João Alberto Venegas Requena Ana Laura Essado de Figueiredo e Santos



Documentos relacionados
Gisele S. Novo Possato et al. Análise teórico-experimental de placas de base de colunas metálicas tubulares

EXERCÍCIOS DE ESTRUTURAS DE MADEIRA


Teoria das Estruturas

ANÁLISE TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE PLACAS DE BASE DE COLUNAS METÁLICAS TUBULARES

26/05/2010. Ricardo Hallal Fakury Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) João Alberto Venegas Requena Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Quais são os critérios adotados pelo programa para o cálculo dos blocos de fundação?

CÁLCULO DE LIGAÇÕES EM ESTRUTURA METÁLICA: APLICAÇÕES E RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE LIGAÇÕES TUBULARES T

Rua Dianópolis, 122-1º andar CEP: Parque da Mooca - São Paulo / SP - Brasil Telefone: 55 (11) / Fax: 55 (11)

Estruturas de Concreto Armado. Eng. Marcos Luís Alves da Silva

2 Materiais e Métodos

Módulo 6 Pilares: Estados Limites Últimos Detalhamento Exemplo. Imperfeições Geométricas Globais. Imperfeições Geométricas Locais

GALPÃO. Figura 87 instabilidade lateral

ÍNDICE DO LIVRO CÁLCULO E DESENHO DE CONCRETO ARMADO autoria de Roberto Magnani SUMÁRIO LAJES

P U C R S PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL CONCRETO ARMADO II FLEXÃO SIMPLES

CAPÍTULO V CISALHAMENTO CONVENCIONAL

Análise numérica de fundações diretas de aerogeradores Carlos A. Menegazzo Araujo, Dr. 1, André Puel, Msc 2, Anderson Candemil 3

2. O Programa. Figura 1 : Janela Principal do Programa

5ª LISTA DE EXERCÍCIOS PROBLEMAS ENVOLVENDO FLEXÃO

SUPERESTRUTURA estrutura superestrutura infra-estrutura lajes

INFLUÊNCIA DAS LIGAÇÕES K NO DIMENSIONAMENTO DAS ESTRUTURAS DE AÇO TUBULARES CIRCULARES TRELIÇADAS

ANÁLISE ESTRUTURAL DE RIPAS PARA ENGRADAMENTO METÁLICO DE COBERTURAS

UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

As lajes de concreto são consideradas unidirecionais quando apenas um ou dois lados são considerados apoiados.

MÓDULO 1 Projeto e dimensionamento de estruturas metálicas em perfis soldados e laminados

Disciplina: Resistência dos Materiais Unidade I - Tensão. Professor: Marcelino Vieira Lopes, Me.Eng.

ESTRUTURAS METÁLICAS UFPR CAPÍTULO 5 FLEXÃO SIMPLES

2 a Prova de EDI-49 Concreto Estrutural II Prof. Flávio Mendes Junho de 2012 Duração prevista: até 4 horas.

PROGRAMA AUTOTRUSS 2.0

Sistemas mistos aço-concreto viabilizando estruturas para Andares Múltiplos

A FUTURA NORMA BRASILEIRA DE PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO E ESTRUTURAS MISTAS DE AÇO E CONCRETO COM PERFIS TUBULARES

CISALHAMENTO EM VIGAS CAPÍTULO 13 CISALHAMENTO EM VIGAS

Carga concentrada indireta (Apoio indireto de viga secundária)

ESTRUTURA METÁLICA Vantagens da Construção em Aço. Maior limpeza de obra: Devido à ausência de entulhos, como escoramento e fôrmas.

Caso (2) X 2 isolado no SP

cs-41 RPN calculator Mac OS X CONCRETO ARMADO J. Oliveira Arquiteto Baseado nas normas ABNT NBR-6118 e publicações de Aderson Moreira da Rocha

MEMORIAL DE CÁLCULO / 1-0. PLATAFORMA PARA ANDAIME SUSPENSO 0,60 m X 2,00 m MODELO RG PFM 2.1

LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS METÁLICAS VOLUME 2. 4ª. Edição revisada e atualizada

Lista de exercícios sobre barras submetidas a força normal

ESTRUTURAS METÁLICAS. Projeto de Estruturas Metálicas Considerações Gerais. Prof Moniz de Aragão Maj

17 a 21 de Mayo de 2004 Facultad de Ingeniería. Universidad Nacional de Cuyo. Mendoza. Argentina. Jornadas Sud-Americanas de Ingeniería Estructural

Bloco sobre estacas Bielas Tirantes. Método Biela Tirante

Tensão de Cisalhamento

O conhecimento das dimensões permite determinar os vãos equivalentes e as rigidezes, necessários no cálculo das ligações entre os elementos.

ESTRUTURAS MISTAS: AÇO - CONCRETO

1.1 Conceitos fundamentais Vantagens e desvantagens do concreto armado Concreto fresco...30

MEMORIAL DE CÁLCULO /1-0

Facear Concreto Estrutural I

ESTRUTURAS DE MADEIRA. DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO Aulas 10 e 11 Eder Brito

PARECER TÉCNICO. O referido parecer técnico toma como base o laudo técnico contiguo e reforça:

5 Modelos Estruturais

Perfis mistos em aço. Novas perspectivas

Introdução. 1. Generalidades. Para o aço estrutural. Definição

Estudo do Efeito de Punção em Lajes Lisas e Cogumelo Mediante a Utilização de Normas Técnicas e Resultados Experimentais

ENSAIO DE LIGAÇÃO PILAR PRÉ-MOLDADO FUNDAÇÃO MEDIANTE CHAPA DE BASE

CURSO TÉCNICO DE EDIFICAÇÕES. Disciplina: Projeto de Estruturas. Aula 7

Estruturas Metálicas. Módulo V. Torres

Artigo submetido ao Curso de Engenharia Civil da UNESC - como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil

AVALIAÇÃO TEÓRICA-EXPERIMENTAL DO DESEMPENHO ESTRUTURAL DE PERFIS DE AÇO FORMADOS A FRIO

ESTRUTURAS METÁLICAS 3 Solicitações de cálculo

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O MÉTODO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS E O MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES PARA ESTRUTURAS METÁLICAS TRELIÇADAS DE PERFIS TUBULARES

Recomendações para a Elaboração do Projeto Estrutural

Forças internas. Objetivos da aula: Mostrar como usar o método de seções para determinar as cargas internas em um membro.

Efeito do comportamento reológico do concreto

detalhamento da armadura longitudinal da viga

Outubro de 2014 Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Catalão

Ensaio de torção. Diz o ditado popular: É de pequenino que

LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS METÁLICAS

Vigas Altas em Alvenaria Estrutural

Tensões Admissíveis e Tensões Últimas; Coeficiente de Segurança

Análise estrutural. Objetivos da aula. Mostrar como determinar as forças nos membros de treliças usando o método dos nós e o método das seções.

1. Definição dos Elementos Estruturais

LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS METÁLICAS

ANÁLISE TEÓRICA-EXPERIMENTAL DE LIGAÇÕES TIPO T, K E KT COM PERFIS METÁLICOS TUBULARES.

ESTUDO DE LIGAÇÕES PINADAS COM CHAPA DE TOPO PARA APLICAÇÕES EM ESTRUTURAS METÁLICAS TRELIÇADAS TUBULARES PLANAS

Miguel C. Branchtein, Delegacia Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul

Corte e dobra. Nesta aula, você vai ter uma visão geral. Nossa aula. Princípios do corte e da dobra

PUNÇÃO EM LAJES DE CONCRETO ARMADO

Estruturas Metálicas. Módulo IV. Colunas

( Curso Dimensionamento de Estruturas de Aço CBCA módulo 3)

A UTILIZAÇÃO DA ANALOGIA DE GRELHA PARA ANÁLISE DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS EM CONCRETO ARMADO

AUTOMAÇÃO DO PROJETO DE TRELIÇAS METÁLICAS PLANAS CONSTITUÍDAS DE BARRAS TUBULARES (1)

Capítulo 3 Propriedades Mecânicas dos Materiais

LISTA 3 EXERCÍCIOS SOBRE ENSAIOS DE COMPRESSÃO, CISALHAMENTO, DOBRAMENTO, FLEXÃO E TORÇÃO

DEOP DIRETORIA DE ENGENHARIA E OPERAÇÕES EPE PLANEJAMENTO E ENGENHARIA MANUAL DE TUBULAÇÕES TELEFÔNICAS PREDIAIS

Professora: Engª Civil Silvia Romfim

CÁLCULO DE LAJES - RESTRIÇÕES ÀS FLECHAS DAS LAJES

1. Introdução. Ligações Aparafusadas Parte I

ANÁLISE NUMÉRICA DA ADERÊNCIA ENTRE AÇO E CONCRETO ENSAIO PULL-OUT TEST

ɸ E = ΣE.A (5) 14/04/2015. Bacharelado em Engenharia Civil. Física III

CONSTRUINDO UMA PONTE TRELIÇADA DE PALITOS DE PICOLÉ

ESTRUTURAS METÁLICAS

I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

Estruturas Metálicas. Módulo II. Coberturas

Informativo Técnico

Apostila Técnica de Porta Paletes 01 de 31

X X X I J O R N A D A S S U D - A M E R I C A N A S D E I N G E N I E R Í A E S T R U C T U R A L

Transcrição:

João Alberto Venegas Requena Ana Laura Essado de Figueiredo e Santos COLEÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA V&M DO BRASIL DIMENSIONAMENTO DE LIGAÇÕES EM BARRAS 1TUBULARES DE ESTRUTURAS METÁLICAS PLANAS 1 Edição Campinas 2007 1

R299d Requena, João Alberto Venegas, Santos, Ana Laura Essado de Figueiredo e Dimensionamento de ligações em barras tubulares de estruturas metálicas planas / João Alberto Venegas Requena, Ana Laura Essado de Figueiredo e Santos.Campinas, SP: 2007. 44p. (Coleção técnico-científica V&M do BRASIL, 1) Disponível: www.vmtubes.com.br Bibliografia ISBN: 978-85-907533-0-8 1. Estruturas metálicas 2. Ligações metálicas 3. Desenho (Engenharia) Dimensionamento 4. Aço Tubular Estruturas. I. Títulos. (Coleção) 2

Sobre os autores João Alberto Venegas Requena Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP; Mestre em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e Doutor em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP. Ana Laura Essado de Figueiredo e Santos Engenheira Civil pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira da UNESP; Mestre em Engenharia de Estruturas pela Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, sob a orientação do Prof. Dr. João Alberto Venegas Requena. Sobre os editores João Alberto Venegas Requena Professor Livre Docente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP Arlene Maria Sarmanho Freitas Professora Adjunto da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Afonso Henrique Mascarenhas Araújo Engenheiro da Vallourec & Mannesmann do BRASIL S.A. Colaboração Engenheiro Rogério Mitsuo dos Santos Direção de Arte Michelle Cristine Roberto, Designer. Revisão Edmilson Roberto, Jornalista Mtb 20.592 Daniela Grintaci Vasconcellos Minchillo, Engenheira. Nádia Cazarim da Silva Forti, Engenheira. Rodrigo Cuberos Vieira, Engenheiro. 3

Índice Apresentação Capítulo 1 Ligações Tubulares de Treliça 1.1 Ligação de tubos através de chapas 1.1.1 Chapas soldadas atravessando o tubo 1.1.2 Chapas soldadas no topo do tubo 1.2 Ligação soldada entre tubos tipo K 1.2.1 Ligações K afastadas 1.2.2 Ligações k sobrepostas 1.3 Exemplos Numéricos 1.3.1 Exemplo 1 Verificação da resistência de uma ligação K afastada 1.3.2 Exemplo 2 Verificação da resistência de uma ligação K sobreposta 5 6 7 8 9 10 11 14 16 17 18 1.3.3 Exemplo 3 Dimensionamento utilizando chapa de ligação atravessando o tubo principal 19 Capítulo 2 Ligações Tubulares de Flange 2.1 2.2 Flanges circulares Flanges retangulares e quadrados 2.2.1 Flanges parafusados nos quatro lados do tubo 2.2.2 Flanges parafusados em dois lados do tubo 2.3 Exemplos Numéricos 2.3.1 Exemplo 1 Flange circular 2.3.2 Exemplo 2 Flange parafusado nos quatro lados Capítulo 3 Ligações Tubulares de Base 3.1 Bases Flexíveis 3.2 Bases Rígidas 3.2.1 Placa de base totalmente comprimida 3.2.2 Placa de base parcialmente comprimida 3.3 Exemplos Numéricos 3.3.1 Exemplo 1 Dimensionamento de placa de base: regime elástico 3.3.2 Exemplo 2 Dimensionamento de placa de base: regime plástico Referências Bibliográficas 21 22 24 24 26 27 27 28 31 33 35 36 37 38 38 39 41 4

Apresentação Esta publicação foi criada para suprir a necessidade brasileira de obter informações técnicas sobre o dimensionamento de ligações de barras de aço com perfis laminados tubulares, no âmbito da engenharia de estruturas. Esta necessidade foi criada, recentemente, em função do crescimento da utilização dos perfis tubulares nas estruturas de aço no Brasil, e da ausência de especificações e normas específicas nacionais que abordem este assunto. Neste texto são apresentados estudos sobre o dimensionamento de ligações de barras tubulares de estruturas metálicas planas. Estes estudos foram baseados em ampla revisão bibliográfica sobre o comportamento das ligações e seus respectivos detalhes construtivos, com a finalidade de desenvolver um material didático contribuindo para o meio técnico e acadêmico. Todos os procedimentos de cálculo foram desenvolvidos com base nas normas e especificações, como: AISC - Hollow Structural Sections (Connections Manual), AISC - LRFD (Load and Resistance Factor Design), Eurocode 3 e CIDECT. A NBR 8800 (Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios) também foi utilizada para especificações de chapas, parafusos e soldas. Para facilitar à compreensão deste material didático, as ligações foram separadas em três capítulos. O primeiro capítulo aborda o comportamento e o dimensionamento de ligações entre barras tubulares de treliças planas. O segundo capítulo aborda o comportamento e o dimensionamento de ligações de barras tubulares através de flanges. O terceiro e último capítulo aborda o comportamento e o dimensionamento de ligações de barras tubulares através de placas de base. Em todos os capítulos são apresentados exemplos numéricos ilustrando todos os procedimentos apresentados. Finalmente, este trabalho só foi possível graças a colaboração e parceria entre a UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo), a UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto (Escola de Minas) e da empresa V&M do BRASIL S.A. Foi desenvolvido um software de ligações e está à disposição gratuita em: www.fec.unicamp.br/~estruturastubulares/softwares 5

6 CAPÍTULO 1 LIGAÇÕES TUBULARES DE TRELIÇA

Em treliças planas ou espaciais o objetivo básico da ligação na extremidade de uma barra é desenvolver a resistência à tração ou à compressão necessária sem enfraquecer a barra a qual é ligada. Por muitos anos este objetivo foi atingido por barras tubulares soldadas, utilizadas na montagem de aeronaves e torres leves. Em muitas destas condições os diâmetros dos tubos eram pequenos e as paredes relativamente finas, não havia muitas diferenças entre os diâmetros das barras que compunham uma ligação. Como premissa, as ligações abordadas neste trabalho aplicam-se às treliças planas com barras de seções tubulares circulares, quadradas ou retangulares, sob carregamentos predominantemente estáticos, com barras submetidas a esforços axiais e ligações soldadas. Para as ligações concebidas por meio de chapas de ligação considerou-se somente as barras tubulares com seções circulares. Problemas de flexão na parede surgem principalmente quando um ou mais tubos de pequeno diâmetro são soldados na sua extremidade a um tubo maior e quando a razão entre as espessuras das paredes e o diâmetro do tubo maior é relativamente pequena. Dependendo do tipo de ligação, das condições de carregamento e dos vários parâmetros geométricos diferentes estados limites, ou tipos de ruptura, podem ocorrer, nos perfis: circulares - Tipo A e Tipo B quadrados e retangulares - Todos os tipos. ao redor do perímetro da diagonal (tração ou compressão); Tipo C: Ruptura por tração da diagonal ou ruptura da solda; Tipo D: Flambagem local da diagonal; Tipo E: Escoamento por cisalhamento no tubo do banzo na região de espaçamento; Tipo F: Flambagem local da parede do banzo sob o montante comprimido; Tipo G: Amassamento da parede do banzo próximo à diagonal tracionada. Os tipos de rupturas são ilustrados na figura 1.1. Tipo A Tipo B Vista Lateral tipo A Tipo D Tipo C Tipo F Tipo E Seção Transversal Tipo F Tipo A: Plastificação da parede do banzo (uma das diagonais empurra a face do tubo do banzo enquanto a outra puxa); Tipo B: Ruptura por punção na face do banzo Tipo G Figura 1.1 - Tipos de ruptura em ligações K. 7

1.1 Ligação de tubos através de chapas As seções tubulares são utilizadas freqüentemente para resistir a esforços axiais, tais como em contraventamentos. Uma maneira fácil e econômica de se fazer as ligações de treliça é fazer um corte longitudinal no tubo e inserir uma chapa de ligação. Esta então, será soldada ao tubo por meio de soldas de filete nas laterais do mesmo, figura 1.2. a) Tubo cortado e chapa de ligação amenizar as tensões causadas pela descarga das forças através da chapa de ligação no topo do tubo. As chapas de ligação devem ser fixadas por solda na barra do banzo em dois locais, conforme mostrado na figura 1.3 na face superior e inferior do banzo. Na seqüência serão demonstrados os procedimentos de dimensionamento utilizados para chapas de ligação que atravessam o banzo longitudinalmente. Figura 1.3 - Fixação da chapa de ligação atravessando o banzo da treliça. b) Montagem do tubo com a chapa de ligação Figura 1.2 - Ligação do tubo com a chapa. O uso das chapas de ligação tem se dado por pelo menos duas razões: a primeira por possibilitar um comprimento adicional de solda de filete no tubo, pois como a maioria dos tubos não é muito delgada, é mais fácil usar soldas de filete do que tentar fazer uma solda com 100% de penetração; e a segunda por permitir que sejam cortadas barras menores e que a chapa de ligação suporte toda a carga proveniente destas barras, descarregando na barra principal, ou seja, no banzo. 1.1.1 Chapas soldadas atravessando o tubo Este tipo de chapa é utilizado com o intuito de se Espessura da chapa de ligação A espessura da chapa de ligação será dada como a média entre as espessuras do tubo da barra principal e dos tubos das barras secundárias. A espessura mínima para a chapa deverá ser de Dimensionamento das soldas que unem as diagonais à chapa A solda neste caso será de filete com dimensão nominal mínima h s. Conforme NBR 8800. Assim é necessário que se defina apenas o comprimento C s de solda: 1.1 sendo, 8

1.2 Tabela 1.1 - Resistência de cálculo e ângulo da seção de cisalhamento α s. Onde: f y Tensão de escoamento da chapa ou do tubo (MPa), adotar o menor deles; f w Resistência mínima à tração do metal da solda (MPa); C s Comprimento efetivo do filete de solda (mm), 1.1.2 Chapas soldadas no topo do tubo Um outro método utilizado para unir várias barras tubulares em uma ligação de treliça consiste em soldar as barras secundárias a uma chapa, que por sua vez será soldada no topo da barra principal, figura 1.4. Além disso, a chapa de ligação também fornece uma rigidez adicional ao tubo nas imediações da ligação. Entretanto, estas chapas tendem a causar uma distribuição de tensões sem simetria no tubo principal, ou seja, no banzo, com tensões altas atuando na linha da chapa, como mostra a figura 1.4. Dimensionamento das soldas que unem o banzo à chapa A força a ser considerada neste ponto deve ser a resultante de todas as forças envolvidas na ligação. Analogamente à figura 1.3, tem-se: 1.3 sendo, 1.4 Tabela 1.2 - Resistência de cálculo e ângulo da seção de cisalhamento α s. Figura 1.4 - Tensões causadas pela chapa de topo na parede do tubo. Na seqüência é mostrado o procedimento de cálculo utilizado para a ligação da figura 1.4. O cálculo do momento M h aplicado no tubo é dado por: 1.5 e também, 1.6 Esse momento M h determinado pela equação 1.5 ou 1.6, pode provocar um amassamento na parede do banzo. Portanto, deve-se verificar se o tubo resiste a esse momento sem que ocorra o referido 9

amassamento. Essa verificação é feita da seguinte maneira: A maioria das treliças compostas por barras tubulares possui uma barra comprimida e outra tracionada soldada no banzo como mostra a figura 1.6. Este arranjo é conhecido como ligação K. Figura 1.5 - Detalhe da ligação com chapa de topo 1.7 Onde: f y0 é a tensão de escoamento do tubo do banzo, e k p conforme equações 1.23 a 1.25. Também devem ser verificados a chapa e o tubo do banzo com relação aos esforços provenientes da ligação: 1.8 1.9 Sendo que f ych corresponde à tensão de escoamento da chapa de ligação. O dimensionamento da chapa de ligação segue o mesmo do item anterior, diferindo apenas o numero de cordões de solda entre o banzo e a chapa que passa de quatro para dois. 1.2 Ligação soldada entre tubos tipo K Geralmente os nós da treliça são considerados rotulados, e as barras são dimensionadas para suportar somente forças axiais, contudo a rigidez proveniente das barras secundárias introduz momentos fletores ao longo do banzo, fazendo com que este deva ser dimensionado para resistir aos esforços axiais e momentos fletores. Figura 1.6 - Arranjos da ligação K. As ligações soldadas tipo K dividem-se em duas categorias. Uma em que as barras secundárias são fixadas na barra principal, permitindo uma excentricidade dos eixos considerada positiva, isto é, dado pelo afastamento das barras conforme figura 1.6(a). A outra é aquela em que uma das barras secundárias sobrepõe parcialmente ou completamente a outra na junção dos eixos do nó, ocasionando desta forma uma excentricidade negativa, mostrada na figura 1.6(b). Nesta parte do trabalho, será apresentado um grande número de equações, para a determinação das resistências das ligações baseadas no Método dos Estados Limites. É importante observar que todas as expressões são para determinar as resistências, cujos coeficientes de segurança já estão inclusos 10

nas formulações explicitamente ou indiretamente. Portanto, não devem ser adicionados coeficientes de minoração das resistências. O valor da excentricidade é positivo quando os eixos das barras secundárias interceptam a barra principal abaixo do seu centro de gravidade. A excentricidade é negativa quando a interseção localiza-se acima do centro de gravidade da barra principal. A excentricidade e a distância x entre as barras estão inter-relacionadas da seguinte forma: 1.10 Os procedimentos listados a seguir estão divididos segundo o tipo de seção e estão devidamente ilustrados. 1.2.1.1 Ligação com barras de seções circulares O procedimento de dimensionamento mostrado a seguir determina a resistência da ligação K afastada, com barras de seções circulares carregadas axialmente, como mostra a figura 1.7. 1.11 Conforme figura 1.6 tem-se x=g quando houver afastamento das barras e x=-q quando houver sobreposição, e para barras circulares h i =d i. Estudos experimentais sugerem que a excentricidade deva respeitar o seguinte limite: 1.12 Figura 1.7 - Ligação K com afastamento e banzo com seção tubular. Nos procedimentos de dimensionamento a ligação deverá, primeiramente, respeitar os parâmetros de conexão descritos abaixo: Onde h i e d i, conforme figura 1.8 1.2.1 Ligações K afastadas Estudos dos tipos de ruptura, baseados em experimentações, mostram que o critério de dimensionamento mais utilizado para as ligações k afastadas é o estado limite referente ao tipo A, ruptura por plastificação da face do banzo. Desta forma as seções serão verificadas segundo este critério. Para seções quadradas ou retangulares a ligação também será verificada segundo os tipos C, D e E. Verificação dos parâmetros de conexão Para o afastamento: 1.13 1.14 1.15 1.16 1.17 11

No que se refere ao ângulo das diagonais recomendase: 1.18 Verificação quanto a plastificação da parede do banzo 1.19 1.20 onde: 1.21 1.22 Se o banzo for tracionado: 1.23 Se o banzo for comprimido: 1.24 para 1.25 1.28 1.2.1.2 Ligação com a barra principal de seção quadrada ou retangular O procedimento de dimensionamento mostrado a seguir determina a resistência da ligação K afastada, com a barra principal de seção quadrada ou retangular e as barras secundárias de seções circulares, quadradas ou retangulares carregadas axialmente, como mostra a figura 1.8. Para este tipo de união, diferentemente da ligação com seção circular, a ligação será verificada segundo os critérios de rupturas dos tipos A, B, C e E. Desta maneira, as resistências das barras secundárias serão determinadas através do menor valor obtido nessas verificações. 1.26 Figura 1.8 - Ligação K com afastamento e banzo com seção retangular. Verificação quanto à ruptura por punção na face do banzo Esta verificação é feita sob a seguinte condição: 1.27 Nos procedimentos de dimensionamento a ligação deverá, primeiramente, respeitar os parâmetros de conexão descritos abaixo, para que se possa fazer as verificações necessárias. Obs: N 0p, S e M,S Entraram com sinais negativos d 0 d em (1.25). Verificação dos parâmetros de conexão 1.29 12

Para as barras tracionadas: 1.30 1.31 1.32 Caso a equação (1.42) não for satisfeita a ligação deverá ser calculada como duas ligações Y ou T separadamente. No que se refere ao ângulo das diagonais recomendase: 1.44 Para as barras comprimidas 1.33 Verificação quanto a plastificação da parede do banzo Para as barras secundárias circulares: 1.34 1.35 1.36 Para banzo quadrado: β 1,0 onde, 1.45 1.46 Para as barras comprimidas circulares: Para os banzos: Para os banzos com seção quadrada: Para o afastamento: 1.37 1.38 1.39 1.40 1.41 1.42 1.43 1.47 Caso as barras secundárias sejam circulares, β será calculado pela equação (1.22) substituindo d 0 por b 0. Se o banzo for tracionado: Se o banzo for comprimido: para Obs: N 0p, S e M,S com sinais negativos. d 0 d 1.48 1.49 1.50 Verificação quanto ao escoamento por cisalhamento do banzo Tem-se que para barras secundárias quadradas ou retangulares: 13

e para barras secundárias circulares: 1.51 1.52 Obs 1 :Caso as barras secundárias forem circulares, as resistências deverão ser multiplicadas por, e os termos b i e h i deverão ser substituídos pelo diâmetro d i. assim e também 1.53 1.54 1.55 1.2.2 Ligações K sobrepostas Os critérios de verificação da resistência da ligação para este arranjo diferem apenas para banzos com seção quadrada ou retangular; para banzos de seção circular as verificações são as mesmas do arranjo da ligação K afastada, exceto a verificação à ruptura por punção na face do banzo. 1.2.2.1 Ligação com barras de seções circulares onde 1.56 Verificação quanto à ruptura por tração da diagonal O procedimento de dimensionamento mostrado a seguir determina a resistência da ligação K sobreposta, com barras de seções circulares carregadas axialmente, como mostra a figura 1.9. 1.57 onde 1.58 Verificação quanto à ruptura por punção na face do banzo Esta verificação é feita sob a seguinte condição: 1.59 1.60 onde 1.61 Figura 1.9 - Ligação K com sobreposição e banzo com seção tubular. Nos procedimentos de dimensionamento a ligação deverá, primeiramente, respeitar os parâmetros de conexão descritos abaixo: Verificação dos parâmetros de conexão 1.62 14

1.63 1.64 1.65 Se o banzo for tracionado: Se o banzo for comprimido: 1.75 1.76 1.66 Onde o índice j corresponde à barra secundária sobreposta. A equação (1.66) só é válida para barras secundárias com a mesma tensão de escoamento. Para a sobreposição: 1.67 onde 1.68 e 1.69 No que se refere ao ângulo das diagonais recomendase: 1.70 Verificação quanto a plastificação da parede do banzo 1.71 para 1.77 1.78 1.2.2.2 Ligação com a barra principal de seção quadrada ou retangular O procedimento de dimensionamento mostrado a seguir determina a resistência da ligação K sobreposta, com a barra principal de seção quadrada ou retangular e as barras secundárias de seções circulares, quadradas ou retangulares carregadas axialmente, como mostra a figura 1.10. Para este tipo de união a ligação será verificada segundo o critério de ruptura do tipo C, ruptura por tração da diagonal, sendo que as resistências das barras secundárias serão obtidas conforme o grau de sobreposição das mesmas. 1.72 onde 1.73 1.74 Figura 1.10 - Ligação K com sobreposição e banzo com seção retangular. 15

Nos procedimentos de dimensionamento a ligação deverá, primeiramente, respeitar os parâmetros de conexão descritos abaixo: Verificação dos parâmetros de conexão 1.79 1.80 Para a sobreposição: sendo onde 1.90 1.91 1.92 1.81 1.82 No que se refere ao ângulo das diagonais recomendase: 1.93 Onde o índice j corresponde à barra secundária sobreposta, a equação (1.81) só é válida para barras com a mesma tensão de escoamento. Para as barras tracionadas: 1.83 Verificação quanto a ruptura das barras secundárias 1.94 1.95 Para as barras comprimidas: 1.84 Para os seguintes limites tem-se: para 1.85 1.96 Para as barras secundárias circulares: 1.86 para 1.97 1.87 para 1.98 Para as barras comprimidas circulares: Para os banzos: 1.88 1.89 Neste caso repetir Obs 1. 1.3 Exemplos Numéricos Serão apresentados aqui três exemplos numéricos de ligações de barras circulares com arranjos distintos. Em todos os exemplos as barras possuem as mesmas características físicas e geométricas. 16

1.3.1 Exemplo 1 - Verificação da resistência de uma ligação K afastada. Neste exemplo, será analisada a resistência de uma ligação K afastada, conforme a figura 1.11, onde a ligação é verificada quanto à plastificação do banzo e quanto à ruptura por punção na face do banzo. onde x = g Figura 1.11 - Esquema da ligação K afastada. Dados do problema: - Tubo VMB 350cor: f y = 350 MPa Verificação quanto a plastificação da parede do banzo - Banzo: 219,1 x 10,3 mm - A0 = 6760 mm2 Para a determinação da resistência da ligação, - Diagonais: 168,3 x 5,2 mm determinamos as seguintes expressões: - N0p = -250 kn (compressão) - N0 = -1021,34 kn (compressão) - N1 = -600 kn (compressão) - N2 = 600 kn (tração) - θ1 = 50o Como o banzo é comprimido, tem-se: - θ2 = 50o - g = 25 mm Verificação dos parâmetros de conexão A ligação deverá respeitar os parâmetros de conexão descritos a seguir: 17

Portanto a resistência da ligação à plastificação do banzo será: Figura 1.12 - Esquema da ligação K sobreposta. Verificação quanto à ruptura por punção na face do banzo Esta verificação é feita sob as seguintes condições: Dados do problema: - Tubo VMB 350cor: f y = 350 MPa - Banzo: 219,1 x 10,3 mm - Diagonais: 168,3 x 5,2 mm - N0p = -250 kn (compressão) - N0 = -1021,34 kn (compressão) - N1 = -600 kn (compressão) - N2 = 600 kn (tração) - θ1 = 50o - θ2 = 50o A resistência da ligação será: 1.3.2 Exemplo 2 - Verificação da resistência de uma ligação K sobreposta. Neste exemplo, será analisada a resistência de uma ligação K sobreposta, figura 1.12, com as mesmas características das barras diferindo apenas no posicionamento das diagonais. A ligação está submetida aos mesmos esforços que a ligação do exemplo anterior e o critério de verificação utilizado é quanto à plastificação da parede do banzo. 18 - q = 85 mm Verificação dos parâmetros de conexão A ligação deverá respeitar os parâmetros de conexão descritos a seguir:

Como as barras secundárias possuem a mesma tensão de escoamento: Portanto a resistência da ligação a plastificação do banzo será: onde x = - q A resistência da ligação será: 1.3.3 Exemplo 3 - Dimensionamento utilizando chapa Verificação quanto a plastificação da parede do banzo de ligação atravessando o tubo principal. Neste exemplo, será analisada a resistência de uma Para a determinação da resistência da ligação, ligação de treliça, constituída por uma chapa de determinamos as seguintes expressões: ligação atravessando o tubo principal. As barras possuem as mesmas características geométricas dos exemplos anteriores e estão sob a ação dos mesmos esforços. Para esta ligação serão dimensionadas as soldas que unem as diagonais à chapa e o banzo Como o banzo é comprimido, tem-se: à chapa, e enfim serão obtidas as dimensões da chapa. Figura 1.13 - Esquema de ligação com chapa atravessando o banzo. 19

Dados do problema: - Tubo VMB 350cor: f y = 350 MPa - Chapa: f y = 350 MPa - Banzo: 219,1 x 10,3 mm - Diagonais: 168,3 x 5,2 mm - F 1 (N 0p ) = -250 kn (compressão) - F 2 (N 0 ) = -1021,34 kn (compressão) - F 3 (N 1 ) = -600 kn (compressão) - F 4 (N 2 ) = 600 kn (tração) Cada cordão de solda tem o seguinte comprimento : Portanto o comprimento total de solda será dado por: Dimensionamento das soldas que unem o banzo à chapa - θ 1 = 50 o - θ 2 = 50 o Para o metal base: Definindo-se a altura da solda de filete como a altura mínima: h s = 5mm, conforme recomendações da NBR 8800 - item 7.2.6.2, Tabela 11. Espessura da chapa de ligação Recomenda-se que a espessura da chapa de ligação seja um valor intermediário entre as espessuras dos tubos do banzo e diagonais, desta forma, pode-se adotar a espessura mínima recomendada para a chapa: Para o metal solda: Cada cordão de solda tem o seguinte comprimento : Dimensionamento das soldas que unem as diagonais à chapa Portanto, o comprimento total de solda será dado por: Para o metal base: Finalmente, em função dos comprimentos de solda nas diagonais e no banzo é possível obter as dimensões da chapa de ligação: Para o metal solda: 20

CAPÍTULO 2 LIGAÇÕES TUBULARES DE FLANGE 21

Os flanges são formados por duas placas soldadas no topo dos tubos. A união entre estes tubos é viabilizada através destas placas que por sua vez são ligadas entre si por meio de um número suficiente de parafusos, como ilustra a figura 2.1. nervuras pode ser prevenido por um anel enrijecedor adicionado em volta do tubo na extremidade da nervura, mas tal recurso aumentaria o custo da ligação. Figura 2.1 - Flange. A simetria da ligação entre os flanges possibilita que somente metade da ligação seja utilizada no dimensionamento. A metade da ligação é muito similar ao caso da ligação tubular de base sob carga de arrancamento. Portanto o processo de cálculo para flange é também aplicável às placas de base submetidas às forças de arrancamento. 2.1 Flanges circulares Os flanges tubulares submetidos às forças de tração como mostra a figura 2.2, têm sido estudados por vários pesquisadores. A importância de tais ligações se deve, como mencionado anteriormente, ao fato dos flanges permitirem a racionalização da fabricação e da montagem de uma estrutura metálica, possibilitando a subdivisão de barras longas, facilitando assim o transporte. A adição de nervuras soldadas à placa, com intuito de reduzir a espessura necessária do flange não é recomendada, visto que tais enrijecedores induzem, desfavoravelmente, flexões locais nas paredes do tubo no topo das nervuras. Este movimento das Figura 2.2 - Flange circular. O método de dimensionamento para flanges circulares, que será apresentado na seqüência, permite que a ação prying ocorra até o estado limite. Sugere-se que e 1 esteja entre 1,5.D e 2.D. A ligação é então dimensionada baseada no estado limite último de escoamento da placa do flange: Escoamento da placa de flange A espessura necessária do flange é determinada por: 2.1 onde, φ = 0,9, f y é o limite de escoamento do aço do flange e f 3 é o coeficiente de forma da ligação, que será definido adiante. 22

Resistência à tração dos parafusos O número de parafusos necessários para uma ligação de flange pode ser determinado pela equação (2.2): 2.2 2.3 Pela NBR 8800 tem-se que φ t.r nt é a resistência de cálculo no estado limite da ruptura da parte rosqueada do parafuso, definidos nas tabelas 2.1 e 2.2 a seguir: Tabela 2.1 - Resistência nominal R nt. 2.6 2.7 2.8 2.9 Para obter espessuras menores do flange, a dimensão e 1 deverá ser a menor possível, observando-se as folgas necessárias para uma chave de aperto e o mínimo requerido pela NBR 8800. Sugere-se que a distância entre a face da porca e a solda seja superior a 5mm e que as excentricidades e 1 e e 2 sejam iguais. Tabela 2.2 - Coeficiente de minoração φ t. Sendo que a área bruta A p e a área efetiva A r são obtidas no item 7.3.2.2 da NBR 8800, d é o diâmetro do parafuso e f u é obtido no Anexo A, item A-4 da NBR 8800. Onde φ = 0,9; e o coeficiente de forma da ligação f 3 é definido pela seguinte equação: 2.4 Resistência da solda utilizada na ligação entre o flange e o tubo A dimensão da solda de ligação entre a barra tubular e o flange pode ser definida por: 2.10 Pela NBR 8800 tem-se que α s é o ângulo da seção de cisalhamento e φ.r n é a resistência de cálculo no estado limite de ruptura da solda: Tabela 2.3 - Resistência de cálculo φ.r n de soldas. ou através do gráfico do CIDECT (Utilizado no programa de computador). Para a equação (2.4) tem-se: 2.5 23

Tabela 2.4 - Resistência do metal solda. Tabela 2.5 - Ângulo da seção de cisalhamento α s. Deve-se observar as limitações de espessura de solda, especificada na NBR 8800, Item 7.2.6.2, Tabela 11. O processo em questão depende do tubo ser soldado à placa de forma que a tensão de escoamento do tubo seja atingida. Por fim pode-se dizer que este processo presume que o flange seja contínuo, que os parafusos estejam arranjados de maneira simétrica e que a ligação seja estaticamente carregada. Neste caso pode-se recomendar que haja no mínimo três parafusos por flange. - resistência da solda de união entre o tubo e o flange. O procedimento de cálculo apresentado para flanges parafusados nos quatro lados do tubo baseia-se no dimensionamento de ligações de barras tracionadas do Manual do AISC-LRFD. Este procedimento não é aplicável para os casos em que os parafusos estão posicionados nos cantos da placa de flange, ou seja, nos cantos do tubo. O procedimento verifica os estados limites 1 e 2, e a resistência da solda é verificada independentemente. O flange em questão é representado esquematicamente pela figura 2.3 e o procedimento de cálculo é definido a seguir: Primeiramente deve-se estimar o número e a dimensão dos parafusos de tal forma que a resistência à tração do parafuso φ t.r nt seja superior à solicitação de tração atuante em um parafuso F p. 2.2 Flanges retangulares e quadrados Geralmente este tipo de flange é parafusado ao longo dos quatro lados do tubo, figura 2.3, contudo, a opção de se utilizar parafusos em apenas dois lados, figura 2.5, tem sido estudada desde a década de 80. 2.2.1 Flanges parafusados nos quatro lados do tubo Existem três Estados Limites para flanges parafusados ao longo dos quatro lados, são eles: - ruptura por flexão do flange; - resistência à tração dos parafusos; Figura 2.3 - Flange com parafusos posicionados nos quatro lados. 24

Com o número e as dimensões dos parafusos previamente estimados, determina-se a espessura necessária do flange. Dado e 1 e o diâmetro dos parafusos d calculam-se os parâmetros geométricos a, b e ρ : 2.11 2.12 2.13 Nas equações acima, e 2 é a distância do alinhamento do parafuso à borda do flange, é aconselhável que e 2 não exceda 1,25.e 1. A seguir, calcula-se β: Sendo, para: β 1 α = 1,0 e para: β <1 α = ao menor valor entre 2.14 sendo que φ =0,9 e f y é o limite de escoamento do aço do flange. A parcela de força referente ao efeito prying Q u pode ser calculada a partir de α : 2.17 2.18 A carga majorada por parafuso incluindo a ação prying é T p = F p + Q u. Nas equações acima, t c é a espessura necessária para suportar resistência do parafuso φ t.r nt sem considerar o efeito prying, calculada segundo a seguinte expressão: 2.19 A figura 2.4 apresenta um esquema das forças atuantes na placa de flange, considerando as forças prying. Onde δ é razão da área líquida da linha de parafuso à área bruta na face do tubo, d f é o diâmetro do furo e é o comprimento efetivo do flange relativo a um parafuso, paralelo a face do tubo: 2.15 Desta forma a espessura necessária do flange t f pode ser calculada como: 2.16 Figura 2.4 - Flange sob o efeito prying. A parcela de força referente à ação prying poderá ser desprezada se forem satisfeitas as seguintes condições: 2.20 Se: α <0 25