoras do espaço web, aqueles que se identificam como não utilizadores mais raramente coabitam com alguém que use as funcionalidades da internet. Cerca de 60% afirmam contudo saber o que é a internet. A generalidade dos restantes (34%), embora admitam não saber exactamente do que se trata, já ouviram falar no assunto. Quase 10% referem inclusivamente já ter utilizado pelo menos uma vez este recurso informático, ainda que não se identifiquem como utilizadores. Os motivos apontados para a não utilização são a ausência de computador ou de outro equipamento necessário (apontada em quase 30% dos casos) e o desconhecimento sobre o funcionamento da internet (referido por 23%). Ainda significativo é o facto de 13% dos não utilizadores admitirem como principal motivo o facto de não saberem para que é que a internet serve e de igual número apontar o preço como razão do seu afastamento. Outros argumentos tendem a ser residuais. 14

Quadro 2.10 Razões da não utilização da internet Motivo principal porque não utiliza ou nunca utilizou a internet n % Porque não sabe como funciona 385 23,2 Porque não sabe para que serve 223 13,4 Porque não tem computador 405 24,4 Porque é muito caro 213 12,8 Porque não tem tido tempo para se dedicar 151 9,1 Porque é muito lento 2 0,1 Porque não tem o equipamento informático necessário 45 2,7 Porque tem a sensação que pode ser vigiado 4 0,3 Porque se podem introduzir vírus perigosos 3 0,2 Não precisa/não necessita/nunca precisou 106 6,4 Já não tem idade 14 0,9 Não gosta 34 2,0 Não tem telefone 4 0,3 O pai não quer / está à espera que o pai ligue 2 0,1 Não tem interesse 25 1,5 Por outro motivo 6 0,4 Ns/Nr 40 2,4 Total 1663 100,0 As perspectivas de adopção da internet entre estes portugueses afiguram-se relativamente pessimistas. Na maioria dos casos (45%), os próprios consideram que tal não irá acontecer. Quase 30% admitem que talvez um dia venham a conhecer e utilizar este recurso; e apenas 20% afirmam de forma clara esperar que tal suceda. 15