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Transcrição:

Desenvolvimento do sistema digestório Simone Marcuzzo Durante a quarta semana do desenvolvimento embriona rio, e como conseque ncia dos dobramentos lateral e longitudinal, fica delimitado o intestino primitivo, que se comunica com o saco vitelino por um estreito duto vitelino ou onfalomesente rico. Nessa primeira etapa de seu desenvolvimento, o tubo digesto rio primitivo esta fechado em suas extremidades cefa lica e caudal pelas membranas bucofari ngeas e cloacal, respectivamente. 1

Em geral o desenvolvimento do sist. Digest se caracteriza pela enorme complexidade da sua extremidade faríngea, um aumento do comprimento de sua parte me dia ou gastrintestinal, a estreita relac a o com o desenvolvimento do sistema urogenital em seu segmento terminal e o desenvolvimento do sistema respirato rio a partir da parede ventral da faringe. O intestino primitivo e formado por tre s segmentos: anterior, me dio e posterior O intestino anterior origina a faringe, o esôfago, o estômago, a primeira porção do intestino delgado (o duodeno), o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. O intestino médio deriva o resto do intestino delgado (o jejuno e o íleo) e parte do intestino grosso (ceco, apêndice, cólon ascendente e metade ou 2/3 do cólon transverso). O intestino posterior forma a última porção do intestino grosso (metade ou o terço distal do cólon transverso, cólon descendente, sigmoide, reto e a porção superior do canal anal). 2

Desenvolvimento do intestino anterior: Eso fago O eso fago e um duto muito curto, mas que se alonga com rapidez a medida que a faringe cresce em sentido cefa lico, e o corac a o, os pulmo es e o diafragma o fazem em direc a o caudal. De sua parede ventral, nasce o esboc o traqueopulmonar. A endoderme que o reveste (epite lio cili ndrico, com algumas ce lulas ciliadas) prolifera ate ocluir sua luz quase completamente. Posteriormente, esta se abrira ao final do peri odo embriona rio, e seu epite lio de revestimento se transformara em pavimentoso estratificado. A tu nica muscular, que e de tipo estriada em seu terc o cefa lico, deriva dos arcos fari ngeos quarto e sexto e esta inervada por ramificac o es do nervo vago (X par). O resto do eso fago possui musculatura lisa, que se desenvolve a partir da mesoderme espla ncnica e recebe inervac a o vegetativa dos plexos viscerais formados pelos derivados das ce lulas da crista neural, que migraram dos ni veis cefa licos do tubo neural. 3

Esto mago O esto mago e formado como uma dilatac a o fusiforme cuja borda dorsal cresce com mais rapidez que a borda ventral e forma a curvatura maior. O esto mago esta unido a parede abdominal posterior pelo mesente rio dorsal. Pela frente, o esto mago esta unido a parede abdominal anterior pelo mesente rio ventral. No segundo mês, a mucosa gástrica apresenta dobras e fossetas gástricas. Os tipos celulares diferenciam-se no período fetal, e a secreção de ácido clorídrico inicia pouco antes do nascimento. 4

Duodeno O duodeno se desenvolve a partir da extremidade caudal do intestino anterior e da extremidade cefa lica do intestino me dio. A unia o entre ambos os segmentos do intestino primitivo se estabelece na desembocadura do cole doco. Como ocorre no eso fago, o lu men duodenal se oblitera pela importante proliferac a o do epite lio, mas logo se recanaliza ao finalizar o peri odo embriona rio. O mesente rio ventral do duodeno e a maior parte de seu mesente rio dorsal desaparecem e fica apenas uma pequena porc a o fibro- muscular que fixa a parte terminal do duodeno a parede abdominal posterior Fígado, a vesícula biliar e o pâncreas Brotamentos do endoderma da porção caudal do intestino anterior originam o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. O mesoderma lateral esplâncnico ao redor é responsável pelo tecido conjuntivo desses órgãos. 5

Desenvolvimento do intestino me dio O intestino me dio se estende da desembocadura do cole doco ate o terc o me dio do co lon transverso, inclusive. Do intestino me dio derivam o intestino delgado (desde a desembocadura do duto cole doco), o ceco e o ape ndice cecal, o co lon ascendente e os dois terc os proximais do co lon transverso. O intestino me dio ou alc a vitelina se caracteriza por seu extraordina rio crescimento longitudinal. Grande parte deste desenvolvimento ocorre entre a 6a e a 9ª semanas fora da cavidade abdominal (he rnia fisiolo gica). A seguir, a medida que a he rnia fisiolo gica se reduz e o intestino volta a cavidade abdominal, O segmento pre -vitelino forma as alc as do intestino delgado (jejuno e i leo), e o segmento po svitelino constitui o i leo terminal e uma parte do co lon. O ceco desce ate sua localizac a o definitiva, por alongamento do co lon ascendente. O diverti culo, que dara origem ao ceco, aparece por volta da quinta semana. O ape ndice, de posic a o varia vel com relac a o ao ceco, e um vesti gio do seu desenvolvimento incompleto. E frequente que o ape ndice adote posic o es anormais que exigem sua busca durante o ato ciru rgico da apendicectomia. A medida que o intestino adota sua posic a o definitiva, o mesente rio produz a fixac a o das vi sceras a parede posterior do abdome. https://www.youtube.com/watch?v=asckr_cqexy Desenvolvimento do intestino posterior ou caudal Estende-se do terc o distal do co lon transverso ate a membrana cloacal Os derivados do intestino posterior, irrigados pela arte ria mesente rica inferior, sa o a porc a o distal do co lon transverso, o co lon descendente, o co lon sigmoide, o reto, a porc a o alta do duto anal e parte do sistema urogenital. A porção terminal do intestino posterior, a cloaca, é inicialmente comum aos sistemas urinário e digestório. 6

Septação da cloaca Cloaca é dividida parte dorsal e ventral por um septo urorretal (mesênquima) Crescimento do septo em direção a membrana cloacal ele lança expansões que se formam dentro das paredes laterais da cloaca; Pregas crescem em direção á outra e se fundem formando um tabique que divide a cloaca em 2 partes: Reto e parte cefálica do canal anal dorsalmente. Seio urogenital ventralmente As membranas bucofaríngea e cloacal As membranas bucofaríngea e cloacal consistem somente de ectoderma e endoderma. A ausência de vascularização, por não haver mesoderma interposto, leva à degeneração dessas membranas e, por conseguinte, à comunicação do tubo digestório com o exterior. A membrana bucofaríngea rompe-se na quarta semana, e a membrana cloacal, na oitava semana. Com a ruptura da membrana cloacal, é adicionado ao líquido amniótico o mecônio, um material esverdeado, composto de células descamadas da pele e do intestino, de bile e de substâncias engolidas junto com o fluido amniótico 7

Ânus imperfurado ocorre em 1/4.000 a 5.000 nascimentos. O orifício anal pode ser ausente devido a não perfuração da membrana cloacal pela invasão de mesoderma e, em consequência, pela presença de vascularização. Pode ainda resultar de um desenvolvimento anormal do septo urorretal que ocasionaria a separação incorreta da cloaca em suas regiões urogenital e anorretal. Mecônio constitui-se nas primeiras fezes eliminadas por um mamífero recémnascido. O mecônio é uma substância escura, de tom esverdeado, viscosa. Sua eliminação é creditada ao estímulo provocado pela ingestão do colostro, é expelida nas primeiras 12 horas após o nascimento. síndrome da aspiração de mecônio. Às vezes, o mecônio é expelido antes do parto, no líquido amniótico que normalmente é de cor clara. Esse fenômeno é anormal e pode indicar sofrimento fetal. Há um risco de que o bebê inale este líquido chamado líquido meconial, o que pode causar crise respiratória por obstrução e inflamação de suas vias aéreas. Esse risco é evitado desobstruindo-se por aspiração as vias aéreas do recémnascido imediatamente após o nascimento. 8