Acórdão 5a Turma EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Vício inexistente. Embargos de declaração somente são cabíveis nas hipóteses previstas nos artigos 897-A da CLT e 1.022 do CPC de 2015 (art. 535 do CPC de 1973), o que não ocorre na hipótese dos autos. Erro de julgamento, se é que existiu, desafia medida processual distinta. Não provimento de recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos em que ADILTON RAMOS SILVA oferece embargos de declaração ao v. acórdão proferido em sede de recurso ordinário, no qual figura como recorrente, e EXCELLENTE RH SERVIÇOS LTDA. e ICOLUB INDÚSTRIA DE LUBRIFICANTES S.A., como recorridos. Opõe, a parte autora, embargos de declaração ao acórdão constante de fls. 445/448, aduzindo as razões contidas às fls. 450/455. Sustenta, a parte autora, que o acórdão embargado teria sido omisso relativamente a alguns aspectos do recurso ordinário interposto, razão pela qual requer que seja adotada tese explícita acerca dos mesmos, para fins de prequestionamento da matéria. É o relatório. V O T O admissibilidade. CONHECIMENTO Conheço dos embargos de declaração por preenchidos os pressupostos de MÉRITO A parte autora afirma que o acórdão embargado teria sido omisso relativamente a alguns aspectos do recurso ordinário interposto, razão pela qual requer que seja adotada tese explícita acerca dos mesmos, para fins de prequestionamento da matéria. 4070 1
Da análise atenta de todos os elementos dos autos, verifica-se que não assiste razão ao embargante, pretendendo, na realidade, modificar a decisão através de medida processual incorreta. Embargos de declaração somente são cabíveis nas hipóteses previstas nos artigos 897-A da CLT e 1.022 do CPC de 2015 (art. 535 do CPC de 1973), o que não ocorre na hipótese dos autos. Erro de julgamento, se é que existiu, desafia medida processual distinta. Manifestou-se, o acórdão embargado, nos termos de fls. 445/448, quanto à inexistência do nexo de causalidade entre a doença que acomete o reclamante e o labor desenvolvido em favor da parte ré, no seguinte sentido: (...)O laudo pericial, produzido nos termos de fls. 284/301, foi conclusivo no sentido de apontar a inexistência do nexo de causalidade entre a patologia do autor e o trabalho desenvolvido junto às rés, tendo sido expressamente consignado às fls. 289/290: Comentários e conclusões: Conforme diagnosticado, o Autor apresenta uma doença crônico-degenerativa de coluna vertebral com componentes genéticos, sem relação de nexo causal ou concausal com as atividades realizadas na ré. O diagnóstico está corroborado pela presença de sinais patognomônicos de Doença Crônico-Degenerativa de Coluna Vertebral tais como osteófitos e desidratação. O autor afirmou que o pallet pesa cerca de 55 kg, aumentando muito o seu peso quando está molhado. Na análise procedida no mercado fabricante, os pallets de madeira com 1,0 x 1,2 m pesam, no máximo, 25,0 kg, enquanto os de plástico 4070 2
pesam cerca de 10,0 Kg. Portanto, mesmo que pesassem os 55,0 Kg seu peso está abaixo dos limites estabelecidos no art. 189 da CLT que é de 60 Kg. (...) Outro fator de suma importância é que as alterações descritas no exame RNM realizado em 24/09/2009 são de natureza muito leve, não sendo capazes de causar a grandeza da reação que o autor tenta aparentar, sendo a dor um sinal subjetivo. Entretanto, no exame físico não observamos toda a intensidade que demonstrada pelo Autor durante a anamnese clínica ocupacional. (...) Ademais, conforme informado pelo perito nomeado pelo Juízo a quo, nos termos do laudo pericial juntado às fls. 284/301, o autor apresenta um quadro de osteoartrose de coluna vertebral e discopatia degenerativa de natureza genética (hereditária). Assim, não merecem ser acolhidas as pretensões buscadas na exordial, relativamente aos danos materiais e à indenização por danos morais, uma vez que o nexo de causalidade não restou provado, não se admitindo, portanto, a responsabilização das rés. Assim sendo, e considerando-se que nenhum dos pontos suscitados pelo embargante mostra-se capaz de infirmar a tese lançada no acórdão, concluo que não há vício a ser sanado, pretendendo, o embargante, a revisão do acórdão embargado, o que não é possível pela via dos embargos de declaração. Quanto à suposta alegação, no sentido de que os embargos têm efeito de prequestionamento, não há necessidade de o julgador mencionar os dispositivos legais e constitucionais em que fundamenta sua decisão, tampouco os citados pelas partes, pois o 4070 3
enfrentamento da matéria através do julgamento feito pelo Tribunal justifica o conhecimento de eventual recurso pelos Tribunais Superiores. Neste mesmo sentido, a seguinte ementa, in verbis: OJ-SDI1-118 PREQUESTIONAMENTO. TESE EXPLÍCITA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA Nº 297. Inserida em 20.11.97 Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este. Além disso, a regra inserta no art. 1.025 do CPC de 2015 prevê expressamente que se consideram incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade. Assim, e por se tratar de medida meramente procrastinatória, condena-se, em razão do exposto supra, o embargante à multa no valor equivalente a 1% sobre o valor da causa, nos termos do art. 538, parágrafo único, do CPC de 1973. Neste mesmo sentido, a seguinte ementa, in verbis: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROCRASTINATÓRIOS - Tendo demonstrado o embargante, uma vez que não se verifica a existência de omissão no julgado embargado, seu inconformismo através do remédio processual impróprio, resta configurado o intuito manifestamente protelatório previsto no parágrafo único do artigo 538, do Código de Processo Civil, aplicado de forma supletiva no processo do trabalho, razão pela qual condena-se o mesmo a pagar ao embargado multa de 1% (um por cento) a ser calculada sobre o valor da causa. Número do documento: 00013966720115010068; Tipo de processo: Embargos de Declaração; Data de publicação: 03/09/2014; Órgão julgador: Primeira Turma; Relator: Mery Bucker Caminha Nego provimento. 4070 4
CONCLUSÃO PELO EXPOSTO, CONHEÇO dos embargos, e, no mérito, NEGO-LHES PROVIMENTO, aplicando ao embargante a multa de 1% sobre o valor da causa, prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC de 1973, nos termos da fundamentação. ACORDAM os Desembargadores da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, CONHECER dos embargos, e, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO, aplicando ao embargante a multa de 1% sobre o valor da causa, prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC de 1973. Rio de Janeiro, 19 de abril de 2016. Desembargador do Trabalho Roberto Norris Relator Mag 4070 5